[Música] [Aplausos] [Música] no início do tráfico os europeus predam né caçaram escravos que viviam no litoral era era ainda um momento de de tráfico incipiente né poucos escravos e esses escravos na maioria levados para Portugal mesmo ou no caso dos portugueses né para Portugal ou paraas Ilhas portuguesas de madeira eh eh Cabo Verde e Eh esses mas no no logo logo quando o tráfico virou uma empresa uma empresa fundamental para explorar o açúcar por exemplo aqui né posteriormente a mineração e etc quando virou essa empresa era preciso o o uma oferta mais regular de de
escravos né E apesar dos europeus não seram os responsáveis pela criação dos conflitos internos dentro da África embora muitos dos conflitos fossem incentivados pela Europa mas já havia um uma história própria dos africanos né de conflito entre eles mesmos e esses conflitos ele redundava em vítimas de guerra etc que eram vendidas para o tráfico antes do tráfico Transatlântico de escravo houve inclusive um tráfico transaariano quer dizer através do Saara para o norte da África e para o Oriente Médio entendeu o que o tráfico o tráfico Atlântico fez foi Sugar do do do Saara né E
esse esse esse tráfico né e jogar no mar E intensificar esse tráfico né porque enquanto o tráfico transariano ao longo de sei lá 500 anos entende traficou 6 milhões é o que se estima né o tráfico Transatlântico no curso de 350 anos n vitimou em torno de milhões né e os números continuam a crescer Isso é o que já se sabe por documentação e alguma extrapolação né das [Música] cifras bom na África é claro eles estavam e eh faziam parte de comunidades étnicas e com tinham toda proteção apesar de também se guerrearem E aí tudo
mudava mas no próprio Navio Negreiro já nascia uma complicidade né a complicidade do malungo e é uma coisa tão tão forte que não é eh que que não é específica do Brasil malungo significa grande Canoa aliás né nas línguas da família banto eh em outras sociedades por exemplo por exemplo no e no Caribe né o termo para malungo é CP que vem da palavra Sheep em inglês ou então bati que vem da palavra batô em francês né e a França e a Inglaterra foram grandes escravistas no Caribe né só para você ter uma ideia né
de que eh da importância disso as pessoas que faziam a viagem no mesmo barco elas criavam uma espécie de parentesco simbólico Fortíssimo tão forte que a pesquisa sobre o sobre o Car a respeito disso havia uma interdição um tabu sexual o homem e a mulher que fizeram atravessia no mesmo barco não podiam ter relações sexuais entendeu eh e o isso ainda ninguém descobriu isso aqui mas esse esse laço forte das pessoas né do malungo isso daí nós sabemos muito claro há na documentação né relatos sobre sobre isso pense pense a travessia e como um um
rito de de de de iniciação né e é um rito de iniciação né sujeito deixa de ser escravizado para ser escravo Deixa de ser o Né o cativo para ser escravo é um né A dor e os ritos de de iniciação os ritos de de transição né Sempre envolve e não há dor maior do que a travessia do era era era uma coisa inominável né de Sofrimento Então esse sofrimento foi era que criava essa coisa agora veja só bem eh como é o nome do bar do do do grupo de iniciação dos candom BR barco
de yaô né E o que é que há pelo menos tradicionalmente o que é que se diz pessoas desse mesmo barco não pode há um tabu sexual não podem ter relações um com outra não é incrível isso né é uma metáfora na verdade dessa né Desse vínculo que o a travessia no mesmo Navio Negreiro [Música] criou a escravidão não era só o o não dizia respeito apenas ao grande proprietário né ao Senhor de Engenho ao dono de Lavras eh mineiras ao ao ao fazendeiro de café entendeu não era escravidão tava espalhada pelo tecido social como
um todo você tinha um pequeno escravista que tinha um dois três escravos entendu você tinha ex-escravo que tinha escravo você tinha até escravo que possuí escravo o que se tem de ter em mente é o seguinte que sobretudo na escravidão Urbana mas não somente os senhores eh permitiam que os escravos mantivessem uma parte do que ganhavam entendeu E aí o escravo acumulando aquele negócio era o chamado pecúlio né o pecúlio ele não está eh inscrito nas na no sistema legal no direito Positivo né nas leis mas ele está inscrito no direito costumeiro né naquilo que
os que o costume respeita né e os senhores de escravos eles em geral Não tô dizendo que isso né vale para o último senhor de escravo né mas em geral eles respeitavam o pecúlio porque isso era um incentivo pro escravo ser mais produtivo entendeu fazia parte de uma espécie de acordo eu tô falando principalmente da da escravidão urbana A Chamada escravidão ao ganho embora tenhamos exemplo de escravidão por exemplo eh no no meio Rural por exemplo na na eh eh na no Café né no eh na criação de gado que havia uma espécie de parceria
para que o escravo de cada certo número de de de bezerros nascidos não era do escravo que era uma parceria uma típica parceria né Eh então havia várias vári várias maneiras o o que é fundamental aqui é o seguinte o o o Senhor ele tinha então ele reconhecia esse direito do escravo ter esse o peculo o escravo que tinha escravo apenas transformar seu peculo no outro escravo entendeu como um escravo podia ter o seu peculo em gado ou em roça de café O estranho é que você possa até essa uma espécie de anomalia né de
que pô o escravo que tem escravo é o Brasil é pelas pesquisas leituras que fiz etc foi o lugar onde isso mais existiu e a Bahia em particular aí vem um outro lado o lado africano os escravos que vieram pra Bahia vieram de sociedades muito mercantis sociedades altamente urbanizadas e sociedades onde a escravidão Era bastante disseminada então eles já tinham E H outra coisa em sociedades onde escravos possuíam escravos você é um ponto Ultra relevante né então eles aqui de uma certa maneira eles você tinha essa tradição que era portuguesa né do reconhecimento peculo etc
eles juntaram isso a tradição africana de de que né você tem esse tipo de escravidão onde há uma maior oportunidade de ascensão social Então as duas coisas se combinaram E aí resultou nesse nessa [Música] anomalia primeiro a gente precisa ter em mente que resistência escrava não é igual a rebelião escrava né porque resistência pode ser por exemplo você fazer o corpo mole tomar certas né bebidas para para fingir que tá com febre e não ir trabalhar né pode ser você manipular psicologicamente o seu senhor para receber certas né regalias enfim tudo isso é na verdade
resistência tem a resistência cultural né De não deixar uma cultura morrer né como candomblé por exemplo não morreu tem a resistência assim mais individual do escravo que foge às vezes foge durante uns dias depois volta negocia o retorno aqui tinha por exemplo uma instituição chamada padrinho de fuga que era o seguinte o escrava fugia e queria voltar para casa aí ele ia para uma pessoa das amizades da do cirlo de amizade do senhor para apadrinhar o retorno e negociar uma punição a punição ia ha mas negociar uma punição menor entendeu uma punição tolerável etc Eu
não eu não vi em lugar nenhum no no no nas Américas né talvez tenha eu até desconheça mas aqui era uma instituição chamava-se padrinho o cara que trazia o escravo fugido para negociar o retorno e o escravo fugia por exemplo para para ir para uma festa de candomblé para o ciclo de festas do Bom Fim eh às vezes fugia para ver um parente que tava no interior e ele aqui entendeu havia fuga de todo a mais comum era fuga dos maus tratos né fuga individual Mas mesmo essa fuga dos maus tratos às vezes era temporária
não era uma fuga definitiva uma uma fuga que o cara dizia não eu não vou mais voltar entendeu Vou tentar fazer a minha vida na Liberdade ou a fuga pro Quilombo né nem toda a fuga resultava no quilombo né A maioria das fugas Aliás não resultava em Quilombo porque se fugia muito não tem um escravo que não tivesse no currículo uma fuga não teve não teve esse entendeu então eh resistência aí também não é a resistência Espetacular que faz Manchete mas é resistência e é claro tivemos os quilombos por outro lado que nem todos foram
Quilombos anti-escravistas eram Quilombos que procuravam conviver com a sociedade escravista até para sobreviver conviver para sobreviver negociava entendeu com escravocratas às vezes quilombolas iam trabalhar a troco de né de umaoração qualquer em espécie em dinheiro e vendia coisas ao ao ao vendeiro entendeu de de estrada o negociante de estrada on de uma de um armazém de um armazém vendia madeira por exemplo e assim por diante e os quilos os quilos abolicionistas eles são mais do final do período escravista né e alguns mais eh que Aram né de de maneira mais frontal a escravidão como Palmares
né mas a grande maioria dos quilombos não foi né não teve essa eh esse modelo Palmarino né eram quilos inclusive muito muito efêmeros né que se faziam aqui a polícia atacar as grandes cidades escravistas estavam cercadas de quilombos uma das coisas que mais se estuda hoje não é o o negro escravizado é o negro liberto e livre também até porque a a ao alcançarmos o o o o ápice da esclaves o clímax da escravidão no Brasil que foi meados do século XIX a maioria da população negra e mestiça já era livre ou liberta entendeu a
a população escrava não escrava não era a maioria entre né O que chama como chamava na época os homens de cor não é Então isso é muito importante e essa população livre e liberta foi fundamental para a sobrevivência primeiro para PR pra existência a reprodução o sucesso das irmandades porque era eram os libertos e os livres que faziam parte das Mesas diretora algum algumas inades inclus dizia escravo não pode ser membro da mesa diretora eles também foram eram os mais importantes foram os mais importantes na nos candombl Quando você vai ver assim quem é que
foi preso como liderança de Candomblé no século 19 você encontra um ou outro escravo é tudo liberto africano e um ou outro nascido no Brasil Entendeu aliás no século X maioria homem as mulheres depois é que as mulheres começam a n a a a a dominar [Música] o escravo ele lança a mão de todo o aparato eh religioso espiritual extraterreno né de que ele possa lançar a mão então mesm mesmo aqueles que adotavam o catolicismo né ou a maioria talvez deles eles eh não deixavam totalmente para trás né e alguns Não deixavam mesmo os valores
religiosos que traziam da África né tinha uma espécie de dupla militância religiosa né eles eram católicos entravam nas irmandades se enterravam nas igrejas botavam seus filhos para batizar eles próprios foram batizados e assim por diante né alguns pouquíssimos se casavam na igreja né Eh eram Devotos essa coisa toda mas não deixavam também de ter eh e por ca coisa qualquer coincidência né com os dias atual né atual é não é coincidência né Qualquer semel semelhança eh e o então tem Esse aspecto né Você pode observar pessoas inclusive que circulavam entre três registos religiosos usava o
amuleto malê muçulmano entendeu frequentava o Candomblé frequentava a igreja frequentava era era membro de uma Irmandade Negra entendeu então primeiro tem isso né era uma religiosidade plural eu não tô falando aqui de sincretismo né tô falando de pluralismo religioso porque as pessoas tal como hoje sabem distinguir as formas de devoção eh então o para você suportar né a dor da escravidão você precisa lançar mão dessas coisas né de Santos protetores de orixa de voduns de inquices protetores né e e de Alá né que enfim protege os muçulmanos e tinha também toda essa coisa de era
uma religiosidade muito eh cheia de de magia pensamento mágico catolicismo o eh o o Candomblé em suas várias né e eh correntes e o o Islã né usavam amuletos com passagens do Alcorão né para proteger para se proteger e o o Você vai lá na igreja faz promessa a Santo né E você faz despacho para para para os deuses africanos enfim lançava a mão de tudo para poder se proteger viver melhor né sobreviver à escravidão viver melhor apesar da escravidão e muitas vezes superar a escravidão com a ajuda dessas forças e [Música] espirituais a revolta
dos maleis foi uma revolta planejada e levada a cabo principalmente por muçulmanos entendeu e o Candomblé também esteve envolvido em revoltas para mim é inad primeiro que apenas muçulmanos se revoltassem entendeu Como se eles tivessem uma espécie de monopólio sobre a resistência violenta contra aquela escravidão né esse é um aspecto e depois sobre o Candomblé por exemplo ogum por causa exatamente da dos conflitos na África ogum que era um Deus local se transformou num Deus nacional dos uis porque ele era o Deus da Guerra né continua sendo e ele ele a devoção a ele se
espalhou junto com as guerras no território urubá que é um fenômeno principalmente do século XIX né Então muitos dos guerreiros que viam para guerra eram Devotos de algum e não entra na minha cabeça embora não possa provar com documento para ninguém entende que o Rebelde nagou não fosse para para PR PR né paraa guerra para revolta sem Pedir proteção de alguma maneira algum entendeu em relação muçulmanas nós temos os papéis muçulmanos então haviam também os escravos que se revoltavam e os que resistiam de outras formas essas formas mais eh né sutis de resistência [Aplausos] [Música]
ha