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Video Transcript:
Boa noite, meus caros! Sejam muito bem-vindos. Esse é o Lente Católica, o nosso programa semanal, toda segunda-feira, sempre às 21:30, depois do Terço do Amor Poderoso. Nós estamos aqui ao vivo no canal da Comunidade Pantocrator e toda segunda-feira estamos aqui com algum tema diferente que pode ajudar você, católico. Nosso objetivo é esse, em primeiro lugar. Quando a gente para o programa, eu sempre costumo dizer, né? A gente faz a experiência primeiro; quem prepara aqui essa programação faz essa experiência de crescimento na fé, em primeiro lugar, e depois a gente vem aqui e compartilha. Esse
é o objetivo do Lente Católica. Estamos aqui nesta noite, não sei aí onde vocês estão, mas aqui está um frio danado, ontem e hoje, né? Nós, que não estamos muito acostumados... Tem um pessoal que assiste o Lente aí que é do Sul. Para o pessoal que é do Sul, hoje está um dia ameno, né? Aqui pro nosso lado, mas para quem não é tão acostumado com frio assim, né, tá bem frio por aqui. Mas estamos aqui firmes e fortes, confiantes na graça de Deus, para falar no dia de hoje sobre o Concílio Vaticano II, o
último concílio que a Igreja celebrou. A Igreja Católica celebrou 21 concílios ao longo da sua história, e o Vaticano I foi o último deles. Por isso que a gente fala tanto do Vaticano II, porque é o concílio mais recente da Igreja, cujas implicações nós vemos e assistimos agora, né, no nosso tempo. É um concílio do nosso tempo. Muitos, talvez, de vocês que estão aqui nos assistindo se lembram do concílio. Eram crianças ou já eram até um pouquinho mais crescidos quando o concílio foi celebrado. E tem gente que não vai se lembrar do concílio, mas vai
se lembrar das transformações ocorridas na Igreja depois do concílio. Então, nós vamos falar um pouquinho disso nesta noite e, aproveitando já o início do nosso programa, eu gostaria de agradecer a todos os que têm colaborado com a evangelização digital. Todas as doações que vocês fazem são revertidas para a obra da evangelização digital da Comunidade Pantocrator. Então, não é apenas para o programa do Lente Católica. Todos os programas que a Comunidade Pantocrator realiza são mantidos por esse caixa que é gerado com as doações, as contribuições que vocês fazem. Então, isso mantém o Terço do Amor Poderoso,
mantém aqui o Lente Católica, mantém a estrutura do canal do YouTube e outras tantas iniciativas que nós vamos fazendo. Então, tudo isso é revertido para a evangelização digital. Nesse mês, nós já atingimos 35%. Deus lhe pague! E se você ainda não ajudou, e considere a possibilidade de nos ajudar. Os meios para nos ajudar estão aqui embaixo. Você pode apontar a câmera do seu celular no QR Code e fazer uma doação, qualquer valor, né? Não há valor mínimo para essa contribuição. Se você gostar mais da transferência bancária, eu sei que tem muita gente que não gosta
de PIX, não gosta de QR Code, prefere fazer o negócio de modo mais convencional com transferência bancária, ótimo! Os dados bancários estão aí. Mas se você quiser fazer a sua doação também pelo PIX, o PIX é o telefone da comunidade: 1999 399 5316. Esse telefone, além de ser a nossa chave PIX, é o telefone da comunidade. Então, qualquer informação que você queira sobre horário de missa... Puxa vida, não sou de Campinas, estou passando por Campinas, quero conhecer a Comunidade Pantocrator. Então, mande uma mensagem aí nesse telefone, né? Avise o pessoal, fale: "Olha, vou estar em
Campinas, terça ou quarta-feira, a trabalho, gostaria de passar para conhecer a sede da comunidade. Gostaria de participar de uma Santa Missa". Como que eu faço? O pessoal vai passar para você todas as informações. Ou se você é daqui de Campinas, puxa vida, sou de Campinas, mas nunca estive aí na comunidade, queria saber os horários de grupo de oração, grupo de jovens. Tem grupo de adolescentes. Temos tudo isso! Nós temos grupos de oração para todas as idades, temos as Santas Missas diariamente e temos os nossos retiros, as nossas outras atividades. Então, se você é daqui de
Campinas ou da região e quiser participar conosco, venha. Será muito bem-vindo! E se você estiver de passagem por aqui, também se informe aí através do nosso telefone e venha nos conhecer, venha nos fazer uma visita. Tá bom? Muito bem! E já no início do nosso programa, eu gostaria de convidá-los, então, a colocar as suas intenções. Pode deixar aí no chat. Ontem nós celebramos o Dia dos Pais, né? Rezemos pelos nossos pais. Quem tem os seus pais aqui ainda nesta vida, neste mundo, e aqueles que já estão na eternidade. Também levemos uma prece para todos os
pais, pedindo a Deus a sua misericórdia, a sua graça, né, sobre esses pais, né? Homens que doaram suas vidas pelos seus filhos, pelas suas famílias, e que já estão na eternidade. Que Deus tenha misericórdia dos pais. E também, nós estamos no meio das vocações. Rezemos pelas vocações sacerdotais, religiosas, missionárias, pelas vocações matrimoniais. Que o Senhor abençoe, faça frutificar essas vocações, mas, sobretudo, ajude aqueles que ainda não descobriram a sua própria vocação. Vamos rezar, colocando essas intenções em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o
vosso nome. Venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre. Jesus, Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos
guarde, acolha as nossas orações pelas mãos de Nossa Senhora, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, chegou agora. Seja bem-vindo! Fique aqui conosco. Vamos falar sobre o Concílio Vaticano II nesta noite. Para a gente começar, em primeiro lugar, vamos entender o que foi o Concílio Vaticano II e, mais, né? O que é um Concílio na Igreja? Quando a gente olha lá para o Livro dos Atos dos Apóstolos, nós já vemos ali, na era apostólica, imediatamente após a paixão, morte, ressurreição e ascensão de Jesus, vemos os apóstolos com um problema
na Igreja Primitiva. Qual era o problema dentro do seio da Igreja recém-nascida? Surgiu uma divisão e formaram-se dois partidos na Igreja: o partido dos judaizantes e o partido dos helenistas. O que era isso? Que discussão era essa? A discussão era a seguinte: como a maior parte dos primeiros cristãos vinham do Judaísmo e tinham passado por toda a experiência da fé no Judaísmo para depois conhecer Jesus e depois aderir ao Evangelho, então boa parte dos membros da comunidade primitiva começou a entender que era necessário que todo mundo passasse pelo mesmo processo. Então eles pensavam assim: "Puxa,
né? Eu era judeu, fui circuncidado, fui apresentado no templo, vou à sinagoga, ouço a palavra de Deus e a explicação dos rabinos, cumpro as leis e os preceitos que Moisés nos deixou, mas depois eu conheci Jesus. E aí eu juntei essas duas coisas e agora eu sou cristão." Então, quem quiser ser cristão tem que fazer o mesmo caminho que eu e que outros fizeram. Esses eram os judaizantes, que tinham essa ideia de absorver elementos do Judaísmo, mesclar cristianismo e viver assim. Mas, por outro lado, surgiram os helenistas. Os helenistas eram aqueles primeiros cristãos das comunidades
pagãs. Então, eram cristãos de origem grega, eram cristãos de origem persa, de origem asiática, em geral, dos vários territórios ali da Ásia, e estes cristãos já entraram na fé, aderindo ao Evangelho, a Jesus Cristo, mas sem terem passado por essa experiência prévia do Judaísmo. E aí começa uma discussão no seio da Igreja. Pedro, o príncipe dos apóstolos, o chefe dos apóstolos, o primeiro entre eles, o Papa. É claro que o termo "papa" não existia na Igreja Primitiva; o termo papa vai aparecer mais tarde, lá pelo século III. O século I significa "pai", "papai", e passa
a ser dito não apenas ao bispo de Roma, mas aos bispos em geral. Outros bispos eram chamados de papa e só lá pelo século VI é que o título "Papa" passou a ser atribuído exclusivamente ao bispo de Roma, essencialmente Pedro e os seus sucessores. Porque, se Cristo deu as chaves do céu nas mãos de Pedro, estas chaves passam para as mãos dos seus sucessores naturais. Por isso, a Igreja de Roma tem a precedência sobre as demais igrejas, porque é a sede de Pedro, o príncipe dos apóstolos, o primeiro entre eles, o primeiro Papa. Certo, o
termo "papa" não existia na época, mas não é incorreto atribuir esse termo a Pedro, porque de fato Pedro era o Papa, o bispo de Roma. Então, Pedro era partidário da visão judaizante; ele também veio dessa origem, é natural que ele pensasse assim. Mas acontece que do outro lado estava Paulo, São Paulo, apóstolo que também era de origem judaica, mas era um judeu que nasceu na diáspora. Paulo nasceu em Tarso, na Turquia atualmente. Então, era um judeu da diáspora, daqueles judeus que foram dispersos por outros territórios, mas Paulo, na sua adolescência, foi enviado para estudar a
Lei com Gamaliel, o grande rabino. Gamaliel. Então, Paulo vem dessa tradição também, mas, depois de sua conversão, vai anunciar o Evangelho aos gentios, aos pagãos. E Paulo passa a ter uma postura bem mais aberta aos pagãos. Aliás, Jesus já havia predito, já havia previsto que os pagãos iriam acolher o Evangelho melhor do que aqueles para quem Ele, Jesus, tinha sido enviado. Jesus, quando Ele conta a parábola do casamento, do que Ele está falando? Está falando disso. Ele conta a parábola dizendo que um homem muito rico tinha um filho que ia se casar e esse homem
chamou os amigos para a festa. Qual é a referência? O que Jesus quer dizer com isso? Este homem muito rico é aquele que é o Criador de todas as coisas, Deus Pai, que chamou seus amigos para a boda do seu Filho. Chamou os judeus, o povo eleito, o povo da aliança para a boda, para o casamento do Cordeiro de Deus com a Igreja, que é sua esposa: Jesus e a Igreja. Esse é o casamento. Só que acontece que os amigos não foram, deram uma desculpa qualquer e não foram. Então, este homem muito rico disse aos
empregados: "Saiam e chamem as pessoas pela estrada, chamem as pessoas que vocês encontrarem pelo caminho." O Evangelho veio para o povo eleito; boa parte do povo eleito não acolheu. Então, o que Deus fez? Chamem os outros de fora, os pagãos. Nós não nascemos lá no povo eleito, mas o Evangelho chegou até nós. E Paulo foi o grande responsável por levar o Evangelho mais longe. A primeira Igreja fundada fora do Oriente foi fundada por Paulo, é a Igreja de Filipos. Daí que vem a carta aos Filipenses. Então, nós podemos dizer que a primeira diocese, a primeira
Igreja particular fundada em solo europeu foi obra de São Paulo, e de Filipos o Evangelho se difundiu pela Europa, chegou a Portugal e, de Portugal, chegou aqui. Então, nós podemos dizer que, indiretamente, graças a São Paulo Apóstolo, nós fomos evangelizados; a graça do Evangelho chegou até nós, pagãos, gentios. Os nossos descendentes eram os nossos descendentes, não antepassados. Perdão, eram pagãos, mas o evangelho os alcançou. Então, Paulo passa a ter uma visão diferente; Paulo passa a entender o seguinte: Jesus instituiu uma nova e eterna aliança. Então, algumas coisas da Lei antiga Jesus as elevou à sua
máxima potência, outras Jesus não anulou, mas outras Jesus rompeu com elas. Algumas práticas foram rompidas; Jesus mesmo rompe com essas práticas. Por exemplo, a prática do sábado, quando Jesus vai dizer que ele é o Senhor do sábado, é uma prática que ficou para trás, porque na nova aliança, antes havia o sacrifício dos cordeiros, que ficou para trás. Agora existe o único e definitivo sacrifício do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, que é Jesus mesmo. Então, algumas coisas se conservaram, outras coisas foram modificadas e elevadas, e outras foram abandonadas; é o que Paulo
defende. Então, se reúnem em Jerusalém. Como a divergência era grande, o que eles resolvem fazer? Rezam, invocam o Espírito Santo e vão discernindo o caminho que a Igreja deveria tomar. E, ao final, Pedro toma a palavra e diz: "Nós definimos; nós, porque nós, os apóstolos reunidos, ele enquanto chefe e o Espírito Santo, é uma decisão conjunta com o Espírito Santo que governa a Igreja." E aí, então, o que prevaleceu no Concílio de Jerusalém? Entendeu-se que a visão de Paulo estava correta: as práticas do Judaísmo, como a circuncisão, por exemplo, eram obsoletas; a nova aliança —
a lei — não era mais necessária. A circuncisão, isso é coisa lá da antiga aliança, ficou para trás. Agora é aliança. Várias práticas, várias leis, várias coisinhas, ficaram para trás; tudo isso ficou para trás. Agora é o evangelho de Jesus Cristo, a nova e eterna aliança. Então, esse foi, por assim dizer, o primeiro Concílio da Igreja. E, depois, ao longo da sua história, a Igreja foi desenvolvendo esse modo de esclarecer a fé. O próprio São Paulo ele vai dizer que é necessário que haja heresias. Paulo diz isso porque, na medida em que aparecem pessoas equivocadas
ou mal-intencionadas ensinando o erro, propagando o erro, a Igreja se vê no dever de dar uma resposta para suas ovelhas, para dizer: "Minhas ovelhas, não sigam esse lobo; não, isso aí está errado. O que é correto, o que é certo, é isto aqui, ó: isto aqui é doutrina ensinada pelos apóstolos, crida pela Igreja, pregada desde o início; é isso aqui." Então essa será a função dos concílios ao longo da história. Os concílios foram convocados na medida em que apareciam heresias, interpretações inadequadas, incorretas ou mal-intencionadas da Sagrada Escritura, e, para que o povo de Deus, o
povo novo, o povo de Deus que agora é a Igreja, não se perdesse, não se desviasse, não caísse na heresia. O que a Igreja fazia? Convocava concílio, ouviam o que os hereges tinham a dizer; aí, aquilo que era a voz da tradição, da Escritura e do Magistério pesava sobre aquele erro. Todos os concílios tinham a intenção de separar o joio do trigo, de mostrar aquilo que está em concordância com os evangelhos, com a tradição e com o Magistério, jogar luz sobre aquilo e, ao mesmo tempo, apontar o erro. Então, os concílios historicamente sempre fizeram o
quê? Os concílios identificavam o problema, a heresia, convocavam os hereges para comparecer ao concílio ou mandar seus representantes, informavam os hereges do erro, esperando o seu arrependimento, e condenavam as proposições erradas, as ideias contrárias à doutrina da Igreja. Então, os concílios, via de regra, eram convocados para ensinar, esclarecer, combater o erro, identificar as heresias e condená-las. Combatê-las, essa era a ideia. Assim, por exemplo, quando a gente pega lá os primeiros séculos do cristianismo, a coisa foi agitada. Nós temos as heresias cristológicas contra Jesus, heresias como o arianismo e o monofisismo. Então, vão aparecer heresias diversas,
heresias que diziam que Jesus era só Deus, mas não era homem de verdade; outras que diziam que Jesus era só homem, mas não é Filho de Deus. Ele é Filho de Deus como uma metáfora, mas ele não é Filho mesmo. Ou seja, aí é uma heresia que nega a Trindade, nega a Santíssima Trindade. Então, heresias que negavam a divindade de Cristo, a humanidade de Cristo, heresias que negavam a Trindade. Depois, começaram a surgir as heresias que, por atacar Cristo, acabavam atacando Nossa Senhora; aí começam a surgir as heresias que atacavam a Virgem Maria. Então, Maria
não é mãe de Deus; ela é mãe de Jesus, mas não de Deus. E aí usavam aquele argumento, né? "Maria não pode ser mãe de Deus porque Deus é mais velho que ela." Ué, mas é óbvio que Deus é mais velho que ela. Só que, quando dizemos que Maria é mãe de Deus, é porque Deus entrou no tempo e se fez homem. E, ao entrar no tempo e se fazer homem, se Maria é mãe do homem Jesus, acontece que o homem Jesus está unido ao Deus Jesus, e não dá para separar um do outro. Jesus
é verdadeiramente Deus; Jesus é verdadeiramente homem. "Ah, mas não podemos dizer que ela é mãe de Deus." Podemos, sim, porque quem é mãe é mãe da pessoa toda. A sua mãe não diz assim: "Ah, eu sou mãe só da alma do fulano, mas do corpo não sou." Não. Não é mãe da pessoa toda. A minha mãe não vai dizer para mim: "Não, Rafael, sou mãe só do seu corpo, mas não sou mãe da sua alma." Não. Ela é mãe do meu corpo e da minha alma; eu nasci dela, eu nasci integrado, não nasci com as
partes separadas, a alma para lá, o corpo para cá, uma coisa só. Então, a minha mãe é mãe do Rafael todo. Então, se isso acontece comigo, Jesus, que se encarnou como homem, ele também teve mãe, e a mãe de Jesus é mãe de Jesus. Todo então é, essas heresias começaram a atacar a integralidade da fé e começaram a confundir as pessoas. Então, muitos cristãos de boa vontade começaram a seguir essas besteiras. Só que aí, o que acontece? Toda heresia tem uma consequência, é o que os escolásticos, os autores escolásticos, diziam lá na Idade Média: "Lex
credendi, Lex orando." Ou seja, a lei da fé, a lei da oração, e a lei da oração é a lei da fé. Então, quer dizer, se eu creio errado, eu rezo errado. E aí, como vou obter fruto na minha oração se estou crendo errado? Uma pessoa pode ser ótima, ter a melhor das intenções, mas se ela crê errado, estas orações não darão fruto de santidade, não darão fruto que servirá para a salvação dela, porque ela crê errado. E quantos e quantos cristãos, quantos católicos, lá nos primeiros séculos da Igreja, começaram a crer: "Ah, Jesus não
é verdadeiramente Deus, ele é só homem, um homem escolhido por Deus, muito íntegro, muito bom. Tanto é que Deus até o chamou de filho, mas ele não era Filho de Deus, era só um homem." Qual é a consequência disso? Se eu creio que Jesus é só um homem muito bom, a quem Deus deu muitas graças, mas se eu não acredito que Jesus é Deus, o Filho de Deus, de fato, eu estou crendo errado. E aí, estou vendo em Jesus uma espécie de super-homem. E aí vou desconfiar, em algum momento, de que ele realmente possa fazer
tudo por mim. Entenderam? Então é grave isso. A heresia sempre é grave, porque ela nos ensina a crer errado, e isso reflete na nossa fé. Eu creio errado, então eu rezo errado. A prática da minha fé, através da vida de oração, eu vou rezar errado. Ah, aí, determinadas coisas eu não vou falar para Jesus, porque ele não é Deus, então eu falo pro Pai, mas não falo para Jesus. E aí, na prática, o que acontece com essa pessoa? Ela está negando o mistério da Santíssima Trindade, que é o mistério central do cristianismo. Então, negar que
Deus é um e trino é a pior das heresias, porque todas as verdades da fé dependem da fé na Santíssima Trindade. Olha a gravidade disso! Por isso que a Igreja precisou convocar um Concílio lá no começo. Falou: "Não, nós temos que esclarecer isso para as pessoas e ensinar para as pessoas: 'Olha, você está achando que Jesus não é Deus? Se você faz isso, você nega a Trindade. Se você nega a Trindade, você acaba demolindo todo o edifício da Revelação. Você joga fora o valor salvífico e meritório do Sangue de Cristo na cruz, porque se ele
é só um homem, aquilo não valeu nada, aquilo não tem um valor infinito, aquilo não tem um valor capaz de satisfazer a justiça de Deus. Você está crendo errado, vai rezar errado, não vai dar fruto.'" O que nos mantém unidos a Cristo e à Igreja? A fé. Mas tem que ser a fé da Igreja. A fé da Igreja. São Paulo, na carta aos Coríntios, capítulo 15, ele vai dizer justamente isso. Aos Coríntios, já no comecinho do capítulo 15, ele diz assim: "Eu prego Cristo que morreu, que ressuscitou, que derramou seu sangue na cruz. Eu não
inventei nada; aquilo que recebi, vos transmiti." É isso que Paulo fala. Paulo está dizendo: "Eu não estou inventando o evangelho, eu não estou inventando um modo de falar de Jesus. Não, aquilo que eu recebi, a pregação dos apóstolos, o que eu recebi eu transmiti." Paulo se converteu e levou 13 anos para começar a pregar. Ele não se converteu hoje e saiu pregando amanhã. Ele ficou 13 anos em silêncio, e quem se lembrou de Paulo foi Barnabé, que havia conhecido Paulo depois da conversão. Os apóstolos estavam precisando de homens íntegros para enviá-los a evangelizar mais longe.
Então veio Barnabé e sugeriu o nome de Paulo. Os apóstolos mandaram chamar, impuseram as mãos sobre ele, eles foram ordenados, receberam a ordenação, o sacramento da ordem e foram enviados. Aí Paulo começa a pregar: "O que recebi, vos transmiti." Paulo não inventou nada. E na Igreja é assim até hoje: ninguém tem o direito de sair falando se não for enviado. Se não for enviado, e hoje, se eu, que sou leigo, estou aqui tendo a possibilidade de conversar com vocês, que em sua maioria são leigos também, e se muitos de vocês, nas paróquias de vocês, têm
a possibilidade de coordenar pastorais, dar formação, dar catequese, em grande parte nós devemos essa nossa possibilidade de contribuir com a evangelização da Igreja, nós devemos ao Concílio Vaticano Segundo. Ah, mas antes do Concílio, então os leigos não faziam nada? Não, não é isso. Os leigos sempre tiveram um papel de atuação na vida da Igreja, sempre. Mas depois do Concílio, houve uma consciência, a retomada de uma consciência que sempre esteve na Igreja, mas muito adormecida em alguns momentos. E essa retomada de consciência do papel que os batizados têm na obra da evangelização. A gente vai chegar
já já nas questões do Concílio. Então, isso que eu estou falando de Paulo, de Pedro, lá dos apóstolos, é pra gente entender: a Igreja sempre se viu no dever de prevenir, esclarecer e ensinar. Os concílios tiveram que fazer isso. Por quê? Se você deixa o povo crer errado, se um bispo, por exemplo, deixa o povo de sua diocese crer errado, eles rezam errado, não darão frutos. Não darão frutos. Jesus fala que os galhos da videira e os galhinhos da videira que vão dar fruto são aqueles que estão unidos ao tronco. Quem não estiver enxertado nessa
videira vai secar. Quem crê errado seca, porque o que alimenta a nossa vida cristã... A fé da Igreja, a fé dada aos Apóstolos, o depósito da Fé guardada pelos Apóstolos, ensinada pelos Apóstolos, transmitida de geração em geração. Então, na Igreja Católica, nós temos não só a sucessão Apostólica; ontem era Pedro, hoje é Francisco, depois não sabemos quem Deus enviará, mas sempre haverá Papa até o fim dos tempos. É promessa de Cristo, em Mateus, capítulo 16, que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Então, a Igreja sempre existirá até o Juízo Final e não
existe Igreja sem Papa, não existe Igreja sem Bispo, não existe Igreja sem Sacerdote, mas não existe também Igreja sem Leigos. De onde vêm os sacerdotes? De onde vêm os padres, os bispos? Vêm das famílias. Então, até o final, nós teremos estas vocações, até o final. Agora, uma coisa importante que devemos ter em mente quando falamos dessa transmissão da Fé: nós temos a sucessão Apostólica que garante a continuidade da Igreja, e nós temos, através do Magistério da Igreja, o que é o Magistério da Igreja? O ensino que, sobretudo, o Papa faz da doutrina da Igreja enquanto
sucessor de Pedro, e que os bispos em comunhão com ele fazem. Isso é o Magistério da Igreja, é o ensino constante da Igreja. Assim como nós temos uma sucessão Apostólica, nós temos uma continuidade doutrinária, porque o que a Igreja faz? A Igreja não joga fora, e ela não pode fazer isso, jogar fora a doutrina, o conteúdo anterior. Então, vamos pegar aqui um exemplo, né? Ah, eu estou lecionando em uma escola, cheguei agora. Antes de mim já havia um funcionamento daquela instituição, já havia um esquema. Eu não serei eu que chegarei ali e direi: "Não, isso
aqui está tudo errado, vamos abandonar tudo isso aqui e vamos fazer do meu jeito". Eu sei que cheguei agora, o que eu tenho que fazer? Eu tenho que ouvir aqueles que estavam lá antes de mim para saber como aquela instituição funciona. E, é claro, eu vou ter o meu jeito, o meu estilo, mas eu vou dar continuidade, vou melhorar aquele trabalho, vou contribuir com aquele trabalho, mas a partir daquilo que já foi feito antes de mim. Essa é a ideia, né? Vamos pensar assim: outro exemplo. Aqueles revezamentos, né? De bastão em corrida, você vai correndo
até um ponto, ali o sujeito está com o bastão na mão e, num dado momento, ele passa para outro, o outro continua correndo. Para que essa modalidade esportiva funcione, o bastão tem que ir passando de mão em mão. Agora, imagina eu, estou competindo aqui no meu time, estou com o bastão, eu passo para outro, o outro joga fora o bastão... Acabou! Se você jogou fora o bastão, acabou a prova, porque se a prova é uma prova de revezamento, e o marco do revezamento é o bastão, se eu jogo o bastão fora, acabou a prova. Então,
nós podemos dizer que, na Igreja, as gerações anteriores sempre vão transmitindo as outras gerações não só o sacramento da Ordem, a sucessão Apostólica, mas também uma sucessão doutrinária, litúrgica. Tudo isso é tradição da Igreja, Magistério da Igreja, é um patrimônio da Igreja que vai sendo passado de geração em geração. Por que estou dizendo isso? Para entendermos que o papel dos Concílios na Igreja é ensinar, essencialmente ensinar. Então, você aponta onde está o erro, identifica onde está o erro, denuncia a heresia, ensina a verdade de modo claro, de modo inteligível, de modo que todo mundo saiba
o que está sendo ensinado. Esse é o objetivo do Concílio. E um Concílio não anula o que outro fez, então os Concílios não servem para ficar um anulando o que o outro fez. Não é uma linha de continuidade; a Igreja vai caminhando. E aí, quando nós chegamos no Concílio Vaticano I, vamos entender o que foi o Concílio Vaticano II. Ele foi convocado logo no início do pontificado de João XXIII. Ele falou do Concílio e logo depois convocou o Concílio. Então, nós temos o pontificado de Pio XII, que foi de 1939 até 1958. Pio XII morreu
em outubro de 1958, dia 9 de outubro de 1958. O Papa Pio XII faleceu, e veio um conclave. Nesse conclave, sai eleito o patriarca de Veneza, o Cardeal Ângelo Roncalli, que tomará o nome de João XXIII. O Papa João XXIII é o Papa do Concílio. Ele toma posse, é coroado como Papa e, já em 59, ele convoca o Concílio Vaticano I. Então, o Concílio Vaticano II, qual era a ideia do Concílio? Ele já fala do Concílio já em 59. O João XXIII dizia que a intenção dele era, e ele usa essa expressão, "abrir as janelas
da Igreja para que o vento do Espírito Santo pudesse arejar os cômodos". É uma analogia para dizer o seguinte: vamos, como a Igreja já fez outras vezes, abrir a ação, a moção do Espírito Santo para que possamos dar novos rumos à Igreja, arejar, iluminar. Enfim, essa era a ideia. Depois, outra expressão que o João XXIII vai usar é a expressão "adornamento". O adornamento foi muito traduzido aqui no Brasil como "atualização". Seria uma espécie de atualização, de aproximação daquilo que a Igreja tinha e tem para anunciar com o mundo moderno. Certo? Então, ele vai falar bastante
essa expressão, e essa expressão foi usada assim dentro do Concílio, depois do Concílio, é usada até hoje. Certo? Então, há um desejo de renovação e um desejo de diálogo com o mundo moderno, mas diálogo no sentido de apresentar as mesmas verdades da Fé, mas numa linguagem mais adaptada. Não seria a palavra mais adequada, mas talvez mais palatável, né? Não seria apresentar essa Fé da... Igreja de um modo que o homem moderno conseguisse absorver essa fé, né? Seria mais ou menos o que a gente faz com uma criancinha, né? Uma criancinha muito novinha, você não consegue
dar uma comida muito substanciosa, mas se você bater ali uma comida, você dá ali umas colheradas e ela vai comer. Então, é mais ou menos essa ideia num mundo que já, naquele período do pós-guerra, se mostrava muito secularizado, fragmentado, muito alheio às questões transcendentes, à questão de Deus. Depois da Segunda Guerra Mundial, isso aumentou consideravelmente, principalmente no ambiente europeu. Então, a ideia era tentar estabelecer um ponto de diálogo com essa realidade de pessoas que já estavam relativizando a verdade, que já não queriam mais saber de Deus, da proliferação do ateísmo, de proliferação e de ideias
das mais absurdas possíveis. Então, a ideia era estabelecer esse diálogo. E aí acontece que João 23 fala isso, e a própria vida de João 23 foi uma vida muito difícil. João 23 foi capelão na Primeira Guerra Mundial; depois, foi nuncio apostólico na Bulgária, numa situação dificílima. Então, João 23 viu o sofrimento, ele viu essa diluição de nações, de povos, de culturas; é uma coisa que ele assistiu. Então, ele entendeu que esta aproximação da Igreja em relação às pessoas seria algo necessário. E, para isso, seria preciso ajornar, né? Seria preciso acertar, ajustar, regular a linguagem da
Igreja com a linguagem desse mundo que estava mudando. A ideia era calibrar a coisa. E o próprio João 23 dizia que a Igreja, no Concílio, desta vez, neste 2º Concílio, não pretendia ensinar nada de novo. Então, isso João 23 repete várias vezes, e depois Paulo VI, que é quem fechará o Concílio, vai martelar nessa ideia novamente. João 23 dizia: "Nós não vamos ensinar nenhuma verdade de fé diferente daquilo que a Igreja sempre ensinou." Então, veja, né? Ele não está negando o Concílio de Trento, o Vaticano I, os concílios que ocorreram para trás; não é isso.
Ele simplesmente está dizendo que já está dito, já está bem; o que nós queremos é entender como embrulhar essa mensagem e entregá-la ao mundo. Então, essa é a tônica do Concílio. No dia 11 de outubro de 62, o Papa convoca, então, e de fato o Concílio abre; aliás, né, o Concílio tinha sido convocado antes e ele foi aberto. A primeira sessão do Concílio foi no dia 11 de outubro de 62. É por isso que o Papa Francisco, quando foi escolher a data litúrgica da festa de João XXIII, fez questão de colocar o dia de João
XXIII no dia 11 de outubro, que é o dia da abertura do Concílio Vaticano II. Todo mundo pensava que João 23 seria um Papa de transição; ele já era idoso, tinha alguns problemas de saúde e, no entanto, foi o Papa que abriu o Concílio. A abertura do Concílio Vaticano II, para ser bem entendida, nós temos que olhar ali o contexto da época. Estamos falando do início dos anos 60, então a Igreja teve um movimento de tentar dialogar com este mundo moderno, só que este mundo moderno estava em profunda transformação e em transformação, digamos assim, muito
rápida. A galope mesmo! Então, de um ano para o outro, na década de 60, coisas novas ocorriam. Já no fim dos anos 50, nós vemos as dificuldades daquela geração que, na Segunda Guerra Mundial, nós vemos já uma geração de crianças e adolescentes que vão crescer órfãos por conta da guerra. Então, tudo isso mexe com a mentalidade, mexe com as crenças. Aí nós começamos a ver já durante a década de 50 processos revolucionários no campo da cultura. Então, já começam a aparecer sinais de uma grande evolução na arte, na música, com o rock, sobretudo. E aí
a coisa vai indo, vai escalando; até o término do Concílio nós já temos na Europa um ambiente que era bem diferente do ambiente de quando o Concílio começou. Mas espera aí, foram apenas, ali, poucos anos! O Concílio abriu em 62 e fechou em 65. Mas como que pode ter tanta mudança? Pois é, mas o mundo estava mudando rapidamente. O Concílio fecha em 65; três anos depois vem a revolução estudantil de Paris, a revolução da Sorbonne, onde os estudantes vão não simplesmente aderir a um modelo marxista, um modelo socialista de organização, de ideias, de pensamento, mas
eles vão inclusive propor uma série de lemas para esse movimento: "É proibido proibir", "Faça amor, não faça guerra". Aí vem a questão da revolução sexual, depois vem o festival de Woodstock, onde se pregou abertamente não só o uso indiscriminado de drogas, mas a tomada de uma postura de vida totalmente relativista do chamado amor livre. Entenda-se aqui: sexo livre, numa libertinagem que destrói a alma das pessoas, que vai criando nas pessoas uma moleza espiritual que é própria de quem se entrega a todo tipo de vícios. Então, já são pessoas que vão se tornando incapazes de tomar
decisões, de assumir coisas e com afinco para o resto da vida. Então, já começa aquela coisa: relações abertas, uso de drogas, sexo livre e todas as consequências que isso vai trazer. Então, a Igreja faz o Concílio numa época que era extremamente difícil. O Cardeal Baggio, italiano, disse que o Concílio Vaticano II poderia ser considerado como os Estados Gerais da Igreja Católica. O que ele queria dizer com isso? Lá na Revolução Francesa, o rei Luís XVI, tentando resolver os muitos problemas sociais e econômicos que estavam acontecendo na França do século XVIII, resolveu convocar a Assembleia dos
Estados Gerais: clero, nobreza e povo para discutir os problemas. Só que acontece que Luís XVI convocou as pessoas e deu voz às pessoas num momento inapropriado, que foi um momento de grandes convulsões sociais. No que isso resultou? Na tomada de poder. Derrubada da monarquia no assassinato do Rei e na instalação do caos da desordem através do governo do período do Terror, quando Robespierre vai assumir o governo francês e vai cometer as piores atrocidades. Então, Cardal bate, ele considerou o Concílio Vaticano I como os Estados Gerais da Igreja Católica, ou seja, o Concílio foi convocado num
momento em que o ambiente do mundo — isso não era uma questão da Igreja — mas o ambiente mundial, externo à Igreja, era um ambiente extremamente difícil. Então, é nesse contexto que o Concílio se dará. João XXIII abriu o Concílio. Um cardeal perguntou para ele: “Santo Padre, quanto tempo vai durar o Concílio?” O Concílio foi aberto em outubro. João XXIII respondeu assim: "E fino al Natale", né? Ou seja, lá pro fim do ano, perto do Natal, o Concílio acaba. Assim ele imaginava. Mas acontece que, até o Natal, o Concílio só tinha votado uma resolução, que
era a inclusão do nome de São José no cânon da missa, que é algo muito bom, muito importante. Mas você não vai convocar um Concílio para incluir o nome de São José no cânon da missa, né? Para fazer apenas isso. Então, as discussões teriam que se aprofundar. Mas acontece o seguinte: o próprio Papa João XXIII, antes da abertura do Vaticano I, havia promovido em Roma o Sínodo de Roma e, no Sínodo de Roma, foram feitas várias discussões. O Sínodo de Roma, nós podemos dizer, que foi uma espécie de laboratório para o Concílio Vaticano I. Aliás,
João XXIII tinha a ideia de estender para a Igreja aquilo que foi feito no Sínodo de Roma. Então, o Sínodo de Roma fez o quê? Reformou o currículo dos seminários, conventos com poucos religiosos, juntou comunidades muito dispersas, reformou a vida religiosa. O Sínodo de Roma promoveu a pregação das santas missões: passionistas, redentoristas, capuchinhos pregando missões na Diocese de Roma para trazer muita gente que estava afastada da Igreja, que se casou, fez a primeira comunhão, recebeu o crisma. Foi um reavivamento da fé católica na Diocese de Roma, porque as pessoas estavam, né, na Itália, tão acostumadas
com a proximidade com a Igreja, com o Papa, com tudo isso. Muitas pessoas estavam geograficamente perto da Igreja, mas com o coração longe. Então, a ideia de João XXIII é: nós vamos até essas pessoas, vamos buscar essas pessoas. A reforma dos seminários, a reforma da vida religiosa, a reforma das associações leigas, as irmandades, as associações mais variadas — tudo isso foi trazendo uma vitalidade à Igreja de Roma e o efeito foi muito bom. Então, o que João XXIII faz? Vamos estender isso para toda a Igreja e convoca o Vaticano II. Quando os bispos chegam no
Vaticano, a Cúria Romana havia preparado esquemas dentro desse desejo do Papa, que é um desejo de aproximação, de diálogo. Só que nessa época, dentro da Igreja Católica, já havia também, entre muitos teólogos, muitos padres e muitos bispos, até uma certa adesão velada a algumas correntes de teologia um pouco estranhas à doutrina que a Igreja sempre acreditou e sempre ensinou; tudo isso em nome da modernidade, tudo isso em nome de uma nova teologia. Inclusive, uma das correntes teológicas mais nocivas era justamente uma corrente teológica chamada Nova Teologia, cujo expoente — né — o grande expoente dessa
corrente teológica era o padre Alfred Loisy, né? Um padre que, no século XX, foi suspenso de ordens, proibido de ensinar e ameaçado de excomunhão várias vezes por São Pio X. São Pio X freou essa Nova Teologia lá no começo do século XX, mas agora no Concílio essa tendência da Nova Teologia começa a voltar; algumas tendências no campo da liturgia, tudo isso começa a aparecer, a orbitar em torno do Concílio. Mas a Cúria Romana havia preparado os esquemas para que os bispos discutissem e votassem e esses esquemas preparados pela Cúria Romana eram baseados na experiência do
Sínodo de Roma, né? E o Sínodo de Roma não aboliu, por exemplo, o uso do hábito para os religiosos, não aboliu o uso da batina pelos padres, o Sínodo de Roma não extinguiu as associações de leigos, não acabou com a piedade popular, não alterou a liturgia da missa. Aliás, em 1962, João XXIII assinou, sobre o altar da Basílica Vaticana, um documento chamado "Veterum Sapientia", a velha sabedoria, falando sobre o uso do latim e reafirmando — é um documento papal de João XXIII — reafirmando a importância do uso do latim. Tudo isso estava ali, naquela documentação
dos esquemas, para que fossem discutidos e votados no Concílio. Acontece que, como eu disse no início, este Concílio sofreu uma pressão muito grande de jornalistas, da imprensa, televisão, e o mundo tinha uma expectativa em relação à renovação da Igreja. Só que acontece que o mundo que tinha essa expectativa da renovação da Igreja — quando eu digo "o mundo", é um mundo formado por um monte de gente que não é católica, e é um monte de não católicos querendo ditar o que a Igreja tem que fazer. Então, houve uma pressão; pela primeira vez, uma pressão massiva
sobre os bispos e, pouco a pouco, os bispos começaram a achar que era melhor que ouvissem os seus assessores. Por isso que o Concílio é chamado, por alguns autores e historiadores, de "o Concílio dos teólogos", porque os bispos começam a chamar teólogos especialistas para que pudessem discutir o modo de fazer o que João XXIII tinha proposto. E aí acontece que todos os esquemas da Cúria Romana foram rejeitados. E então vêm os novos esquemas, aí sim, elaborados por teólogos como Henri de Lubac, Hans Urs von Balthasar, Yves Congar, Bernard Haring e outros tantos teólogos que começam,
cada qual na sua área de atuação, a elaborar novos textos, novos esquemas. E aí nós teremos documentos, bons documentos. Bons e documentos ambíguos que, naturalmente, foram aprovados de forma ambígua, é para que depois a Igreja se pronunciasse a respeito deles. Então, nós podemos dizer que o Vaticano I só pode ser entendido a partir daquilo a que ele se propôs, a que o Vaticano I se propôs, pois a dialogar com o mundo. Então, nós podemos afirmar, sem medo de errar, que o Vaticano II teve uma visão pastoral; foi um Concílio pastoral, não um Concílio dogmático. Por
exemplo, dentro do Vaticano I, na história do Concílio, os bispos de língua espanhola, sobretudo, chegaram a propor a definição de pelo menos mais um dogma mariano. Havia uma expectativa de que no Concílio se pudesse discutir e proclamar o dogma da corredempção de Nossa Senhora: aquilo que Jesus sofreu no corpo, Nossa Senhora sofreu na alma, ou a mediação universal das graças. Se Jesus, que é a fonte de todas as graças, passou por Maria, por que as graças menores não passariam? Então, havia essa expectativa. Os bispos de língua espanhola chegaram a propor, e, na hora de votar
isso nas sessões plenárias do Concílio, graças às manobras, né, de um teólogo dominicano, que era o padre Yves Congar, que depois virou cardeal, isso foi tirado da pauta. Então, a proposição de um novo dogma mariano foi retirada da pauta; isso chateou muito os bispos de língua espanhola. E por isso, Paulo VI, que foi o papa que fechou o Concílio, e era um homem — Paulo VI era um teólogo muito bem preparado —, além de ser um teólogo bem preparado, escrevia muito bem. Então, por exemplo, a constituição dogmática sobre a Igreja, a Lumen Gentium, é uma
das constituições do Concílio Vaticano II. Paulo VI fez questão de colocar como último capítulo da Lumen um capítulo sobre a Virgem Maria, como mãe da Igreja e modelo da Igreja. Foi uma forma de acalentar o coração dos bispos de língua espanhola por não terem visto a proclamação de mais um dogma mariano. E por isso, o Papa Paulo VI também escolheu o dia 8 de dezembro de 1965 para fazer a clausura do Concílio, dia da Imaculada Conceição. Então, nós vemos, então, no Concílio, esse acento pastoral. O Concílio não pode ser julgado por aquilo que ele nunca
propôs; ele nunca propôs, desde o início, nem João XXIII nem Paulo VI, alguma definição dogmática. Mas ele se propôs, sim, a um diálogo com o mundo moderno, e a Igreja também nunca ensinou na sua doutrina que ela é infalível em termos de pastoral. A Igreja é infalível em termos de fé e de moral, mas não de pastoral. A Igreja nunca diz isso e nunca teve essa pretensão de afirmar esse tipo de coisa. E aí, então, o Concílio foi se desenvolvendo e tratou de vários temas: da relação com os não cristãos, da relação com os judeus,
da relação com o mundo. Mas o acento principal do Vaticano I foi a eclesiologia: o que é a Igreja, o que é ser Igreja, como funciona a Igreja. Por isso que a Lumen Gentium é como que o coração do Concílio. E a Lumen Gentium é um documento que contou com a colaboração preciosíssima de um dos padres conciliares, de um dos bispos conciliares, que era nada mais, nada menos que o Arcebispo de Cracóvia, Monsenhor Karol Wojtyła, que mais tarde seria João Paulo II. Então, João Paulo II teve um papel fundamental para ajudar a escrever a Lumen,
assim como Bento XVI, que na época era o jovem teólogo ainda, Joseph Ratzinger, ajudou a escrever a constituição dogmática sobre a Sagrada Escritura, a Dei Verbum. A Dei Verbum foi redigida em grande parte pelo padre Joseph Ratzinger, que depois viria a ser o Bento XVI. E, na minha opinião, a minha humilde opinião — que não vale nada, diante disso —, mas eu, particularmente, quando li os documentos do Concílio, acho a Dei Verbum um dos documentos mais bonitos do Concílio, falando sobre a Palavra de Deus, inclusive sobre a importância da Palavra de Deus na Igreja. A
leitura orante da Palavra de Deus, enfim, o estudo da Palavra de Deus é um documento único na história do Concílio. E aí, então, o Concílio fecha em 1965 com uma expectativa que o próprio Paulo VI vai dizer: qual era a expectativa? Que viesse uma grande primavera para a Igreja. Primavera no sentido de que as flores desabrochariam, tudo ficaria mais belo, tudo avançaria mais. E o próprio Paulo VI vai dizer: "esperávamos uma grande primavera, mas o que veio foi um inverno terrível". E Paulo VI se referia realmente, logo depois que acabou o Concílio, e muitas vezes,
em nome do Concílio, começam as interpretações do Concílio. Em alguns textos conciliares que eram ambíguos, deram margem a algumas atitudes. Por exemplo, bispos que eram mais conservadores liam os documentos do Concílio em linha de continuidade, que a Igreja sempre acreditou e fez; "foi isso, agora nós teremos aqui essa renovação do diálogo". Mas outros, com uma visão mais progressista ou até mais laicista das coisas, começaram a interpretar de forma aberta. Não, o Concílio permitiu! E aí, em nome do Concílio, muitas inovações e renovações, estranhas àquilo que a Igreja tinha pensado, acabaram ocorrendo, acabaram sendo feitas. Qual
foi o resultado prático disso? Paulo VI vai dizer que esperávamos a primavera e, depois, em 1967, ele vai dizer que "a fumaça de Satanás penetrou no templo de Deus". E o que ele queria dizer com isso? Que a Igreja estava enfrentando um Calvário, porque realmente o mundo mudou e a Igreja nessa... Tentativa de dialogar parece que ela pensou no mundo, mas quando ela foi colocar em prática esse diálogo, já era um outro mundo que estava convulsionando, mudando a todo tempo. E aí, então, o que vai acontecer? A debandada do sacerdócio: milhares e milhares de padres
abandonaram o ministério, religiosas deixaram as clausuras, deixaram as congregações. Várias congregações passaram a enfrentar dificuldades terríveis; seminários fecharam, casas religiosas fecharam, obras da Igreja também já não eram mais a mesma coisa. Colégios católicos foram inteiramente tomados por pessoas de ideologias diversas. E aí, a Igreja já não evangelizava mais através daquelas obras. Então, realmente veio um encolhimento da Igreja; vem um grande inverno. O próprio Papa Paulo VI teve que lidar com muitas desobediências de bispos que se levantaram contra ele, que se colocaram contra ele. Ele foi afrontado pelos bispos holandeses, depois pelos bispos alemães. Nos últimos
10 anos do pontificado de Paulo VI, ele não publicou mais nenhuma encíclica; foi um papa que viveu os últimos 10 anos do pontificado no silêncio. Então, foi uma situação complexa para a Igreja daquela época. Agora, o que não se pode negar é que o Concílio contou com a participação dos bispos; a maioria dos bispos. Seus documentos foram votados pela maioria dos bispos, inclusive até os bispos que depois irão levantar duras críticas ao Concílio, né? O próprio Dom Marcel Lefebvre, Dom Castro Meera, aqui no Brasil, e outros tantos, né? Dom Geraldo Proença Siga e outros tantos
bispos assinaram os documentos conciliares. A maioria dos documentos foi assinada por eles. Até mesmo, se a gente olhar para Dom Antônio Castro Meera, aqui no Brasil, o que ele fez na Diocese de Campos, quando veio, por exemplo, a reforma litúrgica que veio depois do Concílio Vaticano I. Dom Castro Meera chamou o seu clero, que tinha lá uns 50 padres, e falou: "Olha, quem quiser rezar a missa no rito novo pode rezar; é aprovada pelo Papa, é liberada pela Igreja, mas eu continuarei rezando no rito antigo, e os padres que quiserem rezar no rito antigo podem
rezar." Esta atitude de Dom Meera é interessante. Então, ele deu liberdade. Dom Meera não proibiu o Concílio dentro do seu território; tinha padres que rezavam o rito novo, entendeu? Mas é claro que, depois do Concílio, é que começam a aparecer as interpretações e os conflitos de interpretação, né? Mas uma coisa é fato: é um evento eclesial que contou com mais de 3.000 bispos, foi presidido pelo Papa, e nós temos a promessa de Jesus de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja. Então, quando a gente vai falar do Concílio Vaticano II, nós devemos
pensar no seguinte, sobretudo quando as pessoas vão criticar alguma coisa: o que essas pessoas estão criticando? Aquilo que o Concílio disse ou aquilo que se disse em nome do Concílio? Aí está a grande questão. Então, o Concílio, enquanto tal, tem documentos que foram discutidos, que foram votados, que foram aprovados, mas os frutos que vieram depois, em alguns lugares, foram frutos muito bons. Nós vemos, por exemplo, a Igreja dos Estados Unidos, uma Igreja que implantou aquilo que o Concílio pedia, mas sem esquecer da tradição, da doutrina e da clareza, sobretudo no ensino da Verdade. Agora, por
exemplo, em outros países, até no nosso também, já vemos uma tendência de adaptação na linguagem: "Vamos adaptar para que as pessoas entendam melhor." E aí, o que que acontece nessa tentativa de adaptar? Muitas vezes, nós, católicos, nos colocamos como aqueles que dialogam, só que nós estamos dialogando muitas vezes com um mundo que não quer nos ouvir. E aí, nós tomamos uma postura de diálogo: "Não vamos dialogar, vamos conversar com esse mundo moderno." Este mundo não quer nos ouvir. Quando nós vamos anunciar a verdade, esse mundo diz: "Não, mas você está sendo intolerante. Olha, a Igreja
está sendo intolerante." Então, para nós vêm todos os adjetivos negativos para que nós não possamos dizer o que devemos dizer. Mas na hora que eles vêm nos falar, nós temos que ouvir, porque é uma atitude evangélica. Como que a Igreja vai recusar isso? E aí, muitos vão caindo nessa visão e renunciando ao dever de fazer aquilo que Jesus manda no Evangelho: "Ide e ensinai." Ensinai! Jesus nos manda ir e ensinar. Por quê? Porque nós portamos uma verdade; precisamos ir e ensinar. Não podemos ficar com esta verdade para nós. Então, o que que nós vemos hoje,
como meio do caminho, é que muitas paróquias, comunidades religiosas, muitos grupos católicos têm um sucesso considerável até na sua obra de evangelização, isso no pós-Concílio. A que se deve o sucesso de evangelização de algumas congregações, comunidades, grupos, paróquias, padres? Basta a gente olhar o que eles fazem: eles retomam as boas práticas pastorais que já existiam antes do Concílio. Fui pregar há um tempo atrás numa paróquia, numa cidade no Nordeste, e quando cheguei para pregar, me surpreendi primeiro com a quantidade de pessoas participando da Santa Missa, com o silêncio dentro da igreja; é algo admirável! E
a quantidade de pessoas na fila de confissão: eram dois padres, só um ficava confessando enquanto o outro celebrava, e a fila de confissão era interminável. Acabava a missa, o outro padre ia, sentava no confessionário e as pessoas seguiam se confessando. Aí eu até brinquei com o padre depois, num café, e falei: "Qual que é o segredo aqui? Conta para mim, para eu poder contar para os outros." Ele falou: "Ah, mas o meu segredo é uma coisa muito inédita, assim, que eu faço aqui na paróquia." Eu falei: "O que que o senhor faz?" Ele falou: "Assim,
missa diária e confissão diária." Ele falou assim: "As pessoas sabem que aqui na nossa Paróquia tem confissão todo dia e quase que o dia inteiro. Pelo menos um de nós, são dois padres. Ele falou que pelo menos um de nós está sempre aqui. Então, quer dizer, naquela cidade, aquela Paróquia virou referência. Por quê? Porque os padres confessam, não se recusam a confessar, não enchem a agenda com 100 compromissos, que a gente sabe que às vezes os padres são até obrigados, pela circunstância, a assumir. Mas lá eles fizeram uma organização onde a parte prática da Paróquia
está na mão dos leigos. E aí os padres ficam realmente para o serviço do ministério, mesmo: para confessar, para celebrar missa, para visitar doentes. É isso aí! E a Paróquia não tem nada assim de extraordinário. Eu participei lá da missa, uma missa muito bem rezada, mas ali uma hora de missa, os cantos ali, bem e se desenvolvem bem, uma liturgia bem celebrada, confissão constante, é um sucesso. Então, pode ver onde há sucesso, onde as pessoas, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos retomaram aquelas boas práticas que sempre funcionaram, entendeu? É isso! Outra coisa que atrai bastante é
a pregação clara. A pregação clara, a pregação fiel à doutrina da igreja. Quantos e quantos irmãos vieram do protestantismo para o catolicismo porque ouviram formações ou pregações claras que apontam onde está o erro e mostram onde está a verdade. Então, essa consciência que o Concílio nos traz a respeito da igreja, que é uma reflexão muito útil, que o Concílio traz: qual é o papel da igreja? É a missão da igreja. Outra coisa utilíssima que o Concílio traz é a questão do chamado protagonismo dos leigos. Os leigos, como batizados, têm um dever de conhecer a própria
fé e anunciar a própria fé. E os leigos podem fazer muita coisa, mesmo me ajudar, inclusive nas paróquias, na parte prática, onde os leigos podem aliviar os sacerdotes. Os sacerdotes conseguem atender melhor o povo e fazer aquilo que é próprio do ministério e não tanto ficar correndo lá se preocupando com mil coisas para administrar a Paróquia. Às vezes, não tem como o padre fazer, mas quando os leigos conseguem ajudar, rende ao padre para que o padre possa se dedicar a outras coisas. Isso é ótimo, é um benefício para o povo. Quem ganha é a igreja.
Então, onde a igreja floresceu mais no pós-Concilio, onde ela anunciou o evangelho de modo mais claro e onde ela retomou aquilo que era bom na Pastoral anterior. Então, é necessário se aproximar das pessoas, sim, é necessário buscar as pessoas, sim. Isso é dever cristão. É necessário, às vezes, buscar comunicar a verdade de um modo atraente. Sim, tudo isso é verdade, mas nós não podemos nos esquecer do conteúdo. Às vezes a gente fica tão preocupado com o modo de fazer: "Ah, vamos dialogar, vamos nos aproximar." Tá, mas nós vamos nos aproximar e dialogar para quê? Para
oferecer o quê? Para mostrar o quê? Para falar o quê se não for para mostrar Jesus Cristo do modo como Ele é, através da doutrina da Santa Igreja? Nós estaremos perdendo tempo, perdendo tempo. Então, meus caros, para as discussões sobre o Concílio, nós devemos olhar para o Concílio como um evento de Igreja que não pode e não deve ser negado. Devemos olhar para aquilo que o Concílio traz de luz para o nosso tempo e devemos olhar também para as interpretações equivocadas que se fizeram em nome dele, mas que nunca foi algo que a Igreja de
fato endossou ou falou, né? Vamos às nossas perguntas. Aí, a hora já está avançadíssima. Eu vou tentar responder aqui umas duas, três, porque esse tema do Concílio ainda não está esgotado, né? Deixa eu ver aqui: "Neoclassic, em que pese ser tido como ato herético e cismático, rejeitar um Concílio. Professor, qual sua opinião sobre ter sido engendrado pela maçonaria?" Existem alguns autores, por exemplo, o Marco Tosati, que é um vaticanista, ele fala da influência da maçonaria no Concílio. Tem o Roberto de Mattei, que é um outro historiador que fala bastante também sobre a história do Concílio.
Existe documentação que mostra essa infiltração maçônica no Concílio, que é uma infiltração, diga-se de passagem, herética. Só que isso não deve nos assustar porque, por exemplo, o Concílio de Constantinopla e o Concílio de Nicéia tinham uma porção de gênios infiltrados em alguns Concílios; inclusive, eles eram a maioria. E aí, nós devemos ter em mente o seguinte: devemos ter em mente que o Espírito Santo é quem governa a Igreja. A grande prova de que é o Espírito Santo que governa a Igreja é justamente essa: o mal se infiltra, ele entra, mas ele não destrói a Igreja.
Ele pode fazer barulho, ele pode causar dano, mas ele não destrói a Igreja. Por quê? Porque é promessa divina: as portas do inferno não prevalecerão contra ela. O Concílio de Nicéia tinha mais bispos arianos do que bispos católicos, e o que que triunfou no Concílio de Nicéia? A fé verdadeira da Igreja, que Cristo é verdadeiramente Deus e é verdadeiramente homem. Então, por mais que o Vaticano II tenha, em seu histórico, essa questão de presença maçônica, presença de teólogos de linhas anteriormente condenadas pela Igreja mas que estavam lá dando palpite, tudo isso só nos mostra uma
coisa: que, apesar de todos esses esforços do mal para minar a Igreja, isso é uma batalha perdida, porque ninguém vence a Cristo. Cristo é Rei. Só que a realeza de Cristo nem sempre se manifesta de forma gloriosa. Quando Jesus veio a primeira vez, Ele veio tão escondido que ninguém se deu conta de que o Messias tinha nascido. Mas acontece que Jesus voltará uma segunda vez. Na primeira vinda, Ele veio escondido, mas na segunda vinda Ele virá visível, glorioso, para julgar, para separar o joio do trigo." Trigo, então, confiemos, né? Eh, e outra coisa: os males
e os pecados dos filhos da Igreja não devem nos assustar, porque até no grupo dos 12 apóstolos, os 12 apóstolos eram bispos. Tinha Judas, que foi o Traidor. Então, esse é um mistério: o Mistério da iniquidade. Ele estará presente na história da Igreja, mas nós devemos ter o olhar lá na frente, sabendo que Cristo vence sempre. O Anderson Beluga perguntou: "Professor, qual missa tem mais valor, a missa tridentina ou a Missa Nova?" As duas têm o mesmo valor. As duas têm o mesmo valor; não tem missa que vale mais e missa que vale menos, né?
Eh, isso aí é uma discussão que, aí sim, pode levar as pessoas ao erro, né? Pode levar as pessoas ao erro. Agora, se você for discutir aqui a questão da beleza do rito, a questão dos elementos que ficam mais claros num rito e menos claros no outro, aí tudo bem, aí nós temos outra discussão. Agora, dizer se ela vale mais ou menos, o valor é o mesmo, porque Cristo é o mesmo, né? Cristo é o mesmo. O mesmo Cristo que está na missa tridentina é o mesmíssimo Cristo que está na missa nova, né? Não há
diferença. Não fosse assim, se na missa nova os efeitos da Eucaristia fossem menores, então não haveria santidade na Igreja e nós deveríamos estar numa situação de desespero total. Cristo teria abandonado a sua esposa, teria abandonado a Igreja, entendeu? Então, eh, ambas as formas do rito romano são válidas, têm o seu valor. Em grande parte, estas discussões sobre a questão da missa antiga e da Missa Nova levaram o Papa a restringir ainda mais a missa antiga. Por quê? Porque muita gente estava fazendo da missa antiga um porrete para dar na cabeça de quem não vai à
missa antiga e virou o que virou, bandeira ideológica. E aí, o que o Papa fez? Aqueles que defendem tanto a missa antiga acabaram dando munição para que os bispos e o Papa restringissem cada vez mais a missa antiga, justamente por isso, porque o pessoal começou a transformar em bandeira ideológica para dar na cabeça dos outros que não frequentam a missa antiga. Sendo que a realidade da maioria das paróquias no mundo não é a da presença da liturgia antiga, entendeu? Na maioria das paróquias não tem. E aí, as pessoas começam a entrar em umas coisas, caem
até numa tentação demoníaca. Eu já vi muita gente, conheço muita gente que fala assim: "Se não tiver a missa antiga, eu não vou a missa alguma. Eu fico na minha casa e rezo o Rosário." Pois é, aí cai nesse engodo demoníaco de achar que a Missa Nova não vale e não cumpre o preceito dominical da Santa Missa, né? Não cumpre o preceito dominical. E a pessoa acha assim: "Não, eu estou certíssimo." Não sei o quê. Quem age dividindo é o diabo. A palavra diabo significa divisor. Quem age dividindo é o diabo. A partir do momento
que as pessoas começam a pegar um rito, outro rito, e usar isso para apontar, para dividir, aqui é melhor, ali é melhor… a divisão é um engodo, é uma tentação, e muita gente cai nisso aí, né? Eh, vamos ver aqui depois: Ana Cecília Estevan Custódio, seja bem-vinda aqui na cidade de Amparo! Dia 16/08 estamos te aguardando. Dia 16? Eu acho que é dia 15, hein? Que eu vou a Amparo agora essa semana, né? Acho que é isso, meus caros. O tempo já tá avançadíssimo, estouradíssimo. Agradeço vocês aí por permanecerem conosco. Se você não me segue
lá nas minhas redes sociais, eu estou lá no Instagram @rafaelponon, Rafael com "phonon" Ton. Tá aí na tela. No YouTube, tem o meu canal pessoal também, siga lá no meu canal pessoal. E tem também uma novidade: nos dias 27, 28 e 29 agora de agosto, eu vou promover um evento online gratuito chamado Raízes e Rupturas. Nós vamos falar um pouquinho sobre as transformações da Igreja Católica no Brasil, né? Enfim, vamos conversar sobre vários temas. São três dias; eu preparei três aulas especiais, dia 27, 28 e 29. Eh, agora, tem um porém: para participar desse evento,
que é online e gratuito, não tem custo nenhum nem nada, mas você precisa fazer a sua inscrição. Então, dê uma olhadinha depois lá no meu Instagram, você encontra, tá? O link está na bio, o link para você fazer a inscrição. Eu postei nos meus stories também; se você me segue lá no Instagram, é só olhar o último story que eu coloquei. Tem lá o evento que eu preparei; é só clicar que você já cai lá na página para fazer a sua inscrição, tá bom? E no YouTube, quem me segue só pelo YouTube, não tem rede
social, mas me segue lá no YouTube. Eu vou colocar agora à noite também esse link para que vocês possam clicar e fazer a inscrição para este evento, né? 27, 28 e 29 de agosto, online, gratuito, três dias de aula sobre a Igreja no Brasil, a realidade da Igreja no Brasil, né? Tenho certeza de que vocês vão gostar. Abraço, Deus abençoe e que Deus nos mantenha na unidade da Santa Igreja, sob a rocha de Pedro, em comunhão com os nossos bispos, amando e rezando pela nossa Igreja, pela conversão do clero, pelo seu aumento, pela sua santificação,
mas também pela nossa conversão e para que Deus suscite mais famílias santas que gerem filhos santos que vão renovar a Igreja e o mundo. Deus abençoe! Tchau, tchau!
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