bem-vindos a todos vocês essa é a primeira edição da tv rádio Big Bang a primeira rádio que tem agora sua TV no YouTube eh para mim é um grande prazer poder criar essa esse mecanismo de contato direto com aquelas pessoas que realmente se interessam pela mensagem que a ciência e particularmente o tipo de ciência que eu faço e meus colegas fazem traz pra humanidade né Então esse é um canal que vai trazer a vocês não só a notícias e discussões sobre os grandes temas da neurociência moderna Mas também como a ciência pode ser um agente
de transformação social num país como [Música] nosso bom para começar essas Nossos programas eh eu achei que era legal eh conversar com vocês sobre uma das áreas de pesquisa do meu laboratório tanto no Brasil como nos Estados Unidos que basicamente é o paradigma chamado interface cérebro máquina que foi criado no final dos anos 90 num experimento realizado lá na na Duke junto com o meu grande amigo John Ching que tava naquela época na filadélphia o John e eu estamos estudando os circuitos neurais estamos tentando entender como é que grandes populações de neurônios interagem para gerar
comportamentos E aí um dia nós estamos no um dos maiores restaurantes mais tradicionais da Periferia da Filadélfia onde você compra um chees Steak de um desse tamanho que é o sanduíche mais tradicional da filadélphia que é queijo provolone derretido em cima de carne bife Cebola é o X tudo deles lá e esse é legal esse lugar porque ele é cercado de caminhoneiros os caminhoneiros param na estrada e vem comer lá e e tinha uns 50 caminhoneiros e eu e o John dois cientistas no meio desse povo e aí o John e eu conversando e ele
vira para mim nós temos que inventar alguma coisa nova para esses caras entenderem o que a gente quer fazer e né no meio dessa conversa eu nem lembro quem foi um de nós dois ouos dois ao mesmo tempo fal bom nós vamos criar então uma interface cérebro máquina nesse instante um caminhoneiro um armário desse tamanho comendo sanduíche sanduíche toda a barba vira para nós da mesa dele e fala Esse é uma proposta vencedora então quando a gente viu que o Caminhoneiro tinha achado que o negócio ia fluir Nós realmente decidimos investir e o que que
é a interface máquina ela nada mais é do que a de estabelecer uma conexão direta eh computacional entre o cérebro e um artefato que vai ser controlado por esse cérebro seja ele um artefato mecânico eletrônico virtual não interessa uma um braço robótica uma perna robótica ou mesmo um Avatar um corpo virtual que tá no mundo que não existe que é um mundo eh computacional a nossa ideia foi muito simples vamos registrar a atividade elétrica que o cérebro produz para gerar comportamentos motores porque vocês devem saber antes da gente começar a se mexer 1 terço de
segundo antes o cérebro cria um programa motor aqui gera toda a sequência em termos de comandos elétricos que aí são remetidos pra medula espinal E aí chegam nos músculos então nessa janela de tempo de mais ou menos 1/3 de segundo o John e eu raciocinamos em 1998 que seria possível registrar essa atividade elétrica matematicamente extrair os comandos motores que estavam presentes nessa nesses neurones e e veja só um cérebro humano tem 100 bilhões de neurônios a gente tava registrando 100 pois bem registramos 100 neurônios antes que o animal começasse a se mover os nossos computadores
Liam essa atividade elétrica extraíam a informação transformava informação digital em comandos digitais e remetiam para um robô um braço robótico e pra nossa surpresa tanto os nossos ratinhos como os nossos macacos conseguiram basicamente aprender que eles eram capazes de usar essa interface a máquina para gerar movimentos de um artefato robótico que podia estar do lado deles ou do outro lado do planeta só pensando e no que eles faziam isso no que eles basicamente imaginavam o movimento de um braço ou movimento de uma perna e uma um braço robótico uma perna robótica se movia só com
a a informação vinda do cérebro e como Esses animais viam o resultado desse movimento porque eles estavam olhando num computador que mostrava quão bem esse esses artefatos se moviam o cérebro se deu conta que era possível basicamente conseguir o que a gente chama nos Estados Unidos do freel lunch ou seja conseguir um comportamento sendo gerado sem você ter que mover um músculo né o que aqui no Brasil seria um sucesso total né a gente não precisava fazer nenhum tipo de movimento e conseguia fazer tudo que queria fazer bom os macaquinhos e os ratos mostraram pra
gente outra coisa que se o feedback fosse rico o suficiente se a imagem ou a informação tátil desse movimento gerada por esse movimento fosse rica o suficiente o cérebro desses animais começava a incorporar o artefato robótico ou virtual como uma extensão do corpo desses animais o cérebro como vocês sabem tem um mapa do nosso corpo eh eh em grande detalhe em várias áreas do cérebro criando essa essa sensação que todos nós temos de ocupar um corpo de ter um corpo nosso pois bem Os experimentos com interface cérebro máquina nos propiciaram demonstrar que no que a
gente usa uma ferramenta como a gente anda de bicicleta quando a gente chuta uma bola quando a gente joga tênis ququ tênis ou Golf com taco de golfe é à medida que a gente vai desenvolvendo a nossa proficiência com essa ferramenta essa ferramenta vai sendo assimilada pelo cérebro como uma extensão do nosso corpo do nosso famoso senso self ou seja toda a tecnologia Que Nós criamos passa a ser parte de nós não é à toa que todos nós somos hoje absolutamente viciados nos nossos telefones computadores iPads é porque isso na realidade é uma extensão do
nosso ser que nos permite comunicar com milhões de pessoas ao mesmo tempo a criação da interface cérebro máquina foi o o Marco essencial fundamental para que anos depois uma década depois nós pudéssemos cumprir uma profecia que eu e o John publicamos em 2000 na centí América quando nós dissemos que um dia provavelmente numa década as interfaces S máquinas vão ser capazes de restaurar os movimentos em pacientes sofrendo de grandes níveis de paralisia corpórea Mas essa é uma outra [Música] história i