Você já se pegou pensando porque sempre acaba se envolvendo com pessoas que machucam? Talvez o cenário mude, os rostos sejam outros, os nomes também, mas a dor final parece sempre a mesma. É como se existisse um padrão invisível e repetitivo que te empurra para as mesmas situações, os mesmos conflitos, os mesmos vazios.
Se isso soua familiar, saiba, você não está sozinho. E mais importante, isso não é azar, é padrão emocional. Segundo o médico e especialista em traumas Gabor Maté, nossos relacionamentos na vida adulta são reflexos diretos das experiências emocionais não resolvidas da infância.
A forma como aprendemos a nos conectar, a amar e a ser amados se estabelece muito antes de sabermos o que significa a palavra relacionamento. A base de tudo está nos primeiros anos de vida, quando ainda não sabíamos nomear emoções, mas já sentíamos tudo com intensidade brutal. Quando uma criança cresce em um ambiente onde o amor é condicional, ou seja, quando ela sente que precisa ser de um certo jeito para ser aceita.
Ela começa a se moldar, vai abandonando partes de si mesma para se manter conectada com quem deveria oferecer amor incondicional, seus pais ou cuidadores. O problema é que essa criança se desconecta da sua autenticidade e a falta de autenticidade é a raiz de quase todo sofrimento nos vínculos afetivos na vida adulta. Maté explica que o cérebro infantil é altamente adaptável.
Em uma casa onde o afeto vem junto com exigências, críticas, ausência emocional ou violência sutil, a criança desenvolve mecanismos de sobrevivência emocionais. Ela aprende a ser o que os outros esperam. Aprende a ler o ambiente para evitar conflitos.
Aprende a esconder tristeza, raiva ou até mesmo alegria em excesso. Esses são os primeiros acordos inconscientes com o amor. Frases como: "Se eu for, assim, eles me amam.
Se eu for de outro jeito, me rejeitam. Esses acordos não desaparecem. Eles crescem com a gente.
E um dia, já adultos, voltamos a buscar esse mesmo tipo de conexão. Não por escolha racional. Ninguém conscientemente quer ser rejeitado ou se sentir invisível.
Mas porque nossa mente inconsciente está tentando resolver um problema antigo com ferramentas antigas? Amor ou reconhecimento de padrão. A verdade pode doer.
Nós não nos apaixonamos por pessoas aleatórias. Somos atraídos, quase hipnotizados por pessoas que representam inconscientemente aspectos familiares, mesmo que sejam tóxicos. Gaboré explica que o cérebro busca consistência e não felicidade.
Ou seja, o que é familiar se sente seguro, mesmo que seja destrutivo. É por isso que muitas vezes nos envolvemos com pessoas emocionalmente indisponíveis, críticas, controladoras ou que nos fazem sentir invisíveis. Se crescemos em um ambiente onde essas características estavam presentes, nosso cérebro interpreta isso como normal, como se dissesse: "Eu conheço isso, eu sei como agir nesse terreno e mais ainda, se eu conseguir fazer essa pessoa me amar, finalmente terei vencido o trauma da infância.
Essa tentativa inconsciente de corrigir o passado com o presente é o que Gabor Maté chama de reincenação traumática. Não é uma decisão consciente, é um padrão neurobiológico moldado por vivências passadas. E aqui está o detalhe mais doloroso.
Quanto mais tentamos nos provar para alguém que nos lembra as ausências do passado, mais nos afastamos de nós mesmos. Repetimos o autoabandono que um dia foi a nossa forma de sobreviver. Por exemplo, uma pessoa que cresceu com um pai emocionalmente ausente pode acabar se apaixonando por parceiros que evitam intimidade ou que estão sempre ocupados demais.
E ao invés de enxergar isso como um sinal de alerta, ela sente uma mistura estranha de atração, desafio e urgência. O que ela sente não é amor, é reconhecimento de padrão. E padrões não curados tendem a se repetir como um ciclo vicioso.
O problema é que essa repetição não leva à cura, ela leva ao esgotamento emocional, a perda de autoestima, a sensação de que o amor é sempre dor. Mas essa dor não vem do presente. Ela é um eco da infância.
Ela grita: "Olhe para mim, me escute, me cure. " A traição de si mesmo em nome do amor um, dos conceitos mais potentes trabalhados por Gabor Maté, é o autoabandono. Para ele, não existe trauma mais profundo do que abandonar a si mesmo para ser aceito.
E nos relacionamentos, fazemos isso o tempo todo, especialmente nos que repetem padrões traumáticos. Imagine o seguinte: você começa um relacionamento, no início, mostra quem você é, suas ideias, seus desejos, seus limites, mas com o tempo percebe que ao impor limites, o outro se afasta, que ao expressar tristeza ou vulnerabilidade ele silencia, que ao ser autêntico, o vínculo ameaça quebrar. O que você faz?
Muitos aprendem a se calar, a fingir, a sorrir quando querem chorar, a dizer: "Está tudo bem quando está tudo desmoronando". Esse é o ponto em que o amor se transforma em contrato de sobrevivência emocional. Não é mais sobre troca, reciprocidade, presença.
É sobre manter o outro por perto a qualquer custo, mesmo que esse custo seja você. Maté explica que esse tipo de padrão vem de uma lógica antiga do cérebro. Se eu for eu mesmo, sou rejeitado.
Se eu me anular, sou aceito. Isso vem de experiências onde o amor foi condicionado. Seja calmo, não chore.
Você é difícil demais. Ninguém vai te amar assim. Crescendo sob essas mensagens, a criança aprende que ser quem ela realmente é traz punição.
Então, ela cria máscaras e essas máscaras viram sua personalidade adulta. No amor adulto, essas máscaras se manifestam como hiperindependência, medo de intimidade, necessidade constante de aprovação, ciúmes ou mesmo submissão total. São formas distorcidas de buscar amor, porque o amor verdadeiro, o que nutre e acolhe, nunca foi aprendido.
E assim seguimos vivendo relações onde o medo é maior que a conexão, onde o silêncio fala mais do que as palavras, onde o toque não cura, apenas anestesia, a busca pela cura através do outro e o erro que sempre repetimos. Muitas vezes, ao entrarmos em um relacionamento, carregamos uma expectativa silenciosa, a de que o outro nos complete, nos cure, nos dê aquilo que faltou. Isso não é errado, é humano.
Mas quando essa busca nasce de uma ferida não reconhecida, acabamos depositando no outro a responsabilidade de colar os cacos da nossa história. Gabor Maté claro ao dizer: "Não há cura autêntica que venha de fora. " O parceiro pode ser um espelho, pode ser um gatilho, mas não será o terapeuta da sua alma.
E esperar isso dele é condenar a relação a um fardo que ela não pode carregar. É aí que muitos ciclos se repetem. Nos relacionamentos esperamos ser ouvidos como nunca fomos, amados como nunca fomos, protegidos como nunca fomos.
Mas sem perceber, transformamos o outro em pai, mãe, salvador e não em parceiro. A relação deixa de ser encontro, vira expectativa. Então, começamos a projetar.
O abandono de ontem vira insegurança hoje. A ausência do passado vira ciúmes. A falta de reconhecimento vira exigência constante.
Mas o outro não entende essa linguagem secreta. Para ele é drama, é excesso, é carência. E então nos sentimos de novo como antes, rejeitados, sozinhos, mal compreendidos.
Maté propõe outro caminho. Não busque no relacionamento a salvação da sua história. Busque consciência de como ela molda seus vínculos.
Porque quando enxergamos que estamos tentando resolver algo antigo com pessoas novas, temos a chance de fazer diferente. E fazer diferente começa com uma escolha: amar com presença, não com carência. Rompendo o ciclo, o caminho da autenticidade.
Interromper padrões repetitivos não é fácil. Exige consciência, exige coragem e uma profunda reconexão com partes de nós que deixamos para trás. Gabor Maté ensina que a cura começa com o retorno à autenticidade.
E ser autêntico não é ser perfeito, é ser inteiro, com dores, com medos, com limites e com desejos verdadeiros. Para romper o ciclo, o primeiro passo é olhar para dentro, reconhecer suas feridas, suas repetições, seus gatilhos e, principalmente, se perdoar. Porque repetir padrões foi um mecanismo de sobrevivência, não uma escolha consciente.
Você não escolheu atrair pessoas que te machucam. Você apenas reconheceu nelas algo familiar. E o familiar grita mais alto que o saudável até que você decida mudar.
Essa mudança começa com pequenos gestos. Dizer não quando quiser dizer não. Parar de correr atrás de quem não te escolhe.
Deixar de tentar salvar quem não quer ser salvo. Colocar sua dor no colo em vez de colocá-la nas mãos do outro. Permitir-se ser vulnerável, mesmo com medo, ser você mesmo, mesmo que isso custe a aprovação dos outros.
E então você começa a atrair pessoas diferentes. Não porque o mundo mudou, mas porque você mudou. Seu campo emocional já não grita por cura.
Ele se oferece como espaço de troca, não como pedido de socorro. Gabor Maté afirma: "A verdadeira liberdade emocional acontece quando deixamos de buscar o amor como reparo e passamos a vivê-lo como expressão, não como compensação da dor, mas como celebração da inteireza. Isso só é possível quando voltamos para casa, para dentro de nós.
A grande virada, o amor como expansão, não como remendo no fundo. Todos queremos amar e ser amados. Mas como Gabor Maté nos lembra, é impossível viver o amor plenamente enquanto estivermos presos a padrões inconscientes que nasceram da dor.
Para mudar isso, é preciso coragem. Coragem de olhar para trás, coragem de reconhecer feridas, coragem de admitir que o amor que procuramos tantas vezes lá fora sempre precisou começar dentro. Você não atrai pessoas erradas porque merece sofrer.
Você atrai aquilo que ressoa com as partes suas que ainda não foram vistas, escutadas e acolhidas. E isso muda quando você muda, quando você escolhe quebrar o ciclo, quando você decide que ser você mesmo vale mais do que ser aceito. Essa escolha não é fácil.
Ela pode te deixar sozinho por um tempo, pode te afastar de amores antigos, de padrões familiares, de zonas de conforto, mas te reconecta com algo muito mais valioso, a sua verdade e a verdade cura. Se você se viu nesse vídeo, se sentiu que sua história foi contada aqui, saiba que é possível escrever um novo final. Um final onde o amor não é dor, onde o afeto não exige sacrifício, onde você não precisa mais se diminuir para caber na vida de ninguém.
Um final onde você se escolhe e ao fazer isso, atrai quem também sabe escolher, não por carência, mas por inteireza. A moral dessa história é simples e poderosa. Não existe cura verdadeira sem autenticidade e não existe relacionamento saudável sem presença de si.
Se esse vídeo tocou algo em você, não ignore esse chamado. Continue buscando, continue mergulhando. Há um caminho de cura possível e ele começa no exato ponto onde você parou de se ouvir.
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