[Música] k [Música] [Música] [Música] não sou homem de acreditar em besteira nem de ficar inventando história para assustar os outros Mas o que aconteceu comigo naquela mata eu juro foi real eu trabalho de mateiro faz anos Conheço cada pedaço desse chão cada árvore cada som da floresta sei quando um bicho tá chegando antes mesmo dele pisar no mato mas naquela noite naquela noite o que eu ouvi não era bicho era gente eu tava voltando de um trabalho na mata fechada um serviço de guia para uns pesquisadores que estavam estudando uns bichos lá pro meio da
floresta coisa comum nada demais Eles foram embora de helicóptero e eu fiquei para trás como sempre pegando minha trilha de volta sozinho já tinha caminhado um bocado quando a luz Começou a cair o céu foi ficando avermelhado os bichos começaram a mudar de canto quem vive no mato Sabe tem uma hora que os sons mudam os pássaros de dia se Calam e os da noite começam a fazer a festa mas naquela tarde antes mesmo do escurecer tudo Ficou esquisito o silêncio veio de repente parei no meio da trilha senti os pelos do braço arrepiando nenhum
passarinho nenhum sapo nem mesmo o som das Folhas mexendo com o vento só um silêncio pesado estranho como se o mato inteiro tivesse prendido a respiração e foi aí que eu ouvi a primeira voz bem baixinho como se viesse de longe alguém aí era uma voz de homem fraca quase um sussurro mas eu entendi direitinho meu primeiro pensamento foi que tinha alguém perdido na mata Acontece muito esses turistas que acham que podem se embrenhar na selva sem saber nada acabam se ferrando Fiquei parado ouvindo me ajuda a voz veio de novo Num pouco mais perto
só que tinha algo estranho nela não era como um grito de socorro nem um pedido desesperado parecia sei lá errada como se fosse uma fita velha meio gasta repetindo as palavras de novo e de novo Alguém aí me ajuda o jeito era ir ver peguei minha lanterna conferi minha peixeira na cintura e saí da trilha seguindo o som a mata estava escura mais do que devia estar naquele horário as árvores altas fechavam tudo e parecia que eu tava entrando num buraco sem fim caminhei uns 10 minutos até que vi uma clareira mais à frente e
então eu parei no meio daquela clareira tinha destroços primeiro achei que era alguma casa velha abandonada mas quando me aproximei vi que não era nada disso era metal retorcido coberto de musgo e Cipó um pedaço de fuselagem de avião na mesma hora eu soube onde eu tava aquele era o lugar onde o avião da Varig caiu a respiração enganchou na garganta Eu já tinha ouvido falar da queda daquele avião mas nunca tinha parado para pensar que podia acabar pisando justo ali no meio dos destroços Fiquei parado sentindo o suor escorrer pelas costas olhando para aquele
pedaço de metal embolorado no meio do mato a floresta já tinha tomado quase tudo de volta as árvores cresciam por entre os restos da fuselagem raízes grossas se enroscava nos pedaços de metal como se estivessem tentando engolir aquilo pro fundo da terra a selva não gosta de nada que não pertence a ela e aquilo ali era um intruso um pedaço de tragédia enfiado no meio do verde foi quando ouvi de novo me ajuda mas agora não era só uma voz eram várias baixas arrastadas misturadas no vento sussurrando entre as folhas o estômago revirou e eu
senti um arrepio subir pela espinha minha mão apertou o cabo da peixeira sem nem eu perceber aquilo não era normal dei um passo para trás o mato rangeu sobre minhas botas as vozes pararam meu coração martelava dentro do peito e por um instante pensei que fosse só minha imaginação pregando peça talvez fosse o vento passando pelas folhas um bicho qualquer no mato algum barulho normal da floresta que meu cérebro confundiu Mas então então veio o cheiro podre era um fedor pesado úmido quente que subiu pelo nariz e me embrulhou o estômago na hora cheiro de
coisa morta mas não era só carniça de bicho não quem vive na mata sabe a diferença aquilo era cheiro de gente e vinha da clareira engolia em seco meu corpo todo dizia para eu dar meia volta e sumir dali o mais rápido possível mas tinha algo me puxando pra frente era um peso no peito uma pressão estranha que parecia que eu tava sendo empurrado para dentro daquele lugar como se alguma coisa ali quisesse que eu visse que eu soubesse Então eu fui com passos lentos cuidadosos fui avançando pela clareira os destroços do avião estavam espalhados
por todo lado pedaços grandes retorcidos pelo Impacto Alguns ainda tinham pedaços de pintura descascada marcas do que um dia foi uma máquina voadora Mas o pior não era isso o pior eram as marcas no chão na fuselagem nos pedaços de metal arranhões unhas raspadas contra a lataria como se alguém tivesse tentado sair dali desesperado como se depois da queda ainda tivessem tentado se arrastar para fora me abaixei passando os dedos por uma dessas marcas o metal estava gasto como se décadas de chuva e sol tivessem tentado apagar o que aconteceu ali mas ainda dava para
ver e então veio o som um estalo seco o barulho de um galho quebrando levantei a cabeça num sobressalto a clareira ainda estava Deserta Mas eu sabia o que tinha ouvido e eu não tava sozinho a mata ao redor estava escura fechada sufocante a lanterna tremia um pouco na minha mão Quando joguei o facho de luz na direção do som Foi aí que eu vi uma silhueta entre as árvores fina ossuda imóvel o ar ficou pesado meus olhos arderam e então a coisa deu um passo paraa frente e eu vi o rosto eu queria correr
o corpo todo gritava para eu dar meia volta e sumir dali mas as pernas pareciam Presas no chão o medo tinha me agarrado de um jeito que eu nunca tinha sentido antes a luz da lanterna tremia enquanto eu tentava focar no que tava na minha frente entre as árvores a silhueta se movia devagar como se deslizasse em vez de andar quando luz bateu no rosto dela meu estmago revirou era um homem ou o que um dia foi um o rosto esta inchado esverdeado como se ess apodrecendo H Dias os olos er Fundos escuros sem bril
mas ele me via eu sabia quee me via a boca se abri devar e aquele som veio de novo me ajuda minha mão apertou o cabo da peixeira mas de que adiantava Como se corta uma coisa que já devia estar morta dei um passo para trás tentando pensar no que fazer mas o mato rangeu sobre meu pé e naquele instante tudo mudou o ar ficou pesado denso como fumaça meus ouvidos ziram e uma dor aguda atravessou minha cabeça era como se algo estivesse tentando me puxar para dentro de um redemoinho invisível e então eu ouvi
não era só aquela voz eram muitas vindo de todos os lados sussurros gemidos gritos como se dezenas de pessoas estivessem ali comigo me cercando me observando algumas choravam outras chamavam por socorro outras só repetiam palavras emboladas incompreensíveis minha visão escureceu por um instante e eu senti como se o chão tivesse sumido debaixo de mim o medo virou pavor eu precisava sair dali respirei fundo engoli o nó na garganta e com um esforço absurdo consegui dar mais um passo para trás e foi aí que senti tinha algo atrás de mim o ar tava quente na minha
nuca um cheiro azedo podre subiu pelo meu nariz e então veio a voz bem no meu ouvido por que você nos deixou aqui Me virei num pulo a lanterna tremendo na na minha mão mas não tinha nada ou tinha algo se mexia nas sombras Algo rastejava no chão da clareira como se tentasse se erguer eu não quis mais olhar eu não quis mais saber apertei a peixeira na mão virei e corri corri sem olhar para trás sem pensar sem me importar com os galhos cortando meu rosto ou com as raízes tentando me fazer tropeçar corri
como se minha vida dependesse disso e talvez dependesse mesmo o tempo pareceu não existir até eu sair da Mata e alcançar o primeiro sinal de civilização meu peito queimava as pernas tremiam e minha mente girava tentando entender o que diabos tinha acabado de acontecer eu nunca mais voltei lá mas às vezes quando fecho os olhos à noite ainda ouço as vozes Eu já tinha visto muita coisa na vida passei anos no meio do mato servindo no exército depois trabalhando com Resgate patrulhando essas bandas do Pará onde nem Deus põe os pés vi de tudo vi
gente que se perdeu e nunca mais voltou vi corpo seco no meio da Mata vi coisa que não dá nem para explicar mas nada nada mesmo me marcou como o que aconteceu naquela missão faz uns anos já eu tinha largado o quartel tava só fazendo uns serviços de guia ajudando um ou outro pessoal de pesquisa que entrava na selva sem saber nem para que lado o sol nasce mas um dia um conhecido me pediu ajuda numa busca um rapaz tinha sumido na região de São José do Xingu atravessando pro lado do Pará num ponto onde
a mata era fechada demais para helicóptero chegar e quando eu digo fechada é fechada mesmo um buraco Verde úmido abafado onde qualquer Rastro se perde em dois dias era para ser só mais um resgate mas eu não voltei o mesmo daquela mata fui eu e mais dois mateiros que conheciam bem a região Passamos um dia inteiro avançando cortando se pó ouvindo os barulhos do mato tentando achar sinal do homem perdido já era fim de tarde quando vimos pegadas mas algo não batia as marcas no chão eram fundas demais não pareciam de alguém que estava perdido
Há dias sem força para andar pareciam de alguém que tinha acabado de pisar ali a gente seguiu o Rastro e foi aí que encontramos ele era um homem magro barbudo com os olhos fundos a pele queimada de sol mas não parecia só um perdido qualquer tinha algo estranho nele as roupas eram velhas muito velhas rasgadas de um jeito esquisito como se ele tivesse passado anos ali dentro da Mata mas o que me arrepiou mesmo foi quando ele falou vocês vocês vieram me buscar a voz era rouca embolada como se a garganta estivesse seca Há dias
quem é o senhor perguntei ele respirou fundo como se tentasse lembrar meu nome é Fernando Fernando Cunha eu era passageiro do avião o avião caiu Eu eu achei que ninguém ia me achar na mesma hora troquei olhares com os outros dois mateiros o sangue gelou porque eu sabia exatamente de que avião ele tava falando o Varig 254 o que tinha caído ali na selva em 1989 o que já tinha tido seus Sobreviventes resgatados Décadas atrás ninguém disse nada por um tempo só ficamos ali parados olhando para aquele homem que não devia estar ali eu não
sou muito de me impressionar fácil mas naquela hora senti um peso no peito porque era impossível simplesmente impossível o voo 254 caiu em 1989 os Sobreviventes foram resgatados dias depois todo mundo sabia dessa história como é que esse homem estava ali no meio da selva depois de tanto tempo o silêncio pesou a mata ao redor parecia mais fechada abafada como se segurasse o ar meu instinto gritava para eu cair fora mas eu sabia que não podia simplesmente deixar o sujeito ali o senhor tá dizendo que é do acidente do avião perguntei escolhendo bem as palavras
ele fez que sim com a cabeça os olhos Fundos brilhando na luz baixa da tarde a gente caiu a comida acabou a água a voz dele falhava como se a garganta doesse a cada palavra eu tentei sair tentei achar alguém mas ninguém veio ele tremia o corpo parecia exausto como se não tivesse se alimentado direito Fazia tempo os mateiros que estavam comigo se entreolharam e um deles o Damião cochichou para mim isso Tá esquisito chefe Isso tá muito errado e tava muito errado mas o que a gente ia fazer deixar ele ali vamos levar ele
falei sentindo um nó apertado na garganta o sujeito agradeceu baixinho e tentou se levantar mas as pernas não ajudavam ele tava fraco tivemos que segurar ele pelos braços e ajudá-lo a andar e foi aí que reparei a pele dele era fria fria de um jeito errado mesmo no calor infernal da floresta a mão dele parecia gelada não era suor era um frio seco como se o corpo dele não tivesse calor próprio minha cabeça começou a tar aquilo tava errado muito errado mas já era tarde demais para voltar atrás a gente começou a caminhada de volta
e a Mata que já era pesada parecia mais fechada ainda o ar ficava mais sufocante a cada passo como se a floresta não quisesse deixar a gente sair Foi então que escutamos vozes não era vento não era bicho eram vozes sussurrando muradas ao som das Folhas balançando Eles vieram não deixe ele sair ele não pode ir meus pelos arrepiaram no mesmo instante o Damião olhou para mim os olhos arregalados de medo o homem o tal Fernando continuava caminhando como se não tivesse ouvido nada mas a expressão dele tinha mudado ele parecia mais tenso como se
soubesse que algo estava errado Foi aí que a coisa piorou porque de repente ele parou travou no meio da trilha as mãos apertando forte os meus braços e a respiração dele mudou eles não vão deixar quem perguntei sentindo um calafrio subir pelas costas ele não respondeu só Ficou ali parado respirando rápido olhando ao redor como um bicho encurralado o vento soprou forte sacudindo as árvores e E então as vozes ficaram altas como um lamento um choro coletivo um monte de gente falando ao mesmo tempo e o pior as palavras começaram a ficar Claras ele já
foi ele é nosso não tirem ele daqui e foi aí que eu percebi a selva inteira tava contra a gente e a gente ainda nem sabia o pior o Fernando o tal sobrevivente Parecia sentir o mesmo que eu ele olhava para todos os lados mas não estava vendo o que a gente via era como se ele estivesse ouvindo as vozes também mas sem entender o que estavam dizendo eu sabia que ele tava começando a entrar em Pânico ele começou a suar frio o tremor nas mãos piorava a cada passo foi então que ele falou quase
sussurrando eles eles não vão deixar eles não vão deix eu sair daqui a gente tentou acalmá-lo mas o medo estava estampado no rosto dele aquele homem não parecia mais o perdido que a gente tinha encontrado ele parecia estar em outro lugar numa realidade diferente da nossa e então as vozes começaram a se tornar mais agudas como se estivessem vindo diretamente da terra como se o próprio chão estivesse falando ele não pense mais a vocês ele já morreu eu olhei PR os meus companheiros de resgate e todos estavam na mesma sem entender nada a coisa tava
fora de controle o que a gente estava ouvindo o que o cara tava dizendo tudo aquilo parecia completamente errado mas o pior ainda estava por vir o céu começou a escurecer mais rápido do que deveria o mato parecia engolir a luz do sol e a trilha que antes parecia bem visível agora parecia se fechar como se a floresta estivesse criando um labirinto ao nosso redor as árvores estavam mais altas mais densas e o ar estava mais denso mais abafado eu olhei pro Fernando e ele estava parado no meio da trilha com os olhos fixos na
mata ele não estava mais olhando pra gente estava olhando para algo eles estão aqui ele sussurrou e a voz dele estava diferente não era mais a voz daquele homem que estava com a gente até aquele momento era algo estranho eu dei um passo à frente tentando entender o que ele queria dizer mas logo ouvi um som atrás de mim uma movimentação nas folhas secas um leve estalo olhei rapidamente mas não vi nada Fernando começou a andar de novo mas agora ele parecia estar em transe caminhando sem rumo arrastando os pés Fernando volta aqui gritei tentando
puxá-lo de volta mas ele não reagia ele simplesmente seguia em frente eu e os outros Tentamos segui-lo mas a cada passo que dávamos a floresta parecia se distorcer as árvores se fechavam como se quisessem impedir a gente de sair dali o caminho estava ficando cada vez mais estreito mais apertado e as vozes as vozes começaram a gritar ele não é mais o que era não Tragam ele de volta e foi aí que ele parou de novo agora estava de frente para uma grande árvore mais alta e mais grossa que as outras ele ficou ali imóvel
como se estivesse esperando algo olhou para cima pra Copa da árvore e de repente disse com uma Calma que não era dele é isso eu eu não posso ir eles não me deixam eui chamar pelo nome del nada esta completamente desligado do que estava ao redor a floresta inteira estava se fechando e as vozes parci vir de todos os lados eu sentia como se algo me observasse algo me vigiando a cada passo que eu dava e então o tempo congelou eu não sei explicar o que aconteceu a sensação de que o tempo estava parando de
que nada se movia de que tudo estava em suspenso foi tão forte que meu corpo ficou rígido eu olhei para aquele homem e ele estava sorrindo Não um sorriso normal mas um sorriso que não parecia dele era um sorriso vazio um sorriso que dizia eu não posso mais sair naquele momento eu soube que ele não era mais aquele homem que a gente tinha encontrado na selva ele já não era humano ele era algo que estava preso ali algo que nunca deveria ter sido resgatado foi quando a coisa mais estranha aconteceu o mato se abriu à
nossa frente e uma figura apareceu não era um ser humano mas algo que não tinha forma eu não sei como explicar parecia uma sombra mas ao mesmo tempo uma presença algo que preenchia o espaço inteiro ao redor da gente eu não via claramente mas sentia sentia uma pressão no peito como se o ar estivesse sendo comprimido forçando a gente a se ajoelhar a se submeter a coisa sussurrou ele não pode sair eu sabia que aquilo não era mais o Fernando aquele ser aquele homem já tinha mais conscia do que acontecia esta pres e nós também
estávamos Mas eu sabia que havia algo maiso mais sombrio que esta manando tando noso R eu vi então ocia um fantasma deoa imag desfocada flut entre Ases um ser que pare observar a gente um vulto espectral não a voz se fez forte como um grito em nossa mente eu e os outros não podíamos mais nos mexer estávamos congelados sem saber o que fazer o que estava ali com a gente não era mais um ser humano mas algo de outro mundo algo que não queria que aquele homem saísse da selva e naquele momento eu entendi a
verdade Fernando já estava morto Eu queria gritar queria correr sair da o mais rápido possível mas o medo me paralisou os outros homens ao meu redor estavam tão petrificados quanto eu tudo parecia estar fora de controle como se estivéssemos em um pesadelo do qual não conseguíamos acordar a presença ao nosso redor crescia a sombra que antes parecia distante agora estava ali bem na nossa frente se contorcendo entre as árvores mais próxima a segundo e então as vozes voltaram mas agora com uma força avassaladora Ele já pertence a nós a voz sussurrou em minha mente eu
olhei para Fernando e foi quando ele sorriu novamente aquele sorriso vazio e sem vida ele olhava para as árvores como se estivesse vendo algo que nós não podíamos entender então uma dor profunda tomou meu peito algo de muito errado estava acontecendo ele não estava mais ali o Fernando aquele homem que tínhamos encontrado Já não existia ele era agora uma marionete uma Alma Perdida um Eco de algo que nunca deveria ter sido resgatado Eu dei um passo para trás tentando me afastar mas algo me segurou não era físico não era uma mão ou uma corrente era
como se a floresta estivesse me segurando com raízes e Galhos que se estendiam para mim senti o ar mais denso mais pesado e uma pressão sobre os meus ombros o último pedaço de humanidade que ainda restava no Fernando se apagou ele se virou lentamente e com um olhar vazio começou a caminhar em direção ao que fosse aquele ser e eu sabia sem sombra de dúvida que ele estava indo para um lugar onde não existia mais volta ele se tornou parte daquele lugar parte da selva parte daquela coisa que nos observava eu não conseguia mais distinguir
o que era real e o que era pesadelo tudo ao meu redor parecia desmoronar as árvores que antes pareciam sólidas e firmes agora se esticavam em direção ao céu como se quisessem nos engolir o som das Folhas e dos Galhos quebrando misturava-se com os sussurros agora mais altos e mais desesperados o vento cortava o meu rosto como lâminas afiadas e a sensação de estar sendo observado me consumia completamente Eu sabia que nada mais seria o mesmo sabia que de alguma forma algo ali havia nos marcado e que voltar para casa nunca seria uma opção E
então de uma forma que não posso explicar a a floresta silenciou o vento parou as vozes se calaram mas o sentimento de estar sendo caçado de estar sendo observado não foi embora ele ficou grudado em minha pele como se a selva tivesse se tornado parte de mim eu nunca falei sobre isso ninguém jamais soube o que realmente aconteceu naquele dia o Fernando nunca foi encontrado depois disso quando a gente finalmente conseguiu sair da floresta os outros homens estavam tão abalados quanto eu Mas nós nunca tocamos no assunto novamente não importava quanto tempo passasse aquele medo
aquela sensação de que algo estava errado nunca desapareceu eu não sei o que aconteceu com o Fernando se ele foi consumido por aquela presença ou se ele se tornou parte daquilo tudo mas o que eu se é que a selva não deixou ele sair e pior ainda não nos deixou sair também o que aconteceu naquele dia não foi um resgate foi um engano um erro terrível uma transgressão que nunca deveria ter acontecido Fernando de alguma forma ainda está lá e eu tenho certeza de que as vozes continuam a chamar a selva ela nunca deixa ir
eu trabalho como operador de rádio na torre de controle de um pequeno aeroporto no interior da Amazônia não é lá essas coisas mas é um trabalho estável e a vista da selva é algo que de certa forma acalma a gente O lugar é isolado mas a rotina dos voos comerciais e a chegada de aviões de cargas pequenas fazem a coisa fluir aquela tarde parecia como qualquer outra o calor abafado da floresta fazia o ar parecer mais denso o som das cigarras e o barulho das hélices dos Aviões quebravam O silêncio que predominava no campo a
gente se acostuma com o som das Comunicações e já sabia o que esperar no rádio mas naquela noite algo estranho Aconteceu algo que nunca mais vou conseguir esquecer a primeira vez que ouvimos a chamada foi por volta das 22 horas eu estava no meu turno e não tinha nada deais acontecendo o rádio estava quieto apenas o chiado leve até que aquela voz apareceu era uma voz baixa arrastada quase como um sussurro no começo achei que fosse algum tipo de interferência avião Varig 254 está me ouvindo a voz de disse com um sotaque carregado como se
tentasse falar muito devagar eu quase soltei um riso nervoso imaginando se não fosse algum tipo de brincadeira o vo Varig 24 tinha caído Décadas atrás como é que um avião desse estaria fazendo uma chamada ainda mais nesse estado eu não era o único na sala tinha o Márcio que estava no meu turno e o Júnior o mecânico que estava terminando o expediente eles me olharam sem saber o que fazer eu rapidamente dei uma olhada nos registros o voo varg 254 um voo comercial da década de 1980 caiu na selva O acidente foi uma tragédia conhecida
por todos que moram aqui nunca houve Sobreviventes Eu Tentei responder à chamada mas não sabia o que dizer aquela voz soava real mas algo estava errado era uma sensação de desconforto crescente avião Varig 24 me escutem Precisamos de ajuda a vo se repetiu meuo gelou eu sabia que não era possív que era uma falha TZ algum tipo de eco da selva que estava interferindo na nossa comunicação mas a voz parecia real demais havia algo naquela voz que me fazia acreditar que estava diante de algo que eu não entendia era como se ela estivesse se arrastando
com uma sensação de desespero que não combinava com uma simples falha no rádio eu tentei então entrar em contato com os controladores da Torre de Belém Tentei várias vezes mas nada a comunicação falhou o rádio estava transmitindo aquela voz sem parar cada palavra que saía daquele aparelho parecia mais carregada de angústia Varig 24 estamos estamos caindo não sabemos o que aconteceu me ajudem eu olhei para o Márcio e o Júnior eles estavam tão pálidos quanto eu aquele pedido de ajuda vindo de um voo que tinha desaparecido há tanto tempo não tinha explicação a pressão na
sal era densa quase impossível de respirar o silêncio de Fora as árvores da floresta pareciam esperar algo um momento que parecia estar congelado no tempo e o rádio continuava eu não conseguia entender o que estava acontecendo mas algo em mim sentia que aquilo era real aquela voz não era de um simples tropeço técnico ou falha do sistema era algo mais algo muito mais assustador Varig 254 Este é o controle aéreo aqui é a Torre de Belém me ouça repita por favor sua posição dessa vez minha voz tremia a tentativa de normalizar a situação não funcionava
a voz não respondeu ela apenas repetia a mesma coisa com a mesma angústia estamos caindo estamos caindo Varig 54 por favor nos ajude o pedido era desesperado eu sabia o que estava ouvindo mas o medo que tomou conta de mim me fez questionar se aquilo realmente estava acontecendo Eu respirei fundo e para tentar tirar aquela sensação estranha de dentro de mim decidi tentar mais uma vez comecei a tentar fazer o mesmo procedimento de sempre só que dessa vez a voz não parava o rádio zumbia incessantemente Foi então que o Júnior o mecânico se aproximou ele
disse sem olhar para mim isso não pode ser o avião caiu meu amigo não tem como ser isso é algum tipo de erro algo está errado eu sabia o que ele queria dizer mas ao mesmo tempo algo dentro de mim não me permitia deixar aquilo passar eu sentia que estava em contato com algo que estava além de uma explicação lógica naquela noite passamos horas tentando comunicar com o voo perdido nada mais foi como antes as mensagens ou melhor os gritos de Socorro continuavam quando o Márcio finalmente se levantou para tentar uma última vez eu fiquei
ali no silêncio ouvindo aquele rádio emcomum até que no momento em que ele se afastou o rádio emitiu uma útima mensagem Varig 254 confirmamos posição próximo ao ponto de queda os corpos estão indo embora o tempo está nos levando por favor ajudem-nos aquelas palavras até hoje ecoam na minha cabeça o que o rádio estava tentando dizer os corpos estavam indo embora como isso era possível eu sabia dentro de mim que aquilo não era uma falha de rádio algo estava tentando nos comunicar algo do outro lado algo que não estava no tempo e no espaço que
conhecemos às 4 horas da manhã a comunicação simplesmente cessou o rádio ficou em silêncio absoluto como se a voz nunca tivesse existido quando a luz da manhã finalmente entrou pela janela da Torre Não havia mais nada nenhum sinal nenhuma apenas a sensação de que algo inexplicável tinha passado por nós aquelas chamadas ficaram gravadas não eram brincadeiras não eram falhas técnicas e depois daquela noite a equipe que estava ali nunca mais foi a mesma sabíamos que de alguma forma aquela noite tinha mudado tudo não podíamos mais ignorar o que havia acontecido algo de muito errado estava
e nós nunca seríamos capazes de explicar o volg 254 aquele acidente que aconteceu há mais de 30 anos ainda estava presente ali e a voz as vozes no rádio eram como um Eco Um Grito de Socorro que não tinha descanso que não ia embora eu sou morador dessa Vila desde que nasci e Posso garantir que por mais estranho que pareça tem coisas por aqui que ninguém explica falam sobre elas mas ninguém de fato sabe o que acontece Ou pelo menos ninguém se atreve a dar uma explicação muito certa eu mesmo já vi de perto coisas
que até hoje me deixam com a cabeça cheia de perguntas uma dessas coisas é a luz na floresta sempre ouvi os mais velhos falando sobre a tal luz quando eu era menino achava que era só história para assustar acontece que com o passar dos anos as coisas começaram a ficar mais estranhas o que antes parecia uma lenda que os velhos inventaram para assustar as crianças foi se tornando uma história que os mais novos começaram a contar e os mais velhos passaram a contar com mais convicção tudo começou a acontecer depois daquele acidente do voo Varig
[Música] 254 isso foi algo que marcou o povo da nossa Vila que é bem perto do local onde o avião caiu a história do voo ficou martelando na cabeça de todo mundo por muito tempo não era mais apenas uma notícia mas algo que parecia dentro da gente como se a gente vivesse com aquela tragédia em nossas costas a primeira vez que ouvi falar da tal luz eu tinha uns 12 anos se tanto uma noite estava com uns amigos na beira da Vila lá perto da Mata perto do local onde Dizem que o avião caiu nós
passávamos o tempo lá jogando conversa fora observando o céu quando de repente uma luz apareceu no no meio da floresta era uma luz pequena como uma lanterna mas brilhava de um jeito que parecia não ser normal a gente olhou e todo mundo ficou em silêncio era uma noite sem lua a tal lua nova e o céu estava fechado cheio de nuvens a gente não ouviu nada vindo da Mata mas a luz estava lá pulsando de uma maneira Estranha como se fosse alguém tentando acender uma fogueira mas sem que houvesse fogo algum Parecia ter vida própria
algo que não devia estar ali eu e os outros olhamos para aquilo sem saber o que fazer não conseguíamos entender a luz ficava se movendo lentamente entre as árvores como se estivesse indo de um lado para o outro a gente mais por medo do que curiosidade se afastou dali eu sabia que tinha algo erado mas não conseguia Entender direito o que era nos dias seguintes conversei com os mais velhos da Vila sobre aquela luz a resposta deles não foi nada agradável eles falaram Sem Rodeios que aquela luz era o espírito dos mortos do voo tentando
encontrar o caminho de volta para casa eles contaram que durante a noite de lua nova os mortos aparecem para procurar algo que eles não sabiam mas a luz eles diziam era a presença dos que não conseguiram encontrar a paz o mais curioso disso tudo é que depois daquela noite começaram a surgir mais relatos cada vez que havia uma lua nova as pessoas viam aquela luz não eram só os mais velhos gente nova também começou a ver o pessoal mais jovem como eu falava que era só uma interna perdida ou algum tipo de fenômeno natural mas
não conseguiam explicar direito o que era nenhuma explicação fazia sentido a luz nunca se afastava muito da floresta ficava ali flutuando entre as árvores e quando alguém tentava se aproximar ela simplesmente desaparecia como se fosse um fantasma que sabia que estava sendo observado e por algum mo não queria ser visto de perto as histórias começaram a se espalhar alguns falavam que já tinham visto aquela luz perto do local exato onde o avião caiu no coração da Mata outros mais supersticiosos diziam que era a alma das vítimas que não tinha encontrado a paz e que ainda
vagava por ali sem conseguir seguir em frente e para ser bem sincero começou a me dar uma sensação muito ruim quando passava pela beira da Mata à noite eu sou o tipo de pessoa que tenta ser racional sabe não sou de sair acreditando em histórias mas depois de uma dessas noites eu vi a tal luz de perto tinha uns 18 anos na época e eu estava voltando para casa depois de uma pescaria com os amigos era noite de lua nova e estava tudo muito quieto como de costume quando passamos por uma área Mais afastada da
Vila lá estava ela a tal luz não era uma lanterna comum nem alguma coisa que pudesse ser explicada ela se movia devagar entre as árvores e o brilho dela não parecia normal não iluminava tanto quanto uma lanterna faria mas sim uma luz fraca como se estivesse tentando se esconder mas não conseguisse eu parei de andar meus amigos também ninguém sabia o que dizer ficamos em silêncio esperando a luz parou por um momento como se tivesse nos percebido e então começou a se mover novamente mais rápido desaparecendo na mata ninguém nunca falou nada na hora mas
na manhã seguinte quando todos se reuniram na Vila começamos a comentar sobre o que vimos a sensação de ter visto aquilo foi concertante e algo no ar estava pesado como se tivesse um peso invisível ali que não conseguiamos afastar as pessoas mais velhas disseram que quando você vê aquela luz tem que respeitar não se deve se aproximar eles diziam a luz busca algo e ela não vai deixar você ir embora facilmente mas o mais estranho disso tudo é que durante todos esses anos a luz nunca desapareceu sempre que chega a lua nova lá está ela
entre as árvores eu mesmo vi mais algumas vezes depois daquela noite cada vez a sensação de ver aquela luz era pior não era apenas medo era uma sensação de que a coisa estava esperando por algo ou alguém a gente já tentou muitas vezes ir atrás da Luz alguns até se embrenharam na mata na esperança de alguma explicação lógica mas ninguém nunca foi capaz de chegar perto quando tentam a luz simplesmente desaparece mas é como se ela estivesse ali sempre esperando dizem que depois de tanto tempo o espírito dos Mortos não sabe mais o que está
procurando Talvez esteja buscando um caminho de volta ou talvez esteja tentando avisar alguém só que depois de todos esses anos ninguém sabe mais só sabemos que em cada lua nova quando a noite chega e o céu fica sem estrelas a luz aparece novamente silenciosa e misteriosa iluminando a floresta como se estivesse perdida assim como aqueles que se foram mas eu não vou mentir há algo naquela luz que não deixa dúvida ela não é natural não é algo que se possa explicar e até hoje ninguém se atreve a entrar na mata depois que a lua nova
chega o medo é maior que a curiosidade e eu por mais que Tente nunca vou conseguir entender o que aquilo o tempo foi passando e ao longo dos anos a história da luz na floresta se tornou algo maior do que só uma lenda era quase como um pacto silencioso entre os moradores e a Mata a cada lua nova todo sabiam o que esperar a luz viria incontrolável inevitável como se a própria natureza tivesse decidido que ninguém deveria esquecer o que havia acontecido ali eu mesmo após o que Vivi passei a evitar até mesmo pensar naquilo
tentei engolir a história deixar para lá mas não conseguia toda vez que a Lua Nova chegava algo dentro de mim apertava uma sensação de que não podia mais ignorar o que estava acontecendo na floresta certa noite não aguentei mais eu precisava ver com meus próprios olhos precisava saber o que era essa luz como se tivesse um tipo de chamada uma força que me puxava para aquele lugar peguei uma lanterna um mapa e parti em direção ao coração da Mata a Vila estava silenciosa como sempre fica nas noites de lua nova e eu sabia que ninguém
ousaria me seguir andei por horas sentindo o peso da floresta ao meu redor o ar estava denso e o som da Mata era abafado como se todos os animais estivessem em silêncio mas à medida que me aproximava do local onde a luz aparecia o silêncio se tornava mais profundo era como se o tempo tivesse desacelerado e eu sentia uma pressão no peito uma sensação de que estava sendo observado Foi então que a vi a luz lá no fundo da floresta brilhando intensamente como uma estrela caída flutuando entre as árvores era fria quase Azul mas quente
o suficiente para fazer a pele formigar meu coração acelerou e um arrepio subiu pela minha espinha me aproximei sem conseguir me conter cada passo parecia mais de difícil como se a floresta estivesse me rejeitando quando finalmente cheguei perto vi algo que me fez congelar de horror a luz não era uma simples chama não era uma vela ou uma lanterninha perdida ela era humana uma figura flutuando no ar uma silhueta pálida com os contornos vagos e indefinidos não era uma pessoa mas parecia ser como uma forma que não deveria estar ali um Eco de algo que
já deveria ter partido E então eu ouvi não um som mas uma sensação a sensação de uma voz sussurrando meu nome algo profundo e distante como se viesse de todos os cantos da Mata ao mesmo tempo volte você não pertence aqui eu congelei o ar pesando sobre mim os pelos do meu corpo se arrepiando eu queria correr mas meus pés não se moviam a luz começou a pulsar e a figura ainda indefinida começou a se aproximar cada passo que ela dava fazia o chão tremer eu sabia no fundo da minha alma que aquilo não era
um espírito perdido era algo muito pior algo que ainda não tinha descansado que ainda queria algo de nós e então a luz se apagou Não foi como um apagão comum mas como se ela tivesse engolido em si mesma um vazio absoluto tomou conta da floresta o silêncio era de morte uma sensação de que por um instante a floresta havia engolido tudo o que havia na terra eu fiquei ali paralisado sem saber o que fazer foi quando ouvi os passos atrás de mim não Passos humanos mas algo muito mais pesado algo que fazia o chão vibrar
olhei por cima do ombro e vi não vi mais a luz mas vi olhos milhares de olhos na escuridão refletindo a luz da minha lanterna olhos que não eram de animais mas olhos de pessoas mas pessoas que estavam mortas há décadas Eu não eu não sabia o que fazer não podia mais confiar no que meus olhos viam comecei a correr mas não sabia para onde a mata parecia se fechar ao meu redor eu estava cercado perdido em um pesadelo que não conseguia entender a única coisa que me impulsionava era a sensação de que aqueles olhos
me observavam esperando quando Finalmente consegui sair da floresta minha cabeça estava girando eu não sabia mais o que era real e o que não era eu ouvi os outros moradores falarem Sobre o ocorrido mas ninguém Nunca mais teve coragem de se aproximar daquela área a história da luz na floresta se Manteve como um aviso um alerta silencioso de que a tragédia de tantos anos atrás nunca iria realmente desaparecer e eu eu nunca mais olhei para a floresta da mesma forma já faz algum tempo que venho tentando esquecer o que aconteceu naquela noite no entanto até
hoje o que Vivi em Belém me persegue a sensação de estar sendo observado de ouvir Passos quando não há ninguém por perto me acompanha até nos momentos mais tranquilos o que vou contar aqui não é invenção não é história de bar não é coisa de quem tem medo da escuridão aconteceu e não tem explicação não tem como negar eu estava em Belém a trabalho em um evento que eu não queria muito ir mas que acabei me obrigando por conta da empresa aquelas viagens de trabalho sempre são tediosas e a cidade apesar de bonita não me
chamava muito a atenção mas o hotel em que fiquei o hotel beramar era bem localizado era um prédio antigo com uma aparência imponente mas por dentro já mostrava sinais de desgaste mesmo assim nada que me assustasse o lugar parecia seguro e confortável como qualquer outro hotel da cidade mas aquela noite não foi qualquer noite cheguei por volta das 7 da noite depois de um dia cansativo e fui direto para o meu quarto Como sempre faço quando me hospedo deixo as malas e vou logo para o banheiro tomar um banho quente o que aconteceu depois disso
não faz o menor sentido até hoje era uma noite comum sem nenhuma previsão de algo estranho não chovia o vento estava calmo e não havia nada de incomum nas ruas Quando entrei no hotel após o banho já deitado Estava quase dormindo quando ouvi a porta do meu quarto se abrir sem batidas sem barulho de chave levantei rápido confuso pensando que tinha esquecido de trancar a porta mas ao olhar vi que estava fechada não dei muita atenção no começo até porque o cansaço era grande no entanto logo depois algo me fez abrir os olhos novamente uma
figura estava parada ao lado da cama quase como se estivesse me observando eu fiquei paralisado por alguns segundos tentando entender o que estava acontecendo o homem à minha frente vestia o uniforme de piloto era um homem alto de cabelos escuros com uma expressão séria mas não ameaçadora ele tinha algo peculiar como se sua presença ali fosse natural mas ao mesmo tempo algo me dizia que aquilo não estava certo ele não falava nada apenas estava ali parado em silêncio tentei me mover mas algo me impedia minhas mãos estavam geladas e eu não conseguia controlar meu corpo
o piloto então deu um passo em minha direção e murmurou algo mas a voz dele não era Clara era como se estivesse falando uma língua estranha algo incompreensível o que ele disse não fazia sentido mas eu conseguia sentir que era uma palavra carregada de uma força estranha eu não sei explicar direito mas a sensação era de que aquilo não era um sonho não era alucinação eu estava acordado mas algo estava muito fora do lugar por fim o homem deu outro passo em minha direção ele não parecia se importar com o fato de eu estar assustado
nem com o fato de que estava claramente incomodado pela sua presença ele apenas Ficou ali com os olhos fixos em mim como se Esperasse algo até que de repente ele simplesmente desapareceu não houve som algum não houve Movimento Nada O quarto ficou em um silêncio absoluto eu fiquei lá sem reação tentando entender o que tinha acontecido tentei olhar ao redor mas o quarto estava vazio como deveria ser o homem não estava mais lá mas algo dentro de mim sabia que aquilo não era normal acordei no dia seguinte com a cabeça cheia de dúvidas não sabia
se tinha sido um pesadelo se estava delirando por Cansaço ou se Aquilo tinha realmente acontecido quando fui tomar café não consegui deixar de pensar no que aconteceu e resolvi perguntar para alguns funcionários do hotel apenas para ver o que eles diriam ao contar o que tinha ocorrido a resposta deles foi estranha mas muito mais perturbadora do que eu imaginava a funcionária que estava no me olhou com uma expressão Estranha como se tivesse ouvido essa história antes ela me perguntou se o homem que eu vi usava o uniforme da Companhia Aérea e antes que eu pudesse
responder Ela já sabia que eu estava falando do piloto quando perguntei o que isso significava ela me disse que algumas pessoas no hotel já relataram experiências semelhantes mas a parte mais perturbadora foi foi quando ela me contou algo que me fez gelar o sangue ela descreveu o homem que eu vi cada detalhe cada feição até mesmo o tom de voz que ele usou a funcionária não me disse o nome dele mas sua descrição era exata era como se ela soubesse exatamente quem era como se tivesse visto aquele homem centenas de vezes antes ela até me
disse que um dos tripulantes do V 254 que havia falecido no acidente tinha a mesma aparência isso me deixou em choque como poderia ela saber de um detalhe tão específico sem eu nunca ter mencionado o nome do piloto Ela não explicou mais nada mas disse que não era a primeira vez que alguém via o piloto ela me contou que o hotel sendo antigo e cheio de histórias guardava muitas Memórias de que já passaram por lá e alguns acreditavam que esses Fantasmas por assim dizer ainda permaneciam entre nós isso me deixou ainda mais inquieto não conseguia
entender como isso era possível mas eu sabia que o que eu tinha visto não era um erro a cada novo contato com os funcionários descobri mais sobre Os relatos alguns disseram que o piloto aparecia n madrugadas como se procurasse algo e o mais estranho era que ninguém até hoje havia conseguido identificar seu nome corretamente o único dado que todos sabiam é que ele estava no volv Varig 254 Agora toda vez que penso naquela noite uma sensação de desconforto me invade Será que o piloto ainda estava lá à procura de algo que ele não cons ou
será que ele está preso uma alma que não conseguiu descansar eu não sei e a resposta talvez nunca chegue eu nunca vou esquecer daquela noite não importa o tempo que passe eu ainda lembro de cada detalhe como se fosse ontem o meu nome é antnio sou taxista em e já tem um bom tempo de estrada vi muita coisa acontecer nesses anos de trabalho mas nada absolutamente nada foi como o que Vivi naquela madrugada vou te contar e você pode acreditar ou não mas o que aconteceu comigo foi real não tem como ser inventado não tem
como ser uma história da cabeça de quem está cansado ou imaginando coisas o que aconteceu foi Foi algo que me arrepia até hoje era uma madrugada qualquer em setembro de 1989 eu estava rodando pela cidade fazendo uma corrida aqui e ali esperando o fim do expediente já estava com o corpo cansado mas o ritmo era sempre o mesmo quando a rádio do táxi acionou Eu Me virei rápido pensando que era mais um chamado para o aeroporto taxista vem cá tem uma corrida lá no aeroporto é urgente me disseram cheguei lá e vi que não havia
muita gente esperando o que era estranho porque geralmente o movimento naquela hora é bem grande acontece que só vi um homem mais ou menos uns 40 anos de terno escuro e uma expressão que não dava para decifrar ele estava sozinho sem malas apenas com uma pasta preta debaixo do braço ache estranho mas quando ele me falou o destino só me restou seguir em frente ele disse me leve até o cendro por favor a voz dele estava calma séria não fiz nenhuma pergunta e nem procurei Entender muito o homem parecia estar em Apuros ou com pressa
mas a calmaria dele me fazia relaxar saímos do aeroporto e seguimos pela estrada que leva até o centro da cidade o táxi estava funcionando direitinho a noite estava tranquila sem nenhum barulho excessivo lá pelas tantas o homem não dizia uma palavra apenas olhava pela janela com os olhos fixos na escuridão eu por outro lado não estava muito Aim de conversar e deixei que ele ficasse em silêncio mas de vez em quando eu dava uma olhadinha pelo retrovisor ele sempre estava na mesma sem mudar um centímetro foi quando a coisa começou a ficar estranha estávamos perto
de uma curva Já na estrada que corta a zona rural quando eu ouvi um som era o barulho da pasta do homem batendo no banco de trás como se ele tivesse mexido nela olhei pelo espelho e antes que eu perguntasse o que ele estava fazendo o homem começou a se mover lentamente de repente ele se levantou do banco e foi para o banco de trás sem fazer o menor barulho fiquei completamente desconcertado eu podia sentir a presença dele mas não entendia o que ele estava fazendo tentei olhar pelo retrovisor mas não vi mais nada ele
simplesmente desapareceu do meu campo de visão o carro estava parado eu estava apavorado e sem reação mas a curios idade me fez olhar para trás o banco de trás estava vazio não havia ninguém ali parei o carro na beira da estrada a sensação de frio aumentava a mente estava confusa tentando entender se aquilo era algum tipo de brincadeira algum truque Quando Me virei para olhar o banco de trás algo chamou a atenção uma passagem aérea amassada estava sobre o banco fui até lá hesitante e peguei eu ainda estava sem entender o que estava acontecendo mas
o que vi me gelou a espinha era uma passagem aérea da Varig do voo 254 a data na passagem dizia 3 de setembro de 1989 e o número do voo estava bem claro isso foi o suficiente para me fazer perder o controle era aquele voo que tinha caído lá no passado o tal voo da Varig que ficou famoso pela tragédia o que me fez estremecer foi que além da data o nome do passageiro estava rasgado não consegui ver direito quem era mas a sensação de estar sendo observado a pressão no peito me fez fechar os
olhos e respirar fundo olhei ao redor Mas nada a estrada estava Deserta Decidi voltar para o volante e continuar mesmo sem saber o que estava acontecendo mas a cada quilômetro que passava a sensação de que algo estava errado aumentava como se eu estivesse em um pesadelo quando a cidade apareceu no horizonte O homem ainda não havia voltado ao banco da frente eu estava tremendo não fazia sentido até que finalmente comecei a ouvir um murmúrio fraco vindo do banco de trás era uma voz baixa como um sussurro não consegui entender as palavras mas a voz parecia
familiar algo dentro de mim dizia que eu não deveria olhar mas foi inevitável eu virei o rosto e olhei pelo retrovisor o homem estava ali novamente sentado calmamente com a pasta ao lado ele não estava mais mexendo mas a expressão dele estava ainda mais séria Aquilo me fez acelerar sem querer um medo imenso tomou conta de mim e eu tentei não pensar mais no que estava acontecendo quando finalmente cheguei perto do centro da cidade o homem pediu para parar a voz dele estava mais calma como se já não houvesse urgência em seu pedido Ele disse
apenas aqui está bom pode parar eu não respondi apenas Estacionei o carro ele pegou a pasta e saiu sem dizer mais nada olhei pela janela e quando Olhei novamente o homem desapareceu na rua mas o mais estranho é que mesmo depois dele sair do carro eu não sentia que aquilo tinha acabado a sensação de estar sendo observado ficou por mais um tempo não sei explicar mas era como se ele estivesse ainda ali em algum lugar observando tudo o que eu fazia eu fiquei paralisado por alguns minutos até que finalmente decidi sair do carro quando abri
a porta vi que o banco de trás estava vazio exceto pela passagem amassada que eu havia encontrado ela estava ali jogada no banco como se nunca tivesse saído de lá foi quando eu dei uma olhada no bilhete de novo e mais uma vez o nome estava par mente apagado não sei se estava borrado pela umidade ou se o papel havia se deformado de alguma outra forma mas a impressão que eu tive é que o nome estava sendo apagado de alguma maneira desde aquele dia o que ficou na minha mente não foi só a Estranha visão
daquele homem o que ficou foi a certeza de que algo além da explicação lógica acontecia ali não sei se o homem est vivo ou morto mas o que aconteceu naquela noite me fez questionar tudo agora Toda vez que passo pela estrada onde aquele homem desapareceu meu corpo treme às vezes vejo alguém esperando na beira da estrada com a mesma roupa que o passageiro usava e quando me aproximo eles desaparecem pode ser só minha mente pregando peças mas não posso deixar de pensar aquele Passageiro não era um ser humano qualquer Eu sou José um antigo operador
de rádio que trabalhou por mais de 20 anos na torre de comunicação de uma estação no interior do Pará aquela noite de setembro de 1989 é algo que nunca vou esquecer não só porque foi a última vez que algo realmente inexplicável aconteceu comigo mas também porque ao longo de todos esses anos a sensação de ter sido o último a ouvir aquele chamado nunca me abandonou era uma noite comum para mim como qualquer outra estava sozinho na sala de rádio o silêncio era quebrado apenas pelo chiado das frequências a estação que eu operava ficava no meio
do nada longe da cidade onde de quase ninguém passava e a minha função era garantir que tudo estivesse funcionando direito para as operações de rádio e comunicação da região durante todos aqueles anos poucas vezes alguém se atrevia a ligar e quando isso acontecia eram sempre casos simples trocas de mensagens nada que merecesse mais atenção do que o necessário mas naquela noite Tudo Mudou ali ouvindo aqu chiado familiar me preparando para termin o expediente quando algo quebrou o padrão foi umac qu iní como um zumbido distante se misturando o chiado das freci até deente voz ou
o voare era secia de sons como um código morse mas não estava Claro não era o código normal era estranho mais errático mais desesperado como se algo ou alguém estivesse tentando se comunicar mas sem muita clareza a princípio pensei que fosse algum erro de comunicação talvez alguma interferência ou até mesmo algum piloto tentando se comunicar durante uma emergência mas o que me deixou desconcertado foi que mesmo em meio ao ruído era possível ouvir claramente as palavras Ou pelo menos o que pareciam ser palavras preciso de ajuda estou perdido a frase parecia se formar entre o
som mas ficava cada vez mais difícil de entender as letras estavam embaralhadas como se alguém estivesse tentando transmitir algo importante mas de forma apressada e quase Incontrolável o meu coração bateu mais forte Eu sabia que a frequência onde aquele som estava vindo era a mesma que usávamos para os voos e essa não era uma frequência que alguém usaria normalmente aquela hora Nem mesmo as pessoas mais ousadas tentando ignorar o arrepio que subia pela espinha me concentrei comecei a anotar o que ouvia tentando distinguir o máximo possível a cada letra que eu conseguia identificar o som
se tornava mais fraco e mais distorcido até que depois de alguns minutos o chiado se acalmou a mensagem não havia terminado mas as palavras estavam inaudíveis eu sabia que não poderia deixar aquilo de lado fui até o registro de transmissões da noite para verificar De onde aquele sinal estava vindo fiquei imóvel quando vi o que estava na tela o código morse que tinha acabado de de ouvir estava sendo transmitido da mesma frequência exata que havia sido usada pelo voo Varig 254 o voo que havia caído naquele setembro de 1989 eu não podia acreditar no que
estava vendo era como se o tempo tivesse se misturado como se aquele avião ainda estivesse ali tentando mandar um sinal desesperado de um lugar mas sem conseguir alcançar alguém o medo tomou conta de mim eu não sabia o que fazer a estação estava isolada e ninguém estava por perto para me ajudar a entender o que estava acontecendo peguei o rádio novamente tentando fazer contato com outras estações mas estava tudo em silêncio nada só aquele ruído estranho e a mensagem inacabada sem que eu pudesse entend completamente o que esta sendo dito quando a transmissão parou eu
fii aliado cabe aando process que deonte fi Es Por mais sinais mais ruos qu nen mor da rdio Decidi não falar nada sobre isso para ninguém não sabia como explicar o que tinha ouvido meia-noite passou e à horas seguintes se arrastaram em uma calma tensa na manhã seguinte fui até a Estação e verifiquei os registros Não havia mais nada a mensagem que eu tinha ouvido não estava registrada em nenhum lugar não havia nenhum sinal de que aquilo fosse mais do que uma falha no sistema Mas eu sabia o que tinha ouvido sabia que algo não
estava certo o que mais me Lou foi o silêncio que veio depois não era só o silêncio da Rádio mas o silêncio dentro de mim eu sabia que de alguma forma aquelas palavras tinham vindo de um lugar distante e talvez até impossível de alcançar mas o que me ficou na mente foi a sensação de que de alguma maneira eu havia sido a última pessoa a ouvir aquele pedido de socorro como se o voo ainda estivesse ali preso em um loop de desespero e aflição até hoje fico pensando se Aquela mensagem era real não havia Como
rastrear não havia Como confirmar eu passei a ouvir Os relatos de quem falava sobre o voo mas nada Parecia ter conexão com o que eu tinha ouvido se você gostou desses relatos não se esqueça de deixar seu like comentar o que achou e se inscrever no canal para não perder nenhuma história Ah e se você assistiu até o final deixe um emoji de fantasma nos comentários assim eu saberei que você é um dos Corajosos que enfrentaram as histórias até o fim e se quiser fazer parte da nossa comunidade e ter acesso a benefícios exclusivos torne-se
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