Gênero, uma categoria útil de análise histórica, Joan Scott - Parte 1

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Trama Literária
Discussão do artigo de Joan Scott, Gênero, uma categoria útil de análise histórica. Discussão da par...
Video Transcript:
ei pessoal tudo bem com vocês eu sou Maisa Barbosa Esse é o canal terma literária e esse ano a gente tá aí com um projeto extenso de leituras feministas a nossa segunda leitura não é um livro é um artigo é o único artigo aliás da nossa lista mas é um artigo bem importante que é gênero uma categoria útil de análise histórica se você tá chegando por aqui agora não se esqueça de se inscrever ativar as notificações curtir o vídeo e divulgar o canal aí quem gosta de feminismo vamos falar então sobre esse livro bastante importante
da Joe tem um videozinho anterior situando quem é a escritora situando A autora falando sobre ela falando um pouquinho sobre como que ela produziu esse texto vou deixar o link aqui na descrição para você conferir pra gente ir direto pro texto gênero uma categoria útil de análise histórica é um texto que eu gosto bastante porque tem um aspecto da autora conseguir destacar aspectos positivos e aspectos negativos no no que vem sendo produzido ou no que vinha sendo produzido à época livro Escrito na década de 80 No que diz respeito a gênero Então a nossa primeira
discussão só para situar a nossa primeira discussão sai hoje e a nossa segunda discussão sobre esse texto sai no na semana que vem dividir o texto em dois em dois itens porque o artigo tem dois itens então fica fácil da gente fic fácil da gente da gente dividir Então nesse texto A autora vai falar basicamente como termo gênero conceito de gênero foi e precisa ser precisou ser ir sendo abraçado pelas análises históricas ao longo longo do tempo conforme os estudos feministas vinham avançando mas de qualquer maneira isso de abraçar esse esse esse termo de abraçar
esse conceito meio que colocou em desuso o conceito que era usado anterior que era o conceito de mulher profundamente atrelado ao feminismo uma pergunta que ela vai se fazer ao longo do texto e que a gente vai tentando responder é qual que é o papel da história na construção dessas relações nas relações de gênero Mas será que a história ela só diz sobre a essas relações então se eu tô olhando ali um determinado período Será que a história só diz em relação a esse período ou a história contribui de alguma maneira para construir as possíveis
relações que a gente venha a ter Então essa é uma pergunta que a gente vai tentando responder junto o texto ele começa com uma epígrafe com uma definição de dicionário que vai dizer mais ou menos o seguinte que gênero é apenas um termo gramatical isso eu uso para falar de pessoas ou criaturas do gênero feminino ou masculino com significado de sexo masculino feminino com uma brincadeira ou um equívoco E aí ela começa partindo dessa definição para dizer que as coisas e as palavras tem uma história então a importância de falar sobre gênero Como que o
gênero nos permite ter uma análise diferente das coisas das coisas que já aconteceram é justamente nesse sentido que as coisas e as palavras Elas têm uma história e é importante para analisar essa história Então ela diz o seguinte eu não pego uma palavra e eu vou ver a decodificação dessa palavra então o significado dessa palavra num dicionário por exemplo ela é insuficiente para alguém que queira fazer uma análise crítica das coisas eu pego essa palavra e eu tento analisar o que que essa palavra ou essa coisa significa no seu tempo na sua cultura no seu
momento histórico ou se eu tô falando de uma análise histórica o que que essa palavra significou o que que esse conceito significou em outra época Em outro momento a palavra gênero Então ela começa a ser utilizada pelas feministas e aliás tem um videozinho sobre o conceito de gênero aqui no canal vou deixar o link na descrição então a palavra gênero ela é utilizada pelas feministas com o propósito de tentar entender o o o a organização social dos Sexos então de que maneira que mulher se comporta de que maneira que homem se comporta isso é largamente
conhecido já Porém isso vai variar de modo muito significativo se a gente olha a geografia Então como o modo como os sexos se organizam aqui não é o mesmo modo como os sexos se organizam em outros lugares em outros países com outras culturas Então se a gente pega 10 países para comparar a gente vai ter 10 modos de organização dois sexos diferentes dois modos de 10 modos de ser mulher e 10 modos de ser homem e 10 modos de se relacionar em relação ao sexo oposto que isso também é uma coisa importante pra gente analisar
quando quando a gente diz respeito a gênero então a referência que a que a palavra gênero nos permite nos estudos feministas é justamente essa multiplicidade de sentido analisar sociedade analisar cultura analisar a influência sei lá da da da cultura de mídia da da indústria de massa dentro de um determinado espaço quando a gente olha pra história também a gente vai ver muito mais isso justamente quando a gente volta pro passado a gente tinha outros modos de se comportar a gente tinha outros modos de existir inclusive em relação a sexo e ela vai dizer que a
palavra gênero ela vai permitir esse avanço vai permitir com que novos estudos sejam empreendidos mas ela vai também dizer que isso gera tem uma implicação negativa um tanto quanto negativ que é o apagamento da palavra mulher o que que isso implica sempre que eu falo na palavra gênero de acordo com a autora sempre que eu uso a palavra gênero eu tô falando de estudos de mulheres né porque justamente o termo gênero ele vai ser usado para entender a o as ações e o comportamento e a história do grupo Oprimido então a palavra gênero ela serve
também para falar de mulher assim como a palavra mulher servia para falar de mulher mas a palavra gênero ela vai est sempre um referente no masculino né então quando eu falo de gênero eu falo né como eu falei aqui da organização social dos Sexos estô falando de homem e de mulher quando eu falo de mulher eu falo da história das mulheres ela vai dizer que esse apagamento ele tem as suas implicações mas de qualquer maneira essa troca ela é útil para poder ter uma uma coisa ali de uma busca de legitimidade é como se chegasse
em algum momento que a palavra feminismo dentro dos estudos ela já tivesse um uma uma carga negativa e a palavra gênero não então quando a palavra gênero é usada aqueles trabalhos são entendidos como mais receptíveis como trabalhos mais sérios como trabalhos menos problemáticos como eram muitas vezes vistos os trabalhos feministas ela vai dizer também que todo estudo de gênero qualquer estudo de gênero ele é necessariamente um estudo dos grupos que sofreram a pressão que sofreram umapressão ao longo da história necessariamente então qualquer estudo de gênero que se preze ele também precisa ser atrelado à raça
e classe vai fazer um trabalho histórico sobre gênero necessariamente você vai ter que analisar classe necessariamente você vai analisar raça e aí eu vou ter que indicar muitos livros nesse vídeo um que faz isso muito bem esse aqui da gerda learner tem vários vídeos sobre esse livro aqui Inclusive a criação do patriarcado história de opressão das mulheres pelos homens é um livro de análise histórica e a Guerda faz ISO muito bem quando ela volta para estudar eh quando ela volta para contar a história das mulheres a história do patriarcado ela vai ter esse cuidado de
ter essa análise de classe Como como que era a situação PR as mulheres Livres PR as mulheres que não eram livres PR as mulheres que tinham que vinham de uma família com grana para as mulheres que eram completamente pobres PR as mulheres que trabalhavam para as que não trabalhavam Então isso é um trabalho que vai considerar essa questão da raça e essa questão da classe que é essencial em estudos sobre mulheres em estudos sobre gênero um exemplo contemporâneo de um trabalho muito mal feito em relação a isso é um texto que a Lilian schwarz que
inclusive tá ocupando cadeira agora na BL fez sobre a Beyoncé a lan Schwartz fez uma um texto sobre a Beyoncé dizendo que ela era uma que ela glamz Ava a Negritude criticou a Beyoncé falou muito mal do Beyoncé Falou várias coisas e quando se foi analisar o texto da linan schwarz uma mulher branca ela tinha somente referências brancas aí que tá o ponto ela é uma mulher branca utilizando referências brancas para criticar uma mulher negra talvez se a crítica dela tivesse sido construída de uma outra maneira a partir de outras referências com outro Tom ou
isso Talvez teria sido recebido de uma de uma forma diferente mas quando a gente vê uma mulher branca utilizando autores brancos criticando uma pessoa negra a gente percebe o problema disso muito facilmente a partir do texto eh gênero como uma categoria de análise histórica porque é isso que a que a Joan Scott vai fazer ela vai falar inclusive da nossa dificuldade de mudar nossas referências é como se as nossas referências históricas elas fossem sempre as mesmas e a gente tivesse dificuldade para analisar para trocar essas referências para analisar problemas de uma outra perspectiva Então se
a gente sempre utilizou essas referências para analisar a história pra gente analisar a história de uma outra maneira a gente precisa trocar as nossas referências as nossas leituras e as nossas bases pra gente poder entender aquilo a partir de uma perspectiva diferente senão a nossa leitura vai ser sempre a mesma indicarei mais livros porque um outro aspecto do texto é que ela vai falar sobre três abordagens de gênero que foi se construindo a partir do momento em que o conceito foi utilizado primeiro conceito primeira abordagem de gên gênero é sobre as feministas que buscavam entender
a origem do patriarcado Então como que como que o patriarcado surge como que eles transmite se transmuta ao longo da história novamente a gente cita Gear da learner a criação do criado que faz isso muito bem a segunda abordagem de gênero em relação à análise marxista e é um uma vertente de análise que vai ter mais compromisso com as críticas feministas porque vai partir da ideia de que a base da opressão é material ou seja paraas feministas marxistas a base da opressão é material a base da opressão é o sexo por mais que a gente
vai ter uma formação social posterior que sustenta essa opressão a base a base para opressão das mulheres de acordo com as feministas radicais de acordo com as feministas marxistas é o sexo a gente vai ter dois livros que falam sobre isso o primeiro provavelmente é esse aqui do engels a origem da família da propriedade privada e do Estado nesse livro aqui o Engel vai falar como que se como se formam as bases da opressão a partir de uma perspectiva eh eh marxista e o outro brasileiro a nossa queridíssima eled sa fiotti gênero patriarcado e violência
que vai explicar isso aqui a partir da formação das cidades brasileiras ela faz uma análise muito bem feita da década de 70 para da década de 60 da década de 70 para mostrar como se forma como se aumenta né na verdade não como se forma mas como se aumenta de modo muito considerável a violência contra a mulher por consequência violência contra criança a a partir de toda uma alteração do funcionamento das cidades e como isso vai afetando o que vai sendo construído depois dos dois livros obviamente tem muitos vídeos por aqui também só conferir Vou
deixar tudo na descrição tá gente a terceira abordagem de gênero desrespeito a uma perspectiva psicanalítica de entender como que as mulheres se formam como as mulheres se constroem homens e mulheres mas obviamente essas essas esses estudos eles são majoritariamente centrados na na formação da subjetividade da mulher Então se a gente tem toda uma formação social de gênero a gente vai ter uma formação psicológica também de gênero então eh não é que esses comportamentos eles vão ficar no interno no externo esses comportamentos vão determinar como as pessoas pensam sobre si e como as pessoas pensam em
relação a ao outro vai determinar como que as pessoas pensam em relação à sua própria sexualidade vai determinar como as pessoas pensam em relação ao seu comportamento Então essa ideia um exemplo muito básico essa ideia de que as mulheres ainda sustentam de que elas precisam de um homem para protegê-la mesmo que seja uma mulher independente financeiramente a gente vai ter a repetição desse discurso aí que que é um homem que a protege o homem que a cuide dela isso vem de uma formação de gênero que faz com que em algum momento essa mulher acredite que
ela só vai ser plenamente realizada que ela só vai ser uma mulher completa se ela tiver um homem para cuidar dela e para protegê-la Então não é no sentido de a gente percebe que esse discurso ele não é no sentido de eu quero alguém para me fazer companhia ou eu quero alguém que me ame e que eu ame de volta sabe é no sentido de eu quero que alguém alguém que me proteja Aí você olha pra pessoa Às vezes a pessoa é independente a pessoa já tem sua própria vida a pessoa resolveu sua vida inteira
sozinha mas ela ainda tem essa necessidade porque é como se isso fosse completá-la falamos muito sobre isso também aqui no canal com a sequência de história da sexualidade do Foucault Lemos alguns Capítulos desse desse desses três livros entendemos e fomos entendendo gradativamente como que se forma a nossa subjetividade em relação à sexualidade e necessariamente também como que a nossa percepção sobre a gente mesmo se forma a partir de uma sociedade extremamente patriarcal problemas que a que a que a John Scott vai identificar nessa terceira linha na linha que parte por uma perspectiva mais psicológica mais
psicanalítica ela vai dizer que a tendência naquele momento talvez hoje isso já seja diferente mas naquele momento 1980 isso caía num reducionismo reducionismo inclusive biológico no sentido de que quando se analisava o comportamento de uma mulher e aí poderia-se interpretar o seguinte abro abro aspas a experiência das mulheres leva-as a fazer escolhas Morais que dependem do contexto e das relações para se transformar em as mulheres pensam e escolhem esses caminhos porque elas são mulheres percebem Então os estudos psicanalíticos nesse momento os estudos que tentavam entender a subjetividade da mulher e do homem nesse momento acabava
sendo reduzido e no sentido de Ah ela é assim porque ela é mulher ou ela é assim por causa do feminino ele é assim por causa do masculino então tem essa repetição disso que acaba também sendo muito reducionista justamente porque nega a história o nosso patriarcado que a gente tem hoje ele só é o patriarcado que a gente tem hoje porque ele foi construído historicamente ele não brotou do nada ele foi construir sendo construído conforme a humanidade foi se construindo então não dá para negar a história né Não dá para negar o que que a
gente construiu até aqui porque é essencial para entender o que a gente tem hoje só para recapitular três abordagens de gênero que ela elenca no no nessa parte um é os estudos de gênero buscam entender as origens do patriarcado a segunda é a perspectiva marxista de análise histórica e a terceira que é o entendimento da subjetividade dos sujeitos na sociedade e no momento cultural em que eles vivem para finalizar então tem uma coisa muito importante que ela diz que a História do Pensamento feminista e a história dos estudos de gênero também a história da recusa
da construção da relação hierárquica entre masculino e feminino entre homens e mulheres é uma tentativa então de tentar deslocar ou de reverter as operações do masculino e do feminino com isso a gente pode analisar a si próprio enquanto sujeito de uma forma diferente a gente consegue analisar o momento histórico e a cultura na qual a gente viva de uma maneira diferente isso permite a gente entender a história também de uma outra perspectiva quando a gente volta e tenta entender como se operam essas esses essas relações no momento em cada momento em que a gente esteja
analisando lembrando Como diz eh jo Scot é sempre importante reforçar qual que é bom estudo de gênero ele precisa ser sempre atrelado ao estudo de raça e ao estudo de classe é isso espero vocês paraa semana que vem a gente terminar a discussão de gênero como uma categoria útil de análise histórica até mais
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