Cem anos de solidão | Análise Literária - Brasil Escola

[Música] Olá pessoas Eu Sou elissa professora de literatura E hoje nós vamos falar sobre a maravilhosa obra 100 anos de solidão do escritor colombiano Gabriel Garcia Marx mas primeiro inscreva-se em nosso canal e Ative o Sininho para receber as novidades 100 anos de solidão é um romance que foi publicado no ano de 1967 foi produzida em condições precárias o autor teve que deixar alguns trabalhos teve que se enclausurar para conseguir produzir a obra e lá no final das contas ele esperava publicar e vender ali mais ou menos 8.000 cópias hoje é uma das obras mais

importantes da literatura ocidental e ultrapassa os 50 milhões de exemplares vendidos 100 anos de solidão além de ser uma das mais importantes obras do século XX do Realismo mágico de língua espanhol é também uma das obras mais importantes da carreira de gabo mais Gabriel Garcia Marques é mais conhecido como gabo que além de escritor também foi jornalista no quarto Congresso Internacional de língua espanhola no ano de 2007 essa obra foi considerada a segunda a segunda obra segunda a segunda obra literária de língua hispânica mais importante da história da humanidade perdendo apenas para Dom quichote Dea

mancha do Miguel de Cervantes é um grande exemplar do romance do Realismo Mágico que foi essa que é essa estética literária esse gênero literário muito comum mais predominante na América Latina que vai tratar com certo Realismo de questões ligadas à humanidade mas com um toque Sobrenatural Ou pelo menos um toque insólito e também um romance histórico Porque nessa obra é possível verificar a junção de elementos fictícios a fatos históricos acontecimentos históricos importantes e marcantes paraa memória da humanidade para construir essa obra Gabriel Garcia Marx recorreu a textos bíblicos recorreu também a descobertas do renascimento documentadas

quando do renascimento as grandes navegações as memórias das grandes navegações As Memórias também de lutas e de países que que lutaram que buscaram a independência no século XIX As Memórias da ditadura sobretudo ditaduras nos países latinoamericano Apesar de muito instigante de saborosa essa obra não é muito fácil de se ler ela é desafiadora principalmente no que diz respeito às personagens tanto é que algumas edições mais recentes vê antes do romance uma árvore genealógica para facilitar para auxiliar o leitor na hora de de reconhecer os personagens a narrativa se passa numa cidade mítica na cidade fictícia

de macondo e ela acontece a partir da União do casal José arcádio buendia e Úrsula iguaran que tem filhos netos bisnetos trinetos formando aí quatro gerações dessa família buendia e e é é justamente pelo volume ao acompanhar essas personagens é que a gente às vezes enfrenta aí Alguns engasgos mas é uma leitura muito envolvente ainda assim os nomes dessas personagens se repetem em certa medida né vários nomes alguns nomes se repetem várias vezes por isso que às vezes até ajuda fazer uma colinha na árvore genealógica que vem no início da edição antes de começar o

romance e a narrativa sobre essas sete gerações dessa família se passa a partir da perspectiva de Úrsula iguaran que permanece viva viva vive mais de 100 anos né e a narrativa justamente vai tratar desses 100 anos de solidão desse um século de solidão dessa família e sobretudo desses personagens masculinos cujos nomes se repetem porque nós temos uma Constância de josés arcádio e de aurelianos então José acad buendia e e Aureliano buendia são os nomes que se repetem com mais frequência e pela percepção de Úrsula a gente percebe a gente observa que enquanto que os José

arcádio são mais fortes são mais braçais mais impulsivos os aurelianos são mais pacatos são mais introvertidos são mais fechados em si mesmos além dessa família tão numerosa né sete gerações de personagens importantes dos seus relacionamentos dos seus casamentos com seus filhos e netos e por aí vai nós temos também vários personagens externos a esse seio familiar que também são importantes como é o caso do Cigano melquiades que sempre chega com notícias do mundo exterior é ele quem chega trazendo as informações a além né Para Além de macondo ou então no caso de Pilar Rena e

até mesmo de Rebeca algumas das personagens femininas tão importantes dentro dessa obra que mexem com o Imaginário não só dos personagens e das personagens dentro da obra mas também mexem muito com o Imaginário do leitor e da leitora e além do deleite que é poder ler essa obra é o prazer da Leitura um prazer mesmo estético de poder degustar de ter diante de si uma narrativa eh aos moldes mesmo de asm e noites né de narrativas que vão se enumerando umas umas atrás das outras né é uma obra recheada de pequenas pequenas grandes histórias que

formam essa grande história que é 100 anos de solidão eh nós temos algumas importâncias e alguns valores né algumas relevâncias que a gente pode atribuir a essa obra de caráter cultural sociohistórico literário é uma obra muito importante eh para pra literatura como um todo não só paraa literatura Iana não só pra literatura latino-americana mas pra literatura Universal porque nós temos uma narrativa que vai falar de questões particulares de uma grande família ao longo de 100 anos mas de uma maneira muito Universal é muito difícil não nos identificarmos com algumas máximas com algumas frases que parecem

aforismos dentro da obra que parecem realmente portar uma verdade humana ali dentro Além disso é uma obra não é a obra fundad fundante do Realismo mágico Mas é uma das obras mais cruciais para se compreender o realismo mágico que é esse gênero eh com destaque com predominância na América Latina porque vai dar conta de narrar uma realidade crua brutal dolorosa da América Latina sangrando né com as suas veias sangrando e expostas mas de uma maneira mágica com certos elementos que fogem dessa ordem prática que nós vivemos né mas de uma maneira muito mais insólita apelando

Em alguns momentos por uma certa sobrenaturalidade e com muita com muita beleza com muita graça muito bem combinado de forma que se que há uma confluência e não um contraste Entre esses dois opostos à primeira vista e isso é importante porque eh assegura o que toda a obra literária o que toda obra narrativa deve ter que não é um um uma fidelidade à verdade absoluta ou a realidade mas uma verossimilhança é preciso ter uma lógica uma coerência interna na obra que o autor estabelece e o leitor aceita e assimila ou seja o realismo mágico é

um dos melhores gêneros para fortalecer esse pacto entre autor e leitor por meio da verossimilhança não são apenas os jos josés arcádio e os aurelianos que se repetem esse nome se repete muito na narrativa mas há outros nomes que se repetem também como é o caso de Úrsula por exemplo né um nome que aparece com certa frequência menor apesar de tudo mas essa repetição dos nomes acaba sugerindo possibilitando uma chave de leitura que permite a gente entender essa narrativa como uma estrutura cíclica é como se a história da humanidade tivesse ciclos e repetisse certos pontos

muito importantes cruciais certos tópicos certos valores do passado fossem recuperados repetidos no presente repetidos para pro futuro e e também é interessante porque dentro dentro dessa lógica dentro dessa estrutura nós percebemos que cada personagem tem o seu destino estabelecido traçado a partir da sua origem eh alguns têm destinos mais trágicos do que outros mas no final das contas nós temos toda a raiz toda a origem nesse casal José arcádio buendia e ursulo iguaran que fundam uma cidade mas também eh estabelecem um novo ciclo e talvez deixa um ciclo para trás e isso sugere muito vida

e morte também dentro da obra e no que diz respeito às questões universais né de como essa obra ela sai desse particular e vai para Universal tal dentre vários aspectos várias possibilidades de se pensar a universalidade dentro dessa obra talvez a mais cara a mais importante seja realmente a condição humana retratada eh expressa simbolizada dentro de uma narrativa que que se situa num tempo e no espaço míticos mas que qualquer mulher homem de qualquer tempo consegue se apropriar desse desse objeto literário e pensar em um determinado momento da Leitura que ele pode também ser a

o tema a fonte daquelas reflexões ali contidas sem anos de solidão é uma obra que tem sido muito estudada e os diferentes críticos os diferentes estudiosos eh a interpretam de maneiras muito plurais mas uma das interpretações que talvez acaba acaba coincidindo nas diversas leituras que a gente pode encontrar é macondo como uma cidade alegórica macondo como uma expressão simbólica a princípio da América Latina representa tá muito próxima da Cidade de aracataca que é onde o Gabriel Garcia Marx nasceu mas também representando a própria América Latina como um todo e no final das contas representando outros

países de outros continentes que não só na América Latina desse modo essa obra e e o seu escritor o seu autor demonstram ou puderam demonstrar compromissos muito importantes que a literatura possibilita estabelecer o primeiro deles é o compromisso com a realidade porque a literatura de fato não está separada da vida ela embora seja ficção seja invenção ela tem a realidade o mundo a vida como seu parâmetro de construção de arquitetura mas também um compromisso com a humanidade e com a literatura uma vez que nós temos aqui como objetos de reflexão e trabalhados de uma maneira

tão poética mas também na sua densidade humana o ser humano a humanidade como um todo e a literatura que é essa ferramenta que é essa manifestação essa expressão humana aa em de 100 anos de solidão embora a gente tenha acesso a uma tradução e a tradução mais famosa difundida aqui no Brasil é a de Eric nepon semo ele inclusive foi amigo do gabo e ele relembra a voz do amigo como ele conversava para poder achar dicção na hora da tradução e mas apesar de ser uma tradução eh os registros em espanhol mostram que essa linguagem

é uma linguagem muito simples muito ligada à oralidade ligada à oralidade Não no sentido de trazer eh desvios gramaticais ortográficos mas de uma de um tom de voz de uma dicção né de um de um tom narrativo que remete muito às lendas à contações de histórias mais antigas né dos avós que contam dos bisavós que contam histórias paraos seus netos e que remete também principalmente a as 1001 Noites isso porque o o Gabriel Garcia Marx boa parte da infância dele ele foi criado por algumas tias ele teve muito contato com algumas tias que faziam esse

papel na vida dele de contar histórias bíblicas histórias da literatura histórias do folklore E como eu falei também é um excelente exemplar do romance histórico porque vários acontecimentos reais fatos históricos da nossa história eh estão presentes ali de forma alegórica de uma forma mais metafórica muitas vezes mas existem dois fatos muito importantes que vão aparecer aí nessa obra que ele faz uma referência Clara o primeiro deles é a guerra dos Mil Dias que aconteceu na Colômbia entre os anos de 1899 e 1902 e o segundo acontecimento foi o massacre dos Trabalhadores bananeiros em siaga no

ano de 1928 os dois se passaram na Colômbia Existem duas Chaves de leitura muito comuns para interpretar para compreender sem anos de solidão a primeira delas é a chave de leit ura humana que vai pensar essa obra como um uma reflexão sobre a própria condição humana sobre a humanidade eh e ao tratar por exemplo do tema da temática do tempo né do tempo que se desdobra de como é difícil para nós calcular medir lidar com o tempo que realmente pesa sobre nós cai sobre nós e nós não temos controle sobre ele ou também o próprio

destino como ele é inexorável como ele chega em determinados momentos a ser determinista a decidir algumas coisas por nós e é isso que acontece com alguns personagens de 100 anos de solidão de não poder mesmo fugir aquilo que já está meio que pensado e planejado para eles dentro da ordem em que Eles nasceram cresceram E viveram a relação também com a própria solidão né a solidão existencial não é a solidão que que de passar algumas horas sem alguém por perto ou sem alguém para conversar mas é essa solidão que é algo condicionado a nós é

algo que inerente à nossa condição à condição humana de nascermos e morrermos sós sozinhos né E todas essas dúvidas essas angústias esses questionamentos sobre a nossa passagem por essa vida e por esse tempo como tudo isso fica e é é bem explorado bem refletido de uma maneira poética e sem respostas prontas mas apenas mesmo compartilhando esse mesmo lugar com a gente dentro dessa obra já na chave de leitura histórica o que chama a atenção que se sobressai nessa obra é a crítica e a denúncia eh ao autoritarismo às desigualdades as mazelas as misérias estabelecidas no

âmbito sociohistórico sociopolítico eh a exploração a opressão a violência contra os mais fracos contra os desprotegidos eh a espoliação da condição humana eh a partir de uma ganância de um de uma ambição desmedida e desenfreada a caminho já do encerramento dessa reflexão desse comentário sobre essa obra que é tão inesgotável eu vou fazer a leitura do de um trechinho de um artigo do Felipe de Paula goz Vieira mestre pela Unicamp autor do artigo 100 anos de solidão uma metáfora da condição latino-americana para rematar bem o peso e a dimensão dessa obra tanto para para para

pensar a condição humana quanto a condição só só histórica da América Latina o sucesso do romance habituou leitores do mundo todo a perceber a América como espaço da Utopia da revolução do intelectual de esquerda e das lutas pelo poder esse pequeno trecho sintetiza de certo modo algumas das preocupações mais evidentes que a gente percebe nessa obra em C ano de solidão é possível perceber um desejo que Beira o utópico Beira A Utopia né de construir uma cidade de construir um território livre de certos equívocos humanos há também presença de revolução personagens que se voltam cont

contra uma ordem estabelecida e uma ordem que é opressora que é violenta que é injusta e desigual eh Há também uma reflexão fortemente preocupada com as classes sociais desfavorecidas desprivilegiadas n injustiçadas os excluídos são os os favoritos são os prediletos dentro dessa narrativa e finalmente uma preocupação com aqueles que têm noção do poder que exercem e usam esse poder para perpetuar para a manutenção de uma desigualdade da Injustiça bem pessoas pessoas queridas Esse aqui foi um breve comentário sobre essa grandiosíssimo obra sem anos de solidão espero que isso dê um gosto a mais para quem

não leu ainda lê valer para quem já leu venha a reler essa obra porque cada vez que a gente relê 100 an solidão é uma nova leitura um novo livro que se abre que se desvela diante da gente curta compartilhe esse vídeo Se quiserem saber um pouco mais acessem aqui os links na descrição acompanhe-nos também nas redes sociais no podcast eu vou ficando por aqui eu agradeço a atenção até a próxima [Música] i