[Música] aquele voo do Cabo Verde o senegal foi super interessante importante para a gente porque era visualmente a chegada no continente africano [Música] o senegal nós fomos principalmente por conta da Ilha de goleiro porque o senegal não foi um país do qual partiram muitos africanos escravizados para o Brasil mas era um lugar que abriga essa história importante do movimento da negritude de ter um poeta africano como presidente e tinha esse lugar de memória da escravidão mundialmente famoso que é a ilha de goleiro e a casa dos escravos que fica na ilha de Loreto [Música] [Música]
a chegada Dakar foi corrida porque a gente tinha praticamente uma tarde para ir até guria que era o nosso destino final mas podemos viver um pouquinho da carne que é uma cidade bem movimentada [Música] o guarda tentando controlar o trânsito caótico muitos carros nas ruas [Música] uma cidade que já tem uma certa estrutura Senegal já tem um governo democrático mais estabilizado [Música] esse rápido caminho do aeroporto do Porto de onde a gente pegou o ferry boat para goleiro duas coisas me chamaram muita atenção tem um monumento da Renascença africana mas estátua gigantesca de bronze no
alta Colina lindíssima [Música] e a grande Mesquita digacar exuberante na beira do mar da estrada Você já consegue ver o edifício enorme e é realmente impactante a dimensão da Mesquita e é uma mesquita tradicional né tem arquitetura árabe que você também vai encontrar em outros lugares da cidade mas nada com tanta eloquência em relação a religião muçulmana como essa Mesquita então aí que a gente também começou a se deparar com essa África que não é apenas a África dos orixás a África dos ancestrais e também a África muçulmana [Aplausos] achamos no porto de onde pegamos
o ferry boat para guria e era uma barca que estava bastante cheia mas também principalmente levando os moradores para Ilha então é um lugar que tem muito da população local não é um lugar é uma ilha turística [Música] a gente ficou super impressionado em Maurício com a beleza das mulheres das roupas sobre o corpo todo por conta da religião muçulmana predominante no país um contraste com a pele muito negra de traços muito fortes é curioso entrar na África diretamente desse mergulho no Islã arquitetura diferente as roupas são diferentes [Música] a escravidão é uma instituição muito
antiga na história da humanidade ela vai ser encontrada durante o período medieval ela vai ser encontrada em diversos continentes e diversas partes do mundo eram escravos preferidos pelos europeus até bem entrar nos tempos [Música] boa parte da chamadora que existia na Itália na Grécia na Espanha em Portugal e também os países são todos os países [Música] a relação entre escravidão e africanos escravidão e cor da pele negra Ela será realizada na época moderna Ela será instituída na época moderna Houve um tempo que a escravidão se justificava Porque o povo não acreditava no mesmo Deus que
o outro povo Houve um tempo que a escravidão se justificou porque não falavam a mesma língua no caso dos Romanos eram os bárbaros que não dominavam latim podiam ser escravizados no caso da escravização de Africanos ela vai ter como justificativas não só a criação de uma série de ideias no mundo cristão católico que vão dar argumentos para essa escravidão a partir do século 15 porque a expansão europeia do século XV ela também é uma expansão da fé cristã Associação a pele negra ela se dá de forma muito explícita quando essa ideia do pecado e da
religião não é a mais uma justificativa de grande aceitação e se torna necessário associar uma inferioridade calcada na Biologia Então vem o nascimento do discurso racialista da ideia da hierarquia entre raças fornecer um outro argumento Quando aqueles argumentos religiosos estavam se esgotando Chegamos em orelha no final da tarde um pouquíssimo tempo mas com uma luz incrível quando nós chegamos a ilha de gorea ainda do barco a gente já tinha uma dimensão da beleza da ilha você já começa a se impactar com a beleza dela E aí quando nós desembarcamos junto com os outros moradores e
turistas simplesmente começamos a Caminhar pela ilha que é uma ilha pequena e mais uma vez nós nos lançamos esse movimento da deriva uma ilha calma absolutamente tranquila com Ruas de Terra batida longe dos carros longe do tumulto de Dark apesar de você ver uma cidade da outra [Música] as mulheres ficam nas Varandas das casas conversando as crianças aproveita para jogar bola no campo improvisado um garoto escova os dentes no meio da rua tinha essa essa ambiência menos Urbana menos cosmopolita e mais centrada naquele dia a dia de um Vilarejo que as pessoas se conheciam e
que também ao mesmo tempo tinha uma visitação de turistas do mundo inteiro embora nós estivéssemos preocupados em conhecer basicamente a ilha de guria a casa dos escravos Senegal era um lugar fundamental para a rota dos escravos é a primeira rota conhecida como a rota da Guiné da alta Guiné né que compreende o Rio Senegal até a bacia do Rio gambia então a chamada região da senegâmia foi ali que os portugueses chegaram inicialmente para dar início ao tráfico Transatlântico então é um lugar fundamental para nossa viagem ainda que dali tivessem partidos poucos africanos escravizados para o
Brasil chegaram muito poucos principalmente na região norte nordeste ali de São Luís do Maranhão as principais atividades desenvolvidas pelos africanos aqui no Maranhão estão relacionadas com a produção do algodão né que foi durante um período grande também uma produção de arroz um pouco mais tarde um pouco menos talvez a cana-de-açúcar mas que também tem uma produção grande de cana-de-açúcar mas talvez não tão intensa quanto em outras regiões do Nordeste [Música] é muito importante que a população brasileira tem acesso a histórico torra africana em afro-brasileira que foi emitida que foi distorcida cheia de Visões estereotipadas e
preconceituosas porque é justamente isso que vai contribuir para que a população negra e o e os próprios africanos e africanas sejam vistos de uma outra maneira a partir de uma outra perspectiva É uma longa história de deturpação uma longa história de preconceito e uma longa história de racismo no olhar foi construído sobre a África essa negação da história da África negação que chegou em alguns momentos a alguns importantes pensadores dizerem que a África não tinha história isso causou de serviço não só para a história da África mas para a história da humanidade a nossa humanidade
ficou incompleta e no caso dos brasileiros ficou a nossa identidade ficou incompleta é como se faltasse algo fundamental para nós olharmos a nós mesmos e como a gente pode começar alterar essas relações interpessoais que são tão maléficas a população negra como o conhecimento sobre a sua própria história que é importante não apenas para a população negra mas sua população brasileira de um modo geral [Música] um velho comerciante tinha três filhos pressentindo que tinha pouco tempo de vida chamou os três e disse preciso saber qual de vocês deverá herdar os bens que conseguir juntar ao longo
de toda uma vida então o pai entregou a cada um deles um montinho de moedas e propôs no fim do dia tragam-me alguma coisa que tenham comprado com essas moedas mas algo que seja capaz de preencher todo o meu quarto Saindo dali o filho mais velho resmungou meu pai está delirando que posso conseguir com tão pouco dinheiro Bateu a porta do vizinho e comprou um saco cheio de grama resolvido filho do Meio pegou a estrada parou no primeiro vendedor que encontrou e voltou com uma sacola cheia de penas o mais novo dos filhos subiu num
burrico e saiu o mundo afora cavalgo ladeiras e penhascos atravessou o garijos foi conhecendo pessoas seus hábitos e costumes as línguas as vestimentas passou por ricos negociantes pedintes músicos profetas homens e mulheres de muitas etnias e religiões percorreu todas as tendas do Bazar sem achar nada interessante foi o cair da noite que ele trouxe uma ideia e ele regressou a casa do pai com um pequeno embrulho no bolso podemos começar disse patriarca o filho mais velho teve a primazia abriu o saco cheio de grama mas ela mal conseguiu cobrir uma pequena parte do quarto agora
o segundo filho abriu a sacola cheia de penas que se espalharam pelo ar e pousaram num cantinho do aposento finalmente foi a vez do filho mais novo O pai já sem esperanças perguntou o que foi que você comprou ele tirou do bolso uma vela acendeu o pavio e sua luz encheu todo o quarto [Música] a diversidade de grupos de Africanos para o Maranhão certamente deixou aqui uma uma herança cultural muito rica muito diversificada também então a gente tem as expressões dos ritmos dos batuques das danças da religiosidade do jeito de ser do maranhense de uma
linguagem que se desenvolve nessas trocas mas uma linguagem que não é só do ponto de vista do idioma mas também de posturas de expressões culturais de comportamento [Música] o tambor de crioula no Maranhão é uma dança que já vem há séculos né hoje crioula ele é uma dança remanescente da África [Música] é uma dança é uma manifestação cultural Digamos que foi iniciado pelos nossos ancestrais [Música] ele não tem uma técnica específica para dançar é você aprender ouvir o que tá sendo tocado e você deixar o seu corpo falar é como fazer um balé [Música] ainda
não conseguimos localizar uma dança de tambor de crioula na África igual o nosso mas a gente encontra instrumentos semelhante aos que a gente usa aqui no Maranhão como ele é esquentado ao fogo e tem muita energia é muita energia circulando os tambores que tem é o meião elevador e o tambor grande e a matraca que toca no pé do tambor Grande o agudo o médio e o gado pelo calor do fogo Vaticano por si mesmo já é um trabalho que a gente não faz manual a gente só monitora para não passar do ponto ou se
não queimar pelo ouvido mesmo se eu tocando aqui ó tá no som certo já tiro ele do fogo ou se não afasta um pouco até os outros ficar no ponto certo e a gente começa outro [Música] então a pancada que o tambor grande dá a coleira chega junto com ele com isso é tocado a muda [Música] essa presença africana é muito rica no Maranhão e é muito forte a gente tem uma grande quantidade no Maranhão de Comunidades Quilombolas né formadas por descendentes de Africanos escravizados permaneceram nessas áreas que não foram necessariamente Quilombos do ponto de
vista tradicional mas que são comunidades formadas por gerações permaneceram nessas áreas desde o final do processo escravista e continuou no pós Abolição [Música] nós estamos aqui tentando contribuindo para que haja uma transformação social dentro da nossa comunidade é o bairro de maior incidência de grupos culturais do Maranhão é o bairro da Liberdade estamos buscando o título de Quilombo maior quilombo Urbano da América Latina porque a concentração de negros é muito alta [Música] hoje tem máquina quantidade de comunidades onde mantém tradições relações de trabalho hierarquias familiares expressões culturais religiosidade etc que é uma maneira apontam para
uma herança africana muito forte aqui no Maranhão Nosso principal foco era a casa dos escravos residência de um antigo Mercador reconstruída pelos holandeses a chegada lá foi marcada de um outro Episódio interessante de cara porque a gente encontrou um grupo de estudantes visitando aquilo para mim tinha um simbolismo ela tava lotada de crianças de uma escola que estavam ali visitando junto com professor e aprendendo a sua própria história em bloco e fazendo aquela algazarra toda que as crianças fazem então aquele lugar né de dor tristeza tava também sendo ressignificado pela algazarra das crianças [Música] a
casa é uma casa rosa linda um Pátio Central basicamente ela tinha um andar superior que era onde ficava no os traficantes de escravos e atualmente tem uma exposição sobre a casa com informações objetos e tudo mais e ela tem uma escadaria Central que é belíssima e que ela meio que norteia toda aquela arquitetura e as celas ficavam embaixo a princípio ficavam divididos homens mulheres e crianças nessas células [Música] foi a primeira vez que a gente viu e entrou nas selas onde eram armazenados os antigos então foi duro não foi fácil exatamente no meio dessa parte
de baixo tinha uma porta que era Seria a primeira das portas do não retorno que a gente viria ao longo da viagem essa porta essas Portas Vão retorno eram os espaços por onde saíam os escravizados que seriam comercializados para as Américas e possivelmente não voltariam para a África mas a toda uma controvérsia histórica em torno da real a importância daquela casa dos escravos que não era uma casa Originalmente construída pelos portugueses era uma casa construída pelos holandeses no século 18 os lugares de memória da escravidão eles são lugares controversos né são lugares que você atravessa
tensões tem as suas históricas tensões atuais disputas por narrativas né como celebraram o lugar da dor como transformar aquilo no monumento da perspectiva de quem né então o tempo todo nós passamos por essas questões os lugares que Nós visitamos pegamos o ferry boat de volta com a sensação de haver cumprido foi lindamente fotografada os deuses nos ajudaram tava uma luz maravilhosa eu tinha expectativa de queira de goleiro seria realmente um lugar bastante bonito de fato é lindíssimo e ao mesmo tempo essa capital africana da carne no caso que estava completamente inserida na contemporaneidade então era
um lugar completamente distante daquelas imagens místicas de uma África tribal de Natureza Selvagem eram uma cidade Urbana com os populista e que abrigava uma diversidade de culturas e que tinha essa marca muito grande da presença islâmica da relig [Música] nossa próxima escala e sal [Música] e nós tínhamos uma preocupação em torno do contexto político instável de Guilherme sal mas ao mesmo tempo sabíamos que seríamos recebidos por um escritor chamado abdolacilar e que é princípio ia ser nosso guia pelo país [Música] onde a gente visitaria lugares que Possivelmente nenhum Brasileiro pisou onde as correntes do tráfico
estariam penduradas nas árvores e onde a gente desceu o rio cacheu o mesmo Rio onde os meus ancestrais desceram séculos atrás em condições muito mais difíceis [Música] [Música] [Música]