Ah, bem-vindos ao nosso canal YouTube! Falando daquilo de hoje, hoje examinamos a noção de fantasia. A noção de fantasia está ligada a um abandono de uma primeira ideia que Freud tinha sobre a origem traumática dos sintomas e a ligação dos sintomas com a sexualidade.
Ele entendia que teria havido necessariamente a intrusão de um adulto, uma sedução de um adulto em relação a uma criança, e que isso teria ocorrido na realidade. Começa a perceber que era improvável que tantas cenas de sedução tivessem realmente ocorrido. Ele abandona o que ele chama de sua neurótica e acha que estava errado, que se deixou levar pela própria influência de outros pensadores.
Mas, nesse ponto, ele tem uma intuição na qual questiona: "mas se isso não aconteceu, por que as minhas pacientes e os meus pacientes estão me contando isso com tanta frequência? " E ele intui que isso pode ser justamente uma fantasia: uma fantasia de sedução. Desenvolvendo, então, esse conceito, ele vai chegar à existência de três fantasias, que ele chama de fantasias fundamentais ou Urphantasie.
A fantasia de sedução, que é, no fundo, uma fantasia que tenta explicar qual é a origem do desejo, porque a gente deseja essa pessoa e porque a gente é desejado por aquela pessoa. A fantasia da cena primária, que é uma fantasia sobre como o desejo deste pai e desta mãe concorreram para o nascimento desse filho. E a fantasia de castração, que é uma fantasia para tentar entender qual é a relação simbólica na diferença entre os sexos e na diferença entre um gênero.
Então, a hipótese de que a mulher, como se fosse um homem castrado, opera no psiquismo como uma fantasia, como uma espécie de especulação que dá à criança o material imaginário e uma gramática de simbolização para o seu próprio desejo e para o desejo do outro. A fantasia é o conceito chave na direção do tratamento, porque todo sintoma está determinado, ele está multi-determinado por várias fantasias. Assim como uma fantasia multidetermina vários sintomas, na medida em que o tratamento vai caminhando, a gente vai construindo aquilo que seria a fantasia que organiza o conjunto dos sintomas daquele sujeito e que rege de forma mais profunda o seu desejo, tanto do ponto de vista das identificações quanto do ponto de vista das escolhas de objeto.
Para se aprofundar no tema da fantasia, recomendo que vocês leiam um texto de 1919 chamado "Bate-se numa criança". Para receber mais fragmentos do nosso glossário, clique aqui no "Acheronta movebo".