[Música] Ele, Isabela, ajustava a bolsa de instrumentos veterinários no banco do passageiro, enquanto olhava pela janela do carro. As paisagens da zona rural se estendiam por campos vastos e bem cuidados, contrastando com a simplicidade da casa onde vivia com os pais. Ela estava nervosa; apesar de ter se formado recentemente, era a primeira vez que um cliente tão importante a chamava para um atendimento.
A Fazenda do Salgado era conhecida na região, e seu dono, Luí Salgado, era um dos homens mais influentes e ricos daquele lado do Estado. Quando chegou à Fazenda, foi recebida por um empregado que a guiou diretamente ao estábulo, onde o cavalo doente estava. Ela podia sentir o cheiro da palha fresca misturado ao odor metálico de medicamentos já usados em tentativas de estabilizar o animal.
Ao lado do cavalo, um homem a observava com expressão séria. Ele vestia uma camisa simples, mas de bom corte, e as mangas dobradas revelavam braços fortes. Assim que ela se aproximou, ele se apresentou: "Olá, você deve ser a veterinária.
Sou Ricardo, filho do dono da fazenda. Meu pai está viajando, então estou cuidando de tudo por aqui. " Isabela apertou sua mão e sentiu um leve calor na forma como ele a cumprimentava.
"Sou Isabela, sim, obrigada por me chamar. Vamos dar uma olhada no cavalo. " O cavalo estava ofegante e com os olhos vidrados.
Isabela logo percebeu que ele estava desidratado e febril. Com destreza, ela pegou os equipamentos e começou a examiná-lo, movendo-se com a precisão e a calma de quem estudou muito para estar ali. "Ele está com uma infecção", disse Isabela, após alguns minutos, virando-se para Ricardo.
"Vou prescrever alguns medicamentos e providenciar o tratamento adequado. Ele vai precisar de descanso, mas acredito que ele vai ficar bem. " Ricardo suspirou de alívio.
Ele se aproximou um pouco mais, interessado no que Isabela fazia. "Que bom ouvir isso! Não sou muito bom com cavalos doentes; fico sempre nervoso quando algo acontece com eles.
" "Faz parte," ela sorriu levemente. "O importante é que ele vai se recuperar. Só precisamos seguir o tratamento direitinho.
" Após anotar a receita e dar as orientações a Ricardo, os dois começaram a conversar sobre a fazenda, os animais e eventualmente sobre suas próprias vidas. Ricardo parecia genuinamente interessado em ouvir Isabela falar sobre como seus pais, Carlos e Ana, sacrificaram tanto para que ela pudesse se formar em veterinária. "Você realmente batalhou, hein?
" Ricardo comentou com admiração. "Sim, meus pais sempre me apoiaram, mesmo sem termos muito. É por isso que cada cliente é importante para mim.
" A conexão entre os dois foi imediata. Eles riram juntos, compartilharam histórias pessoais e, antes que percebessem, o sol já estava começando a se pôr. Quando Isabela finalmente se despediu, Ricardo a surpreendeu com uma proposta: "Gostei de como você trabalha, Isabela.
Se aceitar, gostaria de contratá-la para cuidar dos outros animais da fazenda. Temos uma grande variedade aqui e seria ótimo ter alguém de confiança por perto. " Isabela aceitou a oferta e assim começou uma nova fase em sua vida.
Nos meses seguintes, os dois passavam cada vez mais tempo juntos; o trabalho na fazenda permitia que eles se vissem diariamente, e o relacionamento foi crescendo naturalmente. Não demorou muito para que começassem a namorar. Ricardo era atencioso, sempre preocupado com o bem-estar dela e de sua família, e Isabela se sentia cada vez mais conectada a ele.
Oito meses se passaram e eles estavam noivos, prontos para planejar o casamento. Tudo parecia perfeito, mas havia um detalhe que Isabela não conseguia ignorar: embora já estivesse profundamente envolvida na vida de Ricardo, ele ainda não conhecia seus pais, e ela também não havia sido apresentada à família dele. Foi quando ela decidiu que era hora de corrigir isso.
Isabela levou Ricardo para conhecer seus pais em um jantar simples em sua casa. Carlos e Ana receberam Ricardo com muito carinho. A mesa estava posta com cuidado e o cheiro da comida caseira invadia a pequena sala de estar.
Ricardo, porém, parecia distante. Ele observava tudo com uma expressão que Isabela não conseguia decifrar; seus olhos percorriam as paredes modestas e os móveis antigos, detalhes que Isabela nunca havia reparado com tanta atenção até aquele momento. "Tudo bem," ela sussurrou para Ricardo enquanto seus pais serviam.
"Claro, está tudo ótimo. " Ele sorriu, mas Isabela sabia que algo o incomodava. Talvez fosse o contraste entre suas realidades.
Apesar desse desconforto inicial, a noite correu bem. Ricardo foi educado com seus pais, fez elogios à comida e agradeceu a hospitalidade. No entanto, Isabela não conseguia se livrar da sensação de que ele estava deslocado ali.
Na semana seguinte, era a vez de Isabela conhecer os pais de Ricardo. Ela estava nervosa, mas sabia que aquele era um passo importante no relacionamento. Quando Ricardo chegou para buscá-la, seus olhos passaram por ela rapidamente antes de descer para o vestido que ela usava.
Era um vestido bonito, mas simples, algo que ela costumava usar em eventos familiares. "Você bem? " Ele logo puxou um vestido que havia trazido consigo.
Era uma peça elegante de grife, visivelmente cara. "Trouxe isso para você. Acho que ficaria melhor para conhecer meus pais.
" Isabela hesitou por um instante; aquilo a pegou de surpresa, mas o nervosismo de conhecer a família dele a fez aceitar a sugestão. "Tudo bem, vou trocar e colocar o vestido. " Ela se olhou no espelho e não se reconheceu.
Não era seu estilo, mas sabia que precisava fazer concessões se queria que o relacionamento desse certo. Quando finalmente estavam a caminho da casa dos pais de Ricardo, o clima entre eles estava silencioso. Isabela estava inquieta enquanto o carro de Ricardo avançava pela estrada de paralelepípedos que levava ao casarão dos pais dele.
As mãos dela descansavam no colo, mas seus dedos mexiam nervosamente no tecido do vestido que Ricardo havia insistido que ela vestisse. Ela tentou ignorar a ansiedade, repetindo para si mesma que tudo ficaria bem; afinal, ela amava Ricardo e ele. .
. A amava, contudo, ao ver o portão imponente da propriedade e o casarão de arquitetura clássica que se erguia à frente, um nó se formou em seu estômago. "Vai dar tudo certo," Ricardo disse, segurando a mão dela por um momento antes de descer do carro, mas Isabela sentiu que ele estava tão nervoso quanto ela, talvez mais.
Ao entrarem no casarão, foram recebidos por um dos empregados da casa, que os conduziu até a sala de jantar. O local era tão luxuoso que Isabela quase perdeu o fôlego: lustres de cristal pendiam do teto, iluminando uma mesa longa de madeira escura, coberta com pratos e talheres de prata que brilhavam à luz suave do ambiente. Isabela sentiu-se ainda menor naquele cenário grandioso, mas respirou fundo e tentou se manter firme.
Lúcia, a mãe de Ricardo, estava já sentada à cabeceira da mesa, com uma postura impecável, enquanto Luiz, o pai dele, estava ao seu lado, observando os dois com uma leve expressão de curiosidade. "Finalmente chegaram," Lúcia comentou, com um sorriso frio nos lábios, os olhos rapidamente se fixando em Isabela de cima a baixo. "Sentem-se, vamos começar o jantar.
" Ricardo puxou uma cadeira para Isabela, que agradeceu com um leve aceno de cabeça antes de se sentar. O jantar começou em um silêncio desconfortável, apenas quebrado pelo tilintar dos talheres. Isabela sentiu o olhar penetrante de Lúcia em cada movimento que fazia, e isso a deixou ainda mais nervosa.
Luiz, embora mais discreto, também a observava com curiosidade, como se tentasse avaliar cada detalhe da presença dela ali. Foi Lúcia quem quebrou o silêncio: "E então, Isabela, me conte um pouco sobre seus pais. O que eles fazem?
" Isabela sentiu um frio na espinha com a pergunta, mas respondeu com honestidade: "Minha mãe é cozinheira e meu pai é manobrista de carro. Os dois trabalham no mesmo restaurante, o Refinado Sabor. " Por um breve momento, o som dos talheres cessou.
Luiz e Lúcia trocaram um olhar rápido, mas Isabela notou a faísca de preconceito no olhar deles. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Finalmente, Luiz pigarreou: "Esse restaurante pertence a mim, assim como muitos outros.
" "Ah, sim," completou Lúcia, com um sorriso que não chegava aos olhos. "A ex-namorada de Ricardo, por exemplo, é uma empresária. Ela tem uma loja de grife ali perto.
Você conhece? " Isabela sentiu o coração apertar no peito e, pela primeira vez naquela noite, abaixou a cabeça, tentando esconder a sensação de humilhação que lhe tomava o corpo. "Não, não conheço," respondeu em voz baixa.
O clima no jantar ficou ainda mais tenso. Isabela não conseguiu tocar na comida e Ricardo permaneceu em silêncio, sem reação, estivesse tão desconfortável quanto ela. Os minutos se arrastaram e o resto do jantar foi consumido em um silêncio pesado.
Quando finalmente o jantar terminou, Ricardo se despediu dos pais rapidamente e Isabela o acompanhou até à porta. Assim que estavam do lado de fora, longe do olhar crítico de Lúcia e Luiz, Ricardo soltou um suspiro pesado. "Isabela, me desculpe pelos meus pais.
Eles. . .
eles podem ser difíceis, às vezes. " Isabela tentou sorrir, embora estivesse profundamente magoada. "Não foi culpa sua.
Eu sabia que seria difícil, mas eu só esperava que fosse diferente. " Ricardo segurou a mão dela com firmeza, e Isabela sentiu o calor familiar que sempre a acalmava. Eles seguiram em silêncio até o carro, sem conseguir desfazer a tensão que pairava sobre eles.
No dia seguinte, Isabela voltou ao seu trabalho na fazenda da família de Ricardo, tentando afastar os pensamentos sobre o jantar. Ela cuidava de um dos cavalos quando ouviu o som de um carro se aproximando. Ao levantar o olhar, viu um carro de luxo parar próximo à entrada da fazenda.
Para sua surpresa, era o carro de Luiz e Lúcia. Eles nunca haviam aparecido na fazenda desde que Isabela começara a trabalhar ali, e o fato de estarem presentes naquele momento fez seu coração acelerar. De longe, enquanto eles desciam do carro e seguiam direto para a grande sala da fazenda, não havia dúvidas de que algo estava acontecendo.
A tensão no ar era palpável. Curiosa e com o pressentimento de que a visita deles estava relacionada a ela, Isabela os seguiu de forma discreta até se aproximar da grande porta de madeira que dava acesso à sala. Antes de entrar, parou ao ouvir as vozes elevadas que vinham lá de dentro.
Ela podia ouvir claramente o tom de discussão acalorada entre Ricardo e seus pais. "Não importa o que vocês digam, eu vou me casar com a Isabela," Ricardo exclamou, sua voz cheia de frustração. "Ela não é o tipo de mulher para você, Ricardo," Lúcia rebateu, sua voz cheia de desdém.
"Ela é pobre. O que as pessoas vão pensar? Você precisa de uma mulher da alta sociedade, alguém que saiba como lidar com o nosso meio.
" Luiz concordou com a esposa: "Já falamos com a sua ex. Ela é bem-sucedida e ainda tem sentimentos por você. " Ricardo, com a voz firme, não cedeu: "Eu não quero voltar com ela.
Eu amo a Isabela. " Isabela sentiu o coração disparar no peito. Sabia que não deveria estar ouvindo aquela conversa, mas não conseguiu se mover.
Ela nunca imaginou que os pais de Ricardo fossem tão contrários ao relacionamento deles. Mas ali, a verdade foi exposta em palavras dolorosas. Ela não esperou por mais; com o coração pesado, correu para o celeiro, escondendo-se antes que alguém a visse.
Longe dos olhares críticos e das vozes que ecoavam no casarão, Isabela se permitiu respirar fundo e processar tudo o que havia acabado de ouvir. Depois que os pais de Ricardo foram embora, Isabela se sentou no celeiro por alguns minutos; a pressão do que havia escutado era palpável. Ela sabia que precisaria falar com Ricardo sobre o que tinha ouvido, mas temia sua reação.
Afinal, ele era muito ligado aos pais, e aquela situação colocava ambos em uma posição desconfortável. Reunindo coragem, Isabela caminhou até a casa onde Ricardo estava, ainda pensando no que seus pais haviam dito. Quando o encontrou, ele estava sentado no sofá da sala, olhando para o chão, visivelmente perturbado.
“Ricardo, precisamos conversar”, disse Isabela, com a voz baixa, mas firme. Ele levantou os olhos para ela, e o cansaço era evidente em seu rosto. Ele parecia saber exatamente sobre o que ela queria falar.
“Eu sei o que você vai dizer”, Isa começou, ele, mas Isabela o interrompeu. “Não, você não sabe. Eu ouvi a discussão entre você e seus pais, e hoje meus pais vieram falar comigo.
Eles estão preocupados. Os seus pais disseram a eles que se nós nos casarmos, eles vão demiti-los do restaurante. Você sabia disso?
” Ricardo passou a mão pelo rosto, frustrado. “Sim, eles mencionaram isso”, ele admitiu, “mas eu já disse: nada vai acontecer. Meus pais estão apenas tentando me manipular.
Eles acham que podem controlar tudo, mas não podem. O casório vai acontecer, Isa, eu te prometo. ” Mas as palavras de Ricardo não traziam o conforto que ela esperava; ele não parecia tão confiante quanto dizia estar.
Isabela olhou para ele, seus olhos buscando alguma certeza no rosto do homem que ela amava. “Eu quero acreditar em você, Ricardo, mas não sei. A maneira como seus pais falaram, isso é cruel.
Você realmente acha que eles não vão seguir em frente com essa ameaça? ” Ricardo suspirou pesadamente e se levantou, começando a andar pela sala, claramente incomodado. “Eles não fariam isso, Isa.
Eu. . .
eu vou falar com eles de novo. Está bem, eu vou resolver isso. ” Isabela assentiu, mas não estava convencida.
Ela queria confiar nele, mas havia uma sombra de dúvida que se recusava a desaparecer. Os dias seguintes passaram com uma atmosfera tensa, e os preparativos para o casamento continuavam. Ricardo parecia mais distante, o que ele justificava como resultado do cansaço devido aos detalhes do casamento.
Porém, Isabela sentia que havia algo mais por trás desse comportamento. Ela continuava a trabalhar na fazenda, tentando seguir sua rotina normal. Em um dos dias, enquanto caminhava pelo campo, ela decidiu convidar algumas pessoas que trabalhavam na propriedade para o casamento.
Entre elas estava Manuel, o caseiro, um homem sério e de poucas palavras, mas sempre dedicado ao seu trabalho. Quando Isabela entregou o convite a ele, notou algo diferente em sua atitude. Manuel aceitou o convite com um leve sorriso, o que não era muito comum para ele.
“Obrigado pelo convite, Dona Isabela. Eu certamente estarei lá”, ele disse, sua voz carregada de uma gravidade que a fez prestar atenção. “Eu sinto muito pela sua perda, Manuel.
Ouvi dizer que sua esposa faleceu recentemente”, comentou Isabela com gentileza. Manuel acenou com a cabeça, o olhar distante. “Sim, ela se foi há pouco tempo, mas a vida continua.
Estarei no seu casamento, com certeza”, o tom de sua voz parecia ao mesmo tempo sério e animado, o que deixou Isabela intrigada. Quando ele se despediu, ela ficou pensativa por alguns minutos, mas logo retomou suas atividades, embora a sensação de que algo estava fora do lugar não a abandonasse. Poucos dias antes do casamento, Isabela saiu para fazer compras, buscando móveis para a casa onde ela e Ricardo morariam.
Ela estava animada com a ideia de decorar o novo lar, imaginando como seria o futuro ao lado do homem que amava. Mas, no caminho de volta, algo inesperado aconteceu. Enquanto dirigia, o carro começou a soltar fumaça.
Ela parou o veículo imediatamente e saiu, sentindo o coração disparar no peito. Em questão de segundos, o carro começou a pegar fogo. Isabela correu para longe, gritando por ajuda.
Pessoas nas lojas próximas correram para socorrê-la e começaram a apagar o fogo com extintores. Isabela ainda pegou o celular e ligou para Ricardo, sua voz vacilando: “Ricardo, o carro. .
. o carro pegou fogo”, disse, tentando controlar o pânico. “Eu estou bem, mas estou assustada.
” Ricardo chegou alguns minutos depois, dirigindo apressadamente. Quando ele parou o carro ao lado de Isabela, sua expressão era de preocupação, mas também de cansaço. Ele a ajudou a entrar no carro sem dizer uma palavra e começou a dirigir de volta.
Durante o caminho, ele parecia imerso em seus próprios pensamentos, falando pouco. Isabela olhou para ele, esperando algum tipo de conforto, mas Ricardo parecia distante, quase apático. Ela tentou quebrar o silêncio: “Isso foi muito estranho, não foi?
O carro do nada começou a pegar fogo. ” Ricardo deu de ombros, sem tirar os olhos da estrada. “Deve ter sido algum problema mecânico.
Coisas assim acontecem, Isa. ” A resposta dele foi tão fria que Isabela se sentiu ainda mais desconfortável. Ela esperava mais preocupação, mais cuidado, mas Ricardo estava distante, diferente do homem atencioso e carinhoso que ela conhecia.
Ao chegarem em casa, Ricardo parecia exausto, esfregando os olhos enquanto estacionava o carro. “Vamos descansar. Amanhã será um novo dia”, ele disse, sem emoção na voz.
Isabela assentiu, mas sabia que algo estava errado. A sensação de que o mundo ao seu redor estava desmoronando silenciosamente não a deixava. Após algumas semanas, o casamento finalmente iria acontecer.
Isabela, embora ainda com a mente cheia de dúvidas, decidiu seguir em frente com os planos. O dia estava ensolarado, e a fazenda estava impecavelmente decorada para a cerimônia. Tudo parecia perfeito aos olhos dos convidados.
Havia uma mistura de pessoas da alta sociedade, amigos e familiares de Ricardo, e pessoas mais humildes que Isabela havia feito questão de convidar, incluindo seus próprios amigos e funcionários da fazenda. No entanto, a presença dessas pessoas mais simples parecia incomodar os pais de Ricardo, Luiz e Lúcia, que mantinham expressões fechadas enquanto observavam o desenrolar dos preparativos. Isabela chegou à cerimônia em um carro elegante, com um belo vestido de noiva, sentindo o peso de cada olhar sobre ela.
Seu coração estava acelerado, e a ansiedade misturava-se com a emoção do momento. Ao descer do carro, ela viu seu pai Carlos já à espera para acompanhá-la pelo corredor. Corredor.
O velho sorriso de apoio que ele sempre lhe oferecia estava lá, mas ela sabia que ele também estava preocupado, especialmente após os acontecimentos das últimas semanas. “Você está linda, minha filha,” disse Carlos, oferecendo o braço a Isabela. “Obrigada, pai,” respondeu ela, respirando fundo.
“Vamos lá. ” Conforme caminhavam pelo corredor, os olhares dos convidados se fixaram em Ricardo, que no altar esperava por ela com um sorriso no rosto, transmitindo uma sensação de segurança que, por um momento, acalmou os temores dela. Isabela manteve o olhar fixo nele, tentando afastar da mente todos os acontecimentos recentes.
Naquele instante, tudo o que ela queria era focar no futuro que estavam prestes a construir juntos. Finalmente, ela chegou e posicionou-se ao lado de Ricardo. O padre começou a cerimônia, pronunciando palavras solenes e os conduzindo através dos votos tradicionais.
Os dois se olharam profundamente nos olhos, e Isabela, por um breve instante, acreditou que talvez as coisas pudessem dar certo. “Ricardo, você aceita Isabela como sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la por todos os dias de sua vida? ” perguntou o padre.
“Aceito,” disse Ricardo, com a voz firme. “Isabela, você aceita Ricardo como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo por todos os dias de sua vida? ” O padre perguntou.
“Eu aceito,” respondeu Isabela, com o coração batendo acelerado. O padre sorriu e fez sinal para que eles trocassem as alianças, mas no exato momento em que se preparavam para selar o casamento com o beijo, um ruído alto interrompeu a cerimônia. O som estridente de um microfone sendo ligado chamou a atenção de todos os presentes.
Confusos, os convidados começaram a se virar em direção ao palco, onde a banda estava instalada. Lá, Manuel, o caseiro da fazenda, segurava um microfone com as mãos trêmulas, mas seu olhar estava fixo e determinado. “Eu preciso dizer algo,” começou Manuel, sua voz amplificada pelo microfone fazendo o burburinho entre os convidados.
Ao entrar, Lúcia e Lu, sentados na primeira fila, ficaram visivelmente irritados e se entreolharam com raiva. “O que esse velho está fazendo? ” sussurrou Lúcia a Luiz, com os dentes cerrados.
“Seguranças, tirem-no daqui! ” ordenou Luiz, com um aceno rápido. Os seguranças já começavam a se mover em direção a Manuel, mas ele foi mais rápido e começou a falar em um tom de urgência.
“Eu. . .
a esposa, ela era tudo para mim, e eu só descansarei quando o responsável por sua morte estiver na prisão,” disse Manuel, a voz forte e amarga. O silêncio caiu sobre o local; todos os olhares estavam fixos nele, em choque e confusão. Lúcia e Lu ficaram pálidos.
“O responsável pela morte dela é você! ” continuou Manuel, apontando diretamente para o pai de Ricardo. Os convidados ficaram em choque; seus olhares imediatamente se voltaram para Luiz, que levantou-se furioso da cadeira.
“Esse velho está louco! ” gritou Luiz, tentando controlar a situação. “Tirem-no daqui agora!
” Os seguranças chegaram até Manuel e começaram a retirá-lo à força do local, mas Manuel, com um sorriso calmo no rosto, ainda disse mais uma frase que ecoou pelo ambiente: “Eu tenho as provas. Logo todos saberão a verdade. ” O burburinho começou a tomar conta do casamento, e Isabela, que até então estava congelada no altar, sentiu um calafrio percorrer sua espinha.
As palavras de Manuel ecoavam em sua mente e, de repente, tudo parecia fazer sentido: o carro pegando fogo, semanas antes; as ameaças de Luí e Lúcia sobre seus pais, a atenção que ela havia tentado ignorar nos últimos dias. Agora, parecia insuportável. Ela olhou para Ricardo, esperando que ele dissesse algo, mas ele parecia tão atônito quanto ela.
O sorriso que ele tinha no início da cerimônia desaparecera completamente; ele parecia perdido, sem saber o que fazer. O silêncio dele, a falta de uma reação firme, foram a gota d'água para Isabela. Sem pensar muito, ela deu um passo para frente.
“Ricardo,” estendeu a mão em sua direção, mas ela não parou. “Eu não posso, eu não posso fazer isso agora, Ricardo,” disse ela, sentindo a voz embargar. “Toda essa situação.
. . eu não sei em quem confiar.
Eu não sei o que fazer. ” Uma fileira já estava de pé, observando tudo com preocupação. Ela deu mais um passo para trás e, então, sem olhar para trás novamente, saiu correndo do altar, os olhos cheios de lágrimas.
Ricardo foi atrás dela, chamando seu nome, mas ela não parou. Ao chegar à saída, Isabela encontrou seus pais esperando por ela. Sem dizer nada, ela apenas acenou para eles, indicando que era hora de irem embora.
Quando já estava a uma distância segura da cerimônia, o telefone de Isabela tocou. “Era Ricardo. ‘Isa, por favor, precisamos conversar!
’” A voz dele soava desesperada. “Eu não posso, Ricardo, não agora. Eu preciso de tempo, e tenho medo de que tudo o que Manuel disse seja verdade,” respondeu ela, tentando segurar as lágrimas.
Desligando o telefone, Isabela não sabia ao certo o que o futuro reservava, mas uma coisa era clara: ela não podia se casar naquele momento. As dúvidas e o medo eram grandes demais. E naquele mesmo dia, as consequências daquela decisão começariam a se desenrolar quando a polícia bateu à sua porta.
Os policiais entraram e disseram que tinham algumas perguntas. “A senhora disse que o carro começou a pegar fogo do nada? ” perguntou um dos policiais, franzindo o cenho enquanto relia suas anotações.
“Sim, foi tudo muito rápido. Eu estava saindo de uma loja e, quando entrei no carro, senti um cheiro estranho. Em seguida, começou a sair fumaça e o fogo surgiu em questão de segundos,” explicou Isabela, ainda tentando controlar a voz.
O outro policial olhou para seu parceiro, assentiu e depois voltou a atenção para ela. “Isso aconteceu antes ou depois do que Manuel disse no casamento? ” “Foi antes,” respondeu Isabela, com a voz trêmula.
“Bem antes, algumas semanas antes do casamento. ” Os policiais trocaram olhares, claramente preocupados. “Mais alguma coisa fora do comum?
” “Aconteceu algo que lhe parecesse estranho na época? ” insistiu o primeiro policial. Isabela hesitou, lembrando-se das.
. . Ameaças veladas que os pais de Ricardo haviam feito sobre demitir seus pais e do comportamento estranho de Ricardo nos dias que antecederam o casamento.
Ela mordeu o lábio, indecisa sobre o quanto deveria compartilhar. — Bem, os pais de Ricardo ameaçaram demitir meus pais se eu me casasse com ele — confessou com a voz baixa. Os policiais pararam de escrever e a encararam.
— Eles chegaram a dizer isso diretamente para você? — Não, eles foram falar com meus pais. Meus pais vieram até mim e me contaram.
Isabela sentiu um arrepio na espinha enquanto falava, como se as palavras dela tivessem vida própria e estivessem desenrolando algo muito maior do que ela podia prever. Os dois policiais trocaram olhares novamente, um deles se aproximando um pouco mais. — Isso é muito importante, senhora.
Essa informação pode estar conectada a outros eventos que estamos investigando. Nós sabemos que você está em um momento difícil, mas pediríamos que você ficasse à disposição, caso precisemos de mais informações. Isabela assentiu, sentindo o peso da situação aumentando.
— Claro, eu entendo. Farei o que puder para ajudar. Após mais algumas perguntas, os policiais finalmente se despediram.
Isabela os acompanhou até a porta, fechando-a suavemente. Depois que eles se foram, ela ficou parada por um momento, olhando para o chão, sentindo-se completamente exausta. Era como se o mundo que conhecia estivesse desmoronando e as pessoas que ela pensava conhecer de repente se tornassem desconhecidas.
Ricardo, seus pais. . .
tudo parecia confuso e cheio de sombras. Os dias haviam passado como um borrão para Isabela, e cada novo detalhe sobre a história de Manuel e a família de Ricardo parecia tornar tudo mais sombrio. Quando ela finalmente soube o motivo exato pelo qual Manuel culpava Luiz pela morte de sua esposa, um peso enorme se instalou sobre seus ombros.
Manuel havia sido discreto ao contar, mas foi claro: sua esposa, que trabalhava há muitos anos na casa de Luiz e Lúcia, escutou conversas comprometedoras. Ela descobriu que a fortuna deles não era fruto apenas de negócios legítimos, mas de esquemas ilegais que arruinaram a vida de muitas pessoas. Quando a esposa de Manuel começou a suspeitar que poderia estar em perigo por causa do que sabia, já era tarde demais; ela sofreu um acidente misterioso, e Manuel nunca acreditou que aquilo tivesse sido obra do acaso.
O que mais abalou Isabela foi saber que Ricardo, o homem que ela havia amado e quase se casado, poderia estar envolvido, mesmo que indiretamente. Tudo o que ela tinha vivido com ele parecia uma mentira, uma ilusão construída em cima de segredos e corrupção. E, como se isso não fosse suficiente, as ligações inicialmente eram apenas algumas ligações estranhas, números desconhecidos que ela evitava atender.
Mas logo a frequência aumentou, e as ameaças se tornaram diretas: "não depõe contra Luiz ou você vai se arrepender". A voz do outro lado da linha era fria, indiferente. Era claro para Isabela que as pessoas que estavam por trás das ameaças sabiam muito bem onde encontrá-la, e isso a aterrorizava.
Ela não conseguia dormir à noite; seus pensamentos a devoravam por dentro. Cada vez que o telefone tocava, ela congelava, o medo invadindo seu corpo como uma onda sufocante. Mesmo com a prisão de Luiz e Lúcia parecendo iminente, aqueles telefonemas a faziam duvidar se a justiça realmente prevaleceria.
Foi então que, após alguns dias de silêncio, Ricardo apareceu na porta de sua casa. Ele parecia diferente, com o semblante abatido, os olhos cheios de tristeza e arrependimento. Isabela, por um instante, pensou em fechar a porta antes mesmo que ele pudesse falar, mas hesitou.
Ricardo, percebendo que ela estava prestes a bloqueá-lo, segurou a porta com uma das mãos, forçando uma conversa. — Por favor, Isabela, me escuta. Eu preciso falar com você — disse ele, sua voz cheia de uma urgência que ela nunca havia ouvido antes.
— Não há mais o que dizer, Ricardo. Vai embora — respondeu Isabela, tentando manter a calma, mas o turbilhão de emoções quase a sufocava. Ricardo, sem pedir mais permissão, entrou na casa.
Isabela quis protestar, mas sabia que uma última conversa talvez fosse necessária. — Eu sei que você está com raiva, que está magoada. E você tem todo o direito de estar — começou ele, a voz quebrada.
— Eu só quero pedir desculpas de verdade. Eu não sabia de tudo, eu juro, mas agora. .
. agora eu sei. Isabela cruzou os braços, tentando se proteger emocionalmente.
— Você sabia o suficiente, Ricardo. Sabia sobre os esquemas dos seus pais e, mesmo assim, nunca me contou. Eu quase me casei com você!
— sua voz falhou, e ela sentiu as lágrimas ameaçando cair, mas se manteve firme. Ricardo abaixou a cabeça, como se não tivesse forças para enfrentar o olhar dela. — Eu sabia que eles não eram santos, que faziam negócios escusos, mas eu nunca imaginei que eles fossem capazes de prejudicar alguém dessa maneira.
Nunca pensei que estariam envolvidos na morte da esposa de Manuel ou que fariam algo contra você, Isa. Ele respirou fundo antes de continuar, sua voz mais baixa agora, quase um sussurro. — Eu vou me redimir de qualquer jeito.
Vou contar tudo à polícia. Você precisa depor, precisa contar o que sabe, e depois. .
. depois você deve ir embora daqui, se proteger. Mesmo que eles sejam presos, não confie neles.
Eu não posso garantir sua segurança enquanto estiver por perto. — E o que vai acontecer com você? — perguntou Isabela, com uma pontada de preocupação.
Apesar de tudo, Ricardo ergueu os olhos, e o que ela viu ali foi um homem destruído. — Eu vou pagar pelo que fiz, Isa. Eu fechei os olhos para tudo isso por tempo demais.
Eu preciso arcar com as consequências também. As lágrimas de Isabela, antes contidas, começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto. — Eu.
. . eu não sei o que dizer, Ricardo.
Isso tudo é tão confuso. . .
tão. . .
— ela colocou a mão sobre o peito, tentando conter a dor que crescia dentro dela. — Não precisa dizer nada — interrompeu Ricardo suavemente. — Apenas faça o que é certo.
Depõe contra. . .
Eles, e depois vai embora: proteja a si mesma e sua família. Eu já perdi você, mas não posso perder. Entendo que você está em perigo.
Ele se aproximou lentamente, como se não quisesse assustá-la; seus olhos estavam cheios de arrependimento e desespero. — Eu sinto muito, Isa, sinto muito por tudo — Ricardo se virou para sair, deixando um vazio na sala e no coração de Isabela. Ela não conseguia falar, não conseguia se mover; apenas viu quando ele fechou a porta atrás de si.
E quando o som da fechadura ecoou, ela desabou em lágrimas, sentindo que o peso de toda aquela situação estava esmagando sua alma. Alguns dias depois, a notícia veio: Ricardo e seus pais haviam sido presos. Luí e Lúcia foram condenados a longas penas de prisão, enquanto Ricardo, por ter colaborado com as investigações, recebeu uma pena menor, mas ainda assim foi sentenciado.
A dor de ver o homem que amava atrás das grades misturava-se ao alívio de saber que, finalmente, a justiça estava sendo feita. No entanto, o pesadelo não terminou ali; as ligações ameaçadoras continuaram, mesmo após a prisão dos Salgado. Isabela sabia que a influência deles não desapareceria facilmente.
Desesperada, ela seguiu o conselho de Ricardo e procurou a polícia. Foi então que tomou a decisão mais difícil de sua vida: entrar para o programa de proteção a testemunhas. Ela e seus pais mudaram-se para uma nova cidade, com novos nomes e uma vida completamente diferente.
Isabela jamais imaginou que chegaria a esse ponto: uma vida recomeçada do zero, longe de tudo e todos que conhecia, carregando o peso de um amor destruído e de segredos que quase lhe custaram a vida. Cinco anos haviam se passado desde que Isabela, seus pais e tudo o que ela conhecia ficaram para trás. O novo começo parecia, inicialmente, uma imposição da vida, uma necessidade forçada pelo perigo e pelas circunstâncias.
Mas, com o tempo, aquilo que começara como uma fuga se revelou um recomeço abençoado. A nova cidade, antes desconhecida e incerta, tornou-se um lugar de felicidade e realização, tanto para ela quanto para seus pais, Carlos e Ana, que antes levavam uma vida limitada e contida. Agora, eles estavam florescendo.
Os dois haviam conseguido novos empregos em posições melhores e mais gratificantes. Carlos agora trabalhava como supervisor em uma pequena empresa de transportes, algo que ele nunca havia imaginado alcançar em sua antiga vida como manobrista. Ana, por sua vez, virou chefe em um restaurante acolhedor, muito admirada pelos clientes e pela equipe.
A cada dia, Isabela via mais sorrisos no rosto deles, um brilho que não via há anos. — Você viu que o papai vai fazer um churrasco com os novos amigos dele no próximo fim de semana? — Ana comentou, sentada no sofá ao lado de Isabela.
Isabela riu. — Eu vi! Nunca pensei que ele fosse se animar tanto para uma festa!
— respondeu, divertida. — Parece que ele está curtindo essa nova fase da vida. — E está!
Nós dois estamos. Essa cidade. .
. ela nos trouxe algo que nem sabíamos que precisávamos. Ana olhou para a filha, sua expressão tranquila.
— Agora estamos vivendo, não apenas sobrevivendo. Isabela assentiu, feliz por ver os pais tão realizados. Eles sempre foram pessoas discretas e tímidas, que raramente saíam para eventos ou encontros na cidade anterior.
No entanto, ali, naquele novo lar, tudo era diferente. Amizades floresceram, as saídas se tornaram frequentes, e a felicidade genuína era visível a cada conversa e gesto. Mas não foi apenas a vida dos pais de Isabela que havia mudado para melhor.
Depois de longas batalhas jurídicas, Isabela recebeu uma indenização dos pais de Ricardo, algo que a ajudou a dar um passo importante: abrir seu próprio pet shop. O lugar que ela havia imaginado durante meses tomou forma com muito esforço e dedicação. Em pouco tempo, o negócio cresceu, e logo ela precisou de ajuda para atender à demanda.
Foi aí que Lucas apareceu. Lucas era jovem, cuidadoso e, acima de tudo, tinha um amor incondicional pelos animais. Desde o momento em que entrou na loja para pedir emprego, Isabela sentiu que ele tinha algo especial.
Ele se dedicava ao trabalho com um carinho que a impressionava, tratando cada animal que passava pelo pet shop como se fosse único. — Não sei como eu fazia isso sozinha antes de te contratar — disse Isabela, um dia, observando Lucas brincar com um filhote de cachorro que aguardava adoção. — Você é incrível, Isa.
Se conseguiu segurar tudo isso sozinha por tanto tempo, imagina agora com a minha ajuda! — Lucas brincou, lançando um sorriso. Com o passar do tempo, a relação profissional se transformou em algo mais profundo.
Lucas e Isabela se aproximaram de maneira natural, compartilhando mais do que apenas o amor pelos animais. Eles começaram a sair juntos e, antes que percebessem, estavam namorando. A vida que antes parecia uma eterna batalha agora parecia dar frutos doces.
Para Isabela, o namoro evoluiu, e em pouco tempo eles decidiram se casar. A cerimônia foi simples, nada comparado ao casamento grandioso que Isabela quase teve com Ricardo, mas a simplicidade daquele momento o tornou ainda mais especial. Rodeados por amigos, familiares e, claro, alguns dos animais resgatados que faziam parte da vida deles, Isabela e Lucas selaram a união com a certeza de que estavam vivendo o amor genuíno.
Poucos meses depois do casamento, veio outra surpresa: Isabela estava grávida e logo descobriu que seriam gêmeos. A notícia trouxe uma alegria indescritível para ela e Lucas, e os meses que se seguiram foram de expectativa e preparação. Quando os bebês finalmente nasceram, Isabela sentiu que sua felicidade não poderia ser maior.
— Eles são perfeitos — disse Lucas, emocionado, enquanto segurava um dos gêmeos nos braços. — Temos uma família agora, Isa. Ela, com os olhos cheios de lágrimas, apenas sorriu e concordou.
A vida que ela sempre sonhou estava se realizando de um jeito que jamais poderia ter previsto. Por mais que estivesse feliz, o passado de Isabela às vezes retornava em pensamentos distantes. Ela sabia que, em algum momento.
. . Precisaria lidar com a sombra que ainda pairava sobre sua antiga vida, especialmente em relação a Ricardo.
Ela soube, através de alguns conhecidos em comum, que havia sido solto; ele havia cumprido uma pena curta, graças à sua cooperação com as autoridades. Agora, vivia uma vida muito diferente da que havia sido destinada a ele: trabalhava em um emprego simples e morava em um pequeno apartamento de um quarto, longe do luxo em que havia sido criado. Essas notícias não trouxeram medo a Isabela; pelo contrário, elas a fizeram perceber que, finalmente, seu passado não a assombrava mais.
Ricardo estava pagando suas dívidas com a sociedade, e ela havia encontrado a paz que tanto buscava. Naquela noite, ao voltar para casa, Isabela encontrou Lucas brincando com os gêmeos no tapete da sala. Ela se sentou ao lado deles, observando a felicidade estampada no rosto do marido e dos filhos.
"Sabe, Lucas, às vezes eu acho que nunca imaginaria chegar aqui, nessa vida," disse ela, sua voz suave. Lucas a olhou com carinho. "Mas você chegou, e agora é aqui que você pertence.
Estamos todos juntos. " Isabela sorriu, sentindo que, finalmente, o passado havia sido deixado para trás. Agora, tudo o que importava era o presente e as pessoas que ela amava.