salve galera bem-vindos ao se liga eu sou a professora Renata Esteves de sociologia vou abordar nessa aula o caráter de tópico da modernidade líquida do Bauman distopia é o oposto de Utopia se Utopia é aquele lugar em que a gente quer viver a distopia corresponde ao ideal de um lugar que a gente não quer viver de jeito nenhum e para o Bauman a modernidade líquida corresponde sim a uma distopia ele faz uma contraposição à modernidade sólida e se muitos intelectuais já se debruçaram sobre Os horrores do Pesadelo da modernidade sólida que seria a opressão e
o excesso de controle do Estado o totalitarismo é porque talvez ainda não tenha percebido esse dado conta dos Horrores que a modernidade líquida também tem é isso que o bauma propõe na obra um diagnóstico dos nossos tempos a modernidade e para compreender os problemas e a distopia que é a modernidade líquida é que eu convido vocês para essa aula bora se liga a modernidade líquida é uma obra do sociólogo polonês Digimon Bauman que nasceu em 1925 e faleceu em 2017 essa obra foi escrita em 1999 Então é bom lembrar que é uma obra que já
possui mais de 20 anos no entanto ela ainda nos auxilia a dar uma dimensão dos problemas que nós enfrentamos hoje o bauma utiliza essa expressão líquido como uma metáfora para a gente compreender os nossos tempos se contrapondo a modernidade anterior que ele denomina sólida no prefácio dá uma afirma os fluidos se movem facilmente eles fluem escorrem e vem se respingam transbordam vazam e não dão borrifam pingam são filtrados destilados Diferentemente do sólidos não são facilmente contidos contornam certos obstáculos dissolvem outros e invadem ou inundam o seu caminho dos encontros consoles emergem impactos enquanto os sólidos
que se encontraram se permanecem sólidos são alterados ficam molhados ou encharcados então por que que ele utiliza essa metáfora do líquido se opondo ao sólido que seria a modernidade anterior imagina alguns sólido imagina um recipiente redondo e eu uso argila para moldar algum artefato com esse recipiente Redondo esse artefato ele fica bem consolidado É difícil destruir é difícil deformar é difícil alterar imagina se eu faço isso de cimento ou de algum outro produto Agora imagina um recipiente Redondo onde eu coloco água que é líquida ela adquire imediatamente o do recipiente mas se eu colocar em
outro recipiente num recipiente quadrado ela já se modifica mas a principal ideia aqui é que as moléculas do líquido elas são fluidas elas são desconectadas praticamente e já a molécula no sólidos são principalmente conectadas a questão do bauma é justamente essa Qual será o impacto de uma vida que tá dentro dessa fluidez dessa mobilidade como será que funciona uma sociedade que tá dentro dessa dinâmica de fluidez e de liquidez mudança fluxos e efemeridade são essas as palavras chaves para a gente compreender esse nosso período moderno de liquidez Mas afinal a modernidade já não compreende uma
era de muitas mudanças porque vamos pensar Quando se inicia a modernidade lá século 15 século 16 em que existe a quebra do antigo regime em que todas as práticas são alteradas E aí a modernidade não significa uma alteração constante então para o Bauman não Como diria o próprio Marx tudo que é sólido desmancha no ar se referindo também a modernidade a ideia destruir toda aquela sociedade antiga que se fundamentava Na Autoridade do Rei e da igreja no entanto era construir outra estrutura também sólida Vale lembrar que que o Weber identifica esse processo de modernidade como
um processo de burocratização então ainda existe poder e controle do Estado porém de forma diferente mas ainda assim de forma estruturada vida mas quando que começa a transição entre o que a gente chama de modernidade sólida para modernidade líquida não existe um período exato porque isso se refere a um processo e um processo que ainda está acontecendo vocês vão ver que ainda é possível identificar elementos hoje da modernidade sólida então não ocorre de um dia para o outro mas a gente pode pensar que as reestruturações produtivas foram grandes responsáveis pela modernidade sólida por essa forma
fluida da gente existir porque exigiram novas demandas então eu pensaria aqui que a partir da década de 80 com a reestruturação produtiva do toyotismo com a globalização e depois com advento da internet que também possibilitou novas reestruturações produtivas o nosso mundo foi ficando cada vez mais líquido então teremos elementos de liquidez a partir da década de 80 mas ainda hoje é possível identificar alguns elementos sólidos Mas afinal vamos tentar compreender o que que é a modernidade sólida e o que é a modernidade líquida e quais são os seus elementos para facilitar isso o bauma Opera
com dois conceitos o conceito de Capitalismo pesado que estaria presente na modernidade sólida e o capitalismo leve que estaria presente na modernidade líquida para explicar para a gente o que que é essa modernidade sólida fundamentada né tendo como paradigma a organização produtiva do fordismo basta a gente pensar na fábrica da Ford ela é pesada porque ela é grande e ela ocupa bastante espaço ou com bastante território ela é sólida em sua estrutura no espaço e no tempo no tempo porque os trabalhadores têm hora para entrar e hora para sair existe ali um tempo rígido de
funcionamento Além disso ela é sólida também no vínculo empregatício a gente tem uma um tipo de vínculo empregatício parecido com o nosso regime de CLT onde o trabalhador tem os seus direitos bem determinados e bem rígidos ela é sólida também na própria relação entre os trabalhadores assim vai existir também um fortalecimento do sindicatos o que a gente pode perceber é que no capitalismo pesado é importante isso existe muito investimento imagina uma fábrica grande uma fábrica que demanda muito tempo para você contratar um funcionário você precisa assinar uma carteira assinaram um contrato Então eu preciso investir
naquele funcionário por outro lado o funcionário também vai investir naquela carreira era muito comum que alguém que entrasse na fábrica da Ford ou dentro dessa organização produtiva às vezes ficava a vida inteira trabalhando nisso então há um investimento tanto por parte do empregador quanto por parte do empregado assim investimento é a palavra chave para a gente compreender essa modernidade sólida agora imagine que eu tô falando de um processo produtivo mas que esse capitalismo pesado ele se reflete em todas as outras ordens da sociedade ele se reflete também além do campo econômico também no campo político
no campo cultural também no campo afetivo e até mesmo no campo da educação assim também vai ser com a modernidade líquida esse processo produtivo do capitalismo leve vai se estender para todas as outras esferas da sociedade para compreender isso dá uma dó tá aqui como paradigma a Microsoft porque ela está relacionada aos novos processos produtivos e também ao advento da internet então a gente vai perceber que aqui existe uma fluidez no tempo no espaço e no vínculo empregatício encontra a posição com a modernidade sólida o que a gente vai notar aqui é que não há
praticamente investimento o trabalhador muitas vezes está lá na sua casa trabalhando com celular olha como isso é leve um pequeno celular ou às vezes um pequeno computador ele sequer precisa ir para fábrica então não demanda tanto investimento quanto demanda a modernidade sólida o vínculo empregatício também é leve fluido muitas vezes ele é contratado em regime temporário então aqui também há pouco investimento por parte do trabalhador que provavelmente não vai ficar tanto tempo na empresa como ele costumava ficar ali no período do fordismo então o que que a gente pode perceber que na modernidade líquida tem
menos investimento ela é mais fluida ela é mais leve Calma caracterizava a modernidade sólida como uma sociedade produção enquanto a modernidade líquida ele caracterizava como uma sociedade de consumo Mas qual que é a diferença entre uma sociedade de consumo e uma sociedade de produção imagina a fábrica da Ford sociedade de produção ué mas ele não fazia carro para ser consumido sim mas esse consumo ele tava fundamentado nas necessidades Então a gente vai ver que esse produto tendia a durar mais eu tô falando da Ford mas pensar em todos os produtos que a sua avó a
sua bisavó consumia eles duravam Muito provavelmente a geladeira da sua bisavó viveu com ela a vida inteira e outros produtos também já na modernidade leve né no capitalismo leve na modernidade líquida a gente tem uma sociedade de consumo em que está Funda nada sobre o desejo e o desejo é algo passageiro o produto dura menos às vezes pela obsolescência programada ele tá programado para parar de existir a qualidade dele é claramente menor mas às vezes também porque ele sai de moda porque não me interessa mais então existe uma demanda muito grande nessa modalidade líquida pelo
consumo só que isso vai se estender também para as outras esferas da sociedade e sobretudo para as relações humanas as nossas amizades deixaram de ser amizade de produção para virarem amizades de consumo O que que é uma amizade de produção é uma amizade que exige investimento exige tempo mas a gente não demanda mais todo esse tempo a gente não quer passar tanto tempo investindo nas amizades a gente quer muita amizade mas Amizades que sejam fáceis de desconectar que na época dele ele tinha poucos amigos e até hoje ele conta nos dedos das mãos o tanto
de amigo que eles têm só que seria uma amizade sólidas bem construídas E aí ele diz o menino outro dia me disse que fez não sei quantos amigos no Facebook São muitos amigos mas é uma amizade fluida às vezes eles nem se conhecem pessoalmente só que a graça disso está na desconexão quando dá qualquer tipo de problema na amizade ele vai lá e tira o amigo do Facebook com apenas um clique é muito fácil de desconectar Então a gente tem dificuldade de construir amizades porque a gente não tem mais tempo para investir nessas amizades isso
acontece também nas nossas relações amorosas que se tornam cada vez mais fluidas basta a gente pensar nos aplicativos de namoro que transformam as próprias pessoas consumo quando a gente está usando o aplicativo de namoro aquilo parece mais um cardápio aonde você tem várias opções e basta você clicar para escolher e sair com alguém e depois também é fácil de se conectar já antigamente as relações amorosas elas exigiam muito investimento pensa de novo na sua avó ou na sua bisavó depende aí da sua idade provavelmente ela teve um relacionamento só ela só conheceu o seu vô
ela morreu junto com seu vô Então imagina o investimento afetivo que ela teve pelo seu vô e hoje a gente não tem mais tanto esse investimento na verdade nós mesmos nos colocamos como produto neste aplicativo a gente escolhe as melhores frases e as melhores fotos estamos lá prontos para ser consumidos da mesma maneira que a gente também consome o outro então a gente vai perceber uma fluidez que termina fragilizando os laços humanos de uma forma geral estilo de vida aí a gente busca auto ajuda coaching neurocientista nos explicando práticas de como que a gente deve
viver a gente pode comprar o estilo hippie o estilo skatista roqueiro tatuado enfim isso porque na modernidade líquida nós somos aquilo que nós consumimos também porque nós estamos muito marcado por um forte individualismo isso porque a modernidade líquida é consequência sobretudo de um neoliberalismo e a gente vai perdendo a dimensão do coletivo as duas formas de modalidade a sólida é líquida podem ser encaradas de uma forma negativa e crítica isso porque para o Bauman a grande vontade do ser humano é de unir duas coisas que são inconciliáveis a liberdade e a segurança a liberdade mais
é ruim a segurança de mais é ruim por que que a liberdade mais é ruim pense em alguém que não tem onde morar que não que está desempregado o que que ele tem liberdade porque ele não possui nenhum tipo de vínculo mas a segurança em excesso também é ruim porque alguém tem segurança em excesso é muito controle e pouca mobilidade assim se a modernidade sólida peca pelo excesso de segurança porque existe muito controle do Estado a modernidade líquida peca pelo excesso de liquidez porque não existe nenhuma perspectiva de vida então a distopia da modernidade sólida
correspondia ao excesso de Estado ao excesso de controle isso cai expresso por exemplo nas obras do aldaus hucksley que é o admirava o mundo novo ou 1984 do George Way ou até mesmo no conceito de panóptico do Foucault A ideia é que o controle burocrático do retirava a liberdade do indivíduo na medida que massificava e padronizava tudo então a luta era contra o excesso de estado o medo era contra o controle o medo era contra esse excesso de segurança mas baumanus adverte que a distopia da modernidade líquida consiste justamente no esvaziamento do espaço público o
indivíduo na modernidade líquida ele não se reconhece no coletivo ele é Solitário ele não investe ele não consegue sequer pensar em imaginar um outro mundo possível ao qual ele é capaz de construir juntamente com o coletivo é um indivíduo que ainda possui crítica Mas é uma crítica mais superficial aquilo que o Bau manda denomina padrão de crítica do Acampamento Imagine que você vai acampar E aí você encontra vários problemas ali no acampamento problemas relacionado à água ou algum tipo de conforto Como que você resolve isso como acampamento é um lugar que você vai ficar pouco
tempo Provavelmente você vai lá e reclama para o administrador você não resolve Aquilo em conjunto E nem você se coloca como responsável daquele tipo de problema então ele funciona de forma solitária de forma individualista ele não consegue se Enxergar como coletivo e pensar em transformações sólidas é uma transformação momentânea resolveu na hora tudo bem mesmo porque não é ali que eu quero ficar isso tem relação com a efemeridade e com a fluidez que a gente encontra na modernidade líquida essa é a distopia da modernidade líquida não há projeto não há investimento a emancipação para o
indivíduo da modernidade líquida corresponde a simples capacidade de poder agir por si mesmo para ele o consumo Libertador apenas a possibilidade dele ter escolhas e de ele poder consumir escolher estilos de vida já representa uma emancipação Agora imagina uma sociedade assim para onde nós iremos caminhar com uma sociedade que não tem absolutamente nenhum projeto uma sociedade que passa a compreender as grandes questões da vida como questões particulares próprias individuais para compreender ainda melhor essa questão o bauma Opera com dois conceitos de liberdade existe uma liberdade que a gente pode pensar como uma liberdade negativa que
significa a remoção dos obstáculos Isso tá muito relacionado com uma liberdade mercado que é com a ausência do Estado aonde os produtos podem fluir livremente sem os obstáculos que às vezes o estado traz mas também existe uma outra forma de pensar e a liberdade que a liberdade positiva que é pensar nas possibilidades de transformação e na capacidade que eu tenho de modificar Essa sociedade conforme as minhas necessidades para que a gente consiga pelo menos ter uma sensação de liberdade de duas uma ou a gente amplia a nossa capacidade de transformação E aí nós precisaremos nos
unir e precisaremos de estado ou nós reduzimos a nossa capacidade de desejo e de imaginação assim a gente tem uma sensação de liberdade para o bauma a modernidade líquida e o problema da líquida é que ela corresponde Justamente a isso ela diminui os nossos anseios os nossos desejos e principalmente a nossa imaginação como a gente está muito concentrado no consumo nós não conseguimos pensar em outro mundo possível em outras formas de vida então a gente tem uma sensação de que somos livres porque os obstáculos são removidos isso principalmente no capitalismo mais desenvolvido né nos países
de Capitalismo desenvolvido Onde eu posso consumir muito onde eu tenho escolhas então isso me traz uma falsa sensação de liberdade mas na realidade como eu não posso escapar imaginar um outro mundo possível então eu também não penso em transformar esse é nessa medida que o balão sugere como uma possível diminuição dos impactos e efeitos dessa modernidade líquida a volta sabe a Ágora a democracia antiga da Grécia aquela ideia do homem como um animal político colocado por Aristóteles o homem como um animal da polis então aqui ele sugere mais estados mas não naquele modelo presente na
modernidade sólida a ideia aqui não é o totalitarismo mas sim os ideais já trazidos pela própria modernidade de democracia pensar que existe um espaço coletivo e que esse espaço coletivo ele deve ser utilizado sobretudo para garantir as liberdades individuais é assim que o bauma entende que dá para a gente equilibrar um pouco de liberdade com segurança nós precisamos nos reconhecer como coletivo e debater ideias com base nas necessidades coletivas Para que assim a gente consiga garantir também as liberdades individuais e de alguma forma conciliar a liberdade e a segurança finalizo por aqui com essa sugestão
do Baumann para que a gente se reconheça dentro do coletivo para que a gente comece a se repensar como um animal da polis como um animal político e assim visse garantir tantos os nossos direitos coletivos como os nossos direitos individuais se restou alguma dúvida deixa aí nos comentários eu vou ficando por aqui beijos e até a próxima aula