Finitude e a revolução da longevidade | Alexandre Kalache

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Café Filosófico CPFL
A longevidade é uma realidade. Estudos mostram que estamos vivendo trinta anos mais do que os nossos...
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[Música] C [Música] [Risadas] Por que falar de finitude a cultura contemporânea ocidental parece querer negar a morte vivemos na fantasia da imortalidade se a realidade da morte evidencia a nossa finitude e temporalidade é também diante da Perspectiva da Morte que surge a urgência da Vida tema desta série do Café Filosófico a longevidade é uma realidade estudos mostram que estamos vivendo 30 anos mais que os nossos avós e que os nossos filhos e netos viverão ainda mais uma revolução que está impactando a vida de todos nós o médico Alexandre calash curador desta série nos mostra o
que essa revolução traz implicações para nós indivíduos e para a sociedade e alerta para o fato de que devemos nos preparar ao longo do curso da vida isso significa até a nossa finitude se nós olharmos um século começa em 1950 e termina em 2050 o que em termos da história da humanidade absolutamente nada é um clique dos dedos nesse século nós vamos ter um aumento da população em geral de menos de qu vezes a população de 60 anos e mais aumentará 10 vezes a população de 80 anos e mais aumentará neste século 26 vezes de
14 para praticamente 400 milhões de pessoas isso é revolucionário isso vai ter um impacto na vida nossa dos nossos filhos dos nossos netos é o imperativo demográfico do Século XXI de acordo com os nossos dados do IBGE nós chegaremos em 2050 com mais de 30% da população com os tais 60 anos que é assim que se define de acordo com a ONU a população idosa isso terá um profundo Impacto porque Poucos países terão tido um envelhecimento tão rápido quando eu nasci a expectativa de vida no Bras era de 43 anos hoje ela tá em 75
já tá passando desse Marco simbólico do 7 anos são 33 34 anos a mais de vida não são 30 anos de velice e o efeito é retrospectivo vai ter uma influência em todas as etapas da vida e nós temos que assegurar a qualidade da vida até o final que essa finitude também seja com saúde mas tem outra razão porque essa rapidez esse envelhecimento populacional nós estamos vivendo muito mais e os jovens estão tendo muito menos filhos Desde o ano 2000 nós temos taxas de fecundidade que estão abaixo da reposição se um casal não tiver dois
filhos esse casal não vai se repor em uma geração nós deixamos de ter virtualmente seis filhos por mulher para agora termos menos de dois Então essa é a grande velocidade isso é o que dá força e energia para essa transição demográfica para esse envelhecimento populacional hoje nós temos cerca de 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos daqui a poucas décadas serão 78 milhões em 2060 todos os outros grupos etários menos de 14 de 15 a 49 de 50 até 59 todos esses grupos estão diminuindo a na população brasileira o único grupo que cresce
é o grupo que tem 60 anos e mais os países desenvolvidos eles primeiro enriqueceram para depois envelhecer nós não nós estamos realmente com um desafio muito grande e para que a gente possa responder bem a gente tem que adotar uma perspectiva de curso de vida quando a gente nasce a gente é completamente dependente de alguém que nos cuide Geralmente os nossos pais e muito rapidamente a nossa capacidade funcional começa a aumentar e nós chegamos ao pique da nossa capacidade funcional lá por volta dos 25 anos desde que você continue acima do Limar de dependência que
você tem 85 anos mas você dá conta do recado você tem as atividades de vida cotidiana você escova o dente come vai o correio faz um telefonema usa o Skype Isso é o que define como que a gente pode viver independentemente se a gente está acima dessa linha de dependência o problema nenhum o problema é quando a gente não chega ao pique dessa capacidade funcional e começa a cair muito rápido e começa a cair muito rápido porque tem os determinantes sociais da Saúde eh nós somos filhos da pobreza não temos um nível Educacional adequado não
temos um uma ação que nos dê prazer temos péssimo transporte público estamos estressados começamos com hipertensão aos 30 anos não nos cuidamos direito não encontramos serviços adequados e pá aquela hipertensão pode se transformar num derrame e aos 60 anos você fica hemiplégico você pode estar vivo mais 30 Mas a qualidade da sua vida não será igual nós estamos aqui para discutir a finitude desse indivíduo começa 30 Anos Antes daquele que chegou aos 85 e 90 acima do Limiar de dependência morre lentamente quem não troca de ideias não troca de discurso evita as próprias contradições morre
lentamente quem evita uma paixão quem prefere o Preto no Branco e os pingos no zis H um turbilhão de emoções Indomáveis justamente as que resgatam brilho nos olhos sorrisos e soluços coração aos tropeços sentimentos morre lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música Quem não acha graça de si mesmo morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuba incessante desistindo de um projeto antes de iniciá-lo não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe que amanhã portanto demore muito para ser o
nosso dia já que não podemos evitar um final repentino que ao menos evitemos a morte em suaves prestações lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar a qualquer momento da vida a gente pode fazer uma intervenção aquele cara sedentário deixou de ser ao 58 ao 73 ou aos 20 e que isso seja um mantra quanto mais cedo melhor mas nunca é tarde demais PR você dar um jeito na tua vida na verdade com essa revolução da longevidade a vida deixou de ser aquela corrida de 100 m que você vinha
com toda energia para chegar ao final Aos 45 para ser uma maratona e uma maratona você não chega ao seu final se você não ti estratégias se você não desenvolver habilidades se você não treinar é preciso se preparar bem para chegar lá e como que a gente pode se preparar o que que de que que eu estou falando exatamente há quatro capitais que são essenciais para que a gente possa viver bem até o final e se esse final é os 90 nós vamos ter que acumular muito mais desses capitais para tê-los ao longo dessa longa
vida o primeiro é o capital de saúde eu acho que todos vocês vão concordar que envelhecer é bom desde que com saúde E se a gente perde a saúde a qualquer idade a vida é muito mais difícil mesmo que você tenha dinheiro no bso o segundo capital dos conhecimentos nós vivemos numa época de explosão de conhecimentos tecnologia está aí nós temos que constantemente nos desafiarmos nós temos que aprender nós temos que ter novos conhecimentos Nós Temos que enfrentar as dificuldades de ter esses conhecimentos isso não é só para um profissional isso vale para qualquer um
mas nós temos também pensar nos nossos relacionamentos sociais termos amigos cultivarmos boas eh condições para que a gente possa ter esses amigos familiares os vizinhos quem seja porque sabe com a longa vida chega um momento em que pode ser que a gente precisa ser cuidado e fica muito mais difícil então o conselho é fácil jovem rancs é muito chato mas velho ranzinza ninguém atura tem que cultivar essa leveza que pode ser traduzida em em bom humor de você ser leve de abraçar de estar adaptado e flexível ã a a a novas Modas nova moda de
ser e o outro capital é o financeiro Tá difícil o dinheiro não tá chegando ao fim a renda para quem a tem tá ficando curta porém se a gente tiver essa possibilidade de ao longo da vida Aumentar o nosso capital financeiro tem que tem que procurar fazê-lo e não é no final do mês não porque quem for pensar em investir no final do mês não vai investir nunca tem que fazer o contrário tem que reservar no início e gastar o resto é complicado quanto mais cedo melhor mas nunca é tarde demais quando eu era diretor
da Organização Mundial da Saúde em 2002 nós lançamos um marco político chamado envelhecimento ativo esse envelhecimento ativo é definido como um processo é processo ao longo da vida para que você possa através desse processo otimizar as oportunidades para saúde conhecimentos participação e proteção segurança saúde a gente já falou conhecimentos também mas é importante também garantir os nossos direitos de participar não adianta você ter saúde não adianta você ter conhecimento e viver numa sociedade cheia de preconceito que te proíbe de fazer isso você não te dá um emprego porque você tem 42 anos que Dirá 62
São as discriminações que não te dão o direito de participar plenamente da sociedade e no final nós temos que envelhecer com a segurança e a proteção se acontecer alguma coisa rim a gente vai estar protegido para nós significa mais é definir o que que significa essa segurança essa proteção que nos dê a paz de espírito de podermos envelhecer o envelhecimento ativo vai depender de você ter acesso aos serviços de você ter comportamento estilos de vida adequados de fatores seus pessoais vai depender do meio físico o ambiente onde você vive vai depender do meio social Inclusive
das suas relações e vai depender do econômico todos eles influenciam o envelhecimento ativo individualmente mas eles estão interligados e quanto mais você juntar todos esses determinantes influenciá-los centralizados nesse envelhecimento ativo tendo em conta que gênero Você pertence em que cultura você vive você vai ter não só do ponto individual mas também da sociedade uma certeza muito maior de que você pode envelhecer de forma ativa e resiliência definida como um os quatro capitais que podem convergir afluentes para que essa resiliência possa estar fortalecida e é o processo de você ter reservas acumulem essas reservas está associado
à ideia dos capitais para você se adaptar dar volta por cima suportar crescer com as barreiras as dificuldades que todos nós temos na vida e à medida em que a gente envelhece essas dificuldades podem até aumentar e em geral aumentam são mais dificuldades com saúde são perdas perdas físicas perdas dos nossos amigos perda de emprego perda de um estato econômico é a resiliência que faz com que você dê a volta por cima ou passe pelo lado para não dar de cabeça naquela barreira e aqueles que melhor envelhecem são aqueles que têm uma capacidade de se
adaptar num resiliência maior a capacidade de levar o tranco Mas você vai para cima de novo é essa capacidade que a gente tem que desenvolver e nós estamos vendo cada vez mais que essa questão da resiliência que é muito estudada a nível individual ela também pode ser ensinada nós podemos nos treinar e tem um aspecto que é central e que nós estamos precisando sim no Brasil é desenvolver uma cultura do Cuidado uma cultura do cuidado porque com o envelhecimento nós vamos ter cada vez mais pessoas que vão precisar de cuidados e quando você pensa nas
dimensões do cuidado todo mundo sabe que a coisa mais importante para mim é o autocuidado não deveria haver ninguém mais interessado na minha própria saúde do que eu esse grande cubo que é o autocuidado depois tem outro dentro dele que é o cuidado que alguém que goste de mim cuidado dos familiares dos amigos dos vizinhos que se eu precisar eles estarão lá depois tem um cubo menor que é o cuidado digamos comunitário pago é alguém que é pago é um médico é uma enfermeira nos países onde existe um Sistema Nacional de saúde para valer como
na Inglaterra e países nórdicos ah alguém que recebe para cuidar de você e finalmente vem um institucional quando tá tudo errado e te colocam numa instituição num hospital uma residência de longa permanência no entanto aqui no Brasil a gente tá fazendo errado a gente está colocando muito dinheiro no institucional pouco no comunitário quase nada no Cuidado informal e virtualmente zero para que eu tenha mais condições de poder eu próprio cuidar de mim isso tem que ser revisto com a revolução da longevidade recentemente eu fiquei sabendo de umas experiências muito bem sucedidas no exterior eh e
mais nenhuma delas ainda no Brasil dessa estrutura de co-housing ou seja de condomínios para Senior cousing condomínios para pessoas idosas feitos por eles mesmos mas é uma estruturação de comunidade que se faz em torno de um apoio coletivo então a pergunta é a seguinte se na sua Avaliação pessoal isso de fato é uma solução promissora Ah esses cohousing a gente poderia chamar de República é uma república são pessoas idosas que resolvem morar Às vezes tem um apartamento que é muito grande e através de amigos fazem essa decisão de coabitar essa é uma opção mas eu
tô muito mais interessado nas opções e políticas que possam ter resposta do ponto de vista de moradia porque boas políticas para o envelhecimento elas transpassam por moradia isso é super importante a casa segura a sua própria casa se você tiver recurso adaptá-la para que você possa envelhecer bem que você possa evitar os acidentes a maioria dos acidentes acidentes tô falando de acidente diz que acidente não existe os traumas quando você tem uma queda que em geral São dentro de casa sobretudo dentro de um banheiro fazer as adaptações necessárias Esse é o primeiro passo é você
poder envelhecer onde você sempre viveu Essa é a opção que as pessoas mais querem quando isso falha as pessoas podem fazer essa decisão do o que se opõe a descuido e ao descaso é o cuidado cuidar é mais do que um ato é uma atitude portanto abrange mais que um momento de atenção representa uma atitude de ocupação preocupação de responsabiliza detivo com out para desenvolver essa cultura não frisando o curar mas sim o cuidar essa diferença muito grande por exemplo Será que nós estamos treinando médicos profissionais que estejam adequados para o século XX os livros
de anatomia continuam iguais você aprende anatomia fisiologia fisiopatologia farmacologia interação de medicamentos apresentação de doença tudo tendo como padrão um jovem adulto e você encontra aquele belo exemplar com aquela anatomia intacta e depois tem que encontrar o fígado de uma mulher de 88 anos obesa não dá certo e eu digo para estudantes de medicina vocês vão matar pacientes na Santa Ignorância porque não estão aprendendo suficientemente anatomia fisiologia fisiopatologia etc Nós temos que nos adequar e preparar não só profissionais saúde um arquiteto alguém que trabalha com desenvolvimento urbano um advogado um Jornalista Todos nós temos que
estar muito mais informados bem informados sobre o envelhecimento para responder e tem um aspecto que mudou muito se a gente está falando de cuidado que é insuficiência familiar as famílias que nós tínhamos antes a família que Eu Guardo Na Lembrança na minha infância Juventude era uma família estendida e que tinha muito idosos vivendo dentro de casa todo mundo junto as mulheres não tinham saído para força de trabalho remunerada quando tinha algum idoso doente haviam muitas mulheres que estavam ali disponíveis Essa insuficiência familiar ela hoje se manifesta com a falta de tempo as pessoas nunca têm
tempo estão todas muito ocupadas e tem muito mais idosos e vai haver muito mais idosos e eu me lembro de um almoço almoço corriqueiro de domingo eram muitos filhos eram muitos netos cada domingo Parecia um domingo de festa e o meu avô eu me lembro naquele domingo estava bem mal sabia ele que três ou quatro dias depois ele teria um derrame e sobreviveria mais dois ou TRS anos não houve o problema para cuidar dele a finitude dele foi em casa cercada da família de cuidado cuidado isso não se dá mais porque São muitos os idosos
e os reservatório de cuidadoras porque o cuidador tem um gênero feminino está cada vez menor nós temos que pensar cada vez mais em prover os serviços adequados planejar esse cuidado nós temos que educar educar educar educar formar as pessoas os profissionais adequados para dar essa resposta e nós temos que pensar em respeitar os direitos dessas pessoas que são precisando desse cuidado nós temos que pensar nos direitos em todos os níveis os direitos dos idosos à saúde educação ao trabalho ao lazer o direito de participar integralmente da sociedade também o direito de parar de descansar de
ter o descanso definidos por eles não impostos pela sociedade o direito a ter cuidado sobretudo para aqueles que são os mais frágeis aqueles que estão precisando de assistência aqueles que estão com problemas cognitivos importantes porque eles são os que menos capacidade terão de manifestar a sua autonomia os seus desejos o que que eles querem nós temos que ter Sobretudo o direito de ter cuidado até o final da nossa vida nós temos que pensar nas trajetórias nas trajetórias do fim de vida e a gente tem que se preparar para todas as eventualidades porque se você não
se preparar com todos aqueles capitais que eu falei antes com Todas aquelas reservas que eu falei não só financeiras mas de você procurar a saúde para que você possa prolongar esse tempo acima do Limar de dependência tudo isso faz parte daquele processo de curso de vida em que você tá pensando também na finitude coisa que a gente tem muita dificuldade sobretudo na nossa Cultura a finitude é importante ser pensada com essa Perspectiva da revolução da longividade porque quando eu era estudante de medicina as mortes eram com frequência na infância eram por doenças infecciosas agudas a
morte era rápida hoje cada vez mais a morte é um evento na tal terceira idade acima dos 60 anos sen não dos 70 mais de 2/33 de todas as mortes no Brasil são por doenças [Música] crônico-degenerativas 74% e temos muita morte por Acidente nós temos muita morte por violência por causas externas nós sabemos que ao longo da nossa vida nós podemos acumular muitos fatores de risco para essas doenças não transmissíveis Imaginem se vocês pegam que desde a infância dois indivíduos e depois vai acompanhando e um chega a acumular muito risco paraas doenças não transmissíveis e
outro da mesma idade com muito pouco não é função da idade Ou pelo menos majoritariamente não é a função da idade é a função dos nossos estilos de vida como nós vivemos onde nós trabalhamos como que a gente faz escolhas isso é que vai fazer com que essas tais doenças possam ser as nossas doenças fatais mas sobretudo se essas doenças vão nos acometer aos 60 aos 50 os 40 enquanto que um escandinavo ou um canadense vai tê-las também mas aos 80 aos 90 Pense nisso porque depende muito do nosso comportamento como como é que a
gente vai chegar a essa finitude nós temos ainda uma excessiva mortalidade nos homens os homens morrem muito mais frequentemente desde a infância até chegar aos 80 anos morre por causas infecciosas morre por acidentes e causas externas a violência por doenças cardiovasculares muito mais cedo do que as mulheres até que aos 80 anos as mulheres também acabam morendo vendo Então somente nesse grupo etário é que há mais mortes porque tem muito mais mulher idosa do que homem e elas Claro acabam morrendo sempre os homens liderando em parte isso é construção social porque você não se cuida
você é homem você é macho você não pode se queixar você não tem menstruação Você não vai ao médico você não faz pré-natal você não leva filho a a médico tudo isso cria uma intimidade da mulher com o serviço quando existe médico que faz com que o homem fique muito mais retraído Menino não chora se Menino não chora 60 anos mais tarde o menino não sente dor e não vai procurar o médico é a mulher que vai marcar e falar assim não senhor se eu tá com essa tossezinha há dois meses eu vou te levar
pelo orelha e vai e leva às vezes é tarde mais nós temos em todos os grupos é tardos todos um excesso de mortes por violência por acidentes as mortes por causas externas no Brasil são escandalosas acidente gente não existe existe falta de cuidado falta de cuidado do meio ambiente do empregador das nossas casas das nossas indústrias onde nós trabalhamos na Organização Mundial da Saúde é É proibido falar de acidente São traumas os traumas é que nos matam e sempre alguma coisa que a gente podia ter feito para evitar aquele trauma para prevenir aquele trauma para
tirar essa ideia de que é o fatalismo que é um acidente sobretudo dos homens jovens e isso acaba tendo um reflexo na esperança de vida muito mais baixa dos homens se nós eliminarmos as causas externas Ou pelo menos controlarlos pela metade dos homens Eles teriam do anos a mais de expectativa de vida do que tem hoje é uma perda imensa do material humano do recurso humano de pessoas que mal começaram a vida e nós estamos com níveis epidêmicos é nível de guerra Nós perdemos 60.000 pessoas por ano e de cada morte por violência de violência
nós temos de cada 10 são séxo masculino e infelizmente num país que nega o racismo a maioria deles negros ou mulatos pode-se comparar a existência de um indivíduo a um Rio Pequeno a princípio estreitamente encerrado entre duas margens arremetendo com entusiasmo primeiro os seixos e depois as Cataratas há pouco e pouco o Rio alarga-se as suas margens afastam-se a água corre mais calmamente e por fim sem nenhuma mudança brusca deságua no oceano e perde Sem sofrimento a sua existência individual o homem que na velice pode ver a sua vida desta maneira não recear a morte
pois as coisas que o interessavam continuam muitas vezes a gente culpa o indivíduo a culpa sua você não se cuidou devia ter feito uma dieta melhor Mas será que a gente pode culpar essa imensidão de pessoas pobres que mal podem se alimentar que não escolheram Aquela aquele estilo de vida que foram sempre excluídas que não tiveram o exercício da Autonomia como nós temos nós temos que ter essa sensibilidade para perceber que a escolha do fim da vida não cabe o indivíduo na maioria das vezes são as os determinantes sociais que levam a isso porque é
uma diferença muito grande de como você está envelhecendo e como aquele que vive na rua os extremos são imensos e esse é um país dos extremos de desigualdades e nós temos que tentar que pelo menos o final de vida dessas pessoas seja com dignidade seja com mínimo de acesso a serviços e será que nós também estamos mais sensibilizados para respeitar as grandes diferenças diversidade um grupo de jovens é muito mais similar entre si do que um grupo de idosos que já teve várias décadas para acumular diferenças em todo sentido de gênero de grupo socioeconômico de
religião de profissão de ocupação de preferências sexuais de tudo que se acumula e que você aos 70 anos vai ser muito mais diferente como um grupo do que um grupo que tenha 18 e a gente em geral trata todo mundo como os idosos do 60 110 são C décadas Eu tô na mesma caixa que a minha mãe com 98 somos todos os idosos e nós temos que perceber muito mais essas diferenças essas diversidades inclusive para respeitar na hora da morte h finitude Quais são suas escolhas na hora daquele cuidado o cuidado já não se dá
mais em casa pela insuficiência familiar que eu falei antes por todos esses condicionantes que a gente tem que est de olho para se preparar e vocês me permitam personalizar eu quando fiz o mestrado em Londres em 75 há muito tempo foi meu primeiro estudo sobre envelhecimento eu cheguei num país envelhecido e de repente eu soube por uma notinha num artigo um lanet grande revista médica que a imensa maioria 80 mais de 80% dos médicos geriatras que trabalham no Reino Unido eram E são do sul da Ásia médicos considerados de segunda categoria que vêm da Índia
não são do Paquistão de banglades etc e que acabam indo trabalhar na Inglaterra por várias razões e acabam ocupando a as vagas que há menos competição geriatria eu resolvi então fazer um estudo para entender para entender por que que a educação médica está falhando não interessando em geriatria sendo o país tão envelhecido e eu queria em particular Saber quais são os determinantes de satisfação de trabalho desses médicos o que que pode explicar desde o início quem é que vai ser geriatra e feliz só tinha uma pergunta que diferenciou um grupo do outro e essa pergunta
era ter morado morado debaixo do mesmo teto com os avós na infância na adolescência aqueles que tinham uma intimidade com os idosos estavam felizes com a escolha profissional os outros que não tinham essa familiaridade tinham ido para lá por razões econômicas era uma uma forma r rpa de chegar e ascender ao topo da carreira então fou fazer outro estudo também para o mestrado com estudantes de medicina antes e depois deles terem um mês numa enfermaria geriátrica o objetivo era de que esses estudantes se interessassem mais por geriatria por cuidado dos idosos etc eu estudei nove
grupos antes e depois em todos os grupos as atitudes eram melhores antes do que depois ou seja tinha sido contraproducente E eu aí fazia grupos focais com esses grupos de estudantes para que eles me explicassem eu dizia os resultados são de vocês eu sou brasileiro não tô entendendo nada e aí eu perguntava por e eles diziam tá espantado você nos tira da Medicina tecnológica cheia de glamor que a gente acha que vai salvar vida nós somos jovens nós temos 20 anos e de repente você nos coloca aqui nesse ambiente que até o cheiro da enfermaria
causa um impacto com esses pacientes com úlceras de decúbito mal cuidados negligenciados a família não visita com múltiplas patologias muitos estão demenciados muitos estão deprimidos a gente não consegue entender eu nunca passei mais do que meia hora conversando com uma pessoa idosa nem na minha família e agora você nos coloca aqui nesse fim de linha de novo era falta de familiaridade a gente mudou nessa escola médica de Londres e agora a maioria das escolas do Reino Unido muito em função dos resultados desse estudo mudaram eles em vez de colocarem os estudantes no tal fim de
linha eles apresentam um grupo de idosos cinco seis e você vai segui-los ao longo do curso médico são pessoas não são pacientes e alguns chegam finitude alguns morrem faz parte da vida mas não é você entrar naquele ambiente que você não está preparado porque nunca tinha tido contacto íntimo com uma pessoa idosa na sua vida e eu vou particularizar eu vou voltar a minha infância e eu falei quando eu encontrei esses achados garoto você foi um menino de sorte eu vivia cer de idosos eu vinha para Campinas ou para São Paulo para Belo Horizonte família
grande espalhada e eu encontrava esses TR irmãos da minha avó do meu avô 17 do outro lado idosos interessantes cada um dos meus avós vem de um país diferente de uma cultura diferente em que eu tinha oportunidade de ouvir lendas fatos reminiscências de toda parte e eu tive a sorte de ter a Aurora a Aurora na minha vida Aurora era uma mulher do século XIX minha avó e quando eu tinha 15 anos ela veio morar conosco tinha ficado viúva meu avô morreu e pouco depois ela teve um câncer esse câncer durou 3 anos e minha
mãe chegou falou meu filho você que vai ser um médico da família Eu sabia que eu tinha Liberdade total de fazer o que eu quisesse desde que fosse medicina eu disse é então você vai me ajudar a cuidar das da minha mãe da sua avó que te quer tão bem queria mesmo e eu tive a sorte aos 15 anos de fugir daquele destino do macho brasileiro eu fui cuidar da minha avó eu dava injeção na minha avó eu tocava piano para ela relaxar eu contava história para ela ela eu pude acompanhar todo aquele processo que
não foi só de Sofrimento foi de troca ela me preparou para entender a finitude de uma forma que ela nem podia antecipar e a influência que teve a minha avó e todos aqueles idosos quando eu vejo que faltou aos estudantes da grã-bretanha esse contacto para que eles pudessem se interessar por geriatria e por fim de vida e eu pude chegar até fim da trilha da min avó acompanhando estô contando isso para acentuar a importância que tem curso de vida os eventos mas também a influência que tem a perspectiva de G que a gente tem que
lutar contra isso nós fizemos um fórum sobre isso como criar uma cultura de cuidado em resposta a revolução da longevidade muito além do curar com a ênfase no cuidar de criar uma cultura do Cuidado que seja sustentável sustentável de acordo com a nossa condição socioeconômica que seja economicamente viável que seja Universal que seja para todos eu quero para você um fim de vida o mais Digno possível mas eu quero para todos quantos que tão excluídos a vida inteira e que no final da vida tem uma um final uma finitude e tão sofrida e feita com
compaixão essa palavra gente eu como estudante de medicina nunca ouvi dentro da escola não se falem compaixão é como se fosse isso não se você deixa para fora da escola médica você vai ser um médico essa história de compaixão não temos que mudar esse paradigma Nós temos que colocar o indivíduo aquele que recebe mas também aquele que está prestando o cuidado o cuidador no centro da dessa equação nós temos que promover esse diálogo e essa harmonia intergeracional Ah eu acho que as nossas escolas desde o início desde a escola primária não estão favorecendo não estão
estimulando o intercâmbio intergeracional estão colocando as Tais Barreiras colocam a sociedade nos coloca em compartimentos os estanques são gavetas então criança brinca com criança jovem se mistura com jovem os adultos ficam numa outra parte da sala quando há porventura uma reunião de família os jovens estão lá e os idosos ficam meio que sobrando na Holanda é uma coisa maravilhosa eh simples nada de alta tecnologia de grande investimento residências de idosos que permitem que pós-graduados jovens morem lá de graça e Em contrapartida passem não sei se são 30 horas por mês Ou 15 por semana isso
varia de um para outro não fazendo trabalhos específicos mas fazendo companhia muda tudo gera uma dinâmica Super Interessante da velhinha que antes estava ali deprimida voltada só PR as reiras e as queixas e as dores e de repente o jovem passa a ser um amigo e sai com ela de motocicleta e de repente a outra que assim eu tive entrar com uma loura ontem à noite hein vai contar como é que foi muda a gente tem que ser mais imaginativo desde a escola primária eh de ver como é que a gente pode trabalhar melhor e
incutir Valores que estão se perdendo sempre se lembrando de uma coisa a educação vem sobretudo de casa a instrução é que vem mais da escola e a gente tem que prestar mais atenção às famílias fragmentadas ao esgarçamento do tecido social a quantidade que a gente tá tendo de mães muito jovens de mães solteiras Tá difícil e é dentro desse contexto que a gente tem que incutir esses valores que vão ser importantes h no intercâmbio intergeracional essa perspectiva de finitude Não é só na pessoa que está indo mas naquelas que fazem a constelação daquele Cuidado então
é esse cuidado do ser é o cuidado na comunidade cuidado centrado na pessoa com uma continuidade que não pode ser ocasional E que esteja sempre bem coordenado porque isso é fundamental de alguém que administre e que coordene esse cuidado que vai ter que ir até o final da vida e que é particularmente difícil para aqueles que estão com a cognição impada é falar da promoção dos cuidados paliativos de assegurar qualidade de vida até o final até quando haja vida nós temos que pensar e pensar também no privilégio que nós coletivamente temos nós somos a primeira
geração primeira no mundo na história que está tendo esse privilégio de preparar uma sociedade melhor onde envelhecer e onde morrer que faz parte da vida uma sociedade mais envelhecida eu acredito e por isso sou otimista ela ela será mais terá mais Harmonia ela terá até mais paz desde que a gente mude o paradigma desenvolvendo essa política com um enfoque centrado na Perspectiva do cuidar e que seja Digno Para as futuras gerações de pessoas que vão envelhecer somos nós n sociedades que estamos discriminando colocando as barreiras Somos preconceituosos Nós temos que nos dar conta disso tudo
nós temos que partir como er Ericsson fala de geratividade da atividade entre gerações que à medida em que nós envelhecemos nós não estamos mais preocupados em fazer carreira ou já fizemos ou não nós estamos muito mais preocupados num raio muito mais amplo de deixar pegadas de deixar um recado de sermos lembrados há algumas coisas que não se pode aprender rapidamente e o tempo que é só o de que dispomos cobra um preço alto pela aquisição delas são as coisas mais simples do mundo e porque leva a vida inteira de um homem para conhecê-las a pequena
novidade que cada homem extrai da vida custa muito caro e é a única herança que ele poderá deixar é por isso que eu sou otimista porque eu acho que quando nós vamos e no futuro próximo quando nós teremos 30% de pessoas idosas o mundo será mais harmonioso queç até com mais paz Exatamente porque terão mais pessoas como uma idosa que esteja no seu computador fazendo alguma coisa com as crianças embevecido não terá nenhuma outra pretensão senão deixar coisas boas paraas relações futuras entre as suas coisas boas que esse mundo seja melhor para todos envelhecer e
eu acho que eu também sou otimista porque afinal até hoje com a minha idade toda eu quando preciso de cuidado eu quando preciso de me inspirar quando eu preciso de ser guiado eu sei onde buscar essa inspiração eu sei buscá-las anteontem quando eu fui cuidado eu sei com buscá-las ontem quando meu pai foi tão bem cuidado mas hoje também onde eu aprendo tanto com a função de poder cuidar com privilégio que eu tenho e assim ir me inspirando no processo mais reflexões sobre este e outros temas do mundo contemporâneo você encontra no site e Facebook
do Instituto CPFL e no canal do Café Filosófico CPFL no [Música] YouTube não é só um aumento na expectativa de vida nós temos que nos preocupar quantos desses anos serão vividos com saúde porque a gente está vivendo muito mais mas a gente perde muitos anos com doenças [Música] k
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