Mas e aí, o que significa exatamente esse Web3? E quais as webs anteriores? É só um papo de gente mais otimista ou tem mesmo um pé na realidade?
Esse é o Entenda, o quadro do TecMundo que explica o que tá por trás das notícias que você lê todos os dias lá no nosso site. A Web3, escrita assim, com a palavra e o número sem espaço entre eles, é um conjunto de características que definem uma geração da internet. Ou seja, as propostas, os valores, as principais tecnologias e as novidades que marcam um período, que representam uma evolução em relação ao modelo que veio antes, e que indica algumas tendências nessa área.
Ninguém oficializou exatamente o dia em que “acabou” uma internet e começou outra, essa transição é mais uma classificação teórica mesmo. Só que ela serve pra gente entender a fase em que essa tecnologia se encontra, os temas do momento e o que esperar daqui pra frente. Mas, pra chegar na Web3, a gente precisa falar dos números que vieram antes.
A Web 1. 0, a primeira geração, nasce quando a internet que a gente conhece hoje começa a se formar e ser comercializada para os lares das pessoas, já sob a proposta de protocolos da World Wide Web, a WWW, criação do engenheiro Tim Berners Lee. Ou seja, só quando ela vira uma padronização de conexões e tecnologias, sendo que antes os protocolos e as redes não eram necessariamente parte de um mesmo conjunto, cada um tinha o seu formato de acesso e visualização de conteúdos.
A gente já contou a história da internet em um vídeo aqui do nosso canal, assiste depois que é um ótimo complemento. Mas essa versão ainda era bem rudimentar, bem simples, porque a tecnologia não permitia muita coisa, os navegadores estavam evoluindo devagar e as conexões eram lentas. As páginas eram quase todas estáticas, só de leitura, clique e mais leitura, com umas poucas imagens que demoravam bastante pra carregar.
Por outro lado, essa fase era um pouco mais livre, já que existia pouca regulamentação do espaço digital. Em resumo, é o período em que a internet era só mato. A web 2.
0 nasce imediatamente quando a anterior acaba, por volta de 2004. Esse é um ano em que a banda larga está mais difundida, páginas como fóruns, chats e blogs dominavam e começamos a ver redes sociais. Não era mais um espaço em que a gente navegava de forma totalmente passiva: o usuário mais comum não precisava fazer o próprio site, mas criava contas nos serviços dos outros, deixando um rastro de dados pessoais que seriam muito valiosos mais pra frente, e que podiam ser usados tanto pra dar uma experiência personalizada pro consumidor quanto serem comercializados pra outras empresas terem acesso a seus hábitos e gostos.
Isso começou a colocar as marcas de tecnologia, muitas conhecidas pelo termo Big Tech, em uma posição de crítica e desconfiança que elas não tinham antes. Aí a gente chega na Web3, que foi primeiramente idealizada em 2014 por Gavin Wood. Você pode não conhecer ele de nome, mas o rapaz é um dos cofundadores do projeto da criptomoeda Ethereum.
E criptomoedas têm tudo a ver com essa proposta de terceira geração, já já eu chego nisso. Aliás, guarda também a palavra "idealizada", porque ela é importante. A Web 3 é vista como um ambiente digital inteiramente descentralizado, transparente e seguro para seus dados.
Ser descentralizado significa que as informações não ficariam todas armazenadas em um único servidor, como os do Google ou do Facebook, por mais que essas empresas garantam que seus dados estejam seguros e criptografados. Ser transparente significa não depender dessas empresas e também de outras intermediárias que não publicam ou divulgam todos os processos, tipo operadoras ou servidores. A partir da construção dessa web em blockchain, você poderia monitorar a sua própria atividade online da mesma forma que pode acompanhar transações de bitcoin e até decidir se vai vender ou dados ou ser remunerado por clicar em anúncios, por exemplo.
Cada usuário meio que vira o dono de um "pedacinho" da web. O acesso também muda, sem exigir qualquer tipo de identificação pessoal para a navegação. Além dessa segmentação que tira todo o poder de uma só mão, o que torna tudo mais seguro, a combinação desses elementos com a inteligência artificial também tornaria tudo mais eficiente e protegido.
Aliás, a gente não falou “3. 0” aqui e isso não é por acaso. É que muita gente do mercado cita elas como coisas diferentes.
A Web 3. 0 seria a evolução natural da 2. 0 e envolveria uma internet com um processamento de dados inteligente e estruturado, com personalização e uma conversa com assistentes digitais e robôs mais natural, além da padronização de navegadores para uma nova geração.
Já a Web3 é uma visão mais evoluída e ousada, baseada em tecnologias mais recentes. É confuso, eu sei, porque não existe um consenso sobre esses conceitos e números. Mas todas essas promessas são vistas por algumas pessoas mais céticas como só promessas mesmo, já que são muitos os obstáculos e possíveis problemas dessa geração.
A Web3, por exemplo, teria uma curva de aprendizado alta para novos serviços e muita gente acabaria de fora ou sendo passada pra trás. Além disso, ela não parece ter mecanismos pra lidar com desinformação e conteúdos nocivos, já que promove maior liberdade e menos moderação. Ela também permite a expansão de negócios controversos, suspeitos ou fraudulentos envolvendo criptomoedas e tokens não fungíveis, e já são muitos os exemplos por aí de que isso não é uma ideia tão boa.
Por fim, tudo isso seria altamente custoso para ser implementada em larga escala, porque exige adaptação de equipamentos, navegadores, servidores e softwares. Em resumo, a Web3 é uma proposta de evolução da internet que dá mais poder ao usuário e fala de uma rede descontralizada, transparente e segura, sem tanto poder nas mãos de grandes marcas. Ela é uma classificação que até será sentida na prática, mas só a longo prazo e de forma bem gradual: não vai chegar um dia em que o seu computador vai atualizar e, boom, toda a estutura da Web3 estará disponível pra você.
As criptomoedas já são um exemplo de aplicação da Web3, assim como a comercialização de NFTs e o metaverso, que acabariam assumindo maior protagonismo com tudo rolando de forma virtual e por blockchain. Seria um ambiente mais propício pro desenvolvimento dessas tecnologias, que seriam mais integradas ao formato de funcionamento da internet. Mas o que vemos hoje são apenas experimentos isolados, muitas vezes nem integrados entre si como é o caso dos diferentes metaversos, e vários ainda vistos com muita desconfiança e cheio de barreiras para quem não manja muito do assunto.
Apesar de já ser citada por muitas empresas, investidores ou analistas, ela ainda é uma ideia, um projeto, que precisa de muita coisa pra sair do papel e talvez seja idealista demais pra ser implementada na sua totalidade. Não há qualquer previsão de que a internet como um todo vá em pouco tempo evoluir pra essa terceira geração e tem gente que acredita que esse dia nunca vai chegar. E aí, o que você acha do conceito de Web3?
Vai pegar, só algumas coisas vão virar realidade ou é papo de sonhador? Que outros conceitos modernos você quer ver explicados por aqui? Vamos conversar aqui embaixo nos comentários!
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