A TEORIA DO APEGO (ou "qual é o seu tipo?")

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Tempero Drag
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Video Transcript:
Boa noite. [canta música de abertura do Jornal Nacional] Gente, eu sinto tanta falta daquela do plantão, sabe? 'tam - tam' Põe aí Roxelly, só pra parecer que é sério.
[música de abertura do Plantão] Boa noite, por essa música, se você nasceu nos anos 90, você sabe que o assunto do vídeo é sério. E também por esses esfumadinho bem sutil. Bom, como você já deve ter visto em algum local dessa tela, o tema do vídeo de hoje é: a teoria do apego.
Eu tava aqui numa dessas minhas pesquisas de professora de humanas doida, que começa no Aristóteles e termina num jornal do interior do Colorado em 85, e eu me deparei com dois pesquisadores da Universidade de Denver, que trouxeram à tona uma pesquisa mais antiga. Lá nos anos 50 e 60 um psicólogo e psicanalista inglês, chamado John Bowlby, cunhou o termo: "teoria do apego". E nessas décadas ele se dedicou a escrever sobre: como eram as nossas dinâmicas dentro de relacionamentos monogâmicos e como a gente se apegava às pessoas.
O Bowlby percebeu que existia uma dinâmica recorrente e ele dividiu os tipos de pessoas mais ou menos em três tipos. Esse estudo teve uma aderência, uma abrangência muito grande. Mas em 85, dois pesquisadores da Universidade de Denver, como eu disse antes, A Cynthia Hazan e o Phillip Shaver, eles publicaram em um jornal um questionário que depois viria a ser conhecido como o questionário mais famoso, ou mais importante, ou de maior aderência da psicologia no século XX.
Ali no 1900 e qualquer coisa. Isso foi em 85 no the Rocky Mountain News, que era um jornal do interior do Colorado nos Estados Unidos. Nesse jornal eles lançam a seguinte pergunta: em qual dessas três categorias você se encaixa quando diz respeito aos relacionamentos?
E aqui eu vou ler pra vocês as três categorias, ipsis literis como está no jornal. Tipo de pessoa A: eu acho relativamente fácil me aproximar dos outros e eu não fico desconfortável em depender deles ou de tê-los dependentes de mim. Eu não fico pensando se eu serei abandonado ou se alguém vai chegar perto demais de mim.
Tipo de pessoa B: eu acho que os outros estão relutantes em chegar perto de mim tanto quanto eu gostaria. Muitas vezes eu me preocupo com o fato do meu parceiro não me amar de verdade ou não querer mais ficar comigo. Eu quero ficar muito perto do meu parceiro e isso às vezes assusta as pessoas.
Tipo C: eu me sinto um pouco desconfortável em estar perto dos outros. Eu acho difícil confiar neles completamente e é difícil me permitir depender deles. Eu fico desconfortável quando alguém chega perto demais de mim e muitas vezes, os outros querem que eu seja mais íntimo do que eu me sinto confortável sendo.
A partir daí a gente deveria se identificar com o tipo A, o tipo B ou o tipo C. No entanto o que existe por trás do teste e a ferramenta usada por ele, é descobrir a qual dos três tipos de padrões nós nos encaixamos. O padrão A, esse tipo de pessoa que acha fácil se abrir pros outros e também se fechar.
Que não fica esperando que o relacionamento acabe ou conjeturando possibilidades de término. . .
seria dado como um tipo seguro. Um tipo saudável de apego. Talvez não seja surpresa pra nenhum de vocês que a maioria das pessoas não se encaixa no tipo de pessoa A.
Bom moçada, então o que sobrou pra gente foi o B ou o C. Caso você tenha se identificado com o padrão B, de eu quero chegar perto dos outros, eu sinto que os outros estão relutantes e eu gostaria de estar mais perto e às vezes isso assusta as pessoas, você se encaixaria no que foi denominado pela teoria como tipo ansioso de apego. Já as pessoas do tipo C são o tipo distante ou dissociativo, que são pessoas que não ficam exatamente confortáveis com proximidade.
No vídeo de hoje eu trago essa teoria porque a maioria de nós está envolvida em relacionamentos nos quais nós somos ansiosos com parceiros distantes ou nós somos distantes com parceiros ansiosos. Essas dinâmicas sempre serão frustradas e sempre nos levarão a términos mais ou menos traumáticos. O que a teoria do apego ressalta no entanto é que esses padrões de comportamento remontam padrões da infância e experiências traumáticas na infância geram dinâmicas doentes amorosas.
Pessoas do tipo C ou pessoas do tipo distante não se sentem exatamente confortáveis com conexões profundas e elas mantêm todas as pessoas à sua volta como amigos ou parceiros mais ou menos distantes. Elas se sentem melhores tendo intimidade, relações sexuais e dinâmicas de relacionamento com pessoas desconhecidas do que deixando que uma pessoa chegue perto demais delas. Talvez por alguma experiência afetiva, emocional, infantil, essas pessoas desenvolveram um padrão de comportamento que associa conexão com dor.
Dentro da teoria do apego é dito que essas pessoas experienciaram um cuidador (um pai, uma mãe, uma avó, um avô, um tio) que estava fisicamente presente mas emocionalmente distante. E essas crianças ao serem expostas a um adulto que estava ali mas ao mesmo tempo não estava, desenvolveram um entendimento afetivo de que se conectar com alguém que não está ali, machuca. Esse tipo de pessoa costuma investir muito nos relacionamentos quando eles começam e ao longo do tempo começa a negligenciar a relação.
Qualquer tipo de dinâmica de apego que você tenha, você não é mau. Você apenas está machucado. E é importante entender de onde vem a sua dor para que você possa, a partir daí, se apegar de forma menos nociva.
O tipo B de pessoas, o tipo ansioso, é descrito na teoria do apego como pessoas que foram expostas a uma perda ou rompimento abrupto com o cuidador. Então um pai, uma mãe, um tio, uma avó que de repente desapareceu da criação dessa criança. Essa criança desenvolve uma ansiedade de que mais hora ou menos hora ela será abandonada e isso deixa marcas em um adulto que espera constantemente que o relacionamento acabe a qualquer minuto.
O tipo ansioso de apego fica preocupado com "Meu Deus! Um silêncio de mais de três segundos se instaurou nessa conversa. Meu Deus!
Você já não em ama mais como no primeiro encontro. " E essas pessoas pulam pra conclusões precipitadas ou começam a demandar de forma nociva atenção demais dos seus parceiros. Como eu já havia dito antes, a maioria de nós está em um relacionamento entre uma pessoa distante e uma pessoa ansiosa.
E o quadro dos nossos relacionamentos (sim! todos nós já vivemos esse quadro) é de que rumando para o término, nós nos tornamos uma pessoa extremamente carente e a outra pessoa extremamente distante. E as farpas que a gente vai ouvir sendo trocadas aqui são mais ou menos assim: o ansioso vai dizer coisas como "você gostava mais de mim no começo", "você já não me dá mais tanta atenção", "você não me dá carinho", "você não liga pra mim".
E a pessoa distante vai tentar se distanciar disso e vai chamar a outra pessoa de carente, desequilibrada, louca, manipuladora. Porque a cobrança faz com que ela se lembre de um lugar muito doloroso na infância dela. Perfil distante tem um quê de auto-sabotagem.
Todos nós buscamos amor. A pessoa de apego distante quando encontra o amor tem medo de se sentir soterrada ou sobrepujada por ele. E aí nessa profusão de amor ela começa a se distanciar porque ela está sendo "amada demais".
Isso é uma novidade para ela. Ao "amar demais" e não ser amado de volta, a pessoa ansiosa começa a criar um tipo irremediável de carência. Daí a gente parte pra cenas conhecidas.
A maioria dos términos entre pessoas ansiosas e pessoas distantes vai acontecer dessa forma, a pessoa ansiosa decide que ela precisa de mais e portanto ela vai encerrar o relacionamento. A pessoa distante percebe que vai perder o amor pelo qual ela achava que estava sendo soterrada e aí ela promete que vai mudar, que vai ser mais carinhosa, que vai dar mais atenção. E a pessoa ansiosa costuma acreditar nisso e aí eles se mantém num relacionamento até que a dinâmica volte a ser exatamente o que era antes.
A maioria desses relacionamentos só acaba quando a pessoa de perfil ansioso decide romper esse ciclo. Nenhum de nós se encaixa perfeitamente no perfil ansioso ou no perfil distante e que dependendo do relacionamento no qual a gente está, a gente adota uma postura mais ansiosa ou mais distante. E em vários dos nossos relacionamentos a gente troca de papel dependendo do nosso parceiro.
Eu deixo aqui na descrição do vídeo o nome dos pesquisadores. Existe uma série de vídeos na internet sobre teoria do apego. Existe uma série de artigos na internet sobre teoria do apego, e eu gostaria que, se esse é um tema que te interesse, você pudesse se educar emocionalmente e afetivamente e quem sabe no futuro desenvolver dinâmicas de apego menos nocivas.
Quem sabe da próxima vez que todos nós olhemos para a teoria do apego, a gente consiga se classificar como tipo A. O tipo A, tido como seguro, se sente menos amado, se sente sobrepujado por amor, se distancia e fica ansioso. O que o tipo A não faz é reencenar traumas da sua infância.
É isso. Eu fico por aqui, até semana que vem. Um beijinho desapegado.
Tchaaau.
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