Eh, nós vamos passar o Ministério da Palavra e iniciamos, no domingo passado, uma série de três mensagens. Cada uma delas vai ter começo, meio e fim, mas a soma delas, acredito, vai produzir um entendimento ainda maior sobre o assunto. Intitulamos uma série, eh, iniciamos uma série intitulada "Os pecados da língua". E acho que, se vocês voltaram, a responsabilidade não é mais minha, né, do que pode acontecer. E eu quero que você abra, por gentileza, a sua Bíblia na primeira Epístola de Pedro, no capítulo 2. Nós vamos ler os versos 1 a 3. E, antes
disso, eu só quero fazer uma breve recapitulação daquilo que já falamos na semana passada. Lemos Isaías, capítulo 6, e a gente destacou como o profeta Isaías, diante da revelação, né, de Deus, vê Deus assentado no seu alto e sublime trono. Ele tem não apenas uma percepção da grandeza e da majestade de Deus, mas serafins, seres celestiais, estão à volta do trono proclamando: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos." E, diante dessa percepção gigantesca da santidade de Deus, o que Isaías enxerga, um contraste muito acentuado, é a miséria, a falha dele, a ponto de dizer:
"Ai de mim! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios." E percebemos que essa expressão, chamada, né, por Isaías de impureza, na verdade é apresentada nas Escrituras como pecado. Porque um dos anjos pega uma brasa do altar com uma pinça, e, com a tenacidade, foi removida: "O teu pecado foi perdoado." A partir dessa declaração de um pecado, de um departamento específico dos lábios, da boca, aquilo que, né, o tipo de pecado se comete com a língua, ou seja, falando, a gente destacou que a Bíblia apresenta pecados que
são específicos da língua, né? Nós podemos falar de pecados familiares, que quebram os princípios da família, e relacionais, todo tipo de relacionamento, mas a Bíblia tem essa categoria de pecados da língua. No Salmo 39:1, o salmista diz: "Eu disse comigo mesmo: 'Guardarei os meus caminhos para não pecar com a língua; porém mordaça a minha boca'." Então, se há pecados da língua, esses pecados tanto devem ser evitados como, quando reconhecemos que já os cometemos, não evitamos. O processo de arrependimento, como diz aí, de se expor aos recursos divinos, né, para a santificação, precisa acontecer na minha
e na sua vida. E eu disse que seriam três eh domingos aqui de confronto, porque a palavra expõe a nossa realidade, a distância entre aquilo que somos e o que deveríamos ser, mas que a perspectiva deve ser correta. Ou seja, nenhum de nós deve sair desanimado pelo que ainda não alcançou, mas encorajado a ser trabalhado por Deus, corresponder com ele e avançar para aquele lugar que Deus tem para nós. Por que é que Deus expôs o pecado de Isaías? Não foi para dizer: "Olha, infelizmente, por causa disso, eu não posso te usar." Foi para poder
aperfeiçoá-lo, para que então, depois, Deus pudesse falar o que o profeta ouviu: "A quem enviarei e quem há de ir por nós?" E o profeta, agora aperfeiçoado, pudesse responder a Deus: "Eis-me aqui; envia-me a mim." E aquela boca, antes tomada pela impureza, agora santificada, pode se tornar um instrumento de Deus. Isaías se torna um dos maiores profetas, não só do Antigo Testamento, mas de toda a história da humanidade. Porque aquilo que já serviu ao pecado, como a nossa boca, a nossa língua, pode ser santificado e pode ser usado para a glória de Deus. E esse
é o plano e o propósito de Deus para cada um de nós. Talvez não seja o tema mais popular ou mais empolgante, mas como Paulo fala aos presbíteros de Éfeso, lá em Atos 20, eu não deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. De tempos em tempos, orando, eu questiono: "Deus, o que de importante nas Escrituras a gente está deixando de lado, né?" Aliás, terminei ontem um período de oração e intercessão em prol da igreja de 40 dias de oração e jejum. E minha expectativa era chegar para esses três domingos só com mensagens de
avivamento. Quando tentava convencer Deus sobre isso, ele me disse: "Você que é avivamento? Vamos limpar a casa, vamos arrumar aquilo que atrapalha o mover mais profundo, né?" E Deus nos deu essa direção de não apenas refletir, mas, a partir disso, poder corresponder ao que ele vai falar. Semana passada, nós falamos de murmuração e insultos. Hoje, nós vamos falar sobre maledicência e fofoca. Se você preferir, o termo bíblico mais refinado é "mexerico". Semana que vem, nós vamos falar sobre mentira. Eu tinha anunciado que seria mentira e calúnia, mas já troquei a palavra calúnia por falso testemunho,
né? Ela se repete um pouco mais na Escritura, e eu creio que seja uma definição melhor. Na semana passada, falamos de vários versículos que destacam a importância do controle na área da língua, e eu não vou lê-los todos, mas, a cada mensagem, eu quero apresentar algum que não falei antes. Na primeira Epístola de Pedro, nós vamos ler já o capítulo 2, que vai ser o nosso ponto de partida. Mas, no capítulo 3, no verso 10, ele cita o Salmo 34, de 11 a 14, cuja essência da mensagem é: "Pois aquele que quer amar a vida
e ter dias felizes, quantos querem amar a vida e ter dias felizes?" O texto diz: "Refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem palavras enganosas." Nós já vimos que Tiago destaca que todos tropeçamos em muitas coisas, mas, se alguém refrear sua língua, é varão perfeito. Praticamente, quase todas as outras áreas vão refletir a ordem quando conseguirmos refrear a nossa língua. Então, nós precisamos entender o que Deus tem, né, para nós. E, antes de falar de maledicência e fofoca, vamos partir de uma orientação bíblica clara: Primeira carta de Pedro, Epístola de Pedro,
capítulo 2, versos 1 a 3. Portanto, abandonem toda maldade, todo engano, hipocrisia, inveja, bem como todo tipo de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem o genuíno leite espiritual, para que, por ele, lhes seja dado crescimento para a salvação, se é que vocês já têm experiência de que o Senhor é bondoso. Quando o apóstolo Pedro fala de coisas que devem ser abandonadas, nenhum de nós vai discutir que isso tem que ser deixado de lado. Abandonem toda maldade, todo engano, hipocrisia, inveja. Ninguém vai relativizar e dizer: "Ah, tá tudo bem ser um cristão com um tanto de maldade,
com um pouco de engano, né? Com inveja, com hipocrisia". Mas ele diz bem como todo tipo de maledicência. Aqui ele diz não apenas que a maledicência tem que ser abandonada, ou seja, era uma prática antes da conversão, mas a gente vai ter que se livrar dela. Mas ele ainda usa a expressão "todo tipo de maledicência" porque pensa em algo que vai tendo desdobramentos. Aliás, quando a gente fala dos pecados da língua, eles se misturam muito. A gente vai fazer algumas definições aqui para tentar separar um do outro, mas eles se mesclam demais. Alguém me perguntou
esses dias: "Pastor, qual a distinção de murmuração e maledicência?" Falei: "Murmuração". Falamos semana passada, no momento nós estamos reclamando de coisas, de circunstâncias pelas quais deveríamos ser gratos a Deus. Maledicência, normalmente, nós estamos falando de pessoas, mas às vezes a prática de falar mal também é o ato de murmurar e de reclamar, porque essas coisas se mesclam. Mas quando você olha para o chamado do apóstolo Pedro, por que é que nós temos que abandonar a maldade, engano, hipocrisia, inveja e todo tipo de maledicência? E diz assim: "Como crianças recém-nascidas", ele está dizendo: "Vocês nasceram de
novo". Se você voltar alguns versículos antes, que é o final do capítulo um, a gente foi direto para o início do capítulo 2. Ele diz, por exemplo, no verso 23, que vocês foram regenerados, não de semente corruptível, mas de semente incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Ou seja, quando nós somos gerados, naturalmente falando, entramos nessa vida; nós viemos de uma semente corruptiva, herdamos uma natureza pecaminosa. Agora, quando nascemos de novo em Cristo, recebemos uma nova natureza e essa vem de uma semente incorruptível. Aliás, o apóstolo Pedro vai falar na
sua segunda epístola que nós nos tornamos participantes da natureza divina. E agora nós estamos nos despindo do velho homem, o antigo comportamento, e nos revestindo do novo homem, o novo comportamento, que reflete o quê? A nova natureza. Então ele está apelando para uma experiência que foi produzida pelo recebimento da própria palavra de Deus. No verso 22, ele diz: "Tendo purificado a alma pela obediência à verdade". Então eles passaram por purificação porque receberam a verdade da palavra e obedeceram, corresponderam. Ou seja, é indiscutível que essas pessoas nasceram de novo, foram regeneradas. Apesar de ele dar um
tom quase irônico no verso três: "Se é que você já tem experiência de que o Senhor é bondoso", tipo, "se foi mesmo verdade, se vocês realmente provaram a bondade de Deus nascendo de novo, então lembrem-se de que algumas práticas que eram anteriores a essa experiência não podem mais estar na sua vida". Você vai ter que abandonar, vai ter que se livrar disso. Ele não está dizendo que nenhum de nós se converteu sem... e nem tão pouco que isso desaparece automaticamente. A eliminação dessa conduta precisa ser intencional, né? Ele termina a última frase do verso 25
dizendo: "Essa palavra é o evangelho que foi anunciado a vocês". O mesmo evangelho que anuncia o perdão dos nossos pecados, a remoção da condenação, também proclama para mim e para você mudança de conduta e mudança de comportamento. A gente já falou semana passada, eu repito: temos uma experiência de santificação inicial na conversão, mas existe uma experiência de santificação progressiva posterior à conversão. Em 2 Coríntios 7:1, o apóstolo Paulo diz que nós temos que aperfeiçoar a santidade no temor do Senhor. Aperfeiçoar a santidade significa abandonar o pecado, deixá-lo de lado, inclusive os pecados da língua. Ou
seja, precisamos de santificação nessa área também. E o apóstolo Pedro chama isso de crescer para a salvação. Ele diz: "Agora vocês são crianças recém-nascidas". E ao usar essa expressão, ele está dizendo: "Não se espera grande maturidade espiritual de alguém que acabou de se converter, mas o que se espera é que essa criança chore pelo leite, anseie pelo alimento, porque o alimento vai fazê-la crescer". Então, evidentemente, nós temos que ser pacientes, porque transformação é um processo, mas todo crente precisa ter um tamanho anseio pela palavra, a ponto de permitir que essa mesma palavra que ele deseja
o faça crescer para a salvação. A salvação não é ato consumado; aquilo que começou está em desenvolvimento. Nas palavras de Paulo aos Filipenses, "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor", o que envolve abandonar a prática da maledicência. Porque isso é apresentado nas escrituras, eu quero deixar claro, como pecado. E se é pecado, não pode ser tolerado, porque de alguma forma certas práticas a gente diz: "Não, isso é horroroso, não podia estar na vida do cristão". E outras a gente relativiza a ponto de defender e ficar um pouquinho mais confortável, né, com a presença delas
na nossa vida. Então, eu quero destacar em primeiro lugar o problema da maledicência, apresentá-lo como pecado, algo que é uma questão de caráter, que não pode ser parte da nossa vida. Depois, vou ampliar um pouquinho mais o assunto falando a respeito de como agir com os maledicentes, porque a Bíblia fala disso. Não adianta apenas eu e você vencermos o nosso problema. A gente precisa saber lidar com gente que ainda não venceu para só depois falar da fofoca. Mas o que eu vou falar no meio sobre como lidar com os maledicentes vale para as duas coisas.
É para o maledicente e... Pro fofoqueiro ou o mexeriqueiro. Pastor, não é muito fina a linha entre uma coisa e outra. É. A diferença é a desculpa que cada um dá. O maldizente admite que está falando mal de alguém. O fofoqueiro, às vezes, diz: "Não estou falando de ninguém, só estou contando as coisas". Tipo assim, "só estou passando um fato, faça você o juízo que quiser". Então, às vezes ele tem uma desculpa de tipo: "Eu não quero depreciar". Mas a verdade é que, quando você expõe certas situações que não precisavam ser expostas, você está levando
as pessoas a fazer mau juízo, né, dessas outras. Mas como a Bíblia fala tanto de um quanto de outro, eu vou separar os dois assuntos. No meio, eu vou falar sobre como agir, né, com o maldizente, mas isso também serve para o mexeriqueiro, como é a linguagem bíblica. Então, vamos para o problema da maledicência. Em primeiro lugar, Tiago, capítulo 4, diz assim: "Irmãos, não falem mal uns dos outros". O texto é claro, é direto, não precisa discutir, não precisa de interpretação, não precisa de nenhuma análise profunda. Aliás, você pode repetir comigo? Diga: "Não falem mal
uns dos outros". Curioso que ele está dizendo "irmãos", ele não está falando: "Olha, isso é um problema de quem não tem Jesus", porque a gente já se converteu com esse problema. Alguns de nós crescemos em lares onde havia uma estrutura de entendimento bíblico. Eu tive esse privilégio, né? Um, não se ouvia falar mal dos outros dentro da minha casa. A gente foi instruído sobre isso. Nem todos tiveram o mesmo bom exemplo que eu tive. Alguns cresceram, na verdade, tendo um péssimo exemplo. Mas eu descobri que mesmo quem foi ensinado sobre o que é certo, teve
bom exemplo, descobre que a maledicência tem uma outra raiz: a sua natureza pecaminosa e a inclinação a cometê-la está dentro de todos nós. Então, alguns, né, vamos ter que simplesmente lidar com um tipo de história, outros com outros, mas a orientação bíblica é antiga, que naquela época os problemas eram os mesmos de hoje. Olha lá, você pode olhar, Tiago está falando cerca de 2000 anos atrás; você pode voltar mais de 3500 anos atrás, né? Na época, por exemplo, ali de Moisés ou mesmo antes de Moisés, o início dos registros bíblicos. E você vai perceber que
problemas como esse já eram cometidos desde o início da humanidade, porque têm a ver com a natureza. Mas Tiago não para aí. Ele diz: "Irmãos, não falem mal dos outros". Eu vou ler o verso 10 e 11. "Aquele que fala mal do irmão ou julga seu irmão, fala mal da lei e julga a lei. Ora, se você julga a lei, já não é observador da lei, mas juiz". Então, em primeiro lugar, nós temos uma ordem clara de não falar mal dos outros. E se é uma ordenança bíblica, a definição bíblica de pecado em 1 João
3:4 é que o pecado é a transgressão da lei. Desobedecer à lei divina e falar mal é pecado, né? Maledicência é pecado. Não é apenas um mau hábito, não é apenas algo que atrapalha relacionamentos, né? Ele fere a essência da nossa relação com Deus. É tratado como pecado. Além de ser uma quebra direta de uma ordem de não falar mal, é a desobediência também de um outro aspecto. Porque eu e você não somos apenas ordenados a controlar nossa língua a ponto de não falar mal. Nós somos também orientados a falar bem. Não só orientados; é
uma ordem. Lucas capítulo 6, verso 28. Jesus, no Sermão do Monte, diz: "Bendizei os que vos maldizem". Ou seja, eu não apenas me abstenho de falar mal, eu preciso aprender a falar bem. Tiago, capítulo 3, eu li isso semana passada, do verso 2 ao 8. Eu quero repetir só o 7 e o 8, e eu vou ler até o 12. Tiago 3, a Escritura diz: "Pois toda espécie de animais, de aves, de répteis, de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano." Eu acho impressionante a capacidade do homem de domar os mais
distintos animais. Uma coisa é você pensar no cachorro que a gente convive bem, né? Mas você olha, desde a antiguidade, o homem domando os cavalos. Já estive em lugares como na Tailândia, onde eles domam elefantes e às vezes usam como montaria, né? Em lugares como a Índia, você vê os encantadores de serpentes que conseguem, com música, ter controle, né? Em parques temáticos ao longo do mundo, você vê animais marinhos, orcas e golfinhos sendo adestrados; a capacidade do homem de domar os animais é incrível. Mas Tiago diz: "Mais a língua homem nenhum consegue domar; é mal
incontido, cheio de veneno mortal". Alguns, além do veneno da língua, ainda correm para fora, no canto da boca. Mas o texto continua e diz assim: "Com ela bendizemos o Senhor e Pai. Também com ela amaldiçoamos as pessoas criadas à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição". Meus irmãos, isso não deveria ser assim. Você pode repetir comigo? Isso não deveria ser assim. Tiago continua perguntando: "Por acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar, água doce e amarga?" Meus irmãos, será que a figueira pode produzir azeitonas ou a videira, figos? Assim, uma fonte
de água salgada não pode dar água doce. A mesma boca não pode produzir bem e maldição. "Passou, então, só vou não amaldiçoar." Não, você não pode só não amaldiçoar. Você tem que abençoar. Você tem que bendizer não apenas a Deus, mas falar bem, né? Bendizer no sentido de abençoar, não, né? Louvor no sentido de exaltação como culto às pessoas. É uma ordem bíblica. E a maledicência quebra a proibição de falar mal e viola a ordenança de falar bem. Então, dá para chamar isso de um pecado duplo, né? Com a mesma coisa, você conseguiu quebrar dois
mandamentos. Agora, a questão... não é se eu e você temos que lidar com a maledicência, é quanto ainda temos que lidar, é quanto disso ainda tem dentro de nós. Não significa que eu e você não tivemos nenhum tipo de mudança, né? Mas, eh Thago, antes de falar, eh eh da língua, no capítulo 1 e no verso 18, ele fala que Deus, segundo o seu querer, nos gerou pela palavra da verdade. Tá falando da experiência de novo nascimento. Quando chega no verso 21, ele diz: "Portanto, deixando toda impureza e acúmulo de maldade, acolham com mansidão a
palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvar as vossas almas", né? Ele tá falando de uma palavra que já nos regenerou, mas que agora tem que ser acolhida, não no nível do nosso espírito, onde ela entrou como semente incorruptível, gerando a nova natureza, mas agora ela tem que ser acolhida e abraçada para restaurar nossa alma; vai mexer nas nossas emoções, na nossa vontade, na maneira de pensar. Por quê? Ele falou que ainda existe acúmulo. Algumas versões traduziram isso como vestígios de maldade. Quando eu e você nos convertemos, né, a gente pode olhar e
muito do mal que teve presente na nossa vida foi arrancado, graças a Deus, mas normalmente ele deixa vestígios. É impressionante como os peritos criminais conseguem, pelos vestígios da cena do crime, às vezes conseguir saber que tipo de crime foi cometido. Então, se tem uma parede furada de bala, sabe que uma arma foi disparada; dependendo da angulação, sabe a altura do disparo. Dependendo da profundidade de penetração da bala, a distância que estava, porque às vezes o vestígio ele denuncia o crime, não dá mais para saber lá, mas ele dá para saber o que aconteceu. E alguns
de nós temos marcas e vestígios de coisas que já não estão presentes na nossa vida, mas que ainda, enquanto vestígios, têm que ser tratados. Então, acúmulo de maldade. Alguns de nós já não falamos mal como falávamos antes, mas às vezes ficamos naquela compensação; já não é como antes, mas ainda temos coisas a serem tratadas. Esse assunto da maledicência, talvez de todos os pecados da língua que estamos destacando aqui, é uma das coisas que Deus mais fortemente, né, procurou trabalhar no meu coração, me fazendo entender que é uma questão de caráter. Em 2001, lembro exatamente o
ano, né? Porque foi pouco tempo depois daquele atentado terrorista das Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, que aconteceu em setembro de 2001. Então, isso, né, aconteceu depois da metade da segunda quinzena de setembro ali até o começo de outubro, alguma coisa assim. Eu tive um desafio na área de saúde, que eu tive um problema antigo que quase não se ouve falar hoje em dia. Na época que eu tive, há 24 anos atrás, já não era tão comum, né? Eu lembro quando fui conversar com o médico, eh, tentando descobrir o que estava acontecendo com a minha perna,
falei para ele: "A avó da minha esposa diz que é erisipela". Ele falou: "Se a avó da sua esposa disse, é porque elas têm um poder de diagnóstico melhor que o nosso, que a gente quase não vê isso hoje." Eu lembro que eu ri da conversa dele, mas ele basicamente me explicou: "Luciano, erisipela é uma bactéria, normalmente entra por alguma ferida, provavelmente no pé, porque ela, você tem algo que está acontecendo aí na perna. Ela se manifesta no momento de baixa imunidade do corpo, mas, em essência, o que ela provoca? Duas coisas. Primeiro, uma febre
localizada intensa; não é em todo o corpo, mas naquele lugar a mudança de temperatura é absurda. Segundo, ela mexe principalmente na circulação sanguínea. Então, a pele fica inchada, as veias parecem estar todas afetadas. Eu não podia ficar de pé porque o lugar vai ficando tão dolorido que, quando você fica em pé e o sangue desce para a perna com um pouco mais de força, a dor era insuportável. Eu cheguei a ficar três semanas numa cama, levantando uma única vez ao dia para, em uma única ida, com um só sofrimento, fazer tudo que precisasse no banheiro,
né, de necessidades a banho. Era um sofrimento. Na primeira semana ainda fiquei me dando alguma desculpa: "Vou ter um tempo fora da correria, vou aproveitar isso orando." Mas pensa num céu que estava fechado de bronze; pensa na oração que não fluía, leitura bíblica que não rendia. Chegou uma hora, eu falei: "Não, vou ler os livros que eu preciso estudar, aprender." Também não fluía. Com uma semana eu desisti da parte espiritual. Falei para minha esposa: "Pede para os amigos subirem." Na época era pesado: televisão e vídeocassete. "Vou para o entretenimento." Não achava que aquilo ia durar
tanto tempo. Quando entrou a terceira semana, eu não aguentava mais nem ver filme. Aquilo estava um tédio, sem contar o sofrimento. Eu lembro que, quando entrou a terceira semana, eu comecei a orar. Falei: "Deus, até hoje, todo tipo de enfermidade, situação, desafio no corpo que eu lido, a gente enfrenta não só com medicação, mas com oração e fé, né?" Para você ter ideia, o médico me informou: "Luciano, não é qualquer antibiótico que resolve isso." Ele falou: "Penicilina, por exemplo, que na época ainda se usava, já não tanto". Ele disse: "Não vai nem fazer cócegas." Eu
lembro que, na época, ele fez uso de um antibiótico, era o Cipro, que estavam usando naqueles outros ataques terroristas biológicos que apareciam como antrax nas cartas, né? Ele me disse o seguinte: "Nós vamos entrar com coisa pesada." Mas nada estava fazendo efeito. E eu estou ali desabafando com Deus. Falei: "Não tô entendendo o que está acontecendo. Não tô entendendo porque eu não resolvo isso nem com medicamento, muito menos com coração e fé, que é a minha maior ferramenta. Não tô entendendo porque a parte espiritual não flui." Eu estava ali só me queixando com Deus. Tem
hora que a gente não sabe. Chama de oração ou choração, né? E eu estava naquele momento, o Espírito Santo falou comigo de uma maneira muito clara e disse: "Você está sendo ferido por um ataque maligno, porque você mesmo deu brecha para isso." Eu levei um susto. Eu falei: "Eu dei brecha, como é que eu não sei o que é que eu fiz?" E o Senhor falou para mim: "Você abriu uma porta rompendo sua proteção pelo pecado da maledicência." A primeira coisa que eu pensei foi: então metade da cidade tinha que estar de cama, no mínimo
para ser generoso, metade da cidade. O Espírito Santo, na hora, falou: "Metade da cidade não tem a luz da palavra que você tem. A Bíblia diz que a quem muito é dado, muito será cobrado. Cada um de nós vai ser cobrado, aliás, estou aumentando sua responsabilidade nesses domingos de corresponder com Deus." E eu falei para Deus: "Que pecado exatamente é maledicência?" Foi uma coisa que a gente procurou cuidar e Deus me trouxe à tona claramente uma situação que a gente estava lidando no contexto da liderança da igreja. Tínhamos algumas situações, a CNI resolvida. Semana passada,
quando falei de murmuração, eu citei Atos 6, com o crescimento da igreja, sempre há desafios e ajustes. E algumas viúvas começaram a ser esquecidas. Isso era fato. Ninguém inventou o problema, estava lá. O que as pessoas inventaram foi o motivo do problema. Os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus, como quem diz: se a gente falasse hebraico, fosse da mesma cultura que eles, não estaríamos com isso. Ou seja, o problema não era a incapacidade de atender todos naquele momento. Para eles, isso é preconceito. E algumas coisas começam a ter dano. Nós tínhamos alguns problemas reais
e algumas reações que precisávamos cuidar, como os apóstolos levantaram para resolver, mas não havia acordo na liderança. E eu lembro que me dirigi ao nosso líder principal e falei: "Vou falar só com você e não na frente de toda a equipe. Algo que eu entendo que talvez você não esteja vendo e que suas decisões não estão cobrindo isso, e o problema só vai piorar." Eu falei: "Então, vim sozinho, só eu e você, e não vou falar disso para mais ninguém." Na próxima reunião, ele abriu o assunto e disse: "Luciano me procurou com preocupações que eu
acho que toda a equipe tem que saber, e não é só eu. Ele não quer me expor, mas ele acredita que estou agindo errado e eu quero que ele fale com vocês, a partir do aval dele." Falei: "Você tem certeza?" Ele falou: "Sim, eu abri para toda a equipe o problema. Minha esposa disse: 'Você não precisa estar certo para ganhar a discussão. Você só pode ser bem persuasivo, bem argumentador'." E eu conversei com todo mundo do ponto de vista, mas ele queria que eu abrisse apenas para simplesmente dizer que não iríamos seguir o meu caminho.
O problema é que todo mundo ficou com meu argumento. Então, quando a reunião terminou, continuamos as reuniões extraoficiais conversando entre a gente. Quando Deus falou que aquilo era maledicência, falei: "Pera, pera, pera, eu falei só com ele, não falei na frente de todo mundo. Eu abri para os outros porque ele mandou. E o que estou falando agora com os outros não é nada que ele não saiba." Deus me disse: "Tem dois tipos de maledicente: o falso e o honesto. Você é o honesto e ainda está cometendo maledicência. O que precisava ser tratado na reunião foi:
você continua fermentando todo mundo." E naquele momento, Deus me fez uma pergunta e foi isso que me quebrou. "Se você tivesse que se colocar no meu lugar, enviar o seu próprio Filho à Terra para salvar a humanidade, que tipo de pai adotivo você escolheria para ser um espelho para seu Filho? Quais características você esperaria nele?" Puxei a folha de papel e comecei a escrever. Não deu uma coluna, fiz a segunda, fiz a terceira. Tudo quanto é bom adjetivo que você imaginar, eu tentei nomear naquele pai, porque eu pensei: se fosse para ser pai do meu
filho, já seria exigente, mas eu, pensando como Deus, sabia que o padrão tinha que ser completo. Eu enchi três colunas numa folha só, numa página só de adjetivos. E quando terminei, falei: "Eu acho que isso aqui está bom." Eu não sabia para onde ia a conversa. Foi nesse momento que o Espírito Santo falou comigo: "Vá lá para Mateus capítulo 1 e vai ver a minha lista a respeito da pessoa que eu escolhi." Eu fui para Mateus 1:18 e 19, que eu quero ler com você. A Bíblia diz assim: "Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim. Estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente." Tudo que a Bíblia diz sobre José cabe em duas descrições, dois adjetivos: justo e alguém que não quis infamar ou difamar ou falar mal de Maria. A Bíblia diz: "Estão noivos comprometidos um com o outro por casamento." E, daqui a pouco, José descobre que Maria está grávida. Você acha que a primeira coisa que passou pela cabeça dele foi: "Obra do divino Espírito Santo, o maior
milagre da humanidade está acontecendo logo comigo?" A primeira coisa que ele pensa é que Maria foi infiel. Ele não vai sustentar o compromisso. Casamento cancelado. Mas se José abre a boca e expõe: "Essa mulher está grávida." Não fui eu. De acordo com a lei de Moisés, Maria teria que ser apedrejada. Ele podia pensar: "Fez mal para mim, eu acabo com a sua vida, miserável." O que muitos fariam. Aliás, por menos do que isso, nós já fizemos coisas piores. Mas a Bíblia diz que, porque ele era justo, caráter, ele disse: "Eu não preciso difamá-la. É só
não entrar nessa relação." Ele também não ar... Só por impulso. A Bíblia diz que, enquanto ele está ponderando as coisas, o Espírito Santo diz: "Ei, agora Deus vai visitá-lo, explicar, dar o outro lado da versão, dizer o que ele deve fazer, mas até que ele entenda, ele já tinha um posicionamento." Eu não falo contra essa mulher. E Deus me disse: tudo que eu precisava em alguém que seria o espelho para o meu filho era um padrão de caráter que não difame ninguém, nem quando acho que tem motivo. E o chão sumiu debaixo do meu pé.
Eu nunca tinha olhado para isso como um traço de caráter tão importante, tão necessário. O que é que se espera de mim e de você, meu? O apóstolo Paulo fala em 2 Coríntios 12:20, pois tenho receio de que, indo eu até aí, não os encontre como espero. Epístola onde está trabalhando o aperfeiçoamento da santidade. E diz assim: que haja entre vocês briga, inveja, ira, egoísmo, difamação, intriga, orgulho, tumulto; tudo o resto a gente iria encrenca. Mas por que é que a gente aceita a presença da difamação no nosso meio, como se fosse algo que deveria
ser encontrado nas nossas vidas? Gente, pecado, falta de caráter, gera apenas desconexão na comunhão com Deus, problema com os irmãos por causa do corpo de Cristo. Mas quais as consequências? Até que ponto insistir nesse pecado pode nos levar? Primeira carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 6, de 9 a 11: "Vocês não sabem que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não se enganem." A frase "não se enganem" é para os crentes. "Nem morais, nem idólatras, nem adúlteros, nem afeminados, nem homossexuais, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de
Deus." Alguns de vocês eram assim; o problema nunca foi o passado. E diz: "Mas vocês foram lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no espírito do nosso Deus." O problema não é se, no passado, você foi roubador, se você foi moral, se foi idólatra, se foi, né, bêbado, se foi avarento. A questão é: depois da conversão, você vai se manter nesse lugar? Vai voltar para isso agora? E no meio da lista, ele coloca os maldizentes. Ou seja, eu e você precisamos olhar para isso com seriedade. Enquanto a gente ficar tentando justificar e
dizer que não é tão sério, não é tão problemático, não é tão pecaminoso, não tem consequência, nós não vamos vencer nessa área. Os maledicentes não fazem mal só aos outros; eles estão fazendo mal a si mesmos. Provérbios 13:3 diz: "Quem vigia suas palavras conserva a sua vida, mas o que fala demais arruína a si mesmo." Então, ele não está gerando problema só para os outros; ele está trazendo uma desconstrução para a sua vida espiritual, não só relacional. Quando me recuperei da febre, e foi muito rápido depois do arrependimento, eu fiquei com uma cicatriz que eu
vou lembrar para sempre do assunto, porque a febre localizada, como disse, era tão forte que minha pele necrosou, queimou de dentro para fora. Então, o organismo precisou repor, no local específico, toda a pele. O médico que estava me acompanhando falou: "Não tome sol, você tem pele nova de bebê, vai reagir diferente do resto." E eu ficava de bermuda na sombra, sem perceber que o mormaço teria o mesmo efeito. Nos primeiros dias, ele já olhou e falou: "Cara, você está expondo isso?" Eu respondi: "Não, estou na sombra." Ele disse: "Mas você está sendo afetado pelo calor,
você tinha que estar enchendo, protegendo isso até recuperar bem. Vai ficar manchado." Foi: "Ainda dá tempo de reverter porque está pouco; começou e recomendou uma pomada." Eu falei: "Não, doutor, não precisa se preocupar com isso não. Você não tem noção de que minha canela é escura." Quando eu saio de bermuda, todo mundo fica olhando, né? O que é aquilo? Eu tenho um lembrete para o resto da vida. Não entregue a sua língua à maledicência, nem que seja honesta. Vamos avançar. Pastor, quando a gente aprende o que o Senhor aprendeu e começa a não entregar nossa
língua, mas temos que lidar com gente que não entendeu isso, então vamos falar sobre como agir com os maledicentes. Primeiro conselho bíblico: afaste-se deles. Eu não sei se a gente chama de conselho ou ordenança, que tem mais peso. Primeira carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 5, de 9 a 11: "Na outra carta já escrevi a vocês que não se associassem com os impuros." Diga comigo: não se associar. Ele continua e diz: "Refiro-me com isso, não propriamente aos impuros deste mundo, aos avarentos, ladrões ou ídolos, pois, nesse caso, vocês teriam de sair do mundo." E você
foi chamado para ser luz do mundo, sal da terra. Não dá para simplesmente dizer que a gente não tem nenhum tipo de contato. Ó o que ele diz: "Mas agora escrevo a vocês que não se associem com alguém que, dizendo ser irmão, ou seja, tendo passado pela experiência do novo nascimento, for devasso, idólatra, maldizente, bêbado, ladrão; nem mesmo comam com alguém assim." A ideia de evitar a pessoa não é descartar quem tropeçou. Se você pegar o conselho que Paulo dá nas duas epístolas, ele vai falar sobre pessoas que precisavam ser isoladas pelo pecado que cometeram.
Né? Mas o apóstolo Paulo vai dizer que eles precisavam de um processo de disciplina, mas, ao mesmo tempo, não poderiam ser consumidos por excessiva tristeza. Então, se você pega o ensino de Paulo além da epístola aos Coríntios, ainda vai dizer: "Trate como irmão, não como inimigo." Mas havia uma medida que visava levar a pessoa a refletir sobre os seus atos e poupar. Porque, quando você deixou de ser influência e insiste no contato, provavelmente você vai acabar sendo influenciado. Então, nós precisamos entender que é uma orientação bíblica clara: "afaste-se deles", porque, entre outros motivos, o que
a Bíblia nos ensina é não alimentar o fogo da maledicência. Provérbios 26, versos 20 e 21. Texto diz: "Sem lenha, o fogo se apaga. E não havendo difamador, infamador, quem produz uma fama de alguém se é essa discórdia. O que o carvão é para as brasas e a lenha para o fogo, o briguento é para acender uma discussão. Então, vamos pegar aqui vários tópicos abordados no mesmo assunto: difamação, discórdia, briga e discussão. Em outras palavras, ele está dizendo: se você ficar botando, né, lenha pro fogo, carvão pras brasas, o fogo não apaga nunca. Pelo contrário,
você alimenta. Então, o que a Bíblia nos orienta é não alimentar o fogo. Em vez de alimentar, extinguir. Como? Em primeiro lugar, nós não podemos dar ouvidos. Paulo escreve a Timóteo e diz: "Não dê ouvidos a fábulas profanas de velhas caducas". Gente, se fala bobagem desde os tempos antigos. E alguém que não tem controle sobre o que sai da boca dos outros pode ter controle sobre seu ouvido. Porque alguns de nós não estamos pecando com a boca, mas estamos pecando com o ouvido. Se a gente não ouvir quem quer falar mal, a coisa acaba. Mas
o problema é que nós damos ouvido e, depois, dá ouvido; a gente passa para a frente e aí a gente peca com a boca e quem nos ouve peca com o ouvido, e depois ele vai pecar, e o fogo ele vai se retroalimentando. Na verdade, quando a Bíblia fala para não se associar, não é só não ouvir, porque a gente poderia estabelecer limites. Isso você não fala, mas eu até convivo. A Escritura nos mostra que o convívio com pessoas cujas práticas são questionáveis se torna cumplicidade. Então, a gente não deve dar ouvido, a gente não
deve andar junto. Daqui a pouco vou falar sobre isso no meio-íntimo, mas a Bíblia mostra que nós temos que repreender a pessoa que está no erro, e não repreender também a cumplicidade. Agora, quando você pensa nesse desenho, gente, me explica como é que justifica o que nós fazemos hoje. Porque problema de relacionamento existe desde sempre, gente. Só que o problema hoje é que nós vivemos dias de globalização com um mundo que está totalmente virtualizado. Agora, me ajuda a entender qual o sentido de eu e você, como cristãos, ficar dando atenção à maledicência e fofoca por
meio de posts nas redes sociais, por meio de vídeos no YouTube, notícias de sites. O pior é que os crentes têm desculpa para isso. Eu lembro de uma reunião que cheguei de pastores e fui participar de uma conversa onde estavam falando mal de outros ministros que não estavam ali. Falei: "Gente, vocês já vão começar pecando?" Não, não. A gente chama isso aqui de atualização ministerial. Sabe, eu não estou dizendo que você tem que ser descontextualizado. Me parece que Jesus era bem contextualizado. Quando alguém foi comentar com Ele: "O Senhor está sabendo do sangue daquelas pessoas
que Pilatos matou, misturou com o sacrifício deles?" Jesus estava a par e disse: "Não pensem vocês que eles eram mais pecadores que os demais. Se vocês não se arrependerem, vão perecer de igual modo." Jesus responde: "E aqueles 18 sobre os quais desabou a torre de Siloé?" Então, parece que Jesus leu o jornal da época. Ele estava contextualizado. Eu não estou falando de você se isolar, mas existe hoje uma pressão, gente, que nós temos que controlar tudo e falar de tudo. Toda hora as pessoas me cobram: "Está sabendo de fulano? Não vai se posicionar?" Falei: "Gente,
eu lá sou o xerife do universo que tem que ficar agora vigiando a vida de todo mundo." E não é só vigiar, investigar. Porque como é que você se pronuncia sem ouvir todos os lados, né? Então assim, hoje existe uma tendência, uma pressão, de que a gente tem que falar, e nós estamos cometendo um outro erro. Atos, capítulo 17. E a Bíblia não inseriu essa informação na Escritura à toa. Ela fala o seguinte sobre o povo de Atenas, gente de alto nível cultural, OK? Acontece que todos os atenienses e os estrangeiros residentes não se ocupavam
com outra coisa senão dizer ou ouvir as últimas novidades. Dizer e ouvir, porque um está falando, o outro está ouvindo. Se não tiver essa mescla, a fofoca não se espalha, a maledicência não se cria. E às vezes, nós ficamos justificando: "Não, é atualização." Até que ponto a gente precisa de tanta informação e por que tanta ênfase só naquilo que é ruim, com tanta coisa boa para falar? As pessoas às vezes me falam: "Pastor, viajando por aí, o senhor deve ter visto muita coisa ruim." Eu falo: "Vi, mas vejo muito mais coisas boas do que ruins.
Por que a gente não foca em falar delas? Por que a gente não passa para a frente boas notícias, né? Por que a gente não coloca a nossa língua a serviço do reino de Deus?" Então, nós precisamos de entendimento. Enquanto a gente fica justificando que isso é atualização, informação, é quase como se fosse consumir notícia; nós estamos equivocados. Porque outro dia alguém falou: "Não, pastor, atualização; isso aqui é tipo assim, fofoca evangélica." Falei: "Tem adultério evangélico?" Ele falou: "Não." Falei: "Tem homicídio evangélico?" Ele disse: "Não." Eu falei: "Mas agora você pega outro pecado e justifica
que esse pode ser a nossa versão." Então, deixa eu te dizer algo, querido. Quando você consome esse tipo de conteúdo na internet, você é cúmplice. O pior é que dá engajamento. Até quem entra para tentar ser crente, vou falar contra, né? Meu amigo, deixa eu te dizer algo, não é inteligente. Seu comentário gera engajamento, melhora o algoritmo e vai promover mais ainda aquilo que você está atacando. O conselho bíblico é: se afaste, não associe, não dê ouvido, vamos apagar esse fogo. É bem mais simples. Quem está entendendo? Além disso, não retribua a difamação recebida, porque
eu conheço gente que, normalmente, não fala mal até falarem dele. Aí a pessoa diz assim: "Não, mas agora... "Fulano começou, tem que me defender." A pergunta é: será? Jesus disse, eu citei antes, Lucas 6:28: "Bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam." Tudo que você precisa é aprender a falar bem, orar. Eu lembro de um episódio específico: estava em um evento, eu falei publicamente, falei bem de uma pessoa e o que eu disse é verdade. A pessoa era louvável naquilo que eu falei, mas alguns pastores me procuraram depois e disseram: "Olha, nós estamos
bolados. Ou você é crente de um jeito que nós não entendemos, ou você é um falso." Falei: "Por quê?" Ele respondeu: "A gente sabe que você sabe que fulano tem falado mal de você." Eu disse: "Que tem a ver uma coisa com a outra?" Falei: "O que fulano faz revela quem ele é. O que eu faço revela quem eu sou. A gente tem que escolher. O que eu falei sobre a sala específica é mentira. Vocês conhecem ele? Não é verdade?" Falei: "Então ele tem que ser louvado por isso." A outra parte eu prefiro ficar quieto,
já que não dá para falar bem daquilo, e eu vou continuar orando por ele. Gente, não é uma opção, é uma ordem bíblica, é cristianismo. Quem está entendendo? Então, vamos além disso. Nós temos que seguir o exemplo de Jesus, não só o que ele falou, mas principalmente o que ele fez, porque ele não foi incoerente quanto ao que ele nos ensinou. Ele praticou tudo o que ele nos pediu. Primeira de Pedro, capítulo 2, de 21 a 23. Eu sempre conheci e entendi esse texto, mas eu confesso que nunca tive uma clareza de entendimento dele tão
forte como do ano passado para cá. Ano passado, talvez pela primeira vez, em mais de 30 anos de ministério, a gente sofreu uma série de ataques, de difamações na internet e às vezes você descobre que está pregado na cruz com velcro, que é fácil você tentar sair, né? Eu estava com a vontade de me defender, de me explicar, de dar o posicionamento público que todo mundo pede. Enquanto orava sobre o assunto, o Espírito Santo me guiou a esse texto: Primeira de Pedro 2, 21 a 23. Porque para isso mesmo vocês foram chamados, pois também Cristo
sofreu no lugar de vocês, deixando exemplo para que vocês sigam os seus passos. Você pode repetir isso comigo? Diga: "Deixando exemplo, deixando exemplo para que vocês sigam os seus passos." Gente, que exemplo! Está falando do sofrimento de Jesus. Quer dizer que eu e você vamos ter que morrer na cruz como ele para salvar a humanidade? Não, não é esse sofrimento. Que sofrimento está em questão? Vamos continuar. Ele não cometeu pecado, ênfase em pecado, nem foi encontrado engano em sua boca. Está falando de pecar com a fala. Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando
maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente. E naquele momento o Senhor me disse: "Você vai fazer o que sua carne quer, o que as pessoas estão te cobrando, ou o que eu espero de você?" Falei: "Eu achei que era para ser mais fácil fazer o que o Senhor espera de mim, né? Mas bora orar pelas pessoas, bora falar bem delas, bora interceder, não devolver insulto com insulto. Nós estamos falando de uma doutrina bíblica e nós vamos ter que crescer nisso." Pastor, mas não dói ficar quieto sem se defender mais do que
eu imaginava. Mas nós queremos sorriso no rosto de quem? Só no nosso. Aleluia! Me defendi ou no dele? #fica a dica. Para a gente terminar, vamos falar um pouco da questão da fofoca, do mexerico. Levítico 19:16. Eu quero ler os versos 16, 17, 18, porque eles se relacionam. Mas vou começar com 16: Não ande como mexeriqueiro no meio do seu povo, nem atente contra a vida do seu próximo. Eu sou o Senhor. Olha a ordem que Deus dá: não é para andar com mexeriqueiro, fofoqueiro ou atualizador de eventos, notícias e episódios que estão ocorrendo. Não
atente contra a vida do seu próximo. Deus está dizendo que isso é fazer o mal. Na sequência ele diz: "Não guarde ódio no coração contra o seu próximo, nem rancor, mas repreenda-o e não incorra em pecado por causa dele." Então, primeiro, se meu irmão fez algo contra mim, o erro dele não me dá nenhuma justificativa para eu cometer o tipo de erro ou pecado. E se eu agora encho o coração de rancor, de mágoa, de amargura e não perdoo, eu também vou pecar. Talvez não com o mesmo pecado que ele, mas quando a Bíblia diz:
"Repreenda-o para não incorrer em pecado", Deus está dizendo: quando eu vejo pecar falando mal de outro ou fofocando, se eu empresto a ele meu ouvido e não o confronto, eu sou cúmplice. É pecado de cumplicidade. Ou seja, nós não apenas não devemos estar com os ouvidos abertos, como deveríamos estar repreendendo. Como é que nós lidamos com isso? Na sequência, ainda vai dizer assim: "Não procure vingança, nem guarde ira contra os filhos do seu povo, mas ame o seu próximo como você ama a si mesmo. Eu sou o Senhor." Deus está falando que todo esse contexto
da maledicência, do mexerico, está relacionado a várias outras questões. A Bíblia vai falar aqui de discórdia, de problema com o próximo, de ira, de vingança. Gente, é muito difícil você encontrar alguém que está fria e neutralmente só comunicando algo que aconteceu. Sempre tem sentimento envolvido. E às vezes eu não tenho um sentimento direto à pessoa de quem estou falando mal, mas o que ela representa. Então, pessoas que têm problema com paternidade, com figura de autoridade, muitas vezes estão repetindo e reproduzindo a dor que, mesmo que não seja direcionada a uma pessoa, é algo que não
está resolvido dentro delas. Como eu disse, o exemplo da murmuração da semana passada de Atos 6: temos um problema? Temos. Vamos apresentar o problema, resolver o. Problema. Uma coisa. Agora, quando você começa só a se queixar, espalhar veneno, supondo exatamente qual o motivo, já tem um sentimento ali dentro. E o problema não é só o que falamos; é que o que falamos, Jesus diz, a boca fala do que está cheio o coração, é o transbordar de algo que está errado lá de dentro. E é isso que tem que ser arrumado, né? Então, nós precisamos, eh
eh, compreender algumas coisas. Eu falei que maledicência é uma falta de caráter, né? E quando a gente fala do mexirico, não é diferente. Provérbios 11:13 diz: "O mexiriqueiro revela os segredos, mas o fiel de espírito os encobre." A diferença entre o que é considerado fiel, portanto, o outro é o oposto, infiel. O mexeriqueiro infiel descobre; o fiel de espírito encobre. "Cobrir" aqui dá o sentido de "cobrir, proteger". Então, nós não estamos falando, gente, de varrer algo para debaixo do pano, porque as situações de erro têm que ser tratadas. A pergunta é: tratadas aonde? Então, por
exemplo, se determinada pessoa errou, eu posso repreender a pessoa. Não é contar para todo mundo que ela errou que vai ajudar a pessoa, que vai resolver o problema, e nem tampouco vai ajudar os outros. Existem certos níveis de competência. Então, por exemplo, o apóstolo Paulo escreve a Timóteo e diz: "Não aceite acusação contra presbítero; presbítero é os pastores de governo do rebanho, a não ser com duas ou três testemunhas." Então, se esses camaradas, ainda que numa posição de liderança, não estiverem agindo de forma errada, tem que ter espaço pro discurso. Agora ele está dizendo: não
é a palavra de um contra o outro; tem que ter duas, três testemunhas, é um fato. Podemos investigar, averiguar; a denúncia tem que ser acolhida. Então, encobrir não é esconder o que acontece de errado, mas é tratar nos canais competentes. Então, assim, eu posso tratar direto com a pessoa, eu posso envolver o líder da pessoa para tratar com ela. E eu escolho sair falando para todo mundo; tem gente se dizendo profeta para justificar seu lado mexeriqueiro. Os profetas iam confrontar as pessoas. Então você vai ver lá o João Batista que perde sua cabeça porque ele
vai lá no Herodes e diz: "Não é lícito o que você está fazendo". Ele não saiu a falar para o resto do povo, gente, o que ele faz na lista, e as pessoas estão confundindo as coisas. Agora, mesmo quando nós falamos da queda de pessoas, isso tem que ser tratado nos lugares certos; nem tudo isso tem que ser público. Saul está perseguindo Davi, tentando matar Davi, se opondo a tudo que Deus tem na vida de Davi. O povo diz: "Se vingue, se defenda. Isso é legítima defesa." Ele disse: "Não toque no ungido de Deus." E
no dia em que saiu, Saul morre. Em alguns lugares, Davi estaria fazendo festa, pelo menos por dentro. Deus pesou a mão. É o gospel vingativo, aquele evangelho. Agora chegou a hora. Davi chora. Davi compõe uma canção de lamentação que envolve não só seu amigo Jônatas, mas Saul, seu pai. "Como caíram os valentes!" Ele prefere olhar em tudo que de bom aquele líder tinha feito pela nação, como tinha livrado ele dos filisteus, dos seus inimigos. E, no meio da sua lamentação, ele diz: "Não proclamem isso nas ruas de Gate." Notícia ruim não é para ser falada
para todo mundo. A gente chora, a gente lamenta, a gente conserta. Tem que consertar, mas não precisa botar a boca no mundo. Dá para entender a diferença? Então, certas coisas são cobertas no sentido de exposição desnecessária. Não que não devam ser tratadas, mas vão para os fóruns competentes. E se nós não vigiarmos em relação a isso, nós vamos ter problemas. Agora, assim como falamos do maldizente, do aledicente, a Bíblia ensina a evitar companhia e conversa dos mexeriqueiros. Provérbios 20:19: "O mexeriqueiro revela os segredos; portanto, não se meta com quem fala demais." Aliás, algo que eu
aprendi: quem fala de outro para você vai falar de você para outro. Então assim, não ache que ele está falando de outra pessoa só porque a pessoa merece. Ele vai falar de você para outra pessoa. Então, se poupe de ser cúmplice e se poupe de problemas desnecessários. Pastor, o que fazer com tudo isso? Nós temos ouvido, e na semana passada já falamos que a gente tem que encher o bom depósito e não o mau depósito. Então, em vez de ficar alimentando o coração com tudo quanto é tipo de post de fofoque que fala da vida
dos outros, a gente tinha que encher o coração com o quê? Com a palavra de Deus. Se a boca fala do que está cheio o coração, e eu só me atualizo com o que é que eu vou falar, né? Agora, se eu encho o meu coração com o bom depósito, a chance de ter todo um linguajar diferente, orientado pelos padrões divinos, que vão produzir renovação da mente, mudança, comportamento, é gigante. Mas algo que eu aprendi, depois da minha lição de Elisipela, é que a gente tem que orar. Jesus nos ensinou a orar: "Não nos deixe
cair em tentação, livra-nos do mal" e diz: "Vigiai e orai para que não caiam em tentação." Então, comecei a orar muito mais por essa questão da boca. E, como eu falei semana passada, uma oração que eu fiz muito foi o Salmo 141:3: "Põe, guarda a minha boca, Senhor; vigia a porta dos meus lábios." Mas eu destaquei alguns elementos práticos de como lidar com o maldizente, né? Mas a primeira coisa é você entender que maledicência, em toda sorte, seja honesta, falsa, aquela que atualiza informação, toda sorte de maledicência tem que ser abandonada. Então, parar de falar
mal é parte do crescimento espiritual. E você pode avaliar o quanto uma pessoa cresceu pelo que ela fala. Controle sua língua. Provérbios 17:27 diz: "Quem controla suas palavras possui..." Conhecimento é sereno de espírito e é inteligente, né? Já vimos instruções de se afastar dos maledicentes, ainda que virtuais; se necessário ou se possível, repreendê-los. Mas eu quero tocar de novo no assunto de Isaías. Quando a gente reconhece o erro e Deus não expõe o erro para gerar um senso de culpa ou condenação, nós precisamos de arrependimento. O arrependimento nos leva a um toque divino, não só
de perdão, mas de santificação. Porque o grande projeto de Deus é que nossa boca, em vez de fluir com maldição, cumpra o propósito d'Ele. E que eu e você possamos usar nossos lábios sempre para abençoar. Não só bendizer o Senhor, que é digno de honra e glória, mas aprender a nos comportar como Ele, abençoando e falando bem. O arrependimento, o reconhecimento, a própria instrução bíblica, são necessários. Sem eles, jamais perceberemos como estamos errando e nem a necessidade de conserto. Então, a minha oração é que essa série de mensagens te ajude a reavaliar para melhor, não
para desânimo, não para se condenar, mas para dizer: "Eu também preciso crescer". Como eu disse antes, a questão não é se eu e você estamos envolvidos com murmuração, né, com maledicência ou fofoca; é o quanto ainda estamos. Todo esse resíduo tem que ser tirado, tem que ser eliminado, e vamos, com a graça de Deus, exercer controle, refrear a língua, e vamos vencer nessa área que nos ajudará a ter vitória em muitas outras. Você recebe essa palavra? Amém. Vamos ficar em pé. Vamos orar. Pai, pedimos mais uma vez graça e favor do alto. Não apenas que
haja compreensão e entendimento espiritual da Tua palavra, indo muito além da capacidade, ó Deus, de mera compreensão humana, racional, mais do que estímulo emocional; nós oramos, ó Deus, por aquele nível de compreensão que nos permite não apenas nos examinarmos, mas nos expormos diante do espelho da Tua palavra, realmente nos enxergarmos para que possamos ser tratados e trabalhados. Nós oramos para que aquilo que o Senhor começou continue, não apenas o Teu toque, o Teu trato, o Teu despertamento, chamar a atenção para um assunto, mas o Teu trabalhar nas nossas vidas. Nós queremos Te honrar em todas
as áreas e, Senhor, nós oramos. Ajuda-nos, manifesta em nós a Tua graça, porque queremos crescer para a salvação, Te honrando, Te exaltando, Te glorificando, e nos posicionando de uma forma que não apenas Te agrade, mas que possamos de fato revelar quem o Senhor é para todos os que têm contato com cada um de nós. Eu quero abençoar os meus irmãos, declarar e profetizar que haverá crescimento e vitória nessas áreas, em nome de Jesus e para a glória de Deus. Amém. M.