Sociedade do Vazio | Pasolini e A Estética da Degradação

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Abel Pataca
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há uma doença que não se vê no espelho ela corrói mas não dói destrói mas não sangra E no entanto sua presença é esmagadora o século XX nos prometeu tudo Liberdade tecnologia consumo ilimitado mas na prática o que recebemos foi um mundo onde o evapora e o vazio se alastra Pierre Paolo Pasolini via isso antes de todos ele olhava para a sociedade e enxergava a decomposição disfarçada de progresso ele via corpos repletos de desejos fabricados mas vazios de qualquer substância humana real nos vendem felicidade na forma de um novo iPhone nos dizem que somos livres
enquanto algoritmos decidem o que pensamos nos dão insto e nos retiram qualquer capacidade de sentir algo que dure mais de alguns minutos Pasolini chamava isso de genocídio cultural para ele o verdadeiro fascismo não era aquele que vinha com botas militares e discursos inflamados mas aquele que se instalava sorrateiramente eliminando toda a possibilidade de resistência a substituir cultura por consumo desejo por compulsão identidade por o paradoxo é brutal quanto mais temos menos somos o que chamamos de liberdade é na verdade um roteiro meticulosamente escrito para que continuemos consumindo obedecendo existindo dentro de uma ordem onde a
transgressão foi incorporada ao sistema não há mais revolução porque a rebeldia virou produto camisetas do chevara São vendidas nas mesmas lojas onde se compram o pun virou tendência o caos é instagramável o vazio celebrado Pasolini em seu tempo denunciava isso com um olhar ácido e sem concessões ele via a TV transformando tudo em espetáculo a cultura se tornando mero Adorno o que ele diria hoje em tempos de tikt onde tudo dura 15 segundos e logo desaparece onde a indignação é apenas um post compartilhável onde a miséria é um fundo de cena para influenciadores tirarem selfies
a sociedade moderna não apenas abraçou a degradação estética e moral mas a tornou um fetiche um capital e aqui chegamos ao cerne da questão a estética da degradação Pasolini sabia que a destruição de valores não se dava por um ataque direto mas pela sua diluição gradual não se censuram mais ideias revolucionárias apenas as tornam irrelevantes e assim seguimos flutuando num oceano de distrações onde tudo se transforma em conteúdo onde nada tem peso vivemos no Império do efêmero no Triunfo da imagem sobre a essência na exaltação da superfície em detrimento da profundidade o espelho da modernidade
está quebrado e seu reflexo é um pesadelo de rostos sorridentes vazios de qualquer os corpos andam falam riem mas estão mortos O que significa estar vivo quando a alma Já foi vendida em parcelas O que significa existir quando sua subjetividade foi reduzida a um perfil um feed um Avatar a cultura da degradação nos transformou em zumbis sorridentes consumidores Vorazes da nossa própria miséria Pasolini previa ele via o corpo como um campo de batalha onde o poder impunha sua lógica Implacável hoje essa lógica se sofisticou não se impõe pela força mas pelo Desejo você quer o
que te escraviza você precisa do que te esvazia a tragédia do homem moderno não é a de saber que morrerá mas a de saber que já está morto Pasolini não via apenas o fascismo político como ameaça mas sim o o fascismo do consumo que reduziu a subjetividade humana a uma função de mercado a pornografia não está apenas nos filmes explícitos mas na mercantilização da existência tudo é performance tudo é vendável o corpo outrora sagrado virou produto pode ser moldado retocado comprado descartado a identidade se tornou uma mercadoria como qualquer outra o filósofo byung chul hanan
atualizando a visão de Pasolini fala da sociedade do cansaço onde não há mais um opressor visível Pois somos nossos próprios carcereiros trabalhamos incansavelmente para alimentar um sistema que nos destrói mas o fazemos sorrindo porque acreditamos que somos livres Mas qual é o preço dessa Liberdade o preço é o nosso próprio corpo reduzido a um receptáculo vazio de impulsos momentâneos A Busca Pela estética perfeita é o novo totalitarismo um fascismo sem botas sem campos de concentração sem líderes autoritários apenas um espelho e um aplicativo de edição de imagem Pasolini falava da Juventude italiana como um cadáver
que ainda não havia percebido que estava morto e hoje o que somos nós senão cadáveres Ultra produtivos sempre disponíveis sempre ativos sempre correndo atrás de algo que nunca chega a ilusão da felicidade se tornou uma indústria multibilionária todos querem ser felizes mas ninguém sabe o que isso significa então buscamos dopamina barata notificações consumo imediato sexo sem significado experiências fugazes o corpo outrora o espaço da revolução tornou-se a cela de nossa Servidão entendia que a verdadeira transgressão não está em quebrar regras impostas mas em recusar o jogo por completo mas como recusar um jogo que está
tão profundamente entranhado em nossa identidade como dizer não quando o Sim já foi programado dentro de nós desde a infância o sistema é perfeito porque não impõe ele seduz não nos aprisiona nos convida não nos obriga nos convence de que a submissão é liberdade e assim seguimos corpos mortos caminhando por shoppings iluminados alimentando uma máquina que se sustenta do nosso próprio vazio a degradação não é um acidente é um projeto e nós somos tanto as vítimas quanto os cúmplices o que acontece quando o prazer Deixa de ser um caminho e se torna um cárcere Quando
sentir se transforma em obrigação e a felicidade não é mais uma possibilidade mas uma mercadoria inescapável Pasolini enxergava isso com um olhar brutal e Profético a sociedade do consumo não apenas impõe desejos artificiais mas também obriga a satisfação imediata o prazer virou um campo de extermínio silencioso onde aqueles que não conseguem sentir-se felizes são descartados como defeituosos a nova forma de poder não proíbe nada ele convida não impõe limites ele dissolve todos Pasolini via que o verdadeiro fascismo moderno não se baseia em repressão mas em excesso não há mais um ditador a quem odiar um
sistema a quem se opor Há apenas um fluxo infinito de promessas vazias de prazeres superficiais que nunca preenchem antigamente o sofrimento era uma experiência da Alma algo que fazia parte da condição humana hoje Ele é tratado como um erro a ser corrig um sintoma a ser medicado sentir-se mal se tornou um crime social quem não está sorrindo nas fotos quem não está aproveitando a vida quem não está consumindo o prazer virou uma obrigação e a felicidade um código de barras mas aqui está o paradoxo quanto mais o prazer se multiplica mais ele se esvazia Pasolini
sabia disso ele via o desejo como um espaço de luta um campo onde a autenticidade poderia surgir mas na sociedade do consumo o desejo foi sequestrado a pornografia de hoje não é a nudez explícita mas a banalização de tudo que deveria ser íntimo o sexo a identidade a arte os sentimentos tudo virou mercadoria E então chegamos à verdade Mais Cruel estamos exaustos exaustos de buscar Prazer sem nunca encontrá-lo exaustos de acumular experiências que não deixam marcas nunca houve uma era com tanto acesso ao prazer e nunca fomos tão infelizes a depressão se tornou epidêmica a
solidão virou um sintoma estrutural a ansiedade é o preço que pagamos por existirmos numa máquina que nunca desliga Pasolini denunciava isso nos anos 70 mas hoje Seu grito parece ainda mais urgente Vivemos num ciclo de desejos impostos e satisfações fugazes mas o que acontece quando alguém para quando alguém diz não quando alguém resiste a lógica da compulsão é aí que o sistema se desespera pois a única ameaça real Contra esse Império do vazio é alguém que não precise dele a maior revolução hoje não é buscar mais prazer é encontrar significado não existe mais sacralidade nada
é em intocável nada é Inviolável nada é eterno a sociedade moderna destruiu todos os deuses mas não colocou nada no lugar o resultado um mundo onde tudo pode ser consumido vendido transformado em conteúdo até mesmo a dor até mesmo a morte Pasolini via essa destruição como um crime irreparável para ele o sagrado não estava apenas na religião Mas em tudo aquilo que possuía um valor intrínseco algo que não podia ser reduzido a números cliques cifrões a degradação da cultura moderna não aconteceu porque as tradições foram questionadas isso sempre aconteceu ao longo da história o problema
real é que ao destruí-las a sociedade não criou novos significados apenas deixou o vazio no lugar ao destruir os rituais e as tradições a modernidade produziu uma nova forma de poza a pobreza espiritual Pasolini sabia que não era o materialismo puro que corrompia o homem mas sim a completa falta de transcendência o que restou quando matamos os mitos quando rimos dos Deuses quando tudo é só um meme o que restou foi um deserto e nesse Deserto o que antes era sagrado virou espetáculo a morte transmitida a vivo tragédias são exploradas por algoritmos a dor virou
entretenimento assistimos guerras pelo Twitter a miséria é fotografada e postada com hashtags de engajamento pessoas choram diante de câmeras não por luto verdadeiro mas porque o choro rende visualizações Pasolini escreveu sobre a prostituição da cultura mas hoje não é apenas a arte que foi vendida a própria existência foi transformada em mercadoria cada vida é uma vitrine cada emoção um ativo cada pensamento um dado monetizável e o que acontece quando o sagrado morre o que acontece quando nada mais é Inviolável A resposta está ao nosso redor ansiedade generalizada depressão epidêmica um sentimento de que nada realmente
importa porque nada importa quando tudo pode ser reduzido a consumo o sentido Pasolini via na sociedade um luto silencioso uma tristeza que ninguém ousava nomear hoje essa tristeza grita em cada tela mas poucos conseguem ouvi-la a mente humana nunca esteve tão cheia e nunca foi tão vazia vivemos bombardeados por informações estímulos notificações mensagens que exigem resposta imediata mas quandoo calma quando a tela se apaga quando ninguém chama O Que Resta um silêncio insuportável uma ausência que arde um buraco que não conseguimos preencher Pasolini via isso acontecer nos anos 70 mas hoje a profecia se concretizou
o que ele chamava de genocídio cultural se tornou um fenômeno neurocientífico estudos da Psicologia moderna mostram que o excesso de estímulos destrói a capacidade de concentração cria um vício químico por dopamina e leva à depressão biun chul hanan chama isso de sociedade do desempenho não há mais um patrão que nos explora agora somos nós mesmos que nos obrigamos a ser produtivos a estar sempre disponíveis a nunca descansar a neurociência confirma o que Pasolini já intuía vivemos em um sistema que reprograma nossos cérebros para sermos consumidores em eternamente insatisfeitos o prazer imediato destrói a capacidade de
sentir prazer real o excesso de opções nos paralisa a necessidade de Exposição constante corroi Nossa identidade O problema não é apenas filosófico ele é físico estudos mostram que a depressão e a ansiedade cresceram exponencialmente nos últimos 30 anos acompanhando a ascensão da cultura digital a felicidade antes era um estado de espírito virou um produto de mercado o que Pasolini chamava de destruição da autenticidade É hoje um fenômeno mensurável quanto mais alguém tenta se adaptar ao que o sistema exige mais infeliz se torna e aqui está a ironia Mais Cruel sabemos que isso nos destrói mas
não conseguimos parar a máquina do vazio é perfeita ela não precisa nos Forçar ela nos faz querer queremos consumir Queremos ser vistos queremos existir de um jeito que seja compartilhável como escapar como resistir A um sistema que se infiltrou dentro do nosso próprio cérebro Pasolini via um único caminho a recusa radical a recusa ao consumo como identidade a recusa ao prazer programado a recusa ao papel de engrenagem numa máquina que só existe para Moer o que há de humano em nós e essa recusa não é fácil porque significa abandonar tudo o que conhecemos significa viver
sem os anestésicos que nos mantém funcionando significa olhar para o vazio e não fugir dele mas talvez no meio desse silêncio aterrador possamos encontrar alguma coisa que ainda seja nossa Talvez seja só ali que a Revolução interna de cada um começa está ativa ela quer que você passe por aqui e siga para o próximo vídeo sem pensar quer que tudo seja Raso rápido descartável mas se você chegou até aqui significa que ainda sente ainda questiona ainda percebe o vazio ao seu redor E é exatamente por isso que este canal existe para aqueles que não aceitam
a mediocridade do pensamento enlatado para aqueles que querem ir além da superfície para aqueles que sabem que a cultura está morrendo e não querem ser cúmplices disso ser membro deste canal não é apenas um gesto simbólico é um ato de resistência aqui buscamos o que foi silenciado resgatamos o que tentam apagar discutimos o que ninguém quer que você saiba mas para isso continuar precisamos de você o que você ganha ao se tornar membro acesso antecipado a conteúdos exclusivos que o algoritmo quer esconder discussões aprofundadas sem filtros sem censura sem medo um espaço para mentes inquietas
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