E aí [Música] O olá boa noite sejam muito bem-vindos ao Roda Viva estamos no ar para todo o Brasil pela TV Cultura e emissoras afiliadas e conectados ao mundo em múltiplas telas Pelas nossas plataformas digitais o movimento da escrita acho que o movimento da própria vida é um movimento que você faz para vencer a dor a frase é uma das muitas em que ela consegue como poucos autores traduzir em palavras o processo mais profundo na criação literária foi graças a essa capacidade de mergulhar que ela cunhou o conceito quase um gênero a escrever vivência que
pode ser traduzida como a memória escrita da vivência e que vida criada na favela do pindura saia no centro de Belo Horizonte ela se formou em letras no Rio de Janeiro onde lecionou durante muitos anos na rede pública de ensino a sua obra de escritora foi descoberta tardiamente nos anos e põe os seus textos começaram a figurar nos cadernos negros do coletivo quilombhoje Demorou mas seus romances contos poemas e ensaios são hoje publicados em vários países isso não mudou em nada sua visão crítica em relação às dificuldades de acesso das mulheres negras ao mercado editorial
são mais recente projeto vem no sentido de corrigir essa pagamento histórico ela coordena a celebrada rede são da obra de Carolina Maria de Jesus outras gigantes da literatura nacional para a companhia das letras para percorrer os becos da memória de uma vida simular temos a honra de receber no centro virtual do Roda Viva a escritora Conceição Evaristo autor entre outras obras de becos da memória Olhos d'Água ponciá vicêncio insubmissas Lágrimas de mulheres é ganhadora do prêmio Jabuti o mais importante da literatura brasileira em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro ela tem mestrado em
Literatura brasileira pela PUC do Rio e doutorado em Literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense sua obra passa pela poesia ou romance contos e ensaios sempre com foco no Brasil esquecido das desigualdades sociais e da opressão o Minecraft Sara Conceição Evaristo nós convidamos Ana Cristina Rosa jornalista ficou bonita de opinião do jornal Folha de São Paulo Adriana Ferreira Silva redatora-chefe da revista Marie Claire Elisa Lucinda escritora e atriz Pedro Henrique França jornalista diretor e roteirista que Paulo Werneck editor da revista 451 e apresentador do podcast 451 Boa noite Conceição muito obrigada por ter aceitado nosso convite
para estar conosco aqui falando dessa sua carreira tão profícua noite e eu que agradeço a diferença do convite agradeço a corrida é Conceição queria começar pedindo nacionales e sobre um dos aspectos que Eu mencionei nesse nosso texto de abertura é desse funil estreito para as mulheres e para as mulheres negras na literatura Nacional você passou por ele mas sempre costuma dizer que e não é um sinal de que ele não existe é justamente a exceção que confirma Uma Triste regra é escritores como você e Carolina Maria de Jesus é enfrentaram essa desigualdade na pele literalmente
em uma entrevista há alguns anos a outra dessas mulheres negras que conseguiram passar pelo funil a djamila Ribeiro você disse que a sua fala estilhaça as máscaras do Silêncio quanto a esse assunto a gente tá evoluindo a própria rede são luxuosa e com cuidado que merece da obra da Carolina feita por você mostra que a gente tá evoluindo e olha sem sombra de dúvida eu acredito que nós estamos evoluindo agora o que eu não posso deixar de afirmar é que essa evolução ela não se viu gratuitamente foi preciso é preciso que nós mulheres negras em
cada espaço que nós estejamos é preciso sempre que a gente Force essa passagem é preciso que a gente é eo curry essa porta Então as nossas conquistas elas são conquistas muito mais oriundas de lutas eu acho que na medida que nós e prova já nossas lojas que nós reivindicamos esses Passos esses espaços vão realmente se alargando certo vamos continuar essa conversa agora ouvindo outra gigante da nossa literatura Elisa Lucinda por favor né tô aqui pensando não estou acostumada a escrever coisa para te perguntar sabe porque nossas conversas sempre foram incríveis mesmo eu te conheço desde
os cadernos negros e sua sua a turma de São Paulo fez a minha cabeça muito no sentido de desse lugar da nossa escrita para acordar né você falou que as mulheres negras que contavam histórias para casa grande dormir e o gente escreve para sua casa a igreja acordar infelizmente ela perdura mais uma vez eu queria te perguntar que eu acho assim muito um Marco assim na sua literatura é essa capacidade narrativa o Sheik pedisse que os poetas são os melhores narradores mim ver se você concorda Mas você eu que conheci muito primeiro sua poesia toda
hora eu me vejo em lágrimas E aí com aquela criança dá para anunciar aquela aquela forcinha dentro da mãe chorando imagina uma pessoa não vento a mãe tá ouvindo O Choro é a criança dentro do ventre tem muita porrada áudio visual do seu trabalho então eu quero saber o como é que você se sente como na sua prosa poética e tipo de Labor você acha que você faz com a língua né com tonalidade nela e que que é que mágica é essa o que vocês querem coisa que eu não tenho coragem não é Elisa eu
sem sombra de dúvida o meu Labor eu acho que ele é muito marcado pelo meu senso de observação É eu gosto muito de assuntar a vida né dê a chutar as coisas já juntar os acontecimentos eu tenho uma sede muito grande de perceber mesmo né Tem um poema meu né esse olhar né e percebeu O âmago das coisas e essa busca pela profundidade dos acontecimentos pelos motivos eu tenho uma amiga que ela falou comigo que ela não gosta de conversar comigo porque tudo eu pergunto porque porque eu quero saber os detalhes e acho que é
inscrever também você quer saber os detalhes você tem que ir ir no fundo você tem que ir na alma na história Então eu acho que essa necessidade essa busca minha de ir na aula na história de na alma cuja acontecimento de na alma das pessoas né e de certa forma também de revirar a minha própria alma e ventar e aí fica o aspecto mais difícil é tentar traduzir com palavras é essa necessidade de na alma dos assuntos de na alma das pessoas né de descobrir a A Essência né o núcleo dos acontecimentos e que essa
forma é o bicho é você também buscar esse sentido das coisas Oi e aí x um momento que essa busca ela se torna maior quando você tem que buscar as palavras e aí você tem que buscar as palavras para traduzir o que você viu para traduzir o que você sente é para traduzir o que você gostaria de comunicar e essa busca da palavra eu acho que ela te leva para esse exercício da literatura né Nesse estilo esse exercício do dizer no inscrever e aí é a parte mais difícil né eu você encontrar a palavra exata
E na verdade a gente vai encontrar palavra usar a palavra exata aquela não dá conta do texto e eu e também apenas a consciência canal da conta do texto você fica se reduzida também pela oralidade né a oralidade é o texto completo né é uma realidade é o corpo a palavra é a Conceição tá falando conosco direto da casa dela em Minas onde ela está quarenta e nada e a gente está ouvindo galo cantará literalmente né pra vocês são é maravilhoso e é maravilhoso Ana Cristina por favor sua pergunta agora professora Conceição prazer estar aqui
com a senhora entrevistando a senhora eu quero retomar um ponto da pergunta que foi feita aquela Vera sobre a evolução as conquistas nossas como mulheres negras escritoras negras e trazer o seu livro Olhos D'Água em olhos-d'água a senhora tem muitas escritas fortes e que nos levam a reflexões é Eu particularmente fico muito tocada quando lembro de um dos seus contos é que é a gente combinamos de não morrer me cala muito fundo esse conto porque nós negros somos vítimas preferenciais né É agora mesmo essa semana saíram os números do mapa da violência e mais uma
vez a chance de uma pessoa negra morrer é duas vezes e 62 as duas pontas seis vezes maior do que uma pessoa não Negra É mas o que eu queria trazer mesmo é que nesse nesse conto a senhora finalize esse conto você finaliza esse conto é professora trazendo uma frase que é escrever uma maneira de sangrar Então o que eu gostaria de saber da senhora é como escritora Negra o que representa para senhora e para as mulheres negras o Ato da escrita escrever para uma mulher negra diferente de escrever para uma mulher branca escrita por
uma mulher negra é um ato Libertador é uma transmissão e olha Quando eu digo escrever é uma maneira de sangrar é uma maneira de sangrar para mim É mesmo né então como é que quando várias pessoas falam comigo Olha eu chorei quando eu vi determinados e estes determinados textos eu escrevo chorando literalmente chorando é uma flor eu acho que é dizer assim tá entendi muito bem Hotel o que que é isso é a a determinados textos que eu estou escrevendo eu tenho que parar e tomar fôlego para poder continuar a escrita sim eu acho que
é escrita da mulher negra é ela é diferente da escrita da mulher indígena com a escrita de uma mulher cigana vai ser diferente da descrita como a escrita da mulher é indígena vai ser diferente Oi querida porque olha só gente pensa que uma Espírita ela vaza uma subjetividade é consciente o inconsciente eu acho que essas experiências diferenciadas das mulheres porque quando a gente fala de mulher que nós estamos falando várias mulheres EA mulher negra ela tem um escrita ela tem alguma vivência diferenciada das mulheres brancas eu acho que as mulheres e determinados momentos você Experimenta
é sentidos únicos de subalternização mas em outros momentos essa sua organização para as mulheres negras para as mulheres indígenas elas diferenciam Ora se a escrita ela vaza essa subjetividade sem sombra de dúvida nós vamos ter escritas diferentes e chamar o tenho a menor dúvida de afirmar um quilo e aqueles que inclusive já tão interessante que por exemplo texto de Geni Guimarães ele dialoga com muito mais é potência por exemplo contexto de Teresa Carmina que é uma escritora da África urbana o contexto de Tony morre som que são três mulheres negros do que muitas vezes contexto
de uma outra escritora Branca produzida aqui no Brasil Então eu acho que a a l e a justamente marcada por o Nossa posição Histórica de África histórico que é que é a nos dá essa escrita diferente de mulheres brancas Mas a escrita a senhora considera um ato de resistência Desculpa só para e não sem sombra de dúvida ele ela ele é o um ato de resistência eu acho que no nosso caso ainda é a como essa escrita de mulheres elas de mulheres negras elas revelam um Gibi ou elas buscam é reclusive é marcar o explícito
dar uma trajetória histórica da comunidade negra na comunidade as porcas que a história consciência é despreza então eu vejo as escrita como um ato de resistência e inclusivo como ato de fundação de nossa Fundação como como pessoas estão sujeitos na nacionalidade brasileira perfeita literatura nos coloca muito mais dentro da nacionalidade brasileira do que a própria ciência histórica Agora sim por favor Pedro Afonso bom então prazer estar aqui com vocês de novo é um 2018 você foi protagonista de uma campanha jamais vista na história da Academia Brasileira de Letras na Instituição fundada em 1897 que até
então não tinha nenhuma escritora Negra entre os mortais mesmo com uma campanha Popular imobilizou tanta gente você teve apenas com um voto dos 35 possíveis você me disse no Meu Caixão que faria um livro sobre isso queria saber se esse projeto segue e o que que esse episódio diz sobre a literatura brasileira e sobre a academia o Pedro que bom também te reencontrar Que bom é esse projeto segue né eu tenho assim vários projetos de vida e um é realmente é retomar essa história é dessa minha candidatura que o forma candidatura uma candidatura assim gêneros
na forma de uma candidatura que tive é dispositor é um outro processo até de reeleição da academia é uma candidatura que eu me custe Apesar meu pedido o voto somente mas é um me considerei é Vitoriosa porque eu tenho dito que o importante não é você ser a primeira o primeiro o importante é você abrir caminhos e hoje quando eu vejo né ah ah tem aí uma campanha que nós temos um dia Daniel munduruku tem um sujeito indígena o e outros candidatos também então eu acho que essa candidatura ela ela abriu a perspectiva nela abrir
o desejo de outras candidaturas agora o que que eu vejo né eu vejo academia como uma instituição que é realmente uma instituição brasileira várias espaços brasileiros são espaços que é verdades né ao sujeito mesmo verdades ao sujeito gay verdade as mulheres então academia é um reflexo da sociedade brasileira infelizmente apesar de termos de pessoas lá conscientes mais academia é um reflexo da liderança da da sociedade brasileira né infelizmente ela representa uma literatura é que ainda não dá conta nem de identidade brasileira e quando a a múltipla mas não temos uma literatura que de ponta de
uma identidade brasileira isso é importante por favor Adriana só pergunta ou a Conceição que prazer imenso estar aqui conversando com você uma honra queria voltar no tema da oralidade a senhora costuma dizer que não nasceu rodeada de livros mas sim das palavras e que a experiência da oralidade foi sua primeira formação literária E aí é às vezes a senhora usa como exemplo uma fala da sua mãe que é vó Rita dormir embolada com ela que a justamente uma das frases que tá ali na abertura do livro becos da memória eu queria que a senhora falasse
sobre esse hábito de contação de histórias da sua família e o caminho que a partir dele a levou aos livros e à literatura é Tá bom eu tenho é inclusive uma satisfação e orgulho muito grande né para ter o afirmo que eu não nasci rodeada de livros relativa de água de palavras eu não tenho a menor dúvida que a minha competência para escrita ela foi forjada ela foi formada nas oportunidades que eu tive disputa escutar para mim ele foi ela foi assim essencial e eu me lembro também é uma mesa escutando a Elisa Lucinda do
centro em casamento dela pelas palavras né então esse encantamento pelas palavras pelos o na palavra pelo significado da palavra é isso é tá na base do meu peixe tá na base do meu texto se eu pudesse e é pegar a a palavra funciona a palavra a palavra dita e traduzir isso é da forma mais fiel possível para a escrita é eu faz dia né Eu queria realmente transportar essa riqueza da oralidade a escrita mas a oralidade Justamente a modalidade tem isso que a escrita não tem que ao corpo né é um gesto é o olhar
é é um movimento Então você criado no meio disso tudo não era essa contação de história é meu tio contar uma história que quando o personagem morria meu tio se jogava no chão tem um gesto da minha mãe o gesto que tá está ligado a oralidade que eu gostaria muito de traduzir Por Exemplo Se eu perguntasse para minha mãe hoje né agora quem é a mãe o que é que que é que a senhora tá achando por exemplo é da saúde no Brasil hoje ela simplesmente responderia assim ó G1 E olha como traduzir isso para
escrita e o que que ela disse ela disse nesse whoo com ele que nós levaremos hora para tentar falar com vocês em discurso então é ter essa experiência com a oralidade para mim foi muito significativa e eu não quero perder isso é e ekele transportar isso para a escrita o mais possível né Paulo por favor sua pergunta Conceição tudo bem uma grande honra aqui podemos conversar com você muito obrigado e eu queria fazer uma pergunta relacionada à pergunta feita pela Adriana queria saber como é que então essa Quando é que a sua oralidade se torna
texto né quando é que a senhora como é que eu sou o processo de criação no ponto de vista mais material mesmo a senhora Ele nasce como fala o a senhora já vai escrevendo ou enfim como como funciona é isso e o quê que é a o começo na abertura sobre escrevivência né que esse conceito importante que a senhora desenvolveu e se a senhora pudesse sintetizar o que que é escrevivência como o público então o primeiro o meu texto ele nasce muito é de ficar matutando texto de ficar pensando texto eu sou muito lenta né
Eu sou muito lento eu sou uma pessoa dentro e a idade tá me deixando mais lenta ainda então eu fico tempo só o texto na cabeça é uma palavra de vezes que eu escrevi pelo Escuta ela pode me gerar um texto é uma música que eu escuto pode me gerar um texto mas normalmente o que me gera texto São Lembranças e são imagens são fatos são é aquilo que o osso né eu digo que escritor escritora na verdade nós somos um grande fofoqueiro a gente escuta eu a ficar escutando histórias Às vezes as pessoas me
contam uma história começa me contar no meio da contação eu já já estou elaborando um texto e muitas vezes eu pergunto você já escreveu isso escreve porque senão daqui a pouco é eu escrevo então é a escrita é muito nessa dinâmica né de escutar de ver e é numa dinâmica muito da vivência mesmo por isso é escrevivência né Essa vivência que não precisa de ser uma vivência É dinâmica né ela pode ser uma vivência também nesse ato de contemplação eu posso estar contemplando a vivência do outro e transformar essa vivência escrita EA escrever vivência é
muito isso né um escrita que nasce nesse compromisso com a vida né nesse com é tanta vivência sua vivência em tempo individuais como a vigência do outro mesmo É nesse desejo de captar mesmo essa dinâmica na vida né esse esse fluir que tá o tempo todo né o tempo todo a vida está fluindo né do meu lado para tu ir de linho é tá fluindo na minha frente tá fluindo nas notícias está fluindo nos contatos estatuído no próprio isolamento também então essa percepção da vida para transformar Essa vida é inscrita maravilhoso com esse então a
gente fecha esse primeiro bloco essa é a nossa primeira parte da vivência Com a Conceição Evaristo vai para um breve intervalo e volta já com mais conversa tá E aí E aí [Música] o Bradesco Acredite no futuro [Música] estamos de volta com o Roda Viva com Conceição Evaristo Conceição é o seu mais recente projeto é o relançamento da obra completa na Carolina Maria de Jesus e diante do lançamento das primeiras obras já se instaurou uma polêmica a respeito do texto né acho que a gente continua aqui falando dessa coisa da forma oral e a forma
escrita eu queria saber como se deu a discussão em torno de se preservar ou não o português do modo como a Carolina escrevia Qual foi a sua opinião como coordenadora A esse respeito e como você vê as duas correntes é que se digladiam nesse debate aqui acha que corrigir o português seria uma forma de respeito a Carolina e tratá-la como outros escritores são tratados e aqui ver é muito assim táxi dela o que talvez a lélia gonsales tem a chamado de pretuguês um respeito Aí sim a vida dela e ao fato de que ela veio
de um lugar de exclusão de exclusão do ensino formal e que isso precisa estar presente na obra porque faz parte também dela como escritora e olha eu dei é muita sorte porque na verdade é essa e temos do conselho do grupo das outras pesquisadoras é todas nós já temos esse pensamento já elaborado sobre a não a não intervenção no texto de Carolina tanto do ponto de vista da ortografia da gramática e do conteúdo né o conteúdo também o que Carolina é escreveu é instalar o que que eu vejo essas duas correntes é uma corrente que
defende essa correção outra corrente que tem que acha que é a nossa corrente que acha que tem que deixar o o texto de Carolina afluiu eu vejo duas maneiras o mais maneira linha cabina Na verdade eu posso ele procura uma maneira de mercado O que é uma maneira talvez nova por isso que causa é esse certo incômodo eu acho que Carolina Ela é múltipla justamente ela pode ser vida de várias formas agora o que que a gente pensa é também nessa maneira que a gente apresentou o carneiro Eu acho que o texto de Carolina é
uma texto que parar meio do conteúdo para além da literatura ele refere ele ele possibilita uma série de reflexões e uma das reflexões que a gente traz muito essa também é no sentido de deixar explícito e ajudar a pensar como as classes populares se apropriam da língua portuguesa a maneira como nós como brasileiros qual nós nos apropriamos da língua portuguesa ela é uma maneira da ser muito diversificada um sujeitos indígenas se apaga e se apropriam da língua portuguesa é de uma forma o sujeito do interior se apropria de outra forma o sujeito da capital se
apropria de uma outra forma o jornalista se apropria de uma ordem de uma outra forma Então essa essa essa maneira diversa de se apropriar da Língua Portuguesa e que tem inclusive muita ver né sua própria condição social é do sujeito então a gente queria é conservar essa dinâmica de Carolina ela colocar menina se apropriou da Língua Portuguesa e muito também é no sentido de deixar explícito Quais foram as formas de letramento de Carolina né Como se dá esse processo de diretamente Carolina que é um processo muito diverso da gente é queria também é deixar deixar
esse Spring e o texto vem acompanhado também está no site da companhia de um texto é para professores como professores podem trabalhar com esse texto né indicando é um texto que inclusive oferece uma série de reflexões e uma das e uma das reflexões também nós podemos pensar no preconceito linguístico né E se a gente fala inclusive não adversidade eu acho que essa diversidade linguística também ela tem que ser valorizada nela tem que ser reconhecida não como um sinal de menos mas toma uma possibilidade de registros diferentes de uma mesma língua E aí fica aí não
quem conseguir ir por esse caminho vá por esse caminho que não conseguir continua olhando Carolina da maneira que acha mais lógico que acha é mais mais viável né e uma hora da Cristão aqui para gente é um ponto de reflexão também é porque nós não partimos do conceito de erro porque se gente parta viu conceito de erro então nós vamos é pensar em correção Manu parte 1 desse princípio nós próximo de de princípios que são registros diferenciados e essa registro diferenciados eles podem existir ótima então por isso que a gente não fala em erro não
falarem padrão não fala em agramaticalidade né porque algumas pessoas estão dizendo também que o texto é um texto a gramática mas preferimos pensar que é um texto aqui que lida com a gramática na ccee realiza que se atualiza uma gramática do cotidiano feito para que Guimarães Rosa é o curso é o sua gramática programática invencionismo então Popular mas nesse caso é neologismo né daí não é não é só meu hoje não não eu esse caso é visto como não vem perdendo é você tem um nome né É acho que a Ana que a diga diga
Conceição porque tem direito a brincar com a língua o a modificar na língua o criar relogista aquele sujeito que é considerado conhecedor da Norma culta da língua que tinha entendido que a norma oculta né olha Então o que o Guimarães Rosa cria é neologismo mas quem sabe também quem é Mineiro está acostumado com linguagem a Minnie anos sabe que nem tudo que Guimarães criou foi neologismo né Tem um e a menina dele então a sempre você brincar com a minha determinados saberes né como julgam que Carolina não tinham esse saber então ela não tem nem
essa liberdade o que o Carolina cria não é considerada como Neurologia ismo é considerada como erro então se a gente parte do conceito de erro aí é uma outra leitura que vai ser produzida né E que a gente não apaga possibilidade dessa leitura ser produzida Não essa leitura ela pode ser produzida mas eu conselho o pintor por uma outra produção de leitura de entendimento do texto de Carolina Maria de Jesus maravilhoso Ana Cristina por favor professora eu vou aqui me policiais tentavam em seu meu hábito de chamar todo mundo que eu reference o respeito e
que tem um pouco mais idade do que o de senhora então você é a referência no bloco anterior é que costuma contemplar vivências a vivência do outro traseira docinhos para sua obra né nós todos estamos vivendo os meses agora os anos né já mais os objetivos das nossas vidas a gente tá trancado em casa isolado afastado do outro como é que tá sendo para senhora para sua para você para sua produção literária é traduzir o outro a distância e olha primeiro que plano que foi na ele é muito difícil é lidar nessa distância me traduzir
nessa distância a primeira tradução que eu tive de mim na nesse período é que ela era uma pessoa velha eu não sabia que eu era uma pessoa velha né então sabia que eu pertencia ao grupo de risco que eu era uma das pessoas que vai dar nessa a a pegar o coronally de morrer isso para mim foi muito difícil e ele te dá blusinha a pessoa é nessa distância tem até 22 enquanto que eu já fiz Não Me Deixe Morrer o sono profundo acho que foi para a revista Piauí alguma coisa assim Acho que foi
para revista Piauí e a justamente o relacionamento de uma velha com a menina é jovem e quando todo mundo achava que eu queria pegar a a um coronavírus Quem pegou foi a menina mais que sobrevive também E aí eu entro com os mitos afro-brasileira corrigir de Nanã que e pronto mas sem sombra de dúvida é um aumento muito difícil é o momento que a gente não se cuidar para mim para mim é um momento difícil momento que você cai numa no interatividade mas eu acho que é um momento também é para descobrir até que ponto
também a nossa relação com o outro fora da da família era realmente uma relação tão profunda né Eu acho que a gente sente muita saudade muita falta de estar com o modo isso sem sombra de dúvidas e para quem gosta de observar a vida isso não é isso me faz falta mas não é só isso né Eu acho que a gente é descobre também outras maneiras é de estar com o outro e talvez momento que a gente precisa né de uma certa introspecção para descobrir novas formas de relacionamento e valorizar também novas formas de relacionamento
e valorizar para certa forma uma certa um certo vazio que a gente já vivia uma certa utilidade nas relações não eram e era muitas vezes você estava na rua você estava com outro mas é que pronto você estava realmente é bom outro Elisa por favor eu tava aqui pensando que essa sobre esse assunto da língua é a África apresenta toda bilíngue né a gente e a gente cadê a nossa língua mãe onde que tá sobrou o palácio da um palavras Ibirapuera Copacabana Mas cadê a nossa língua-mãe Então eu acho que você dá conta de construir
com a sua escrita é essa vocês chama de memória inventada esse essa ocupação da nossa nossas lacunas históricas que você também dá conta de uma subjetividade em Qui jun junto com essa línguas é muito diferente que você faz eu tô falando tudo isso para dizer que você acha que dá conta dessa pesquisa mesmo Eu também faço isso quero escrever esse brasileiro que a gente é que nós também somos herdeiros da Semana de Arte Moderna do Oswaldo de gente que procurou e agora o quando a gente escreve eu esse povo tá falando Mas tem uma coisa
que me intriga no caso de Carolina Maria de Jesus no seu caso essa marcação desse dessa coisa trágica vi não não traz que é mais social é catadora de papel que é uma coisa que essa nossa disposição não vai não vai marcar né é a exposição do Instituto Moreira Salles local nós somos conselheiros e tem uma coisa que me chama atenção você né foi doméstica Eu sinto que tem um olhar que Mas será que um fetiche colonialista colonizador eu acho que é um é um fetiche sim é é é e não é uma situação assim
é inusitada e eu acho que uma das leituras que a gente está tentando fazer de Carolina é tirar Carolina Carolina não ser visto somente como essa mulher é que veio da favela que escreveu quarto de despejo há muito tempo eu vou insistir no que a fome que Carolina falava no quarto de despejo não era só uma fome é uma forma física e como também né o fato de eu termino é de uma favela eu me lembro que quando eu fui para uma clipe é tinha uma manchete que saíram mais ou menos assim da favela para
Trip Então parece que eu tinha levantado voo né sair da favela do Cruzeiro e caiu em em Paraty tá eu acho que a a toda essa e Esse aspecto é o que queria né essa essa essa diferença nessa diferença ela é a a um desejo de criar um outro olhar sobre essa diferença mas acaba sempre caindo no lugar famosos e aí e aí também eu acho que região é reside o perigo porque quando você coloca os sujeitos que veio dessas dessas experiências sociais essa organizado e esse sujeito passa ocupar é que outros lugares quando você
se Prende muito a isso você cria com a gente que você queria esse discurso da exceção me esqueceu não quer ser sol ela simplesmente para o clima uma regra então a outro sujeito por essas situações Então em vez de perguntar o que que causa essas situações ficam muito focado na história da exceção e toda vez que você for ou até mesmo sujeito no lugar de exceção você desliga esse sujeito dos seus grupos de origem então o sujeito está lá o grupo de origem está no numa distância entre o grupo de origem é é improdutivo aquele
sujeito no meu tio né mas eu não pude origem é produtivo então eu acho isso é perigoso porque esse esse discurso Essa visão também pode cair no discurso da meritocracia tá vendo nos sobrou trabalhou no sempre tem conseguiu né Eu acho esse destruir eu tenho muito medo de o Scolari nesse discurso amigo tente sabemos estudar se esforçar consegue mentira eu conheço uma série de pessoas que estudam que possam e continuam sendo cerceado sim Pedro Por favor Conceição se a gente numa entrevista uma vez que o grande desejo era que a sua escrita chegasse as pessoas
que te inspiram só que só seria possível que os livros e os outros bens culturais estiverem disponíveis para todas as pessoas queria saber quem tem que inspirado quem tem que ser emocionado e como fazer para tirar a arte os bens culturais dentro lugar do privilégio Quais são os mecanismos que a gente pode pensar para tirar a arte de advogado privilégio olha pensando no caso de livros eu acho que a primeira coisa que a gente tem eu acho como como como política pública eu acho que a gente tem que ter é um é uma política de
produção mesmo a polícia de produção de distribuição de livros né O que foi muito perigoso quando a discutir peão que a capacitação sobre livros então vizinha não pode aumentar seu preço do New que quem de quem é quem tem dinheiro ele é muito perigoso isso porque se livros continuam sendo caro vão continuar lendo as pessoas que têm dinheiro isso não não não ajuda em nada então eu acho que uma política de publicação a política de Distribuição e os primeiros lugares tem que ser escola pública tem que ser meditação Porque muitas crianças maioria das crianças das
classes populares elas vão ter contato com o livro quando ele chega na escola pública Eu acho que o primeira foto é a educação eu achei educação ela aquele seu uma Inicial Eu não estou nem falando Sá as pessoas começam com pessoas não estou falando nada disso estou falando bem material didático tô falando livro né então acho que tem que ter uma uma política de publicação de autores os mais diversos possíveis os mais diversos possíveis é a as bibliotecas nas bibliotecas públicas também acho uma política de incentivo às bibliotecas públicas bibliotecas comunitárias terra eu trabalhei dois
anos né como Dando treinamento para dinamizadores de leitura então aí bibliotecas comunitárias também Elas têm uma importância muito grande na chegada desse material na chegada do livro e pensar né É sempre esses bens e os bens culturais eles não podem ser hipertensas Oliver o plástico é pedir determinadas classes sociais eu acho que nós temos de pensar no cinema no teatro livro na dança né tudo que que pó os produtos culturais eles têm que ser realmente democratizado e isso vai muito de uma política pública é um aqui uma política pública de saneamento básico como uma política
pública de alimentação uma política pública de saúde e uma política pública é difamando estruturais Paulo por favor quer falar tem Tá inspirada e assim tendem inspirado na atualidade Pode ser na nova geração E aí é a nova geração é eu fico muito feliz eu acho que nós hoje temos uma nova geração de estudantes e pesquisadores por exemplo meu trabalho com o conselho consultivo agora na companhia das meninas foi muito interessante são pesquisadora jovens pesquisadores que estão aí no trabalho sério no trabalho é a comprometido trazendo outras perspectivas de leitura e nós temos também é rosto
as perspectivas políticas também não posso deixar de lembrar aqui das principalmente das mulheres que a gente acompanha mais de perto minha mulher me jovem que estão na política eles estão falando também numa política partidária numa política eletiva né o papel dessas mulheres também de pensar uma nova política tivesse uma política mais democrática por filho bom então é tem momento que eu participo que eu gosto muito que é o congresso de pesquisadores negros então a gente vê meninos e meninas meu banco também dá eu posso chamar todo mundo de menina então nós vemos meninos e meninas
muito jovens né precisar dores é estudante top na a gente vê uma Juventude negra que está sendo morta né uma Juventude Negra Que se pega pelo caminho mas a gente vê uma Juventude negra que está aí também né tomando é outro tinha uma longe fazendo outras exigências então a juventude mentira muito muito a juventude me inspira muito e não contando também o contando também as mulheres mais jovens né Mozart houver muito inspiradora é bem o momento ele até o blog está em vivo Felipe Carneiro caminha contemporânea então a gente disse é o nossos passos vêm
de longe os nossos passos vêm de longe os nossos passos vão continuar com a juventude que está aí e que está pegando o bastão e levando adiante Então os meus 74 anos que eu vou completar 75 a vida tá me dando oportunidade de ver os frutos nos nossos trabalhos em que é um advérbio aí e sem sombra de núcleo não há muito próxima pessoa que me inspirou última nas colheres de minha família né minha mãe que ela 98 anos que minha tia que me tirou né mulher que cumprindo né A vida inteira funções sua organizada
a essas mulheres que me colocaram aqui com isso então a gente está esse bloco volto com o Adriano e o Paulo depois do intervalo já já é E aí [Música] o Bradesco Acredite no futuro e nós estamos de volta com o Roda Viva com Conceição Evaristo e a pergunta agora é do Paulo Werneck Paulo por favor Conceição alguns trabalho com a Carolina você tomou contato com o outro tipo de escrever vivência que era da própria Carolina que você entrou na intimidade de uma escritora nos manuscritos né algo que os leitores não costumam ter acesso eu
queria perguntar para você o que foi ter contato com esse trabalho e também perguntar um pouco a respeito dessa relação dessa dessa crítica que houve também agora na ocasião do lançamento em relação ao papel do audálio Dantas que teria sido que foi Enfim uma figura importante na vida da Carolina que ajudou o teve ali na relação editorial com ela e isso deu origem a essa relação de origem é o quarto de despejo tal como conhecemos hoje e que depois da publicação amigo saudade da própria família ficou incomodado um pouco com a maneira como ele foi
retratado queria perguntar para a senhora se seu audálio também e dessa vivência da Carolina enfim é uma história que tá dentro dessa grande história e que esse a sua avaliação mudou depois de ouvir essas críticas da família e dos amigos do horário Olha a a minha avaliação eu não fiz nenhuma avaliação é da presença é de algario ou não na vida da Carolina o que nos interessava era Carolina o que nos interessava e o que nos interessa é a escrita de Carolina agora para quem ficou curioso para quem tem alguma dúvida em relação ao darem
Carolina que o edital vão texto de Carolina Quem quem vai falar de aldario quem apresenta algarvio não é o Noel não foi o conselho é o texto de Carolina e quem tiver dúvida inclusive pode ir aos originais de Carolina então a Carolina fala de algarvio Carolina É fala da política Carolina fala de Ademar Ademar de Barros com a menina relata o encontro dela com Brizola que é interessantíssimo então é toda curiosidade é preciso que as pessoas é é preciso ir ao texto acho que eu texto de casa de alvenaria na escrita de Carolina que que
vai sanar todas as dúvidas o que vai despertar mais curiosidade com aquele não tem não tem nenhuma ingerência sobre isso porque não foi o conselho que ser um peixe de camomila o conselho publicou o texto de Carolina e o conselho buscou apresentar carinha o que me interessa é Carolina Deny a Carolina com a escrita dela e com tudo que a escrita dela é a marcou a em contato com a escrevivência de Carolina também é justamente entrar em contato né alguns aspectos escrevivência é tem a escrever bem assim ela não ela não é só um escrita
desse apesar de ser um diário por que imprimir a pessoa mais um texto de Carolina é um texto que traz um sujeito coletivo na medida que é uma experiência uma mulher que relata uma experiência mas que é uma experiência que Abarca as experiências da condição de vida Que várias mulheres e várias mulheres negras brasileiras não só brasileiras estão também e mulheres chuva autorizadas pelo mundo inteiro Adriana por favor Conceição Você tem uma longa trajetória no ativismo tanto no movimento negro como não ativismo literário quando você por exemplo pagou para lançar os seus primeiros livros ou
quando você se junta um manifesto que critica a programação a principal festa literária do Brasil que a flip ou se candidata na uma vaga na Academia Brasileira de Letras né tudo isso a gente pode chamar de um ativismo Eu queria saber como é que você concilia essas sua atuação política como ativista com a preocupação com o que você chama de arte da palavra que a literatura olha não é difícil é conciliar porque é esse ativismo E aí eu vou preferir dizer até esse compromisso com o torna este compromisso com o coletivo Eu Sou formada dentro
disso né É a Elisa Lucinda para ir ela se lembra aqui nos finais dos anos finais não se meados dos anos 80 nós estávamos no Rio de Janeiro ele não era conhecida a Elisa Lucinda já tinha uma certa proeminência mas nós estavam no vídeo de escritores negros e é reunido no ipcn e fazendo as nossas apresentações nas bibliotecas públicas nos presídios nas escolas nas associações de moradores então é esse está no coletivo é um destaque me que me formou então eu nunca eu nunca entro em conflito né o meu texto é um texto também é
oriundo do Brasil transferir meu livro de 3 Número dessa palavra no coletivo né dessa formação do coletivo então quando eu estou lidando com a palavra como eu tô criando deixo eu eu não me desvencilhar disso que eu sou né Eu não eu não me mexi no digestível é dessa escola né dessa tradição que eu trago que é é A ação dessa vivência é no coletivo independente descia de movimento negro do movimento de mulheres não não é a própria experiência familiar a experiências e o medo é uma experiência coletiva né Eu acho que lombo tá aí
com toma uma prática nessa vou Paradigma e aí quando a gente fala de quilômetros pensando ligar de nascimento não é só o que logo reunião com o lugar de Africanos escravizados que fugiram não Quilombo é um carnaval que não abre associação dos moradores que nome é o grupo de vizinhos né são esses passos que o sujeito busca o coletivo está na coletivo para se fortalecer é eu queria continuar mais ou menos nessa Seara e voltar o que o Pedro perguntou sobre Academia Brasileira de Letras Conceição quando esteve aqui no ano passado a Nélida Pinon foi
questionada a respeito da escolha do Cacá Diegues em a sua candidatura e ela respondeu com uma coisa muito que causou espécie aqui a nossa entrevistadores dizendo que você não mandou um telegrama para os demais acadêmicos apresentando a sua candidatura eu pergunto esses capa pés que cercam Academia Brasileira de Letras é explicam em alguma parte em grande parte a seu ver o fato dela tá tão dissociada hoje então a parte ada das grandes discussões sobre democracia sobre educação sobre retrocessos na cultura retrocessos nos direitos esse lugar ali no Olimpo com os fardões Ainda cabe esse lugar
numa sociedade tão moderna contemporânea e tão desigual contra brasileira Olha eu acho que a Com todo o respeito que eu tenho academia porque se eu não tivesse esse respeito quando foi ventilada a a minha candidatura a Nature pela massa de dentro para fora na Rua Goiânia e fora Paty para dentro Eu não sabia que o dia que o meu não tá mexendo lançado quando vai jornalista é me procurou chamar um respeitar sua academia eu dizia não tá então respeito academia é mas academia tem que tomar cuidado porque senão ela perde o bonde da história né
Eu acho que a história hoje o próprio pensamento hoje a intelectualidade brasileira maneira de fazer política hoje também tudo hoje tem que ser renovado se não é fica para trás agora realmente eu não mandei telegrama Eu mandei uma carta de candidatura e outras outras medidas que parece que estão necessárias eu não tive nem tempo também eu disse Por exemplo que eu acho a apresentação tem que ser a obra Claro acho que apresentação tem que ser a obra fora deixe o não vejo outra maneira ele se candidatar às você pensa em se candidatar novamente Conceição não
eu acho eu acho não sei ainda não sei algumas pessoas acham eu não sei eu não tenho a resposta é fechada sobre isso eu acho que quando a primeira vez a academia não aceitaria Acho que nem aceitaria a minha candidatura e daí eu prefiro pensar que outra este mulheres negras outros homens negros sujeitos indígenas é o mais variado possível né Eu acho que outras literaturas outras representações literárias mais variadas mais variados tipos de deveriam se candidatar que eu acho que o que eu tinha de fazer eu já fiz eu em abril perspectiva leva academia pensar
eu acho que academia pessoa que tem pessoas ali bastante bastante sensíveis né e pensar talvez com algumas formas de candidatura né Eu acho que sim talvez esses papéis não sejam muito diga depois eu posso necessário nesse Episódio da academia você recebeu o contatos de algum de algum acadêmicos se tu não tem nem teve um voto mas alguém te mandou algum e-mail te procurou para falar manifestar algum tipo de solidariedade procurar conversa os candidatos que eu mandei disse que estava candidatando a pessoa me respondeu foi muito sincera para Olha eu não vou me comprometer com o
motivo porque eu já estou comprometido Apple E aí não não não não fiz Boa noite sincera na outra pessoa candidata também não dá no momento a gente encontrou casualmente não tinha nada a ver casualmente E aí outras pessoas que estão Alberto quiseram tirar foto tirar uma foto e essa pessoa me pediu o não publica essa foto que eu entendi que não era para publicar porque se eu publicasse poderia dar a impressão que essa pessoa estivesse comprometida comigo é uma outra candidata também quando chove o uma outra candidata na outra pessoa acadêmica e também quando soube
perguntou a minha assessora não para que que ela vai se candidatar para que você não vai se candidatar e uma outra Google a outra pessoa também essa era a pessoa candidata na flip perdi uma é bastante ostensiva comigo é dizendo para mim armas quem que a senhora conhece ela na academia eu conheço não ficamos teclando teclando teclando Eu falei bom eu não conheço ninguém então sempre essas coisas assim mas é que eu não sei nem nem não consigo nem fazer uma avaliação direito né que ele avaliação que eu faço o seguinte a minha candidatura incomodou
sim Ana Cristina por favor professora é falando em coluna e retomando um pouco a questão da sua atuação nos movimentos sociais negros o seu a sua presença só importância né nessa atuação como sujeito coletivo é desde que eu me entendo por gente nunca se falou tanto se publicou tanto se debateu tanto sobre a questão racial o Brasil tão abertamente né ao mesmo tempo também não gostou se sentiram tão à vontade para falar barbaridades ir para fazer barbaridades e eu entendo que não seja só porque agora todo mundo tem um celular e filma aí vai para
as redes sociais acho que as pessoas realmente estão esperando alisando mais é o seu preconceito atualmente nós somos um país de maioria de Alto declarada Negra preta e parda né é essa esse movimento de hoje se discutir as estrutural disse falar em preconceito e se inscrever sobre isso a senhora atribui aqui ao maior acesso de pessoas negras a universidade é uma noite pesquisadores negros a maior conscientização a senhora acha que essa esse processo de resistência mais consciente se deve a que professora Olha eu não sei eu acredito muito que o fato de hoje mais pessoas
negras estarem espaço de disputa com os branco e isso é faz com que a questão racial ela seja mais mais falada né mas mas mas demonstrar a mais discutida eu acho que hoje nós negros incomodamos é muito mais né nossa presença hoje ela se tornou é muito mais marcante né hoje Nós reclamamos quando uma maior visibilidade Então é se determinados espaços a presença do negro é não incomodava tanto os um branco poderia passar sem ser tão incomodado hoje o espaço disputa ele é maior né Ele é maior e acredito muito também nessa nesse processo de
amadurecimento que vencida no início processo de presença de uma Juventude Negra a juventude Negra ela hoje Marcos fácil na mas nas faculdades ela marca espaço como na política na Marques Passa nos Cocos docentes das Universidades e sem sombra de dúvida 10/metros novela desde muito né fortificar isso as ações afirmativas com a presença das pessoas que regras no cursos universitários é isso tudo sem sombra de dúvida cria né uma um ambiente de discussão uma e uma ambiência de posição é um movimento minha durante muito tempo é demais formas de um movimento é reivindicativo né o cotidiano
Rússia mais do que nunca Hoje ele é um movimento propositivo né gente propôs e cobra certo diz Oi Isa desculpa te interromper mas eu preciso sair para o intervalo volto com você justamente aí você emenda conversa partir daí não sai daí [Música] Bradesco Acredite no futuro [Música] estamos de volta para o quarto bloco da nossa roda de conversa com a Conceição Evaristo e quem pega daqui a Elisa você não é Elisa por favor Conceição eu acho que você é muito moderna para Academia Brasileira de Letras sabe é isso e eu acho que é o fato
de você ser quem você é tão novo de uma certa conta literatura brasileira oficial ficam com dificuldade de onde vão te colocar o mesmo de uma mulher que falou assim logo que você ou mais conhecida por lado para mim uma mulher falou para mim assim tu procurando livro de Conceição Evaristo eu falei vai não é francês que é uma viagem a pessoa precisa colocar você no lugar que ela considera de respeito então assim considerando uma coisa que eu fiquei pensando considerando que o capitalismo eu acho que tem uma burrice no capitalismo ao excluir os negros
estão muito ruim consegue economizar Mas é isso aí você tem menos pessoas dignas menos pessoas vivendo com capacidade de participar dos ganhos culturais de uma sociedade você tem menos lucro que é o Grande Lance o grande coração do capitalismo moram os nervos bem-sucedido que não são atendidos no shopping das não são Não não são as pessoas que podem comprar no Imaginário do vendedor do comerciante brasileiro bom dito isso eu fico pensando como você tem que um dia me ensinou espero que vocês indo para o Brasil eu eu tinha visto tudo isso mas não tinha visto
com a clareza fundamentada nos nossos mitos você falou da diferença dos mitos ocidentais fez você lembra e do e da dos nossos né ah ah a filosofia africana a filosofia indígena né Eu sinto que me falta nesse fundamento na gestão do mundo eu queria que você pudesse falar um pouco dessa diferença não sei se você se lembra dessa conversa nossa que fala que o nosso mito Não volta Não tem não foi expulso do Paraíso então eu vou com você vou tentar ser bem rápida e vou voltar Inclusive a esse é o número de aspecto quando
a gente pensa a escrever vivência hora quando pensamos a escrevi mente muitas pessoas perguntam Olha a escrever vivência nada seria uma escrita desse ela seria um escrita é água ela seria uma petição de time e ela seria um escrita na física e o que a gente tem dito para pensar escrevivência Aproveitando os nossos medos o escrito na física ela tem como modelo ela tem como parâmetro ela tem como suporte para análise pensar no livro de Narciso né o sujeito que se perde diante da prova de beleza a escrevivência ela se distancia por exemplo esse mito
Narciso preferimos pensar a escrever vivência a partir de Mitos é a brasileiro o africanos primeiros o espelho de Narciso não reflete não reflete nosso rosto Av a regra ela ela ela ela nunca foi reconhecida ela é reconhecida a partir de um movimento nosso de autoestima então Luiza de Narciso não não reflete o nosso rosto Olha como ler a escrevivência partir de Mitos afro-brasileira Vamos pensar no espelho de Oxum e no espelho tema já o espelho show é aquele espelho que revela a Beleza Negra que me coloca né minha alta dignidade é me faz reconhecer com
o belo mas não e aí a gente passa outro espelho nós vamos para o espelho de Iemanjá que é um espelho que acolhe a comunidade é mas já é aquela que cria né aquela que cuida Então nesse sentido eu escrevi imensa de você vai escrever bem assim a partir de me dos afro-brasileiros você não pode pensar escrevi dance e como come ferida narcísica porque ela não é a história de um sujeito que na história ela reflete a história de uma de uma de uma coletividade Ou seja eu vou passar para o Pedro mas eu queria
só aproveitar um introito da fala da Elisa sobre essa pessoa que falou da Conceição Evaristo para lembrar que você disse uma vez que você teve muito mais reconhecimento no Brasil depois do seu livro becos da memória ter sido publicado em francês não é perverso que a validação de um escritor brasileiro de uma escritora negra brasileira tem a dívida de fora para dentro é sem sombra de dúvida é muito onde perverso aqui em dois mil não 2.094 foi 94 eu estava indo no mestrado na PUC teve um seminário é na na Áustria e Esse seminário foi
é neném não me lembro da pior não foi parece naquele momento ela estava subir na academia mais Marina colasanti e João Ubaldo Ribeiro e quando os Escritores negros é curte de São Paulo milhão de São Paulo Geni Guimarães São Paulo e região no Rio de Janeiro nós são para um seminário em Viena ficamos nos mesmos hotéis Fizemos assim mesmo as mesas participam das mesmas atividades podre Nós voltamos é a imprensa não deu uma nota a respeito desses quatro escrito Ah e falou né Du Deixa eu terminar o hospital que estava né que está colasanti que
estava o o baú parecido João Ubaldo Ribeiro então foi preguiça eu tô falando 94 foi 94 95 foi até minha primeira viagem internacional É então foi preciso ir fazendo nosso nome lá fora para poder em um dos grandes momentos na foi justamente salão do livro de Paris quando eu aparecia o salão do livro de Paris antes concentravam-se em que já tenha sido publicado em inglês aliás atualmente consegue sensible na memória da os dois livros estão publicados em árabe então foi preciso realmente o reconhecimento fora do Brasil para depois é a ser mais reconhecida Neves com
flores francês inglês o beco tá em francês inglês árabe espanhol idiomas no São cinco né É bom que o branco na memória está em francês em inglês up árabe é puxar vicêncio Inglês francês e árabe aí os dois livros estão querendo no prelo para espanhol certo Pedro por favor competição ano que vem a lei de cotas raciais completa 10 anos uma lei que permitiu quebrou a lógica de gerações de famílias negras que não Chegava à universidade e de novo a gente já começa a ter um debate que remonta um pouco ao debate lá de trás
quando a quando a lei estava sendo discutida na ocasião pessoas que fizeram a obra sobre pessoas negras e seguir Se colocarmos como vozes progressistas se diziam contrárias à lei de cotas raciais três perguntar ó e aqui que que é um exemplo de pacto na físico da branquitude e quais são os limites e possibilidades da Aliança naquela luta anti-racista nesse momento a gente discute tanto reconhecimento de privilégio Ah pois é Pedro você falou é uma frase que a gente em pensar muito nela e em uma frase mas uma posição de determinar os brancos que é justamente
esse papo narcísico né entre entre os brancos e ele uma vez eu falei isso eu sei que algumas pessoas ficam chateadas neste mesmo né papel porque soa como a frase agressiva né mas quando eu falo filho a intelectualidade brasileira é burra é burra porque me sentido de de ter dificuldade que determinado as linhas de pensamento e a gente tem mágoa por muitos intelectuais brasileiros que inclusive fizeram as suas carreiras acadêmicas estudando a questão do negro e foram os primeiros a votar em né contra as e raciais alguma dessas pessoas revisaram as suas atitudes mas ela
não sei que elas vieram publicamente ou revisar as suas atitudes e também não ir e artistas artistas que a gente ama de paixão como se diz também nesse pátio do Da Da Da branquitude né nesse pacto na físico Foram contra as cotas raciais Eu acredito muito e eu tenho tido contato já tem nós temos experiência com pessoas brancas que são realmente é comprometida com a luta racial porque a questão do negro que ser repetido isso a questão do negro da questão indígena não é para os sujeitos que já são penalizados resolver é uma questão da
nação brasileira então está só nas lutas indígenas está nas lutas negras ES as lutas contra contra a homofobia está na luta contra o machismo não são as pessoas que já são vídeo uma dessas situações pelo contrário só aquelas pessoas que são responsáveis por essa situação então eu acredito é isso jeito homens e mulheres é que possam estar conosco mas é eu sei que esse parte do narcísico É nos Bancos brancos no momento que as pessoas não querem perder os seus privilégios as pessoas esqueça esquecem tudo que elas falaram entendi e aí tem atitude completamente é
contraditória na hora da prática na e Trattoria prática entre o estudo EA ação política verídica a uma lo caminho a percorrer Adriana eu tive em entrevista ao há umas três semanas para falar justamente da abertura da exposição da Carolina Maria de Jesus e do lançamento da obra e aí você falou muito sobre quando teve o primeiro contato com a obra de Carolina Maria de Jesus na década de 60 ainda além do quarto de despejo que foi um livro que inclusive é influenciou a sua mãe a escrever um diário E aí eu descobri recentemente que a
senhora também era apaixonada por ele Frank que gostava muito de Anne Frank nessa Os Diários de Anne Frank queria saber se você escreve diários e se a gente vai ter a chance de ler Os Diários de Conceição Evaristo em breve na Minha Juventude tem um momento que eu escrevi diário depois perdi eu pedi às vezes eu penso de escrever algumas pessoas brigam comigo por que que eu não faço uma auto-biografia eu acho muito machismo na pessoa faz uma autobiografia achar que a vida dela pode interessar para todo mundo então eu vou deixar uma auto-biografia mas
as pessoas têm falaram muito aí eu falo nada talvez quando eu estiver bem velhinha bem velhinha aí talvez eu escrevo maldo biografia e memórias né Conceição porque você tem a memória boa memória como um produto muito grande né é um livro de memória talvez talvez talvez eu eu escreva mas não tenho medo não tem nenhum diário não tem nenhum livro de memória escrita escrita não mas eu gosto de diário eu gosto dessa ideia bom então vamos cultivar essa ideia a gente volta já por último bloco com a Ana e o Paulo já E aí [Música]
o Bradesco Acredite no futuro [Música] estamos de volta para este é o quinto bloco da nossa entrevista que a pergunta agora é da Ana Cristina Rosa Ana por favor professora Conceição a senhora começou a publicar nos cadernos negros como já foi dito aqui ou no momento também não é lá atrás que a senhora saiu a vender suas publicações né investiu fez um investimento próprios individou enfim começou em pequenas editoras quase gráficas quando a gente disse como é que é hoje a senhora tá na condição de diferente diferenciada ótimo eu queria saber da senhora como é
que foi esse momento como esse homem de transição principalmente como escritora Negra imagina que está numa pequena Editora deve ter que trazer uma certa comodidade porque dar mais autonomia é com muita insegurança ele tem estabilidade né então eu queria saber como é que são esses dois momentos essa coisa de ter um pouco mais autonomia mas ter muita insegurança financeiramente falando muito estabilidade financeira e como é que essa transição para uma editora maior e as vantagens que isso traz em termos até de Promoção e de marketing né a editora maior que eu estou hoje né Poderia
dizer que uma editora grande em relação ao as editoras confiou vem publicar até hoje que foi a editora masa a editora maneira daqui do Rio de Janeiro e editora nandyala de Minas Gerais para disso eu estou na Editora Pallas Netinho também chego nessa Editora quando o ministério da cultura abre um projeto para escritores negros e editora Pallas apresenta meu nome apresenta o nome a geografia e mais três escritores ganha esse projeto e então eu passei a publicar com a palavras podem Aventura assim aqueles até hoje o público é fácil Editora que é que tem só
porque só vem publicando com a palavras hoje sem sombra de dúvida faz uma diferença muito grande a palavra que um outro sistema de distribuição a palavra ganhou essa concorrência do pnpm periélio benefício ml de ganhou a concorrência é claro que a editora maior também Editora mais conhecida também é mais fácil então é a alma diferença seja pedido que deu uma diferença na possibilidade de venda de livro Boa noite brigaram receber direito autorais já já dá para perceber isso agora com tudo por exemplo eu tenho um livro infantil que a própria pala já tinha querer só
eu publicar para estar me esperando com mais dois livros mas é uma das coisas para mim é uma questão também ideológica é uma questão de postura eu posso estar publicando com a melhor editora do mundo mas eu não vou deixar de publicar o as editoras pequenas que foram as editoras que me abriram passagem se eu tiver gritar como Editora grande e tiver de ser exclusiva nessa editora e deixar suas voltas com as quais eu comecei eu não vejo Paulo tudo bem É só um passo importante no mercado de livros do Brasil hoje em dia é
eu que e que hora amanhã no dia seguinte a transmissão desse desse das entrevista é Sete de Setembro e enfim é uma uma grande confusão que tá acontecendo no Brasil no ano que vem nós temos de Centenário da Independência o centenário da Semana de Arte Moderna os 10 anos da lei de cotas como Pedro lembrou e eu queria saber como é que a senhora tá vendo o quê Brasil é esse que a gente vai é que Independência essa que está celebrando como é que a senhora ver essa esse nacionalismo que está aflorando no Brasil dessa
maneira enfim como é que vai ser o seu Sete de Setembro de setembro é o Sete de Setembro para muitos de nós é mais uma vez ele vai ser um série de setembro é muito mais de desejos muito mais desesperança mesclado ao desespero porque por mais que a gente tem esperança nós temos um desespero né Por mais que você o autopisia você tive também o tempo é de distopia mas são os tema palavras tenho aqui uma traz experiência antigos povos dominados é passam historicamente essa experiência é da tema né Eu gosto muito de pensar em
inclusive na costura aqui na bola né um africano escravizado seu descendente quando eles fugiram porque logo eles não tinha certeza nenhuma que conseguiria a liberdade pelo contrário não se tornavam mais vulneráveis porque eles eram sujeitos que estavam fugindo da escravidão então é a a o os povos dominados as classes denominadas sem sombra de grupo de nós vivemos um período muito difícil um período em que as dificuldades se avolumaram é mas nada é novidade para gente entende até que conto o sujeito os negros sujeito de dominados até que ponto a nossa história como a brasileiro foram
histórias de comunidades que experimentaram a plena liberdade que podem a gente pensa numa pela Liberdade nós pensam assim direito à vida né E esse direito a Bíblia há realmente uma amplitude de possibilidades muito grande então até que ponto é a lei ao meu não foi um engodo é na medida que ter uma legal e mas não teve uma reforma agrária então muito do que a gente vive hoje sem sombra de dúvida é um processo que acirrou mas essa luta essa resistência essa falta de oportunidade essa vidas eivada essa esperança que é muito mais de ter
mordido que esse E aí É mas não tivemos muito é novidade não Pedro por favor Conceição É no final do ano passado aborto foi legalizado na Argentina a gente sabe que ele continua aí legal aqui no Brasil que muitas mulheres morrem todos os anos de tentativas de abortos Ilegais uma grande parcela dessas mulheres mulheres negras e na ocasião em que a gente se encontrou você me trouxe uma perspectiva muito e nesta sobre esse tema queria saber de você se essa perspectiva continua e que ela continua que você trouxe aquela aqui para gente que põe um
uma visão que me atravessa o bastante e talvez que você esteja falando justamente do que do que marca né inclusive muito mais diferença de um discurso feminista de mulheres brancas de mulheres de classe média de mulheres pobres né de mulheres negras não sei serviço que você está falando mas por exemplo quando mulheres brancas e mulheres de classe média e ela teve dica o aborto né e à tona uma discurso é uma política que se corpo é meu né Eu eu que o meu corpo eu que vou nesse dia um momento exato que eu quero uma
gravidez eu vou interromper uma gravidez nessa política no corpo é o que eu pergunto o seguinte até que ponto para as mulheres negras quando ela já entende que o aborto se elas estão reivindicando a partir do fundamento de uma política de é até que ponto essas mulheres fazem esse discurso até que ponto essas mulheres podem fazer esse discurso afirmando como do nariz do porco ou se elas também não tem outras motivações naquele até que ponto uma mulher é pobre e uma mulher negra né uma mulher negra a porta ela quer fazer o aborto porque ela
ela quer se afirmar que o corpo dela ou ela quer fazer um aborto porque ela sabe que ela não vai dar conta de um filho porque ela sabe que ela tem mais uma boca para alimentar né Quais são os motivos que levam uma mulher negra e Pobre uma mulher pobre desejar um aborto Será que são os mesmos motivos né de uma mulher branca que já tem certeza de uma mulher amiga que já tem que certeza que o corpo é dela e que ela faz aquele corpo que ela enfrenta uma gravidez no momento que ela quer
ou não você outras questões estão estão expostas E aí são colocadas ali e que não mente transforma em discurso né Eu simplesmente eu vou ter mais um filho como é que eu vou cuidar desse filho Elias e as mulheres brancas ricas continuam tendo fazemos abortos nas suas clínicas na verdade a escravização é isso né você não tem direito seu corpo eu queria dizer uma coisa meu filho Juliano Gomes me disse me dê uma informação ontem que eu não sabia Desculpa eu não sabia que o Alberto cami era argelino e ele era da Argélia sabe isso
é uma diferença Porque tem uma coisa embora não seja considerado Nelita eu acho que ele tem uma proposta mesmo na peça que eu tô lendo uma proposta de ternura Eu sinto que tenho uma ternura na sua poética que também dona da sua prosa muito grande muito muito muito forte Então eu queria falar um poema que eu acho que é o seu poema seu que quando eu comecei a ler comecei a chorar a primeira vez eu nem tenho coragem de falar de qual que eu tenho medo de errado uma colinha mas ele é rápido mas é
um poema para mim é a Fundação de toda a sua obra depois disso eu queria que você respondesse para gente no nesse momento que a gente tá se conhecendo o Brasil tá olha meu Deus ou assista os intelectuais brancos estão descobrindo o défice nas a sua formação né do história Universal Faltou um pedaço eu tô com um grande pedaço né então a gente todos nós nos tivemos Esse estudo eurocêntricos sofremos desse esse teste Então queria que você respondesse Qual é a diferença entre Quilombo e Guettho mas eu vou te eu vou e eu todo seu
Quilombo tá estamos aqui aquilo né Eu queria ver esse poema falar isso poema que eu amo que eu acho que a sua estirpe o cuidado de minha poesia aprendi foi de mãe mulher de pô reparo nas coisas e de assuntar a vida a brandura de minha fala nos na violência dos meus ditos ganhei de mãe mulher prende dizer eles fecundados na boca do mundo foi de mãe todo meu tesouro veio dela todo meu ganho mulher Sapiência e aba do Fogo eu tirava água do pranto criava consolo foi de mãe esse meio riso dado para a
esconder alegria inteira e essa fé desconfiada pois quando se anda descalço cada dedo olha a estrada foi mãe que me descer vou para os campos milagreiros da vida apontando o meu fogo disfarçado em cinzas e agulha do tempo movendo no palheiro foi mãe que me fez sentir as folhas amassadas debaixo das Pedras os corpos vazios os copos vazios rentes as calçadas e me ensinou eu insisto foi ela a fazer da palavra artifício a arte e ofício da minha fala do meu canto do meu canto da minha sala eles a Dama Conceição Evaristo esse pensamento que
eu trago quando a gente pensa em Quilombo quando a gente pensa em direto é um pensamento também que eu aprendi a família Alves que é uma escritora a Brasileiro né inclusive dá de São Mateus mesmo e Emília responde isso né William Pensa nessa diferença é de jiló podia ter uma diferença que eu aprendi a pensar com ela também a partir de uma de uma sensação de que nós negros criamos dito que nós mesmos criamos Guetta então eu não tô pensando nem nesse momento isso o e doloroso da Comunidade Judaica não eu tô pensando nesse dito
que nós somos acusados de criar e toda vez que determinados grupos subalternizados se organizam se fortalecem para enfrentar uma dificuldade esses grupos são chamados são acusados que são formar que são formando guetos então quando as pessoas negras se organizam o quando os nominados se organizam para se fortalecer eles são chamados para aqueles que estão precisando né Então falaram muito isso falar de literatura negra não é retirar e eu aprendi a família um seguinte Beato é um lugar para onde eles nos empurram e o quilombo é o lugar que a gente pode ir é um espaço
que a gente escolhe para para viver para se organizar então quilombo a folha preto é pontos expulsão de determinados espaço okilombo não que não consegui escolheu para aí você escolheu para se organizar E mais uma vez Lembrando que eu estou usando Gueto nesse sentido quando as pessoas é acusam grupos que estão se organizando para defesa Conceição muito obrigada obrigada por essa aula que você nos deu hoje e por dividir essa história com a gente não combinar bensua de Phineas e agradeço essa possibilidade de estar com vocês nessa possibilidade me fazer explicar também é isso infelizmente
o nosso tempo chegou ao fim eu agradeço imensamente a Conceição Evaristo por essa entrevista e também essa bancada maravilhosa Adriana Ferreira Silva Ana Cristina Rosa Elisa Lucinda Paulo Werneck e o Pedro Henrique França agradeço sobretudo a você pela sua E amanhã como disse o Paulo é dia sete de setembro feriado nacional que deveria servir para reflexão das nossas Profundas mazelas sociais mas está sendo usado para gestar um movimento de conotação anti democrática que pode aprofundar a crise institucional na qual nós estamos mergulhados o Brasil Real está longe dessas tendência política ele é vivido diariamente por
brasileiros como ser tratados nas obras de escritores como a Conceição Evaristo que escancaram as desigualdades de gênero de raça e de oportunidade é esta sim é uma contribuição valiosa para que busquemos a plena independência do Brasil Vocês ficam agora com o senhor Brasil e o Roda Viva volta na próxima segunda-feira às dez da noite até lá e [Música] E aí [Música] o Bradesco Acredite no futuro