Quando cheguei em casa tarde da noite, minha melhor amiga me puxou para um canto escuro e sussurrou: "Fica quieta, olha aqui pelo vão da porta. " Eu vi meu marido e a nossa empregada. O que eles estavam fazendo me paralisou completamente; os ruídos e a cena do outro lado foram suficientes para me deixar arrepiada dos pés à cabeça.
Meu nome é Diane e essa noite mudou minha vida para sempre. Washington, DC, a cidade que eu chamava de casa há tantos anos, de repente parecia estranha e hostil. O luxuoso apartamento que compartilhava com meu marido, Ryan, no coração de Georgetown, agora era o cenário de uma traição que eu jamais poderia ter imaginado.
Jessica, minha melhor amiga desde os tempos de faculdade, estava me segurando pelo braço com tanta força que eu podia sentir suas unhas cravando em minha pele. Mas a dor física era insignificante comparada à angústia que tomava conta do meu peito. Através daquela pequena fresta na porta do escritório, eu via Ryan, o homem com quem eu havia compartilhado os últimos 10 anos da minha vida, nos braços de Isabel, nossa empregada.
Os segundos pareciam se arrastar enquanto eu observava, incapaz de desviar o olhar. Ryan, sempre tão composto em seus ternos caros e com seu sorriso político perfeito, agora estava desgrenhado, sua camisa meio aberta. Isabel, que eu sempre considerei discreta e eficiente, ria baixinho enquanto as mãos de Ryan percorriam seu corpo com uma familiaridade que me enjoou.
"Vamos sair daqui," Jéssica sussurrou, me puxando gentilmente para longe da cena. Eu me deixei levar, meus pés se movendo automaticamente, minha mente ainda tentando processar o que acabara de testemunhar. Saímos silenciosamente do apartamento e descemos até a rua.
O ar frio de outono de Washington me atingiu como um tapa, finalmente me trazendo de volta à realidade. As luzes da cidade brilhavam ao nosso redor, indiferentes ao meu mundo desmoronando. "Giane, respira," Jéssica disse, me guiando até um banco próximo.
"Eu sei que é um choque, mas você precisa se acalmar. " Eu a senti mecanicamente, incapaz de formar palavras. Minha mente estava uma confusão de pensamentos e emoções: raiva, tristeza, humilhação; tudo se misturava em um turbilhão que ameaçava me engolir.
"Como você descobriu? " consegui finalmente perguntar, minha voz tremendo. Jéssica suspirou, passando a mão pelos cabelos.
"Eu tinha minhas suspeitas há algum tempo. Ryan estava agindo estranho, sempre com desculpas para ficar até tarde no trabalho, independente da situação. Então, hoje, quando você me disse que por aí.
. . eu mais sen que eu segando.
" Jéssica me abraçou, e eu enterrei meu rosto em seu ombro, deixando a dor fluir. Por quanto tempo ficamos ali, eu não saberia dizer. Quando finalmente me acalmei o suficiente para pensar com clareza, ergui a cabeça e encarei minha amiga.
"O que eu faço agora, Jess? " perguntei, odiando o tom de desespero em minha voz. Jéssica me olhou nos olhos, sua expressão séria.
"Isso depende de você. Você pode confrontá-lo agora mesmo, jogar tudo na cara dele, ou. .
. " pressionei, quando ela hesitou. "Ou você pode ser esperta.
Pensa bem, Diane. Vocês dois têm muito a perder: a posição de Ryan no partido, suas conexões. .
. tudo isso afeta você também. Se você for impulsiva agora, pode acabar saindo como a vilã da história.
" Franzi a testa, considerando suas palavras. Jéssica tinha razão; em Washington, as aparências eram tudo. Um escândalo como esse poderia destruir não apenas meu casamento, mas toda a vida que construímos aqui.
"Então, o que você sugere? " perguntei, sentindo uma calma estranha começar a me envolver. "Colete provas.
Observe, planeje," Jéssica disse, sua voz firme. "Você é mais inteligente que eles, Diane. Use isso a seu favor.
Quando chegar a hora certa, você terá tudo o que precisa para sair por cima dessa situação. " Olhei para as luzes da cidade, sentindo uma determinação fria começar a tomar o lugar da dor inicial. Jéssica estava certa; eu não seria a vítima nessa história, eu seria a vencedora.
"Você tem razão," disse finalmente, minha voz mais firme do que eu esperava. "Vou voltar para casa agora e amanhã. .
. amanhã começo a planejar. " Jéssica assentiu, apertando minha mão.
"Estou com você, Di, não importa o que aconteça. " Levantei-me do banco, ajeitando meu vestido e secando as últimas lágrimas enquanto caminhava de volta para o apartamento. Minha mente já estava trabalhando, elaborando estratégias.
Ryan e Isabel não faziam ideia do que estava por vir. Ao entrar silenciosamente no apartamento, ouvi risadas vindas do quarto. Meu estômago se contraiu, mas mantive a compostura.
Fui direto para o quarto de hóspedes, fechando a porta suavemente atrás de mim. Deitada na cama, olhando para o teto, comecei a traçar meu plano. Washington, DC, era uma cidade de poder e intrigas, e eu, Diane, estava prestes a mostrar a todos do que era capaz.
Na manhã seguinte, acordei com o som suave da porta do quarto principal se fechando. Ryan estava saindo para o trabalho, mantendo sua rotina como se nada tivesse acontecido. Esperei até ouvir o elevador.
Então, me levantei, determinada a começar meu plano. O apartamento estava silencioso. Quando entrei na cozinha, Isabel já estava lá, preparando o café da manhã como fazia todas as manhãs.
Nossos olhares se cruzaram por um momento e notei um leve rubor em suas bochechas antes que ela desviasse o olhar. "Bom dia, senhora," ela murmurou, colocando uma xícara de café na minha frente. "Bom dia, Isabel," respondi, mantendo minha voz neutra.
"Dormiu bem? " Vi seus ombros ficarem tensos por um segundo antes que ela se virasse para mim com um sorriso forçado. "Sim, senhora.
Obrigada por perguntar. " Tomei um gole do café, observando-a por cima da borda da xícara. Isabel parecia nervosa, suas mãos tremendo levemente enquanto limpava o balcão.
Eu me perguntava há quanto tempo isso estava acontecendo, há quanto tempo ela e Ryan estavam me enganando bem debaixo do meu nariz. "Isabel," chamei, fazendo-a se virar rapidamente. "Acho que vou trabalhar em casa hoje.
Pode preparar o almoço para mim? " Por volta do meio-dia, Claro senhora. Ela respondeu, parecendo aliviada por ter algo para fazer.
Alguma preferência? "Surpreenda-me", disse, com um sorriso leve, vendo-a assentir antes de sair apressada da cozinha. Assim que fiquei sozinha, peguei meu telefone e liguei para Jéssica.
— Como você está? — Ela perguntou assim que atendeu. — Sobrevivendo — respondi, mantendo minha voz baixa.
— Jess, preciso da sua ajuda. Você conhece algum detetive particular confiável? Houve uma pausa do outro lado da linha.
— Tenho um contato — ela disse, finalmente. — Mas tem certeza de que quer seguir por esse caminho absoluto? — Afirmei, preciso de provas concretas antes de fazer qualquer movimento.
— Ok — Jéssica suspirou. — Vou te mandar os detalhes por mensagem. Tome cuidado, Diane.
Depois de desligar, fui para o escritório de Ryan. Hesitei por um momento antes de entrar, lembrando da cena que testemunhara na noite anterior. Respirei fundo e entrei, determinada a não deixar minhas emoções me controlarem.
O escritório estava impecável. Quando me sentei na cadeira de Ryan e liguei o computador, para minha surpresa, ele não havia mudado a senha. Típico de Ryan, tão confiante em sua posição que nem se preocupava em esconder seus rastros.
Passei a próxima hora vasculhando e-mails, mensagens e arquivos. Não encontrei nada explícito sobre Isabel, mas notei vários horários estranhos em sua agenda e e-mails vagos sobre reuniões tardias. Fiz algumas anotações mentais antes de desligar tudo e sair do escritório.
O resto da manhã passou lentamente. Fingi trabalhar em meu laptop enquanto observava Isabel se movendo pelo apartamento. Ela parecia nervosa, olhando constantemente para o relógio.
Às 11:30, seu telefone tocou e ela atendeu rapidamente, falando em voz baixa. — Sim, não. Ela está em casa hoje, não sei.
Ok, entendo. Fingi não notar quando ela desligou, parecendo ainda mais agitada. Meia hora depois, ela trouxe meu almoço.
— Obrigada, Isabel — disse, observando-a cuidadosamente. — Você parece um pouco tensa hoje. Está tudo bem?
Ela forçou um sorriso. — Sim, senhora, só um pouco cansada. — Entendo — respondi suavemente.
— Sabe, se precisar de um tempo livre, é só me dizer. Tenho certeza de que Ryan não se importaria se você tirasse uma folga. Vi o pânico cruzar seus olhos por um segundo antes que ela balançasse a cabeça.
— Não é necessário, senhora. Estou bem, realmente. Assenti, deixando-a ir enquanto comia.
Meu telefone vibrou com uma mensagem de Jéssica, contendo o contato do detetive particular. Marquei um encontro para o dia seguinte à tarde. Recebi uma ligação de Ryan.
— Oi, querida — sua voz soou casual pelo telefone. — Só queria avisar que vou chegar tarde hoje. Tenho uma reunião importante que pode se estender.
— Claro, amor — respondi, mantendo minha voz calma. — Boa sorte com a reunião. Depois de desligar, notei Isabel parada na porta da sala, me observando com uma expressão estranha.
Quando percebeu meu olhar, ela rapidamente se afastou. O restante do dia passou em um borrão de planejamento e observação. Quando Ryan finalmente chegou em casa, já passava das 10 da noite.
Ele entrou no quarto de hóspedes, onde eu estava, parecendo surpreso ao me ver acordada. — Ei — ele disse, afrouxando a gravata. — Por que está dormindo aqui?
— Não estava me sentindo bem — menti suavemente. — Não queria te incomodar. Ryan assentiu, parecendo quase aliviado.
— Entendo. Espero que melhore logo. Ele se inclinou para me dar um beijo na testa, e tive que lutar contra o impulso de me afastar.
Ele parecia diferente, notei; mais doce, mais feminino. — Boa noite, Ryan — disse, na cama, à noite. Fechei os olhos com força, tentando bloquear as imagens que surgiam em minha mente.
Na manhã seguinte, acordei cedo e saí antes que Ryan ou Isabel acordassem. Encontrei-me com o detetive particular Mark em um café discreto no centro da cidade. — Senra Thomson — ele me cumprimentou, sua voz baixa e profissional.
— Jéssica me informou sobre sua situação. — O que exatamente você está procurando? — perguntei.
— Provas — respondi. — Simplesmente quero saber há quanto tempo isso está acontecendo, com que frequência, onde tudo. Mark assentiu, fazendo algumas anotações.
— Entendo. Vou precisar de acesso ao apartamento e ao escritório do seu marido. Também vou monitorar os movimentos dele e da empregada.
Isso pode levar algumas semanas. — Faça o que for necessário — disse, entregando-lhe um envelope. — Aqui está um adiantamento.
Quero relatórios semanais. Depois de acertar os detalhes, decidi dar uma volta pelo National Mall. O dia estava fresco e as árvores começavam a mostrar as primeiras cores do outono.
Sentei-me em um banco, observando os turistas e moradores locais passando. Meu telefone vibrou com uma mensagem de Ryan. — Almoço hoje?
Podemos nos encontrar no LED Diplomat às 13 horas. Hesitei por um momento antes de responder. — Claro, te vejo lá.
O LED Diplomat era um dos restaurantes favoritos de Ryan, sempre cheio de políticos e influenciadores. Cheguei alguns minutos atrasada de propósito, encontrando Ryan já sentado em nossa mesa habitual. — Desculpe o atraso — disse, sentando-me.
— O trânsito estava terrível. Ryan sorriu, aquele sorriso que costumava fazer meu coração acelerar. Agora, só me fazia sentir náuseas.
— Sem problemas, querida. Já pedi seu vinho favorito. Conversamos sobre assuntos triviais enquanto comíamos.
Ryan falou sobre seus projetos no trabalho, sobre as últimas fofocas políticas da cidade. Eu o observava atentamente, procurando sinais de culpa ou nervosismo, mas ele estava perfeitamente composto, como sempre. — Giane — disse de repente, pegando minha mão sobre a mesa.
— Está tudo bem? Você parece distante. Por um momento, considerei confrontá-lo ali mesmo, no meio do restaurante lotado, mas a voz de Jéssica ecoou em minha mente, lembrando-me de ser paciente, de esperar pelo momento certo.
— Estou bem — respondi, forçando um sorriso. — Só um pouco cansada. Acho que estou pegando um resfriado.
Ryan assentiu, parecendo aliviado. — Talvez devêssemos tirar umas férias. Que tal um fim de semana em Nova York?
— Seria ótimo — respondi, sabendo que nunca aconteceria. Depois do almoço, fui para casa, minha mente trabalhando a mil por hora. Entrei no apartamento silenciosamente, ouvindo a voz de Isabel vindo da cozinha.
Ela estava ao telefone, falando em voz baixa. Baixa, não posso falar agora. Sim, ela voltou.
Não sei quando. Ok, te ligo depois. Limpei a garganta ao entrar na cozinha, fazendo Isabel pular de susto.
Algum problema, Isabel? — Não, senhora! — gaguejou, guardando o telefone rapidamente.
— Só. . .
só estava falando com minha irmã. Passei o resto da tarde em meu escritório, planejando meus próximos passos. À noite, Rian chegou em casa com um buquê de flores para a minha esposa maravilhosa.
Ele disse, entregando-me as rosas: "Forcei um sorriso, aceitando as flores. Obrigada, amor, são lindas. " Enquanto colocava as flores em um vaso, notei Isabel nos observando do corredor, uma expressão indescritível em seu rosto.
Naquela noite, deitada ao lado de Ryan, senti como se estivesse dormindo com um estranho. Cada respiração dele, cada movimento, me fazia sentir mais e mais distante. Prometi a mim mesma que isso não duraria muito mais; em breve eu teria minhas respostas, e então Ryan e Isabel aprenderiam que não se deve subestimar Dian Thompson.
As semanas seguintes passaram em um borrão de vigilância e planejamento. Mark, o detetive, me enviava relatórios regulares, detalhando os movimentos de Ryan e Isabel. Aparentemente, eles se encontravam em um pequeno apartamento no centro da cidade pelo menos duas vezes por semana.
Enquanto isso, mantive as aparências em casa: sorria para Ryan, conversava casualmente com Isabel, participava de eventos sociais como se nada estivesse errado. Mas, por dentro, eu estava me preparando para a tempestade que estava por vir. Uma tarde, recebi uma ligação de Jéssica: "Temos um problema", ela disse, sua voz tensa.
"Ouvi alguns rumores no trabalho. Parece que alguém está espalhando histórias sobre você. " Senti meu estômago afundar.
— Que tipo de histórias? — "Nada muito concreto ainda", Jéssica respondeu, "mas estão insinuando que você tem sido, digamos, menos que fiel a Ryan. " Fechei os olhos, sentindo a raiva crescer dentro de mim.
Claro que eles fariam isso, tentar me desacreditar antes que eu pudesse expô-los. — Obrigada por me avisar, Jess — disse, mantendo minha voz calma. — Vou lidar com isso.
Depois de desligar, fiquei sentada em silêncio por um longo tempo pensando: era hora de acelerar meus planos, não mais me dar ao luxo de esperar. Naquela noite, durante o jantar, Ryan mencionou casualmente que teria que viajar a negócios na semana seguinte. — Para onde você vai?
— perguntei, mantendo minha voz interessada. — Chicago — ele respondeu, sem me olhar nos olhos. — Só por alguns dias.
Assenti, sabendo muito bem que ele não iria a lugar nenhum, segundo os relatórios, já que ia passar três dias no apartamento secreto deles. — Espero que tenha uma boa viagem — disse, levantando-me para limpar a mesa. Na manhã em que Ryan supostamente partiu para Chicago, esperei até que Isabel saísse para fazer compras antes de colocar meu plano em ação.
Liguei para Mark, confirmando que Ryan e Isabel estavam juntos no apartamento do centro. Com o coração batendo forte, peguei minha bolsa e saí. Era hora de confrontar a verdade de frente.
O prédio onde Ryan e Isabel se encontravam era discreto, localizado em uma rua tranquila. Usei a chave que Mark havia conseguido para mim e subi silenciosamente as escadas até o terceiro andar. Parecia em frente à porta do apartamento 3B, respirando fundo para me acalmar.
Podia ouvir vozes abafadas do outro lado. Com as mãos tremendo levemente, inseri a chave na fechadura e abri a porta. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Ryan e Isabel estavam sentados no sofá, ambos congelados em choque ao me ver. Por um momento, ninguém se moveu ou falou. — Bem — disse, finalmente, minha voz surpreendentemente firme —, acho que temos muito o que conversar.
O silêncio que se seguiu à minha entrada no apartamento parecia pesar toneladas. Ryan foi o primeiro a se recuperar, levantando-se abruptamente do sofá. — Dian!
— ele começou, sua voz tremendo levemente. — Isso não é. .
. não é o que parece. Ergui uma sobrancelha, sentindo uma calma fria me envolver.
— Não é? Então, por favor, Ryan, me explique exatamente o que é isso, porque para mim parece que meu marido está em um apartamento secreto com nossa empregada, quando deveria estar em uma viagem de negócios para Chicago. Isabel permaneceu sentada, seu rosto pálido e os olhos arregalados de medo.
Ela olhava de Ryan para mim, como se esperasse que um de nós lhe dissesse o que fazer. — Como. .
. como você nos encontrou? — Ryan perguntou, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso que eu conhecia bem.
— Isso realmente importa? — respondi, entrando mais no apartamento e fechando a porta atrás de mim. — O que importa é que eu sei.
Sei de tudo. Há quanto tempo isso está acontecendo, Ryan? Há quanto tempo vocês dois estão me fazendo de idiota?
Ryan deu um passo em minha direção, estendendo a mão como se quisesse me tocar. Recuzei instintivamente, e ele deixou o braço cair ao lado do corpo. — Giane, eu.
. . eu sinto muito.
Não queríamos que as coisas chegassem a esse ponto. Soltei uma risada amarga. — Não queriam?
E o que exatamente vocês queriam? Continuação me enganando indefinidamente? Foi nesse momento que Isabel finalmente encontrou sua voz.
— Senhora Thompson. . .
— Ela disse, levantando-se do sofá com as pernas trêmulas. — Por favor, me perdoe. Eu nunca quis.
. . — Cale a boca!
— Cortei, minha voz afiada como uma lâmina. — Não quero ouvir suas desculpas esfarrapadas. Você entrou na minha casa, comeu à minha mesa, e todo esse tempo estava dormindo com meu marido pelas minhas costas.
Isabel recuou como se tivesse levado um tapa, lágrimas começando a escorrer por seu rosto. Ryan deu um passo à frente, como se quisesse protegê-la, e senti meu estômago revirar com a cena. — Chega!
— disse, minha voz agora perigosamente calma. — Quero que vocês dois me digam exatamente o que está acontecendo agora. Ryan e Isabel trocaram um olhar rápido antes de Ryan suspirar pesadamente.
— Começou há cerca de seis meses — ele admitiu, sem conseguir me olhar nos olhos. — No início era apenas uma atração. Tentamos resistir, juro que sim, mas uma coisa levou a outra e.
. . Vocês decidiram que trair sua esposa e empregadora era a melhor opção?
completei sarcasticamente. Não foi assim. Isabel interveio, sua voz tremendo: "Nós nunca quisemos machucar você, senhora Thompson.
Foi um erro, um terrível erro. " Balancei a cabeça, sentindo uma mistura de nojo e pena. Um erro que durou seis meses.
"Não me faça rir. " Caminhei até a janela, olhando para a rua movimentada lá embaixo. Washington, D.
C. , continuava sua rotina, alheia ao drama que se desenrolava neste pequeno apartamento. "Vocês planejaram isso, não é?
" perguntei, ainda de costas para eles. "Os rumores sobre mim sendo infiel foram uma tentativa de me desacreditar antes que eu descobrisse a verdade. " O silêncio que se seguiu foi resposta suficiente.
Virei-me para encará-los, vendo a culpa estampada em seus rostos. Giane, Ryan começou, dando um passo em minha direção. "Podemos conversar sobre isso em particular?
Tenho certeza de que podemos resolver. " "Resolver? " interrompi, minha voz subindo algumas oitavas.
"Você acha que há algo para resolver aqui, Ryan? Você destruiu nosso casamento, destruiu a confiança que eu tinha em você. E para quê?
Por alguns momentos de prazer com a empregada? " Isabel soluçou audivelmente, cobrindo o rosto com as mãos. Ryan parecia dividido entre confortá-la e tentar se explicar para mim.
"Não foi só isso," ele disse baixinho. "Eu. .
. eu me apaixonei por ela. " Diane!
Senti como se tivesse levado um soco no estômago. De todas as coisas que eu esperava ouvir, essa era a pior possível. "Você se apaixonou?
" repeti lentamente, deixando as palavras penetrarem. "Em nenhum momento você pensou em me contar? Em terminar nosso casamento honestamente antes de se envolver com outra pessoa?
" Ryan baixou a cabeça, parecendo derrotado. "Eu fui covarde," admitiu. "Não sabia como te dizer.
Não queria te machucar. " Ri sem humor. "Bem, excelente trabalho, Ryan.
Você conseguiu me machucar perfeitamente. " Caminhei até a porta, sentindo-me subitamente exausta. "Estou indo embora agora," anunciei.
"Quando eu voltar para casa, quero que você tenha saído. Ryan, leve suas coisas e vá para onde quiser, não me importo. " "Giane, por favor," ele implorou, tentando me alcançar.
Erguil a mão, parando. "Não me toque. Nunca mais me toque.
" Voltei-me para Isabel, que ainda chorava silenciosamente no canto. "Quanto a você, está demitida, obviamente. Quero que saia do meu apartamento hoje mesmo.
Se alguma coisa estiver faltando, vou chamar a polícia. " Com isso, saí do apartamento, batendo a porta atrás de mim. Desci as escadas rapidamente, sentindo as lágrimas que eu havia segurado por tanto tempo finalmente começarem a cair.
Quando cheguei à rua, peguei meu telefone e liguei para Jéssica. "Está feito," disse assim que ela atendeu. "Eu os confrontei.
" "Oh, Giane," Jéssica suspirou. "Como você está? " "Destruída," admitti, minha voz quebrando.
"Mas viva. " "Pode me encontrar no nosso café? Estarei lá em 15 minutos," ela prometeu.
Desliguei e comecei a caminhar, deixando minhas pernas me levarem automaticamente para o café, onde Jéssica e eu nos encontrávamos há anos. As ruas de Washington passavam em um borrão, rostos desconhecidos me olhando com curiosidade enquanto eu andava, chorando silenciosamente. Quando cheguei ao café, Jéssica já estava lá, uma xícara de chá quente me esperando.
Ela se levantou assim que me viu, envolvendo-me em um abraço apertado. "Vai ficar tudo bem," ela murmurou, acariciando minhas costas. A senti incapaz de falar por um momento.
Quando finalmente nos sentamos, contei a ela tudo o que havia acontecido no apartamento. "Não posso acreditar que ele disse que se apaixonou por ela," Jéssica disse indignada. "Que clichê barato.
" Apesar de tudo, senti um pequeno sorriso se formar em meus lábios. "Eu sei, right? Como se isso tornasse tudo melhor de alguma forma.
" Ficamos em silêncio por um momento, bebericando nosso chá. "O que você vai fazer agora? " Jéssica perguntou suavemente.
Suspirei, olhando pela janela para a cidade que eu chamava de lar há tanto tempo. "Honestamente, não sei. Minha vida inteira estava entrelaçada com a de Ryan: nossa casa, nossos amigos, até mesmo o meu trabalho.
Tudo está conectado a ele de alguma forma. " Jéssica pegou minha mão, apertando-a gentilmente. "Você é forte, mais forte do que pensa.
Você vai superar isso. " A senti, sentindo uma determinação começar a crescer dentro de mim. "Você tem razão.
Não vou deixar Ryan e Isabel destruírem tudo pelo que trabalhei. Esta é a minha vida, minha cidade. Eles que saiam.
" "Não conseguem lidar com isso? Essa é a Diane que eu conheço," Jéssica sorriu. "E lembre-se, você tem amigos, tem a mim.
Não está sozinha nessa. " Sorri de volta, sentindo-me grata pela amizade de Jéssica. "Obrigada, Jess.
Não sei o que faria sem você. " Passamos as próximas horas planejando meus próximos passos. Eu precisaria de um advogado, é claro, e teria que lidar com a inevitável fofoca que se espalharia pela cidade assim que a notícia do fim do meu casamento se tornasse pública.
Quando finalmente voltei para casa, já era noite. O apartamento estava silencioso e vazio. Ryan havia partido, levando suas coisas, como eu havia ordenado.
Na cozinha, encontrei uma nota de Isabel pedindo desculpas mais uma vez e dizendo que havia deixado as chaves na mesa da entrada. Sentei-me no sofá da sala, olhando ao redor para o apartamento que havia sido meu lar por tantos anos. Tudo parecia diferente agora, como se cada objeto guardasse uma memória que agora estava manchada.
Meu telefone tocou e vi que era Ryan. Hesitei por um momento antes de atender. "O que você quer?
" perguntei, minha voz cansada. "Giane, eu. .
. " ele começou, parecendo igualmente exausto. "Eu só queria dizer que sinto muito, verdadeiramente.
Sei que provavelmente não significa nada para você agora, mas eu nunca quis que as coisas terminassem assim. " Fechei os olhos, sentindo uma onda de emoções me atravessar: raiva, tristeza, decepção e uma pontada de algo que poderia ser saudade. "Você tem razão," respondi finalmente.
"Não significa nada agora. Adeus, Ryan. " Desliguei antes que ele pudesse responder, jogando o telefone no sofá ao meu lado.
As lágrimas vieram novamente, e desta vez eu as deixei cair. Deixei fluir livremente, chorei pelo meu casamento perdido, pela confiança traída, pelos anos que dediquei a um homem que, no final, não me valorizou. Chorei até não ter mais lágrimas, até sentir que havia expurgado toda a dor e mágoa do meu sistema.
Quando finalmente me acalmei, levantei-me e fui até a janela. A cidade brilhava lá fora, cheia de vida e possibilidades. Amanhã seria um novo dia, o primeiro dia do resto da minha vida sem Rian.
Não seria fácil, eu sabia disso; haveria dias difíceis pela frente, momentos em que eu questionaria cada decisão que tomei, mas eu sobreviviria. Mais do que isso, eu prosperaria, porque eu era Diane Thompson e Washington ainda não tinha visto o melhor de mim. Nos dias seguintes, o confronto com Ryan e Isabel foi um turbilhão de emoções e atividades.
Acordei na manhã seguinte com uma determinação férrea de não deixar essa traição definir o resto da minha vida. Meu primeiro passo foi ligar para Mark Stevenson, um dos advogados mais respeitados de Washington, especializado em divórcios de alto perfil. Consegui uma consulta para aquela mesma tarde.
— Senora Thompson — Mark me cumprimentou em seu escritório luxuoso com vista para o Potomac. — Sinto muito pela situação em que se encontra, mas esteja certa de que faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para proteger seus interesses. Assenti, grata por sua abordagem direta.
— Obrigada, Sr. Stevenson. Quero que este processo seja o mais rápido e discreto possível.
Mark sorriu de lado. — Bem, rápido podemos garantir. Discreto.
. . bem, isso pode ser um desafio considerando quem vocês são nesta cidade.
Ele tinha razão, é claro. Ryan e eu éramos figuras conhecidas nos círculos sociais, e isso seria inevitavelmente assunto de fofocas e especulações. — Entendo — respondi.
— Nesse caso, quero estar à frente da narrativa. Não vou me esconder ou fingir que nada aconteceu. — Uma abordagem corajosa — Mark comentou, fazendo algumas anotações.
— Vamos precisar de todas as evidências que você tiver, basta. Contei os relatórios detalhados do detetive particular que havia contratado. Mark os examinou, suas sobrancelhas se ergueram à medida que lia.
— Isso é bastante completo — ele disse, finalmente. — Com isso, podemos garantir que você saia deste casamento com tudo a que tem direito, senorita Thompson. Saí do escritório de Mark me sentindo mais leve.
O processo legal estava em andamento e eu tinha um dos melhores advogados da cidade ao meu lado. Minha próxima parada foi o escritório de relações públicas de minha amiga Sarah Miller. Se eu ia controlar a narrativa do meu divórcio, precisaria de ajuda profissional.
— Da Sara! — exclamou ao me ver, levantando-se para me abraçar. — Jéssica me contou o que aconteceu.
Estou tão furiosa com Ryan que poderia estrangulá-lo! Ri baixinho, sentindo-me grata por ter amigas tão solidárias. — Obrigada, Sara, mas preciso da sua cabeça fria agora.
Como lidamos com isso publicamente? Sarah se sentou imediatamente, entrando em modo profissional. — Bem, temos algumas opções.
Podemos ir com a abordagem da esposa traída e dignificada, ganhando a simpatia do público, ou podemos adotar uma postura mais agressiva, expondo Ryan e Isabel completamente. Ponderei por um momento. — E se combinarmos as duas?
Quero ser vista como forte e digna, mas também não quero que Ryan saia impune desta situação. Sarah sorriu, seus olhos brilhando. — Isso é porque você é minha cliente favorita!
Vamos fazer exatamente isso. Passamos as próximas horas delineando uma estratégia de comunicação. Decidi dar uma entrevista exclusiva a um jornal respeitado, contando minha versão da história.
Seria honesta sobre a traição, mas manteria um tom de elegância. Enquanto Sara trabalhava nos detalhes da entrevista, recebi uma ligação de Jéssica. — Você precisa ver isso!
— ela disse assim que atendi. — Ligue a TV no telejornal. Peguei o controle remoto com as mãos tremendo levemente, temendo o que poderia ver.
Para minha surpresa, não era Ryan na tela, mas Isabel, profundamente arrependida por minhas ações. Dizia, angustiada: — Sei que traí a confiança da senhorita Thompson de uma maneira imperdoável. Quero que ela saiba que nunca foi minha intenção causar tanto sofrimento.
Observei em choque enquanto Isabel continuava sua confissão pública, detalhando como o caso com Ryan havia começado e se desenvolvido ao longo dos meses. — O que diabos ela está fazendo? — murmurei, mais para mim mesma do que para Jéssica na linha.
— Parece que ela está tentando se antecipar — Jéssica respondeu. — Talvez achando que se confessar, tudo parecerá mais simpático. Desliguei a TV, minha mente girando.
Isso mudava as coisas. A confissão pública de Isabel poderia trabalhar a meu favor, mas também poderia complicar minha estratégia cuidadosamente planejada. — Sara!
— chamei, virando-me para minha amiga, que ainda estava absorta em seu laptop. — Temos que repensar nossa abordagem. Isabel acabou de fazer uma confissão pública na TV.
Sarah ergueu a cabeça abruptamente, seus olhos se arregalando. — O quê? Deixe-me ver isso!
Passamos a próxima hora assistindo e reassistindo à entrevista de Isabel, analisando cada palavra e expressão. — Isso pode ser bom para nós — Sara disse, finalmente. — A confissão dela corrobora a sua versão dos fatos.
Agora, quando você der sua entrevista, parecerá ainda mais digna e forte por não ter sido a primeira a ir a público. Senti a lógica em suas palavras. — E Ryan?
Alguma notícia dele? Sara balançou a cabeça. — Nada ainda, mas aposto que ele está se escondendo em algum lugar, esperando sua própria resposta.
Tudo isso naquele momento, meu telefone tocou novamente. Era um número desconhecido. — Alô?
— atendi, hesitante. — Diane! — a voz de Ryan soou do outro lado da linha, parecendo cansada e derrotada.
— Podemos conversar? — Por telefone? — interrompi.
— Você invade parte do que faço e eu não quero ouvir nada sobre Ryan. — Perguntei sobre nós, sobre nosso futuro. Olhei para Sara, que estava me observando atentamente.
Ela acenou com a cabeça como se dissesse que a decisão era minha. — Tudo bem — disse, finalmente. — Nos encontramos em uma hora no Café Lafet.
É público o suficiente para evitar uma cena, mas discreto o bastante para uma conversa privada. — Obrigado, Diane. Ryan disse, soando genuinamente grato: "Te vejo lá.
" Desliguei, sentindo meu coração acelerar. Este encontro poderia mudar tudo, ou poderia não mudar nada; de qualquer forma, eu sabia que precisava enfrentar Ryan mais uma vez antes de seguir em frente completamente. — Tem certeza disso?
— Sara perguntou, preocupação evidente em sua voz. Assenti, pegando minha bolsa. — Preciso fazer isso por mim mesma.
Saí do escritório de Sara e peguei um táxi para o café Lafayette, minha mente repleta de pensamentos sobre o que estava por vir. Enquanto o carro serpenteava pelas ruas familiares de Washington, eu me perguntava se estava pronta para enfrentar Ryan novamente. Mas então me lembrei de quem eu era: Giane Thompson, a mulher que havia enfrentado inúmeros desafios em sua carreira, que havia navegado pelos círculos mais poderosos de Washington com graça e determinação.
Se eu podia fazer tudo isso, com certeza podia enfrentar meu marido infiel uma última vez. O táxi parou em frente ao café. Respirei fundo, ajeitei meu cabelo e saí do carro; era hora de fechar este capítulo da minha vida de uma vez por todas.
Entrei no Café Lafayette, meus olhos percorrendo o ambiente à procura de Ryan. O espi é em uma mesa nos fundos, longe das janelas — típico dele, sempre preocupado com as aparências. Enquanto caminhava em sua direção, notei como ele parecia abatido; seus olhos tinham olheiras profundas e sua postura, normalmente impecável, estava curvada.
Por um breve momento, senti uma pontada de pena, mas então me lembrei de tudo o que ele havia feito e isso apenas se transformou em determinação. — Ryan — cumprimentei friamente, sentando à sua frente. Ele ergueu os olhos e pude ver uma mistura de emoções passando por eles: culpa, arrependimento, e algo que parecia esperança.
— Giane — ele respondeu, sua voz rouca. — Obrigado por vir. Ficamos em silêncio por um momento, o ar entre nós pesado com todas as palavras não ditas.
Finalmente, decidi quebrar o silêncio. — Você queria conversar, Ryan? Então fale.
Ele suspirou profundamente, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso que eu tão bem conhecia. — Eu… eu nem sei por onde começar — admitiu. — Acho que primeiro preciso dizer o quanto sinto muito.
Sei que provavelmente não significa nada para você agora, mas estou verdadeiramente arrependido por tudo o que fiz. Mantive minha expressão neutra, esperando que ele continuasse. — O que eu fiz, trair você com Isabel, foi imperdoável; eu sei disso.
Não tenho desculpas, apenas explicações se você quiser ouvi-las. Erguei uma sobrancelha. — Explicações?
Você acha que alguma explicação pode justificar meses de mentiras e traição? Ryan balançou a cabeça rapidamente. — Não, não é isso.
Sei que nada pode justificar o que fiz. Mas pensei que talvez… talvez você quisesse entender por quê. Considerei suas palavras por um momento.
Parte de mim queria gritar, dizer que não me importava com seus motivos, mas outra parte — a parte que ainda buscava algum tipo de fechamento — estava curiosa. — Tudo bem — disse finalmente. — Fale.
Ryan respirou fundo antes de começar. — Nosso casamento estava desmoronando há muito tempo, Diane; ambos sabemos disso. Estávamos tão focados em nossas carreiras, em manter as aparências, que nos esquecemos de realmente cuidar um do outro.
E então Isabel chegou. — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo suas próximas palavras cuidadosamente. — Ela me fez sentir vivo novamente, valorizado.
Não estou dizendo isso para te machucar, Giane; estou apenas tentando ser honesto. Senti uma pontada de dor ao ouvir suas palavras, mas mantive minha expressão impassível. — E você não pensou em vir falar comigo?
— perguntei, minha voz tremendo levemente. — Dizer que estava infeliz, em tentar consertar nosso casamento antes de destruí-lo completamente? Ryan baixou os olhos, a culpa evidente em seu rosto.
— Eu deveria ter feito isso; sei que deveria. Mas acho que parte de mim tinha medo. Medo de admitir que havíamos falhado; medo das consequências que isso teria em nossas vidas, nossas carreiras.
Soltei uma risada. — Bem, olhe para nós agora, Ryan. Todas as consequências que você temia, elas estão aqui, e são muito piores do que teriam sido se você tivesse sido honesto desde o início.
Ele assentiu lentamente. — Eu sei e me arrependo profundamente de cada decisão que tomei nos últimos meses, Diane. Eu… — Ele esticou a mão como se fosse tocar a minha, mas parei com um olhar.
— O que você quer, Ryan? — perguntei diretamente. — Por que me chamou aqui hoje?
Ele hesitou por um momento antes de responder. — Eu queria saber se há alguma chance, alguma chance de consertar isso, de salvar nosso casamento. Fiquei em silêncio por um longo momento, deixando suas palavras pairarem no ar entre nós.
Parte de mim, uma parte pequena e distante, queria dizer sim, queria acreditar que poderíamos superar isso, que poderíamos reconstruir o que tínhamos. Mas então me lembrei de todas as noites que passei sozinha enquanto ele estava com Isabel; lembrei-me da dor, da humilhação, da traição, e soube com uma clareza cristalina qual era minha resposta. — Não, Ryan — disse suavemente, mas com firmeza.
— Não há chance. O que tínhamos acabou. Você fez sua escolha quando decidiu trair nossa confiança, nosso casamento; agora eu estou fazendo a minha.
Vi a esperança em seus olhos se apagar, substituída por uma tristeza profunda, mas também vi aceitação. — Eu entendo — ele disse baixinho. — Acho que… acho que sempre soube que essa seria sua resposta, mas tinha que tentar.
Senti uma onda de alívio me invadir; era como se um peso enorme tivesse sido tirado de meus ombros. — O que acontece agora? — Ryan perguntou, hesitante.
— Agora — respondi, levantando-me — seguimos em frente, separadamente. Meu advogado entrará em contato com o seu para finalizar os detalhes do divórcio. Ryan assentiu, parecendo derrotado.
— Giane, apesar de tudo, quero que saiba que os anos que passamos juntos foram os melhores da minha vida. Olhei para ele uma última vez, permitindo-me lembrar do homem por quem me apaixonei tantos anos atrás. — Adeus, Ryan — disse suavemente antes de me virar e sair do café.
Enquanto caminhava pelas ruas de Washington, senti como se estivesse… Respirando livremente pela primeira vez em meses, o futuro era incerto. Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu estava ansiosa para descobrir o que ele reservava. Washington, DC, era uma cidade de segundos atos, de reinvenções, e eu, Dian Thomson, estava pronta para o meu.
Os meses que se seguiram à minha conversa final com Ryan foram uma montanha-russa de emoções e desafios. O processo de divórcio, embora amargo, progrediu de forma relativamente tranquila, graças à habilidade de Mark Stevenson e à aparente resignação de Ryan. A entrevista, cuidadosamente orquestrada por Sara, foi publicada no Washington Post e rapidamente se tornou o assunto mais comentado da cidade.
Fui honesta sobre a traição de Ryan, mas mantive um tom de dignidade e força que ressoou com muitos leitores. "Senhora Thompson", disse a repórter durante nossa conversa, "como você encontrou forças para enfrentar essa situação tão publicamente? " Refleti por um momento antes de responder: "Washington é uma cidade que valoriza a resiliência.
Aprendi ao longo dos anos aqui que não são nossos fracassos que nos definem, mas como reagimos a eles. Decidi que não seria definida pela traição de meu marido, mas pela minha resposta a ela. " A reação do público foi majoritariamente positiva; recebi inúmeras mensagens de apoio, muitas de mulheres que haviam passado por situações semelhantes.
Foi surpreendente e tocante perceber quantas pessoas se identificaram com minha história. Ryan, por outro lado, enfrentou uma considerável queda em sua popularidade; sua carreira política sofreu um golpe significativo, com muitos questionando sua integridade e capacidade de liderança. Isabel praticamente desapareceu da vida pública, mudando-se para fora da cidade logo após sua confissão televisionada.
Apesar da validação pública, os momentos privados eram frequentemente difíceis. Havia noites em que a solidão parecia esmagadora, em que me pegava olhando para o lado vazio da cama, lembrando dos anos compartilhados com Ryan. Mas a cada manhã, eu me levantava determinada a não deixar essas emoções me definirem.
Jéssica foi meu pilar durante esse período. "Você está lidando com isso melhor do que qualquer um poderia esperar", ela me disse uma noite enquanto compartilhávamos uma garrafa de vinho em meu novo apartamento, menor, mas aconchegante. "Eu tenho dias bons e ruins", admiti, "mas estou aprendendo a aproveitar minha nova liberdade"; e era verdade.
Aos poucos, comecei a redescobrir partes de mim mesma que haviam sido negligenciadas durante meu casamento. Retomei minha paixão pela fotografia, algo que havia abandonado anos atrás, e comecei a explorar os cantos menos conhecidos de Washington, capturando a beleza oculta da cidade através das minhas lentes. Foi durante uma dessas explorações fotográficas que conheci Nathan, um curador de arte do Smithsonian.
Ele estava fascinado por minhas fotos da cidade e me convidou para exibi-las em uma pequena galeria. "Seu trabalho captura a essência de Washington de uma forma que nunca vi antes", Nathan me disse durante a abertura da exposição. "É como se você visse a cidade através de uma lente completamente nova.
" Sorri, sentindo uma onda de orgulho. "Acho que eu mesma estou vendo tudo com novos olhos. " Ultimamente, a exposição foi um sucesso surpreendente.
Repórteres que antes me procuravam para falar sobre meu divórcio agora queriam saber sobre minha arte. Era refrescante ser reconhecida por algo que eu havia criado ao invés de ser definida pelo meu casamento fracassado. Quando o ano chegava ao fim, senti que estava finalmente virando uma página importante em minha vida.
O divórcio havia sido finalizado, minha carreira estava tomando um rumo inesperado, mas empolgante, e eu estava lentamente aprendendo a confiar novamente. Em uma fria manhã de dezembro, recebi uma ligação inesperada. Era Tom, um antigo amigo meu e de Ryan.
"Giane", ele disse, sua voz hesitante, "sei que isso pode parecer estranho, mas Ryan está no hospital. Ele sofreu um pequeno ataque cardíaco. " Senti meu coração apertar.
Apesar de tudo o que havia acontecido, uma parte de mim ainda se importava. "Ele está bem? ", perguntei, surpresa com a preocupação em minha própria voz.
"Está estável", Tom respondeu, "mas ele perguntou por você. " Fiquei em silêncio por um momento, ponderando o que fazer. Parte de mim queria ignorar o pedido, deixar Ryan lidar com as consequências de suas ações sozinho.
Mas outra parte, a parte que ainda lembrava dos bons momentos que compartilhamos, sabia que eu precisava ir. "Diga a ele que estarei lá em uma hora", respondi finalmente. O hospital estava quieto quando cheguei.
Encontrei o quarto de Ryan facilmente, parando por um momento na porta para observá-lo. Ele parecia menor de alguma forma, mas frágil, conectado a vários monitores. "Giane", ele disse suavemente quando me viu, surpresa e gratidão em seus olhos.
"Você veio. " Entrei no quarto, sentando-me na cadeira ao lado de sua cama. "Como você está se sentindo?
", perguntei. Ryan deu um pequeno sorriso cansado, como se tivesse sido atropelado por um trem. "Os médicos dizem que foi por causa do estresse.
" Senti não saber exatamente o que dizer. O silêncio se estendeu entre nós por alguns momentos antes que Ryan falasse novamente: "Giane, eu. .
. eu sinto muito por tudo. Sei que provavelmente já ouviu isso antes, mas quase morrer realmente coloca as coisas em perspectiva.
" Olhei para ele, vendo a sinceridade em seus olhos. "Eu acredito em você, Ryan, e eu te perdoo. " Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa.
"Você me perdoa? " Assenti lentamente. "Sim, não pelo seu bem, mas pelo meu.
Carregar toda essa raiva e mágoa não é saudável. Perdoar não significa esquecer ou voltar atrás; significa que estou escolhendo seguir em frente. " Ryan assentiu, lágrimas se formando em seus olhos.
"Obrigado, Giane, isso significa muito. " Ficamos em silêncio por mais alguns momentos antes que eu me levantasse. "Preciso ir agora.
Cuide-se, Ryan. " Ele pegou minha mão gentilmente antes que eu pudesse sair. "Giane, eu vi sua exposição de fotos no jornal; elas são incríveis.
Você sempre foi talentosa. Estou feliz que o mundo finalmente está vendo isso. " Sorri, sentindo uma onda de emoções complexas.
"Obrigada, Ryan. " Adeus. Saí do hospital sentindo-me mais leve do que havia me sentido em meses.
O perdão, percebi, não era um presente para Ryan; era um presente para mim mesma. Nas semanas que se seguiram, mergulhei ainda mais em minha fotografia; comecei a trabalhar em um novo projeto, documentando as vidas dos trabalhadores invisíveis de Washington: os garçons, motoristas de ônibus, faxineiros que mantinham a cidade funcionando. Nathan, o curador que havia organizado minha primeira exposição, tornou-se um amigo próximo e um apoio constante.
Nossos encontros para discutir arte lentamente evoluíram para algo mais, embora ambos estivéssemos cautelosos em rotular o que tínhamos. Em uma noite fria de janeiro, Nathan e eu caminhávamos pelo National Mall, a cidade silenciosa e coberta de neve ao nosso redor. "Sabe", ele disse, parando para olhar para o monumento a Washington iluminado, "acho que entendo agora por que você ama tanto a esta cidade".
Olhei para ele curiosamente. "Por quê? " Ele sorriu, seus olhos brilhando à luz dos postes.
"Porque ela é como você, Giane: resiliente, sempre se reinventando, cheia de histórias e segundas chances. " Senti meu coração se aquecer com suas palavras. Ficamos ali, de mãos dadas, observando a cidade que eu havia chamado de lar por tantos anos: Washington, DC, com todos os seus segredos e intrigas, suas belezas e contradições.
Naquele momento, olhando para a cidade que eu havia redescoberto através de minhas lentes, ao lado de um homem que me via por quem eu realmente era, senti uma onda de gratidão me invadir. O caminho que me trouxe até aqui não foi fácil; houve dor, traição, momentos de dúvida profunda. Mas cada desafio, cada obstáculo, me tornou mais forte, mais resiliente.
Eu era Diane Thompson, não mais apenas a esposa de um político proeminente, mas uma artista por mérito próprio, uma mulher que havia enfrentado a adversidade e emergido mais forte do outro lado. E enquanto a neve caía suavemente ao nosso redor, transformando Washington em um cenário de conto de fadas, eu soube, com uma certeza inabalável, que o melhor ainda estava por vir. Tirei minha câmera da bolsa, capturando o momento: a cidade adormecida, Nathan sorrindo para mim, os flocos de neve dançando no ar.
Era mais do que apenas uma foto; era o início de um novo capítulo. Washington era uma cidade de poder, de intrigas, de segredos sussurrados em corredores sombrios, mas também era uma cidade de renovação, de segundas chances, e eu, Giane Thompson, estava pronta para abraçar tudo o que ela tinha a oferecer. O futuro era incerto, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu o encarava não com medo, mas com expectativa; porque não importava o que viesse a seguir, eu sabia que estava preparada para enfrentá-lo com coragem, com graça e, acima de tudo, com a força que havia descoberto dentro de mim mesma.
Enquanto caminhávamos de volta, a neve crocante sob nossos pés, senti uma paz que não experimentava há muito tempo. Washington continuava a mesma cidade de sempre: complexa, desafiadora, às vezes cruel. Mas eu havia mudado, e nessa mudança havia encontrado não apenas sobrevivência, mas verdadeiro renascimento.
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