“Para encontrar um Buda, tudo o que você precisa fazer é ver sua natureza. Sua natureza é o Buda. E o buda é a pessoa livre, livre de planos, livre de preocupações.
- Bodhidharma. Virtuosa Audiência, nossa Essência da Mente (nossa Natureza Interna), que é a semente ou pérola da Iluminação (Bodhi), é pura por natureza, e por fazer o uso apenas desta mente nós podemos atingir diretamente o Estado Búdico. Bodhi é imanente em nossa Essência da Mente, e tentar buscar por isso em outro lugar é errôneo.
Dentro de nossa mente impura, a pura poderá ser encontrada, e uma vez que nossa mente é corretamente organizada, estamos livres das três espécies de anuviamentos (que são: ódio, cobiça e ilusão). Nós deveríamos trabalhar em busca do Estado Búdico dentro da Essência da Mente, e não deveríamos procurá-lo fora de nós mesmos. Nossa verdadeira natureza é Buda, e à parte dessa natureza não há outro Buda.
Dentro de nossa mente há um Buda, e aquele Buda interior é o Buda real. Se Buda não for buscado dentro de nossa mente, onde acharemos o Buda real? Não duvideis que aquele Buda está dentro de sua mente, fora da qual nada pode existir.
Reconheça a Essência de Tua Própria Mente. Hui Neng. Aquele que é mantido ignorante de sua Essência da Mente é um ser comum.
Aquele que é iluminado pela sua Essência da Mente é um Buda. Virtuosa Audiência, a Sabedoria da Iluminação (Bodhiprajna) é inerente a cada um de nós. É devido a delusão sob a qual nossas mentes trabalham que falhamos em perceber tal coisa por nós mesmos e, portanto, temos que buscar os conselhos e as orientações dos Iluminados antes que possamos conhecer nossa própria Essência da Mente.
Vós deveis saber que, a respeito da Natureza Búdica, não há diferença entre um homem iluminado e um homem ignorante. O que faz diferença é que um percebe isto, enquanto que o outro permanece ignorante deste fato. Estando seduzidos por objetos-de-sensação, e assim fechando-se para suas próprias luzes, todos os seres sensíveis, atormentados por circunstâncias externas e aflições internas, agem voluntariamente como escravos dos próprios desejos.
Vendo isto, nosso Senhor Buda precisou sair de seu Samadhi para exortar os seres, com vários tipos de profundos discursos, a suprimir seus desejos e se abster de buscar a felicidade apenas externamente, de forma que poderiam se tornar iguais ao Buda. É para estas pessoas, vítimas da ignorância, que identificam a união dos cinco Skandhas com o “ego” e consideram todas as outras coisas como “não-ego” (objetos de sensação exteriores); que almejam a existência individual e têm aversão à morte; que vivem à deriva no remoinho da vida e morte sem perceber a superficialidade da existência mundana, que é apenas um sonho ou uma ilusão; que se comprometem a um sofrimento desnecessário ligando-se à roda de renascimentos; que confundem o estado de perpétua felicidade do Nirvana com um modo de sofrimento, e que sempre buscam o prazer sensório; é para estas pessoas que o compassivo Buda pregou a real felicidade do Nirvana. O Bodhisattva Sila Sutra diz: “Nossa Essência da Mente é intrinsecamente pura, e se conhecêssemos nossa mente e percebêssemos qual é nossa natureza, todos nós alcançaríamos o estado de Buda”.
Tu deves então aceitar a interpretação de que este Conhecimento Búdico é o Conhecimento Búdico de tua própria mente e não o de outro Buda. Virtuosa Audiência, que sejamos capazes de perceber isto a toda hora em nós mesmos. Vamos treinar, praticar em nós mesmos, e atingir a Natureza Búdica por nosso próprio esforço.
Olhe para dentro! O segredo está dentro de você. Olhe para dentro, e reconheça a Essência de tua própria Mente.
Os ensinamentos completos de todos os Budas - passado, presente e futuro - devem ser encontrados na essência de cada ser humano. A natureza do homem é originalmente pura. É por pensamentos falsos que a Verdadeira Natureza Búdica é obscurecida.
Nossa natureza original é pura desde que esteja livre de pensamentos falsos. Se alguém não percebe que sua própria natureza é originalmente pura e decide olhar para a pureza, ele está criando uma falsa pureza. Tal pureza não tem existência objetiva.
Portanto, sabemos que o que é visto é falso. A pureza não tem nem forma física nem característica, mas algumas pessoas estabelecem características para a pureza e dizem que este é o objeto de nossa prática. As pessoas que têm esta visão obstruem sua própria natureza original e tornam-se condicionadas pela pureza.
Sentem-se todos juntos em meditação. Torne-se pacificamente calmo e quieto, sem movimento, sem quietude, sem nascimento, sem destruição, sem ir ou vir, sem julgamentos de certo ou errado, sem ficar nem ir. Este, então, é o Grande Caminho.
Ora, sendo este o caso, neste método, o que significa sentar-se em meditação? Neste método, sentar significa estar livre de todos os obstáculos e, externamente, não permitir que pensamentos surjam da mente sobre qualquer esfera de objetos. Meditar significa perceber a imperturbabilidade da natureza original.
Significa perceber interiormente a imperturbável Essência da Mente. A razão pela qual nos perturbamos é porque nos deixamos levar pelas circunstâncias em que nos encontramos. Aqueles que são capazes de manter a mente imperturbável, independentemente das circunstâncias, alcançaram a Paz Interior.