[Música] Olá, terraplanistas! Como é que vocês estão? Sou Rogério Velez, começando mais um "Inteligência Limitada", o programa de limitação da inteligência, que acontece somente por parte do apresentador que vos fala. Sempre trago pessoas mais inteligentes, mais interessantes e com a vida muito mais regrada do que a minha, do que a sua, muito mais, né? Mas você é um cara que é do militar, você é um cara regrado. Ah, eu tô procurando... Já fui mais regrado, mas eu tô procurando. Eu era bastante no tipo de ter horário certinho. Eu sempre gostei de ter planejamento. Ah,
eu, cara, sempre fui o contrário disso. Eu tô tentando conseguir isso, então eu me forcei a isso. Só que aí, agora eu parei. Eu quero voltar a... Eu tento fazer essas coisas regradas, mas aqui eu não sei quanto tempo vai demorar as lives. Como que eu vou dormir todo dia? Como que eu vou saber? Me fala, o Pirula aqui demora 7 horas a live, aí você vai dormir 11 horas da manhã do outro dia. Não dá! Exatamente. E eu tô procurando me manter regrado. Só que, tipo, então vamos fazer um projeto desse ano, a gente
fica mais regrado. Cara, pode deixar! Vamos tentar, vamos tentar. Eu já vi vídeos de pessoas que eu não imaginava treinando. Você viu esse ano, DIFC? A gente tem que... Eu vi o vídeo de 30 segundos também. Eu não sei se aquilo durou 30 segundos ou foi mais tempo. Também durou um pouquinho mais, mas eu não sei quanto tempo vai durar, entendeu? Quantos estão focados? Pelo menos ontem ele estava... Agora não sei o restante do ano se vai manter assim. Vamos orar por ele, né? Porque precisa, precisa, né? Como vai ser a participação do pessoal nessas
regras da vida hoje? Como é uma live especial, a gente vai dar prioridade para pessoas especiais, que são os membros do canal, né? Então, para quem ainda não for membro, torne-se membro, e tem essa vantagem de saber quem está aqui antes e poder mandar sua pergunta exclusiva. Fechou? E também lembrar o pessoal que, quem não for inscrito ainda, se inscreva no canal, deixe o like e também compartilhe a live. Sabe por que você tem que se inscrever no canal? Porque falta só 30 mil pra gente chegar nos 5 milhões, cara! Então, dá essa força aí.
Pertinho, a gente tem que chegar logo nos 5 milhões, porque toda a equipe vai saltar de paraquedas. Acabei de inventar isso agora! Eu vou, bora! Eu vou, Tut! Aí tem que arrumar um paraquedas bem grande, né? É, realmente uma lona de circo, com todo o respeito. Aí vamos, cara! Porque, não ironicamente, não tem paraquedas que me aguente. Eu já pesquisei, ah, juro por Deus, é sério. Tem limite de peso. Deve ter aqueles de carro, mas eu posso... Os caras jogam carro de paraquedas, velho! Eu até ia falar meu... O Paulo, ele é comediante involuntário, cara.
Ele fala de boa, ele não quer fazer piada, mas ele faz! Então, tá. Vamos tentar fazer alguma coisa com 5 milhões, aí, certo? Então vamos começar o programa. Agradecer demais a presença dos dois e agradecer à Insider, nossa parceira de longa data, que tá aí com esses descontos incríveis usando o nosso cupom, QR Code na tela e link na descrição. Fechou? Vai lá! Aqui, ó, Insider! Guilherme, que já é quase carteira assinada aqui, né? Já veio várias vezes aqui. Se apresente para quem não te conhece. Obrigado por estar aqui com a gente de novo, é
uma alegria imensa estar aqui, pela... Não sei mais quantas vezes. Já me matriculei aqui na Universidade do V. Já tive com todos os assuntos possíveis e a minha alegria, sem dúvida, ainda tem muitos outros. Vamos fazer um programa de culinária contigo depois. Pior que me convidaram para um programa de culinária. Tá brincando, cara? Não sei nem o que fazer! Eu vou fazer. Nesse negócio, acho que um negócio "JAC", cara. Mas eu vou fazer, comer tudo bem, fazer alguma coisa. Vai ser show de horrores! Ah, meu nome é Guilherme Freire, sou professor de Filosofia, sou fundador
de duas empresas: uma chamada "Filosofia do Zero", que é formação de filosofia para quem não é da área, para se aprofundar, e tenho uma outra chamada "Em Busca da Verdade", que é formação de empresários e líderes, que é presencial aqui em São Paulo. Dou aula, sei lá, agora, já há uns tantos anos, sou pai de cinco crianças maravilhosas e a minha alegria é falar sobre Jordan Peterson, que aliás, eu vou encontrar, vou participar de um evento com o Jordan, ponho, daqui a poucos dias, lá na Inglaterra. Lá na Inglaterra, você tinha me falado disso. Pois
é, que tipo de evento que é? O Jordan Peterson organiza junto com a Baronesa de Londres, Filipa, uma reunião de líderes globais uma vez por ano, e aí chama "Arc", né? Fórum Arc. E aí ele junta pessoas de vários países: pessoas da política, da vida intelectual, todo tipo de coisa, né? Jornalismo, sei lá. E aí ele bota o pessoal para debater os temas pertinentes do mundo, né? Quer dizer, qual é, sei lá, que tipo de crise a gente vive no mundo hoje? Que tipo de desafio a gente tem? E a ideia do fórum são as
pessoas saírem com soluções para essas questões, né? E foi muito bom. O primeiro foi fácil, ainda mais esse ano, né? Pois é, né? Foi o primeiro, foi muito bom. Os americanos invadem, né? Apesar de ter gente do mundo inteiro, eles sempre invadem, né? Para eles é, sei lá. Eles têm o costume de viajar para a Inglaterra. Eles, no entanto, têm mais americanos que ingleses no fórum, mas tem gente do mundo inteiro, e vai ser bem fascinante. Acho que agora, com a eleição do Trump que acabou de acontecer, vai ter um debate grande no fórum, né?
É engraçado porque o Ark cresceu muito e o Fórum Econômico de Davos agora tem menos pessoas, né? Curiosamente, saiu até uma foto mostrando que estão indo menos pessoas. É bem curioso isso, mas enfim, é uma reunião da qual estou bem empolgado para participar também. Depois a gente conversa então, depois que você voltar de lá, quero saber o que aconteceu. Sem dúvida, vai ser interessante! Pedro, primeira vez que você está vindo aqui. Primeira vez tem que dar presente e se apresente aqui, professor. Pessoal, nessa câmera, primeiro presente ou apresentação. Você que sabe, cara, você que manda.
Ah, meu nome é Pedro Augusto, paraibano, de Campina Grande. Como vocês podem notar, né? Sotaque, não vem daqui. Gaúcho pareceu, não foi? Você vê pelo porte e pelo sotaque, só pode ser gaúcho ou viking, né? Pode? E é um prazer, cara, estar aqui de verdade. Eu te acompanho há algum tempo já, né? Todas as loucuras que vêm acontecendo. É muito bom de ver de longe, eu não sei de participar, mas ver de longe é uma delícia, tem loucuras marcadas já. Ah, excelente! Há mais de 15 anos eu dou aula de assuntos que transitam entre a
filosofia, psicologia e teologia. Sou fundador do DPA, que é a Direção Pedro Augusto, em Escola de Maturidade e Amadurecimento. E agora, semana que vem, eu estreio o sistema Sagrada Família de ensino, né? Escola de Ensino Infantil e Fundamental lá em Campina Grande, que vai deslanchar se o bom Deus assim permitir. Amém. E o presente inútil? O presente é o seguinte, cara: foi me informado que tem que ser algo inútil, por óbvio, e que tenha a ver com a história e algum significado, né? Eu trouxe aqui esse conjunto maravilhoso de facas, porque tem a ver com
a história da minha vida e tem um pouco a ver também com o tema que a gente vai tratar aqui, que toca a maturidade. Quando eu tinha uns 17 para 18 anos, minha primeira namoradinha da faculdade, eu fui visitar a casa dos pais dela. E aquela coisa toda era Veraneio. Aí, o pai dela passou o dia com os amigos na praia, bebendo e tal, e ele chegou um pouco alterado, fusível, com muita alegria no coração. E aí ele sentou lá na mesa e a gente começou a jantar, e ele olhando para mim assim. Aí tinha
os talheres aqui do lado, né? Aí ele olhando para mim e alisando uma faca na lateral, né? E eu, rapazote ali, sem saber o que fazer direito. Aí ele olhou para mim e fez: "Pedro, eu gosto muito de você, você é um menino muito bacana." Isso, né? A minha então namorada sentada aqui do lado. "Você é um menino muito bacana, mas assim, a minha vontade mesmo é enfiar essa faca na sua barriga, cara." Sim, R, assim, na lata. Rapaz, o sangue desceu, que se alguém cortasse meu rosto, fazia só assim: saia sangue, entendeu? Eu só
consegui dizer "eu entendo", não consegui dizer mais nada. Então, em alusão ao evento, tá aí uma faquinha que não faria mal a ninguém se ele fosse cumprir. Eu daria essa. Então tá certo, para a gente fazer uma introdução ao assunto, acho que o legal é falar primeiro sobre quem é Jordan Peterson, com a importância dele no mundo de hoje e o que aconteceu com ele, né? Desde a perseguição, desde da doença, como ele tá hoje. Sim, quer falar um pouco, Guilherme? Claro, claro. Bom, então, Jordan Peterson é um psicólogo clínico canadense. Ele teve, durante muitos
anos, uma carreira acadêmica sem chamar a atenção do grande público, né? Ele deu aula em Harvard, deu aula na Universidade de Toronto, passou por vários lugares, tinha uma baita pesquisa, inclusive, com experiência de consultório tratando pessoas e chamou muita atenção. Acho que nessa fase até antiga da carreira dele, para o padrão atual, você vê esses vídeos dele dando aula em universidades grandes, como em Harvard e outros lugares, e ele muito empolgado, né? Você até vê ele com mais cabelo do que ele jovem, ali nos anos 90, jovem, né? E ele com uma empolgação muito grande,
os alunos muito engajados. Só que ele foi meio que empurrado para a fama, para a notoriedade, essa volta é mais atual, né? Essa volta é mais atual, sem você achar umas antigas dele, por favor. Kratos, pega ele na fase dos anos 2000, anos 90, tá? E aí ele foi meio que forçado por uma situação a fama, que não era uma coisa que ele estava buscando. Não foi uma escolha, ele não estava procurando. Escolha que foi um cancelamento, é, resultante da controvérsia no Canadá de pronomes de gênero. Então havia uma discussão de uma lei para forçar
as pessoas a usarem pronomes de gênero, de uma certa maneira, e o Jordan Peterson, a posição dele foi muito... até com prisão e tal, sim, sim, com consequências, com sanções para o cara que não seguisse o pronome. E aí o Peterson falou o seguinte: "Olha, eu vou respeitar o desejo das pessoas. Se você quiser que eu te chame do que você quiser que eu te chame, eu vou chamar. Só que o estado não deveria poder me constranger a agir de uma certa maneira. Isso vai criar um estado, vai transformar o Canadá num estado de perseguição."
E vai... Atrapalhar demais uma das bandeiras dele, o tema da liberdade de expressão, as pessoas não vão conseguir mais se expressar de uma maneira correta, porque vão estar toda hora com medo, de um clima de desconfiança. E aí ele depôs no Parlamento canadense, começou a aparecer na mídia, e ele simplesmente... alguns dos militantes enlouqueceram completamente, enlouqueceram a ponto de ir nas palestras dele e... como... ó, ele... aninho, cara, esses vídeos são muito bons. Em geral, eu não tinha visto ele, e tem várias coisas fascinantes, ele falando sobre psicopatas. Você tem todo um tema sobre isso,
porque são aulas mesmo, né? Sim, ah, são aulas, são aulas de universitário. Não, e com aqueles... eh... os transparentes, né? Ó, uhum. A gente usava, né, aquelas... aquelas... ah, sim, se colocava nome, negócio... não sei o nome disso, mas é enfim, acetato. Colocava acetato no, como chamava isso? Tipo projetor, né? É, mas tinha um nome, né? Tinha um nome específico. Mas, ah, colocar data, vídeo... não, da dat... datav... Quê? Estou falando de MIMI na época do MIMI, na época dos slides. Eu vou lembrar depois como que é. E então os militantes começaram a ir nos
eventos dele, qualquer lugar que ele ia dar aula, e começavam a gritar na frente dos lugares. E aí começava o clássico: "Ah, ele é fascista! Ele... ele não sei o quê...". E aí ele começou a ser chamado para entrevistas. E também, e também uma coisa só um parênteses: muitos desses eventos foram gravados para constrangê-lo, né? Ah, é. E aí teve exatamente o efeito contrário, como você bem sabe, né? O efeito da internet, ele é do lá, né? Você tenta fazer a coisa, volta na mesma intensidade. Total, a ideia era... na verdade, era deixar ele nervoso.
Tem vários momentos desses que são para provocar ele mesmo. E aí começaram a fazer entrevistas com ele. A entrevista, uma das mais famosas, com a Kat Newman, que ele senta ali com a Kat Newman, é uma jornalista inglesa, e ela começa a fazer... aquele vídeo é muito bom, porque ela: "Ah, então você quer dizer que as mulheres são inferiores?" ou coisas desse tipo. E ele: "Não, não, não, não foi isso que eu quis dizer." E toda hora. E o que fica óbvio é que a jornalista está querendo extrapolar o que ele está falando. Ele está
sendo bem preciso com as palavras, que aliás é uma das coisas que ele fala muito, e ele está tentando ser preciso com as palavras. E ela está querendo forçar para dizer que ele... sei lá, que ele está falando algo que ele não está falando, para colocar ele num frame negativo, né? Para colocar ele num retroprojetor... retroprojetor. Como que é o... Data Center? Data... MIA que o cara falou. Não, eu falei errado ainda. Era Data Show! Data Show, tá? E aí eles tentam colocar ele num frame errado. Ele se dá extremamente bem com as entrevistas, ele
é extremamente calmo, ele tem um jeito muito equilibrado de falar. E aí a fama dele só cresce. E aí quando ele é lançado para essa fama, ele pensa: "B, mas é incrível essa calma dele mesmo, né, cara? Impressionante num ambiente totalmente hostil, e ele tranquilo." Que até aquela... que a mulher no meio do papo, ela trava, né? Fala assim: "Não, você tá sendo hostil comigo", e tá tudo bem, você tá tentando... uh-huh. Ela fala: "É!" E ela... ela se contém e fala: "É verdade, cara. Faz parte da entrevista e tal." Parte... e ele, ele, ele
pensa assim: "Bom, o que eu vou fazer com essa fama? Porque agora, sei lá, tá todo mundo divulgando meu nome. O que que eu faço?" Ele fala: "Bom, a melhor... a coisa mais útil que eu posso fazer é tentar ajudar os jovens." Ele fala, em especial, os jovens homens, né? Porque, óbvio, há toda uma onda progressista, e a ação da progressista fala: "Bom, tem que ter o privilégio, a proteção das mulheres, privilégio, proteção dos, sei lá, de X ou N grupos." Só que o homem jovem acaba sendo uma figura meio largada, por vezes até tratado
como opressor ou não sei o quê, porque o homem mais velho já tem mais dinheiro, já tem mais coisas na vida. O homem jovem, ele é meio abandonado. Inclusive, o Jordan P. fala muito sobre demonização da masculinidade. Não tem um caminho, né? A figura paterna mesmo. E acho que esse é muito do... é, inclusive, um dos títulos do livro, das 12 regras, né? "Deixa os meninos andarem de skate, não atrapalhe." Eu acho que é isso, quando eles estiverem andando de skate. É sobre a masculinidade, figura paterna, é um tema muito forte: abandono paterno, a falta
de figuras paternas. Você tem figuras fortes. Você tem, claro, você pega o entretenimento de massa, você tem muitos personagens homens desconstruídos. A própria figura do mestre, a figura do professor, do pai foi desaparecendo do cinema, e foi... e sempre vai aparecendo. Tem muito personagem Mary Sue, agora, também no entretenimento, é aquela mulher que é ultra-habilidosa, sem ter treinado e tal. Aí você vê um filme como Top Gun, que tem essa figura paterna, as pessoas enlouquecem! Enlouquecem! O sucesso, e ninguém entende por que é isso, né? É porque é natural, é natural. Então o Jordan Peterson,
com as 12 regras, em especial, que é o livro que ele lança... que ano é? Nossa, o ano exato? O ano exato também, gente. Ah, mas eu tô com um livro... mas é Edição em português. Você a tem aí? Tô com livro aí, tá? Se tiver com, pode abrir a bolsa ali e pegar sem problema. E aí, ele lança o "12 Regras" e ele começa a assumir esse papel de uma figura paterna para vários desses jovens, tá? Os jovens começam a olhar para ele como uma figura paterna, aquele pai ausente que tem tão presente e
como um guia. "Pô, cara, aqui tem um caminho pra eu tentar viver uma..." Ele começa a bombar nos canais de melhora pessoal, motivacional. As pessoas começam a compartilhar, então tem uma vibe que é uma mistura, especialmente nessa fase inicial dele. É uma mistura de motivacional com diagnóstico psíquico, muito dessa coisa, sei lá, né? Beatriz Barbosa, né? Que fez sucesso no Brasil falando sobre psicopatia. Começa a dar até porque boa parte dos estudos dele são sobre o mal e ele tem um background muito grande de experiência clínica, né? Sim, assim, de consultório, né? Quando você lida
com os bastidores da vida, os discursos começam a perder força, sabe? Porque existe uma diferença de palavra e sangue. Uma coisa é você falar qualquer ideia que você tenha, outra coisa é a experiência da ideia na realidade. Nada é mais forte do que a experiência da realidade; a realidade se impõe por si só. Quando você começa a lidar como um psicólogo clínico com o bastidor da vida, meu filho, você pode fazer o discurso que for na minha frente. Se eu for intelectualmente honesto, o seu discurso não cola, porque você diz uma coisa e eu acabei
de falar com duas ou três pessoas que estão com a vida desmoronando por seguir o que você disse que era a melhor coisa do mundo. Você vai fazer o quê? Você vai tentar me convencer? Como assim? De um lado eu tenho sua saliva, do outro lado eu tenho o sangue do pessoal. Vê, as pessoas com esse discurso não vivem a vida que pregam, né? Porque é impossível, cara. Veja, é muito complicado você lidar com a contrariedade da realidade. Isso aqui é um ponto que eu acho que toda a trajetória de Jordan Peterson, inclusive pública, está
deixando muito claro: que a realidade é algo contra o qual você não tem como lutar e, se você tentar lutar, ela vai lhe destruir. Então assim, a realidade é o seguinte: ou você se alia com ela ou você é destruído por ela. A sanidade psíquica nada mais é do que um movimento de assentimento à realidade. E teus sentimentos e emoções não têm nada a ver com a realidade, né? Não, a emoção faz parte da percepção do real. Essa separação também de razão e emoção é complicada, né? Porque senão você está falando de um homem que
não existe. Porque o homem que existe, ele, ao mesmo tempo, ele intelige, mas ele intelige com o intelecto e com a emoção. A percepção não necessariamente tem a ver com a realidade. Você pode perceber aquilo, acreditar que aquilo é daquele jeito, e a realidade é totalmente diferente. Todo mundo te fala: "não, cara." Tanto que a sanidade é esse movimento. Então, se eu acho que o livro é um livro e não um jacaré, você pode dizer: "não, seu pensamento tá correto. Você é um indivíduo saudável." Se eu vejo esse livro aqui e acho que ele vai
me devorar, você vai dizer: "cara, tem alguma coisa errada com você." Não, mas eu tenho certeza que ele vai me devorar. O que é que você percebe como errado? É a discrepância que existe entre o que você pensa que a coisa é e o que a coisa é de fato. Ou seja, todo o movimento de sanidade humana e de estabilidade psíquica está em você assentir as coisas tais quais elas são. E aí você vê o problema dos discursos e da ideologia. Porque aí você bota uma barreira, né? Então, tem a coisa tal qual ela é;
você vai tentar buscar saber dela, só que maior do que ela deve estar a ideia. Então vira aquela frase: você vai acreditar em mim ou nos seus olhos? Você vai acreditar no que eu estou dizendo ou no que seus olhos estão vendo? E aí todo o movimento ideológico, sobretudo o movimento ideológico moderno, é uma tentativa de superação do real pela ideia. Entra naquela discussão que nós estávamos tendo anteriormente, né? E a ideia é muito sedutora, porque dentro da sua cabeça a ideia é o que você quiser. Você não deve nada à realidade, entendeu? Você se
torna uma espécie de divindade. Assim, você recria o mundo à imagem e semelhança da sua escuridão interior, verdade? Então, é muito confortável, entendeu? Sim, muitos desses críticos dele têm essa desconexão da realidade muito forte. Uma das coisas que ele aponta são pessoas querendo corrigir o mundo que não arrumam a própria cama. E isso claramente é uma coisa que está acontecendo. Você vê jovens que não pagam boletos ainda querendo dizer como você deve fazer na sua vida. Se só pessoas que pagam boleto votassem nas eleições, não importa o valor do boleto. Pode ser um boleto de
R$ 2, mas, desde que só P paguem um boleto, já daria uma diferença bastante grande. E aí as pessoas começam a... Ele está muito preocupado com a ideologia. Inclusive, tem uma conexão entre ideologia e dificuldades psíquicas que aparece muito forte até no último fórum que eu tive dele. Teve uma palestra de um outro pesquisador americano chamado Jonathan Haidt que ele mostrava a correlação entre ideologia e problemas psíquicos. E ele mostrava que, muitas... Hoje, nos Estados Unidos, tem um grupo que preocupava muito ele, especialmente mulheres jovens com baixíssima religiosidade e alta ideologia progressista, especialmente essa ideologia
mais woke, no nível mais hardcore. É a maior incidência de problemas psicológicos, né? Então, é o H falando isso; ele sequer é um cara da direita. Ele está falando isso, na verdade, simplesmente porque olhou os números e falou: "Olha, gente, isso aqui é uma realidade." Um dos pontos também é que tem muito tema de desestruturação familiar, uma série de coisas associadas a isso. Então, é o Jordan Peterson que, sem dúvida, leva muito isso em consideração, né? E aí ele passa por uma experiência muito forte, que é o câncer da esposa. A Tamy Peterson é muito
próxima da esposa, e ela passa por um câncer. O médico chega para ela e fala que não tem o que fazer, que ela vai falecer. E aí o Jordan Peterson começa a tomar remédios para ansiedade; no caso, ele começa a tomar um ansiolítico e, ao tirar o remédio, tem uma reação adversa muito grande. Então, é um remédio até de uso comum, só que, ao tirar, ele tem um efeito adverso muito esquisito e começa a ter uma série de problemas. Então, ele vai alternando entre uma espécie de episódios depressivos, episódios até bem severos, inclusive. É bem
severo. E aí ele vai se tratar; eles fazem um tratamento de choque com ele. Ele vai lá para o leste europeu e entra em umas coisas loucas lá, no leste europeu. Ele some praticamente. Então imagina, você tem uma figura extremamente notória que desaparece. O cara some do debate público, some de tudo e está lá na Rússia. Aparece de vez em quando uma imagem dele, é muito, muito exótica assim e tal. E a esposa dele, a Tamy, ela se cura do câncer de uma maneira – ou tem uma remissão do câncer, de uma maneira, curar não
é o termo exatamente, mas é uma remissão, né? De uma maneira muito curiosa. Ela atribui muito da melhora dela ao terço. Ela conhece um grupo de pessoas católicas próximas ali da Universidade de Toronto e tem essa amiga que reza o terço com ela. Fala assim: "Olha, não!" E um detalhe muito curioso do Jordan Peterson: ele não era uma pessoa religiosa, pelo contrário, uma pessoa afastada de qualquer crença religiosa. Mas, claro, ele era muito fã de Nietzsche; não era hostil à religião, mas era uma pessoa que pensava sempre em termos de ciência evolutiva. Ele abre o
capítulo falando da questão da lagosta, né, explicando um processo psicológico humano a partir da ciência evolutiva e de como a lagosta reage. Então, assim, é uma pegada bem materialista, e que não necessariamente ele rejeita essa pesquisa. Mas é curioso; sempre ele pensava do ponto de vista material. E aí a Tamy começa a rezar com essa amiga o terço e começa a remissão do câncer dela, uma coisa que não era esperada, que o médico fica extremamente surpreso. E aí aquilo impacta ele de uma maneira muito grande, né? Porque ajuda no processo de melhora dele, brutalmente. Porque
a esposa puxa ele, inclusive. Ela estava indo com o último tour que ele fez, que passou pelo Brasil. O nome do tour era "He wrestles with God", né, aquele que luta com Deus, porque faz referência, inclusive, ao trecho da Bíblia que fala sobre esse momento de luta com um anjo, né? Que Jacó luta com o anjo. E Jacó fica marcado; ele fica manco, ele é marcado por essa luta. Ele fica ferido até o final da vida, né? Fica ferido até o final da vida, que é muito dessa experiência simbólica da nossa vida. Nós vivemos uma
vida de conflito; nós não temos uma vida fácil. O J. Peterson, uma das coisas que ele enfatiza muito é o sofrimento, a necessidade de você passar pelo sofrimento. E aí ele começa a melhorar. Então, com várias dificuldades, por exemplo, ele conta em um dos episódios que o dia dele está começando às 10 da manhã, porque até ele conseguir engatar no dia e tal, até ele conseguir se situar, começar a ser produtivo, já era 10 da manhã. Você imagina? O cara está, sei lá, acordando às 7 da manhã e tem 3 horas para ele começar a
engatar. Mas ele aparece, ele aparece, ele chora, é muito grato. Inclusive, a esposa foi nesse tour com ele. Ela vai levando o terço nos lugares; uma coisa assim bem chocante, muito fora. Eu até gravei um vídeo, é muito engraçado, né? Eu gravei um vídeo bem cedo, quando o Jordan Peterson estava tendo essas crises, e eu gravei um vídeo chamado "A conversão do Jordan Peterson", meio interrogação. E aí, na época, até parece uma comunidade do Jord para me xingar, falando: "Ó, Guilherme, está propagando aqui mentiras." Tal, porque o cara é secular, não existe nenhuma possibilidade. Os
caras me mandaram até um texto: "Não existe a menor possibilidade do Jordan Peterson se converter." E eu falei: "Olha, eu acho que essa é uma das afirmações mais ousadas que alguém pode fazer sobre outra pessoa." E aí eu falei: "Olha, por que eu discordo disso?" Até falei pro pessoal da comunidade que me falou. Primeiro, porque uma das, já na época, uma das maiores influências dele já era Dostoiévski, Souzenitsyn, esses grandes russos que lidavam com o sofrimento. Eu sou um grande fã dos dois também, dos mesmos, ajudou na minha conversão. Eu lembro que, quando comecei a
me considerar que Deus existia, um dos livros que eu estava lendo era "Os Irmãos Karamázov", que é um dos livros favoritos dele. E tinha esse trecho – não me chamava a atenção dele, mas na época que eu era um menino socialista. que para morrer, e aí o Dmitri, que é um dos irmãos, ele joga um dinheiro e vaza, né? Fala: "Tá aqui, ó, resolvido!" E aí, beleza, né? Jogou um dinheiro e foi embora, entendeu? E aí aparece o Alosa, e o Alosa tá no pé da cama com ele. E aí o Col meio que pergunta
assim: "Por que que você tá fazendo aqui?" E ele fala: "Olha, eu tô aqui porque eu acredito na imortalidade da sua alma, acredito que você tem uma alma". Eu lembro que aquilo mexeu muito comigo, que eu fiquei: "Caramba! Será que eu tenho uma alma, né? Será que existe isso? Será que eu tenho uma alma?" E Dostoiévski mesmo passou por uma conversão muito grande depois que ele foi preso. Dostoiévski, dá pra traçar várias semelhanças até sobre a vida do Dostoiévski e o Jordan Peterson. Dostoiévski foi injustamente preso; no caso, fizeram uma execução simulada dele, botaram um
saco na cabeça dele, fingiram que iam matar ele, e na prisão, a única coisa que ele tinha para ler era a Bíblia, né? E aí, o Dostoiévski passa por essa transformação gigantesca na vida dele, de socialista revolucionário para uma fase niilista, de ódio contra toda a realidade, para depois uma conversão cristã. E o próprio Sidin, no Gulag, né? Ele tem um momento ali que ele encara o Gulag. Como vai parar no Gulag, e ele tem uma experiência que ele fala que é quase sacramental no Gulag, que ele acha o grude do Gulag uma experiência divina.
Ele fala: "Só de olhar o grude, que era uma coisa terrível, eu comecei a entender o que era estar em comunhão com Cristo, porque eu passava fome o tempo todo." E aí eu entendi a importância que aquela conexão acontecia, a importância de manter a serenidade do espírito quando as coisas ao seu redor estão todas destruídas, né? Então, claro, tanto na história de Dostoiévski quanto na história dos Zenit, você vê a ideologia, mas você vê o espírito cristão como uma resposta a essa ideologia materialista, que quer controlar todos os aspectos da vida humana. Não só a
manifestação do sofrimento, como uma espécie de tesoura que rasga certos véus; assim, você vê a realidade de maneira mais clara. Isso é muito, muito interessante. Inclusive, tem um corte bem famoso do Jordan Peterson dizendo assim: "Como é que você vive a vida bem? Você encontra a maior cruz que você consegue carregar e você carrega." Alguns atribuem a isso uma certa glamorização do sofrimento, né? Até isso é uma acusação muito comum contra o cristianismo, mas isso é tosco, não é bem assim que funciona. Porque veja, bora lá, Vilela: quais foram os episódios da tua vida que
tu mais aprendeu assim? Foi [__], depois disso aqui eu virei mais gente do que eu era antes, certamente. Não foram as viagens, não foi um dia de férias muito agradável, não foi nada disso. Muito provavelmente foram aquelas, inclusive, as coisas que ninguém sabe. Ainda tem essa, né? Não é que foi um sofrimento público, foi aquele sofrimento escondido ali que ninguém sabe. Porque quando acontece o sofrimento, acontece o seguinte: você começa a notar que você não detém o controle de certas coisas, que a realidade é de um modo que você não consegue alterar. Em certo sentido,
que a sua vontade não é divina, né? Que você não é capaz de construir e alterar certas realidades, e que você tem que se submeter e se transformar. É aquele lance, né? Quando eu não sou capaz de alterar a realidade, significa dizer que eu tenho a obrigação de me alterar diante da realidade. Quer dizer, tudo aquilo que eu não posso modificar foi construído para que eu me modifique. Essa é a consciência vital da maturidade, né? E isso só é dado pelo sofrimento, porque as experiências de glória e de regozijo dão a impressão de onipotência; só
a experiência do sofrimento que dá a impressão real de humildade. E a humildade, essa medida da realidade, é a humildade, inclusive, é uma medida de inteligência, né? Os verdadeiros inteligentes tendem a ser mais humildes, né? As pessoas que realizaram alguma coisa, elas tendem a ser mais humildes. Então, não é o sofrimento pelo masoquismo, até pela vaidade de sofrer, né? A grande glória não é essa. Não é que a experiência do sofrimento revela muito de quem você de fato é e de como as coisas se dão, e assim, da sua posição diante das coisas. A gente
tem que, inclusive, falamos aqui no começo sobre geração Z e essa coisa toda, é que suponhamos que, há três, quatro gerações atrás, a experiência do sofrimento como parte do processo de maturidade não era considerada um erro da natureza. Assim: "Meu Deus, eu estou sofrendo, olha como o mundo é mal e injusto!" Não, cara, era como as coisas são, entendeu? E exatamente essa experiência de revolta contra a dureza necessária para crescer, contra o sofrimento do crescimento, essa revolta é estúpida. Essa revolta que causa mágoa, e assim você fica magoado até o nível da burrice, mesmo de
você fazer coisas completamente tolas. Quer dizer, é uma mágoa que leva à estupidez. Isso realmente tá acontecendo. O que a gente vê nas gerações mais jovens é um processo de maturidade estúpida, causado em grande medida por essa aversão ao sofrimento necessário ao crescimento. E isso, pior ainda, tá instalado quase que institucionalmente, né? Quase como uma atmosfera cultural. O que é um problema, porque você já nasce com a ideia de que se as coisas não ocorrerem tal qual você imagina que elas deveriam ocorrer, isso é uma ofensa pessoal. A pessoa sente pessoalmente insultada pelo mundo não
obedecer à sua voz, entendeu? Cara, isso é enlouquecedor, assim, no aspecto clínico da palavra. Você fica. Louco, porque você perde da medida com o Real. Uma boa parte do trabalho de Jordan Peterson é eliminar essa percepção do sofrimento como uma ofensa pessoal. Quer dizer, se você consegue ser realmente injustiçado, beleza, você foi injustiçado; não se ofenda tanto com aquilo, você consegue vencer a injustiça. Uhum. Olha, quem se sente muito ofendido... eu sempre digo: fuja de uma pessoa que se sente muito ofendida. Sabe aquela pessoa que tem autopiedade? Que você termina de falar e ela termina
de falar; você dá vontade de jogar uma [ __ ] dessa. Tom, meu filho, assim, você fica com dó da pessoa. Essa é a mais perigosa que existe, porque toda pessoa que se sente muito injustiçada se sente no direito de fazer justiça. E aí lascou, entendeu? Porque ela sempre vai passar da vingança, ela sempre passa da conta, né? Então, o injustiçado é o que se sente injustiçado; o que se sente facilmente ofendido é um indivíduo absurdamente perigoso. A Fábia aqui, então a Fábia, essa Fábia, se sente muito injustiçada, tal. Não é toda semana, não, é
toda semana, principalmente no domingo à noite. Aí, dispara para todo mundo: "me ajuda, Fá!" Tem que ser monitorada, né? Senão... Mas veja, é exatamente essa percepção. Quando nós temos movimentos – que falávamos aqui – nesses movimentos, ah, jovens políticos que às vezes terminam em destruições e tal, você olha para aquelas pessoas e todos os argumentos delas são do tipo ofensa pessoal. Elas se sentem pessoalmente insultadas por certas coisas, certas palavras, certas microagressões, etc. Então, você vê que é um negócio muito visceral, né? Quer dizer, é assim... é uma espécie de, como é que eu vou
dizer isso? Você se torna quase que obrigado por lei a ser imaturo e ressentido. Cara, imagina o perigo que é isso: uma civilização que tem a imaturidade e o ressentimento como norma de comportamento e como baliza legal. Aí aparece o problema real mesmo e a pessoa não sabe como... o cara não sabe o que fazer. Pô, ele realmente não sabe como agir. E ele vê muita insegurança também, né? Eu acho que o que o Peterson mostra para nós, né? Primeiro que nós estamos padecendo da falta de intelectuais públicos que conseguissem ser ponderados e mudar o
debate como um todo, né? É engraçado porque o Peterson começou a falar nessa volta dele, né? Quando a mulher dele passa por essa cura, ele volta, ele tá chorando inclusive, fala de gratidão, de presença da família; ele se torna mais ativo na política, especialmente em relação ao Canadá. É muito famosa a história dos protestos, né, de caminhões, que teve no Canadá. O governo canadense, então, os caminhoneiros foram protestar, foram pra rua, pararam várias ruas e o governo canadense suspendeu as contas de banco das pessoas envolvidas. Sim. Então, o caminhoneiro falou: "Pô, temos o direito de
manifestação!" O Justin Trudeau respondeu: "Beleza, eu tenho direito de pegar todos os seus bens no banco e congelar sua vida. Apenas... apenas m." Né? Como? E aí, o Jordan Peterson, essas e outras, né? Ele começou a ter uma hostilidade muito grande com o ministro Trudeau. O Trudeau é uma coisa... eu vi um vídeo deplorável dele, né? Ele é praticamente... O Jordan Peterson tem essa frase que se você tem medo dos homens fortes, espera ter medo do que os homens fracos são capazes. Eu vi esse vídeo bizarro do Trudeau uma vez, que era ele meio que
lacrando em cima do Xi Jinping, né? E o Xi Jinping, assim, é um cara parrudo, né? Não sei quem já viu o Xi Jinping; o cara não muda de expressão. O cara é genuinamente perigoso. E quer ser uma caverna. O cara mantém a expressão facial e... cara, é... não tem nada que agregue, nada melhore no mundo você provocar um sujeito que lidera um dos maiores países do mundo, que é uma pessoa absolutamente duríssima e que cresceu numa caverna, e você começa a lacrar. Mas o ambiente? Cadê o meio ambiente, cara? Eu assisti naquela cena falando:
"Olha, tem um líder no país ocidental querendo dar uma lacrada em cima de um chefe de estado pelo vídeo, pelo like!" Entendeu? Isso pode literalmente prejudicar o globo, sabe? E aí, olhando esse nível de irresponsabilidade que ninguém segura nas próprias costas, o negócio, até o Peterson fala isso. Fala: "Olha, a grande questão da cruz é o seguinte. Todo mundo fala da diversidade, não sei o que, tal, mas quanto mais você se afasta do centro, mais você sai do centro de um círculo, mais opções tem no círculo. O círculo é maior. Quanto mais você sai do
centro, só quando você vai para a periferia do círculo, você vai diluindo as coisas que unem as pessoas até o ponto que você é uma minoria de uma pessoa só, porque eu sou uma minoria disso, uma minoria daquilo." Quando você vai quebrando todas as coisas que te fazem uma minoria, chega um ponto que você é uma pessoa individual. Porque vão ter infinitas coisas que te tornam único, então não tem nenhum tipo de unidade. E se você for para a direção oposta... Bom, se você for para a direção oposta, uma das coisas que vai acontecer é
que o centro do círculo, ele é para cima; ele não é chapado. E quando você começa a subir, você tá subindo como se fosse uma montanha. Essa montanha, sair da margem e ir para o centro é subir a montanha, que é sacrifício e é desafio. E aí, no topo dessa montanha tá a cruz, que é o ápice do sacrifício. Inclusive, tem até um vídeo recente. Eu tava até olhando, eu tinha feito o vídeo a primeira vez que eu discuti a conversão do Jordan P. 4 anos foi 2020, e aí depois tem um outro vídeo que
eu falei, chamado "Conversão de P 2021". Mas é engraçado, porque agora, sei lá, tipo, na semana passada ele estava falando, acho que foi a primeira vez que o cara perguntou para ele: "Não, mas o Cristo é Deus?" Ele falou que sim. Sim, é aqui no livro; ele faz Cristo como um tipo de Deus, como um tipo de Deus exatamente aqui. E recentemente ele — não, você acredita que Cristo é Deus? — ele, sim. Agora, o que é essa mudança? Bom, é porque para ele, quando você sobe no topo dessa montanha, tem a cruz. Porque a
cruz é o máximo sacrifício, é a entrega da vida, é a entrega de todas as suas gotas de sangue. Você está sacrificando plenamente. Veja, nós não vivemos toda hora na cruz, em sentido absoluto. Até nós não, nós não aguentaremos o peso do sofrimento total. Então, muito do que é o cristianismo, na perspectiva dele, é você subir; você vai subir e vai descer, mais ou menos como tem a escada de Jacó. Porque, o que é essa escada de Jacó? Os anjos estão subindo e descendo, né? Os anjos sobem e descem porque o Cristo se faz homem,
porque Deus está no céu e na terra. Então, os anjos não louvam só em cima; eles louvam para baixo. Do mesmo modo, a evolução de uma pessoa tem uma série de ascensões, mas ela tem aquele "kenosis", né, que é você se rebaixar. Não no sentido de piorar, mas para ajudar outra pessoa, para ajudar ela a subir. Essa jornada, quando você olha essa escala de sacrifícios, naturalmente a vida humana vai se manifestar em hierarquias. Então até a escada, por definição, implica hierarquias. Você tem níveis. Então, uma das revoltas do homem moderno é a revolta contra todo
tipo de hierarquia. Não pode ter Deus, porque ele é uma hierarquia. Não pode ter pai, porque ele é uma hierarquia. Não pode ter chefe, porque ele é uma hierarquia. Não pode ter líder, porque ele é uma hierarquia. Não pode ter rei, porque ele é uma hierarquia. Todas as hierarquias! A visão progressista contemporânea é que toda hierarquia é malvada, toda ela é desproporcional. E aí, perfeito, ele já fala das hierarquias no nível biológico, porque na biologia tem hierarquias. Qual é a primeira regra das regras para a vida? O Pedro falou muito bem: é andar com o
peito para frente, os ombros para trás. Postura. Quando você se coloca em postura, ele cita o caso das lagostas, que a hierarquia das lagostas é dada pela postura. Até as pessoas, e que a postura é uma maneira de resolução de conflito também, né? Porque o pessoal é muito avesso a coisas mais duras, porque eles imaginam, em certo sentido, os mais ingênuos, né, que isso vai gerar mais conflito. Mas, pelo contrário. Vocês querem já entrar então nas regras? Vamos colocar então aí a primeira regra, por favor, coloca na tela, por favor. "Cratos: ó, lá, costas eretas,
ombros para trás." O que significa isso? Hã, significa, ca... Primeiro significado é postura. Não, mas resume mesmo a primeira regra, né? Ele utiliza o exemplo das lagostas para mostrar a percepção que as lagostas têm da posição delas com relação ao meio e como essa hierarquia sempre existe. E ela é tão presente no mundo natural que ela pode ser rastreada até o mundo das lagostas, que já eram animais com algumas dezenas de milhões de anos quando os dinossauros surgiram, né? Então, como eles têm um sistema nervoso muito simples, essa percepção de hierarquia pode ser rastreada com
mais clareza e pode ser detalhada melhor, né? E que nós também temos o mesmo sistema, só que do modo humano. Então, as lagostas percebem essa hierarquia, percebem essa ordem, e elas têm uma certa... um certo nível de resolução de conflito baseado nessa experiência delas com a hostilidade do mundo. E um desses níveis de resolução de conflito, antes de chegar na morte e na luta propriamente, é a postura. Ah, e inclusive, lagostas que vencem mais têm uma certa postura que faz com que os conflitos sejam evitados antes mesmo que eles comecem, né? Então, num nível geral,
seria isso. Quer dizer, se você... uma das maneiras de resolver esses conflitos da sua posição, do lugar que você está com relação ao mundo, da hostilidade do mundo, das coisas que não acontecem do modo como você quer que elas aconteçam, é você tomar uma certa postura interna com relação a esses problemas, né? Então, é como se fosse assim: os problemas começam a se resolver na maneira como você se porta diante deles. E o fato de você se portar já causa, aqui, a pegada materialista mais real, já causa certas alterações em nível neuroquímico que fazem realmente
com que você se torne mais capaz de resolver os conflitos, né? Na lagosta, isso fica muito claro. No homem, obviamente, tem mais camadas, mas também existe o efeito duplo, né? Então, em primeiro lugar, quando você melhora a sua postura, em sentido literal, a sua cabeça começa a se conformar à ordem que o seu corpo está manifestando. Você já muda a sua relação com o mundo. Então, você pega o jovem que está curvado para baixo, encolhido; ele está toda hora assim, né? Essa curvatura para baixo vai gerando insegurança. Se você chega já num ambiente totalmente inseguro,
retraído, essa insegurança vai indicar um comportamento. Quando você muda sua postura, imediatamente você já começa a se comportar de outra maneira e você começa a raciocinar de outra maneira. E aí vem uma experiência muito curiosa. Então, você vai a uma academia de jiu-jitsu. É um dos ambientes mais pacíficos que eu... Já vi que é um tatame de jiu-jitsu, pois existe agressão no sentido real. Até a microagressão acaba na hora que, se você perguntar para os lutadores como é que você acaba com a microagressão, uma das melhores formas é a agressão. A agressão mata a microagressão.
Assim: o cara fala "ah, eu acho pior se for uma microagressão do que uma agressão de verdade." Cara, vem cá, deixa eu te mostrar como é uma agressão! Vou mostrar agora uma chave de ombro. Exato! Vai me dizer qual você prefere. O que machuca mais, uma chave de braço ou uma chave de ombro? E enquanto você está tomando a chave de braço, você descobre que um dos motivos pelos quais a pessoa luta traz esse sentimento de paz, é porque a hierarquia é imediatamente estabelecida. Você sabe que, ao lutar de fato, você vai saber quem é
mais forte, quem vai perder, quem vai ganhar. Se você, vamos supor, entra numa academia de jiu-jitsu e fala "eu me sinto um faixa preta, eu sou, eu me identifico como faixa preta", você chegou lá e amarrou a faixa. Pimpão, né? O que vai acontecer é o seguinte: você vai entrar na academia e todo mundo... a realidade vai se impor imediatamente. O fato de você não ser um faixa preta vai ficar óbvio em primeiro lugar para você mesmo. Você vai descobrir imediatamente que não é um faixa preta. Portanto, aquela hierarquia de faixas não é arbitrária. Não
é alguém que acordou um dia e falou "ah, deixa eu dar uma faixa para um cara". Aquela hierarquia denota uma certa ordem na realidade. Quando você bota isso na sua vida e fala assim: "olha, pensa na roupa". Quando só a pessoa bota um terno, sei lá, o cara bota um terno, já muda. Já muda a postura, que já começa a agir de maneira mais formal. Já, tudo bom? E muda a forma como os outros te tratam. Então, é duplo, pois muda a forma como você se porta. Se você muda sua postura, sua roupa, sei lá
o quê, muda a forma como os outros vão te tratar. Quando você está posturado e confiante, as pessoas manifestam mais confiança para falar com você, manifestam abertura, uma série de coisas. Quando você está retraído, as pessoas veem você como uma ameaça. Porque se você está aberto aqui, ó, o cara está assim, você não está escondendo nada. Mas se você bota um capuz, bota não sei o quê, está fechado, eu falo "cara, eu não sei se esse cara é uma ameaça para mim. Eu não sei qual é o jogo dele, o que ele está querendo fazer."
Então, a mudança da postura tem elementos físicos também. Porque, como é óbvio, você faz treinamento físico. Eu até estava vendo um material dele falando que o maior fator preditivo da ausência de problemas de saúde psicológicos é exercício físico. Mas se o cara, sei lá, levanta peso, a chance dele não ter ataque cardíaco, alta glicose, degeneração cerebral, quase todas as coisas... Uma vez, eu estava até em uma reunião de médicos, e mesmo os aspectos físicos da depressão, sim, uma doença de ordem física também. Eu estava com uma reunião de médicos, né? Um almoço de médicos e
tal. Eu perguntei para eles: "galera, o que a gente faz para as pessoas pararem de morrer?" Man, como elas morrem? Falaram: "olha, vamos falar a real que ninguém está podendo falar em público, porque agora é politicamente incorreto. Se todo mundo tiver em forma, boa parte das causas... em forma mesmo, né? Fazendo exercício, dieta, não sei o quê... Boa parte das causas de morte que conhecemos começam a acessar a sua coluna. É um dos centros da sua vida. Se a sua coluna está em ordem, muita coisa na sua vida já está em ordem." Então, o tema
da postura, embora pareça bobo, vai se estabelecer. E esse tema da hierarquia é muito grande, porque quando você começa a aceitar que existem hierarquias e que você faz parte delas, você começa... porque a mentalidade do tipo "eu sou uma vítima", né? "Ah, eu sou uma vítima"... Já tem coisas ruins que acontecem na vida de pessoas, e tem situações que o cara tem uma situação de fato muito ruim. Só que a partir do momento que você entende: beleza, eu realmente é isso mesmo, né? Até brinco nas lives, né? Às vezes eu falo: "é isso mesmo, papai
não te ama, todo mundo te abandonou". A pergunta agora é: "o que você vai fazer?" Exato! A gente tem uma responsabilidade, inclusive com o mal que praticam conosco. Isso é uma descoberta que muda a vida, porque você não consegue controlar o mal que vai ser infringido sobre você. Você não tem poder sobre isso. Mas você consegue controlar sua reação face às dificuldades. E quando você se coloca de uma maneira ordenada, você já começa a trazer um espírito de ordem. Aliás, essa metáfora da saída do círculo... A saída do círculo é o caos. E a subida
para o centro do círculo, o movimento centrípeto, é a busca da ordem. Então, a postura é o primeiro item de ordem. Hierarquia tem a ver com ordem, a restauração da ordem na própria vida e no corpo. Só voltar a um ponto antes desse da hierarquia, né? Que essa coisa do mundo físico e dos lutadores de jiu-jitsu... Algo interessante sobre você realizar coisas é que a realização das coisas te deixa mais humilde e te torna mais capaz de lidar com os outros. Bora lá! Chega alguém numa academia, o cara está lá, magrinho, mirrado... então, o cara
está muito obeso e tal. São as pessoas que vão ridicularizar as tentativas dele; vão ser os frangos, e as pessoas não conseguirão. Muito, muito. Você acha que um físico turista que já subiu no palco 300 vezes vai olhar para aqueles dois cidadãos ali e vai ridicularizá-los? Nunca! Ele nunca vai fazer isso. Quer dizer, existe uma soberba que é própria da ausência de realização. Por quê? Porque na cabeça do cara, ele consegue. Exatamente. Porque na cabeça dele, ele é aquela divindade, né? Então, no mundo da abstração dele, ele é capaz. Então, é uma capacidade completamente imaginária.
O cara que entra de faixa preta lá, ele acredita que é faixa preta. Mas aí, pula alguém com 100 kg em cima de você, e você nota que não consegue fazer muita coisa; ou seja, a realização, a botar a pele em jogo, é um elemento de sanidade e de saúde psíquica também. E aí você tem a necessidade do mundo físico para a sanidade, né? Tem muita gente que está lá num estado depressivo muito profundo. Aí, como é que você começa a curar isso? Obviamente, não estou dizendo aqui "saia das terapias e façam isso que estou
dizendo", né? Entendam, pelo amor de Deus. Mas um elemento: mais corpo e menos mente. Então, assim, o que é que você só consegue fazer? "Essa semana eu só consigo tomar banho todo dia." Então, você toma banho todo dia. Você consegue levantar peso? Aí, você levanta todo dia. Você consegue acordar? Torá! Aí, você acorda todo dia. Ou seja, quanto mais você consegue realizar coisas, mais aquela tristeza se dissolve. Porque, assim, se tem um negócio que é um solvente da tristeza, é a utilidade. Quando o cara começa a se sentir útil, a tristeza começa a se dissolver,
né? A utilidade tende a dissolver essa tristeza. E o que é a utilidade? É a capacidade de você realizar coisas. E você só realiza coisas com o corpo, porque você não é um anjo, meu filho. Se você vai para algum lugar, seu corpo tem que ir com você. Se você vai fazer alguma coisa, você faz dentro do seu corpo; você não fica fazendo as coisas em viagem astral, né? Então, você precisa do seu corpo. Quer dizer, aqui um ponto importante: o corpo é uma camada da personalidade, e significa dizer que o modo como seu corpo
opera e o modo como seu corpo existe é um fator que compõe a sua personalidade. Se você altera o seu corpo, você também altera a sua personalidade. Não tem aqueles casos que já ficaram meio conhecidos de gente que mudou completamente a personalidade depois que fez uma bariátrica? Sim, né? Às vezes, a pessoa dá uma despirocada em alguns momentos e tal. Isso não é só por questões vitamínicas e de absorção metabólica. É de uma autopercepção mesmo. Se o corpo é a primeira camada da personalidade, isso significa dizer que tudo que você faz com o corpo é
um componente da sua personalidade. Aí, você pega a regra tola. Não, não é tola, pelo contrário. Ela é um conceito antropológico muito profundo e básico, inclusive. Não dá para pegar um "antes e depois" do Mark Zuckerberg, um "antes" e "depois" assim chocante, cara. Porque o Mark Zuckerberg, ele não foi assim antes. Ele mudou completamente. Aliás, quantos lutadores são woke, né? Uma pergunta: dá para fazer uma pesquisa, lutadores. Faz uma pesquisa: quantos lutadores são curiosos? Hante, Car comente, né? O cara, tipo, deu uma mudada razoável. Eu acho que o tema dessa transformação começa pelo corpo, naturalmente.
E a postura é engraçada, né? Porque é imediato. Você imediatamente já pode começar a mudar sua relação com o mundo, né? Eu vi assim, a mudança do... é tão engraçada porque ele mudou a postura dele, a aparência. Ele pode ser um Android ainda; a gente não tá um reptiliano e chamamos aí, né? Ele pode ter melhorado a skin, né? Mas tirando isso, ele tá com silicone 2.0, né? 2.0. Loizou o software. Mas a diferença é muito grande. Quando você vê um jovem que começa a se posturar e o que não começa, a maturidade dele avança.
Tem uma coisa engraçada nessas regras, né? Se você pegar a estrutura das regras, são todas. Claro que isso aqui é melhor a pessoal. Claro que tem um elemento de desenvolvimento, não acho que não se foge disso. Mas todas as regras... Olha lá o Zuckerberg, o Zuckerberg antes e depois. Cara, nossa, antes do Gil e depois do Gil, né? E tem algumas que ainda tá mais antes. Ele tava parecendo realmente que ele era um zumbi, cara! Nossa, muito estranho. E na segunda regra, ó, se você olhar, entra em uma sequência natural: cuide de si mesmo como
cuidaria de alguém sob a sua responsabilidade. Porque nós nos preocupamos com 60.000 coisas no mundo: "Ah, preciso resolver o meu trabalho, preciso resolver não sei o quê." Mas nós muitas vezes não nos preocupamos conosco mesmos e, no nosso cuidado de nós mesmos, com responsabilidade séria. Fala! Você tem um dever perante si mesmo. Então, eu lembro de um aluno meu, uma vez, que falou assim: "Mas qual é o problema? Qual é o problema se eu quiser ficar gordo e ficar trancado no meu quarto e não quiser trabalhar, pedindo pizza?" Ele falou. Eu falei: "Assim, PR, quem
eu fiz mal?" Ele falou: "PR!" Eu falei: "Ele, cara, você fez mal para você mesmo, mas isso é um problema seu." Falei: "Olha, e no sentido de que estou querendo aqui te ajudar." Ah, mas eu posso! E esse "posso" que é interessante, né? Por... o homem moderno nessa cultura... De liberdade a todo custo, né? Eu sou livre, eu quero a minha liberdade e tal. A palavra "poder" pode ter uma ambiguidade central. Você confunde poder no sentido de dever e poder no sentido de possibilidade. Sim, poder, você pode pular do prédio, você pode pedir pizza, você
pode... nada! Eu não vou te impedir, não tenho nem como te impedir, entendeu? No sentido material da palavra. Agora, poder no sentido de dever, ou seja, você está de acordo com o correto, é uma outra coisa completamente diferente. Sim, de um ponto de vista material, você pode sim ficar trancado, só que a consequência disso vai ser a perda de infinitas outras possibilidades na sua vida. A sua vida, ela vai começando a se fechar cada vez mais para mil outras coisas, porque agora você está enfraquecendo, agora você está fazendo mal a si mesmo, agora você está
entrando numa lógica autodestrutiva. Então, a lógica de fazer a sua vontade imediata, quando ela não te desenvolve, é a lógica de supressão da sua liberdade. Esse é o paradoxo, os paradoxos-chave da era atual: todo mundo quer ser livre, mas a forma como as pessoas veem a liberdade, muitas vezes, é a destruição da própria liberdade delas. Exatamente porque a pessoa não quer se submeter a nada, né? Porque a liberdade, no final das contas, é um tipo de submissão. Não estou querendo fazer joguinho de palavras, não, mas é que a liberdade é a submissão voluntária ao bem.
Isso é ser livre; a liberdade é a escravidão voluntária ao bem. Ponto. Essa é a única possibilidade de liberdade. Só que, nessa regra aqui, tem um outro ponto, né? Que deixa eu só ler aqui pra gente: cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua responsabilidade. Aqui a gente tem um fator de ordem psicológica interessante a mencionar, que é o seguinte: às vezes a pessoa simplesmente se odeia, a pessoa simplesmente se detesta. Sei lá, às vezes ela detesta a biografia dela, ela detesta a história, a família de onde veio, ela detesta alguma parte do
seu corpo específico ou seu corpo inteiro. Quer dizer, ela carrega dentro de si um certo desprezo, né? E é um desprezo costurado com orgulho porque todo mundo tem uma imagem muito elevada de si mesmo, do que gostaria de aparentar, do que gostaria de ser, e até do amor próprio, mas ao mesmo tempo tem algo que faz com que ela se despreze. Então a pessoa fica o tempo todo numa tensão que não se conserta. E aí você diz: "Ah, vamos cuidar de mim como eu cuidaria de outra pessoa". Mas, às vezes, você não tem o desprezo
pela outra pessoa que você tem por você mesmo. E aí você se descuida mesmo por um desprezo pessoal. Ah, eu sempre vejo todo mundo falando de procrastinação, mas tem um ponto da procrastinação que me parece pouco falado, que é o seguinte: a procrastinação é uma manifestação de desespero. Todo procrastinador tem uma nota de desespero. Quer dizer, esse adiamento na prática do bem, esse adiamento na ação, é um movimento de falta de esperança no bem futuro. Então é como se fosse assim: você tem um certo desespero que, no custo-benefício, faz com que aquele esforço naquele momento,
aquele sacrifício, não valha tanto a pena assim, porque você tem uma ideia de que o futuro é incerto e mal. De que Deus vai lhe dar uma rasteira. Então, para que agir? Para que fazer? Então existe essa nota de desespero, sabe? Você olha para si se desprezando, aquilo lhe causa uma angústia desesperada e aí você simplesmente não se cuida. Eu digo até por experiência pessoal. Cara, a não ser por casos de saúde muito específicos, 10, 15 kg a mais são uma manifestação muito clara de que não houve uma mudança no corpo; houve uma mudança na
alma. A gente está usando aqui isso porque, como estamos falando de peso e corpo, mas pode ser qualquer outra manifestação física, certo? Mas, falando disso, ninguém engorda 20, 30 kg. Cara, se você cavar um palmo ali, não encontra uma questão pessoal, uma questão emocional muito profunda, salvo em casos de saúde muito específicos. Sei lá, um caso metabólico muito específico de remédio, alguma coisa desse tipo. Tirando esses casos puramente fisiológicos, o peso de 10, 15, 20 kg é só uma manifestação externa de algo muito mais pesado interiormente. Assim, não tem como ser diferente. Não tem como
você se destratar nesse nível sem você nutrir esse desprezo patológico em algum grau dentro de você, sabe? Platão já falava, né, dessa relação do corpo com a alma, que a alma ordenada comanda o corpo. Você vê isso na vida da pessoa. Mas é engraçado esse negócio de cuidado, porque toda vez você tem um cuidado. Por exemplo, professor de matemática está desesperado por isso. Que bom! Está desesperado. Você aprende matemática. Um personal trainer está desesperado para que você fique em forma. Uma mãe está desesperada para que o filho melhore. E nós temos que ter a mesma
atitude em relação a nós mesmos. Ah, Guilherme, então agora que os caras são chatos para caramba? Você que agora que a gente faça dieta, levante peso, acorde cedo, vai confessar isso, começa a ler livro... Sim, que coisa terrível! Que coisa terrível! Sim, e se você não fizer isso, é pior para você. Aí tem a gente que até gira a cabeça, parece o exorcista, sobe na parede, fica revoltada e fala: "Mas, meu Deus, é a minha vida!" Exatamente! Quem vai cuidar da sua vida é você. O ponto aqui da educação. De qualquer tipo de educação, é
apontar o caminho para que o próprio cara. São Tomás Jaino fala isso: a educação é como um remédio; é o corpo que vai curar o cara. O que a educação está fazendo é fazer com que você dê algo para o cara. Sim, mas você está agindo no que ele chama de uma potência ativa. Sim, beleza, eu estou realmente movendo algo em você, mas esse mover algo em você, ele, na verdade, depende que você faça o que está sendo movido. Não tem educação real se a contraparte não for o cara sair da sua zona e começar
a fazer isso. Então, o cuidar de si mesmo é necessário para você receber qualquer tipo de educação. A atrofia do corpo é uma, mas a atrofia do intelecto é muito grande. Eu, cara, eu sei dizer com certa facilidade as pessoas que leem e que não leem. Eu consigo, na conversa, perceber o cara que está lendo as coisas e o cara que não está lendo, porque o cara que lê fala coisas que outras pessoas não estão falando. Claramente, ele começa a citar um monte de coisa. Você fala: "Caramba, ele cita do nada! Ah, tal coisa aconteceu
na terceira batalha de Napoleão, quando Napoleão estava em Lod, não sei o que é." Aí você fala: "Caramba, esse cara leu alguma coisa." O cara que não lê é sempre a mesma coisa, entendeu? O cara sempre cita as mesmas coisas. É, não até porque ele é moldado pela cultura mediática em torno. Exato, ele basicamente repete um chavão do que está na grande mídia. Então, porque todo o universo imaginativo é formado pela mídia mais imediata, o autocuidado é uma espécie de reconquista da própria alma, né? E até se você olhar aqui na... É engraçado porque aqui
a terceira regra é que é: seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você. Essa regra aqui, muita gente não sabe, mas ela reflete precisamente a discussão de Aristóteles sobre amizade. Se você pegar lá no livro, Aristóteles discute bastante os tipos de amizade. Então, ele fala de amizade por interesse, ele fala quando o dinheiro é a meta da amizade, eh, vários tipos de... Porque, no fundo, o tipo de amizade que você tem, ela é definida pela direção dos seus anseios, pela causa final dessa amizade: o que você quer do cara. O nosso conceito de
amizade imediato, aquele muito escolar, é a galera da que eu saio para beber junto, a galera com a qual saio e que está junto comigo. Então, meio que é quase por acidente, né? Você é amigo dos caras, está lá, encontra uma galera, são seus amigos, entendeu? Calhou daquelas pessoas terem algo e algo próximo. Mas, se você pensar nos amigos que perseveram ao longo da sua vida, você vai ver que tem aspirações em comum, e que as pessoas que não querem que você se desenvolva vão tender a ficar pelo caminho, na esteira da amizade. Uhum. Então,
você vai deixando de lado aqueles amigos que simplesmente queriam alguma coisa de você, queriam sugar alguma coisa, e você começa a ter as pessoas... Em última instância, Aristóteles fala que o único tipo de amizade é a amizade que quer a virtude, que quer a demonia, que quer o bem da alma do outro. Porque o cara que quer que você se desenvolva, e você quer desenvolvê-lo, quando essa aspiração... Porque a amizade vem da aspiração comum, né? De amar as mesmas coisas. Só que, quando você ama coisas baixas, essa amizade é baixa; ela, na verdade, é frágil.
Ela é um tipo de amizade meio falso. Nós somos amigos porque nós amamos um certo tipo de prazer. Então, quando esse prazer não estiver presente, quando vier a dor e o sofrimento, você já não tem mais amizade. Nós somos amigos porque nós amamos... O cara... eu sou amigo porque ele ama o dinheiro. Quando o dinheiro não está presente, você perdeu a amizade. O cara é seu amigo porque ele quer que você se desenvolva; não importa nem tanto o seu grau de virtude no momento, não importa o quanto você seja perfeito, embora claro que isso vá
alimentar a amizade. Mas toda vez que você busca o bem e você se desenvolve em algo, aquela amizade se reforça. Então, por exemplo, eu quero que você cresça em sabedoria, eu te dou um livro para você ler. Você lê aquilo, reforça a amizade. Você me passa um outro livro. Ah, você passa por uma dificuldade, eu te ajudo naquele momento de dificuldade. Você passa por um momento... Todas as coisas que vão elevando as pessoas, direcionadas para as coisas mais elevadas, vão fomentando a realidade. Um dos fatores determinantes, cara, em uma época que eu lidava muito com
jovens, assim, é você ver o comportamento do jovem de acordo com o grupo que ele está inserido. Você pega um menino, pode ser a melhor menina do mundo, e você o bota no grupo de vagabundos, para ele virar vagabundo é relativamente rápido. Na verdade, ele já entra semi-vagabundo, né? Porque, de algum modo, ele já teve uma parcela de identificação ali, claro. E ao mesmo tempo, quando ele tem aqueles amigos que estão puxando ele para cima, né? Você vê manifesto aquilo. Quantos jovens eu já não vi que o cara lia porque ele tinha um grupo de
estudos com os amigos? O cara levantava peso porque os caras tinham aquele mutirão da academia. É... Um amigo meu estava me contando esse dia, um amigo bem engraçado. Ele tinha uma mineradora de Bitcoin bem cedo, inclusive, que ele desfez, que foi um grande erro terrível, né? Porque ele teria agora... Ele sabe quanto vale o Bitcoin. Ele vendeu eles muito baixo, mas ele contou... O quanto transformou a vida dele! Os caras fizeram a expedição da academia, sabe? Levava todos os jovens. Os caras iam na academia, e os caras da faculdade falavam: "Agora vamos, todo mundo!" Aquelas
invasões de jovens na academia, que quem é da academia odeia, né? Mas ele falou: "Cara, mudou minha vida." E, do mesmo modo, a presença do cara na igreja veio de círculos de amizade. Quer dizer, tantas coisas na vida do cara não se transformam pelo círculo de amizade, né? E tem um outro fator também, que é o seguinte: é muito difícil você ter amizade com uma pessoa que não ama a grandeza. E isso é um problema cultural brasileiro, velho. Porque as pessoas não amam muito a grandeza. Isso é muito complicado, porque se a pessoa que está
do seu lado não ama a grandeza, ela vai começar a se incomodar quando você começar a buscar a grandeza em alguma coisa da sua vida. E aí você vê que as relações de amizade tendem a ser muito costuradas pela inveja, né? Que, ao contrário do que as pessoas acham, inveja não é você querer o que o outro tem. Isso está para a inveja como a fé está para infecção. Isso é uma manifestação bem assim na ponta do negócio. A inveja, na verdade, é um tipo de tristeza. Então você se sente triste porque vê o bem
do outro, e aí você tem inveja, né? Então, alguém diz assim: "Ah, Pedro, eu nunca tive inveja na minha vida." Então vocês conhecem muito pouco, porque, assim, sabe quando uma pessoa chega para dar uma notícia de que alguém, sei lá, fez alguma coisa boa, foi aplaudido, elogiado e conquistou algum negócio? E você teve que forçar um sorriso: "Hum, que bom, né?" Você teve que ser meio educado, porque aquilo foi meio ruim, foi meio... hum, o gosto não foi tão bom. Isso é um movimento de inveja. Esse gosto não tão bom é um tipo de tristeza.
E aí, o que acontece? Qual é a defesa psicológica quando a inveja nos bate? Se a inveja é causada pelo aumento do bem do outro, a gente vai tentar diminuir o bem do outro, porque assim vai diminuir a nossa tristeza. Existem algumas maneiras de diminuir o bem do outro. Uma dessas maneiras de diminuir o bem do outro é você impedi-lo de alcançar o bem, que lhe causa dor. Isso, cara, acontece muito em relações matrimoniais. Assim, às vezes você tem uma pessoa do casal que está tentando melhorar, meu amigo, e a outra parte fica louca. Começa
a sabotar a pessoa de cima a baixo, de todo jeito. Sei lá, a pessoa está fazendo uma dieta, e o outro chega na quarta noite com 200 sanduíches, 200 pizzas. Assim, você começa a tentar ser mais paciente, e o outro... isso, mas tu vai levar essa para casa, não é? Um cara começa a melhorar, e os outros começam a sabotar, exato! É porque o seguinte: se você está muito perto de alguém, a mudança dele implica uma mudança sua. Sim! Isso é inevitável. Se a sua vida tem algum laço com a vida do outro, quando o
outro mudar, você vai ser forçado a mudar. Sim. E mais ainda, se a mudança do outro denunciar uma falta de virtude e de mudança sua, aí é que o negócio é incômodo mesmo. Tipo, você não precisa dizer nada; você só precisa ser diferente para incomodar todo mundo, né? Pois é, né? Em parte, o J. fala: "Arruma o seu quarto." Os caras começam a arrumar, sabe? Exato, de ódio. Meu cara está falando: "Arruma o seu quarto." Exato, exato. Começa um negócio do Exorcista! Assim, eu até comentava esses dias, cara, no Instagram: "Você quer mudar?" Tem gente
que quer mudar, diz: "Não, quero melhorar um ponto na minha vida," e ele quer permanecer com o mesmo círculo de amigos da adolescência. Deixa eu dizer, meu filho, não vai rolar, é muito simples. Não vai acontecer! Você não tem como provocar mudanças profundas na sua vida e manter o mesmo círculo de amizade quando essas mudanças não estavam presentes, por uma razão muito simples. Quando essas mudanças não estavam presentes, dependia-se, estruturava-se na ausência dessa mudança. Então, se a mudança aconteceu, é claro que isso vai impactar a amizade. Então, não tem como você querer melhorar e manter
certos círculos de amizade. Quer dizer, a gente tem que sim, sim, todo mundo que uma transformação de vida perdeu amigo. Perdeu! E você tem que ser forte o suficiente, que assim, não é que o outro é maluco e um cretino por não acompanhar, por não ficar mais confortável como era antes num jantar com você. É claro, você começou a ver a vida sobre pontos de vista diferentes. Você começou a decidir a partir de categorias que ele não decide e que ele, inclusive, não consegue, às vezes, nem enxergar. Você começou a ter hábitos que o forçam
a ter certos hábitos também, que ele não gosta de ter. Meu filho, você está queimando todas as pontes, né? Você está queimando todas as pontes que levavam aquela pessoa. O que permanece, ao final, é o afeto. Então, você continua gostando da pessoa, se ela quiser. Se tiver com problema, você vai lá e ajuda. Mas veja, essa afinidade, né? No nível da amizade, cara, só existe com quem não se incomoda com a sua tentativa de grandeza. E aqui um ponto também: se a pessoa, além de não se incomodar com a sua tentativa de grandeza, ela fica
confortável quando vê você se lascando, ou ela acha engraçadinha, ou, pelo menos, fica neutra, essa pessoa não é sua amiga. Né? O Prolav tinha uma definição muito boa de amor que... Ele diz assim: "O amor é, sobretudo, o instinto de livrar o amado da tristeza." Essa definição é muito boa porque é o seguinte: se você é amado, o outro tem um instinto nele de livrar você da tristeza. Cara, se você fica fazendo merda e sendo aplaudido, essa pessoa não tá querendo lhe livrar da tristeza, não, porque ela tá aplaudindo exatamente o que vai lhe tornar
triste e miserável. E significa dizer que essa pessoa não é seu amigo, porque ela não lhe ama. Pô, assim a coisa é muito simples, é muito óbvia até, né? Então, você fortalecer esse círculo de amizade, né? Ser amigos de pessoas que gostam de você, considerando esse aspecto do que é gostar, cara, isso faz a diferença total na vida. É, você tá falando bastante sobre inveja. A regra quatro é: compare-se mesmo com quem você foi ontem, não com quem outra pessoa é hoje. E é interessante, né? Porque o cara começa a levantar peso, ele abre a
barra, e daí ele olha e fala: "Cara, não dá." Ele começa a ler um livro, aí ele assiste à palestra do Jordan Peterson, e ele fala assim: "Cara, não consigo dar aula assim." Fecha o livro na metade e ele vai ler o Elif, cara, tá em português, e ele não tá entendendo. Em português, ele não tá entendendo, desiste. O problema é que só existe desenvolvimento relativo a você mesmo, e a pessoa precisa ter essa paz de espírito de parar de olhar pros outros para se desenvolver. Desenvolvimento financeiro, desenvolvimento espiritual, todas as coisas. Não, eu não
tenho como rezar porque eu não sou Santa Teresa d'Ávila, e eu não tenho como me desenvolver fisicamente porque eu tô gordo. Eu não tenho como ler porque eu já faz muitos anos que eu não leio. A verdade é que se você começa a implementar hábitos diários, rapidamente você começa a ver a diferença para você. E aí, até uma coisa que eu faço é meio que gamificar o meu próprio dia a dia. Então, por exemplo, eu peguei livros pra ler e tô anotando todos os livros que eu leio no mês. Eu tenho uma meta que é
uma meta muito antiga na minha vida, que é um livro por semana. E aí, só de eu começar a notar o negócio e falar assim: "Janeiro, 1, 2, 3," sabe, "4, C," eu sei que eu tenho que bater ali, e aquilo dá uma empolgação pra você vir pro próximo. Sei lá, as pessoas se vestiam das coisas lá atrás, eu era jovem, né, e meus pais botavam lá na sala e começaram a passar Globo. Eu falei: "Cara, e essa novela?" Entendeu? E qualquer outra coisa dessa eu falei: "Melhor me refugiar no meu quarto." Entendeu? E aí
eu comprei um, já tinha um videogame, e falei: "Cara, vou me refugiar nesse negócio, né? Porque é isso, assistir a novela." E uma das coisas que viciam uma pessoa no videogame é precisamente o fato de você ter níveis e uma evolução, e você poder... Na verdade, o videogame te força, muito curiosamente, você a comparar você mesmo como você era antes. Você não tem nem como ter outra escolha. E aí, o problema é que eu perdi o interesse ali na época. Uma das coisas que não, não, não é pra falar da maldade dos videogames, longe disso,
mas é o seguinte: chegou uma hora que eu assim, beleza, o problema com esse jogo, isso pouco, tem passado uns anos, é que eu não tô desenvolvendo na minha vida, né? Eu tô simulando um desenvolvimento. Que maravilha, ele tá aqui, ele é no jogo, você é level 5000, né? Que chegou no level, os caras tão falando que é falso, chegou no nível 97 no Diablo, né? O cara é o número um do Diablo. Não sei, que é um dos... Ele chegou, acho que é o que, o rank dele número um, não é? Mas tava entre
o top 10 do mundo no Diablo, né? E o problema do seu... Mas ele é o top um no mundo de dinir, botar foguete de ré, essas coisas todas e tal. Mas é muito engraçado, porque eu simplesmente comecei a olhar e falei: "Cara, esse progresso não tá acontecendo na minha vida real." E quando você pega essa mesma dinâmica que tava lá e começa a aplicar na sua própria vida... As pessoas falam muito de gamificação, às vezes acham que isso é overused, sabe? Isso aí já tá tipo... ia usar da maneira errada. Mas o fato é
o seguinte: se você, todo dia na sua vida, fala o seguinte: "Beleza, eu todo dia leio x páginas, e ao final vou ter lido tantas páginas, depois vou ter lido tantas outras. Eu vou levantar 5 kg, depois eu vou levantar 6 kg. Eu vou correr 1 km, depois eu vou correr 2 km. Eu vou, sei lá, ir na missa aos domingos. Eu vou agora começar a olhar no olho das pessoas quando eu falo. Eu vou agora começar a tirar seis nas provas, agora sete." Se você coloca uma progressão relativa a quem você é e começa
a ignorar, entre aspas, as outras pessoas, na verdade, é melhor ainda do que olhar pro outro cara que tem mais do que você com admiração e não com inveja. Sim, são coisas completamente diferentes. Se você olha com admiração, fala: "Caraca, que legal! Eu quero ter esse tipo de disciplina e desenvolvimento, que bom pra ele, né?" Admiração é um movimento de felicidade. Você olha a grandeza e você se sente feliz pelo cara ser daquele jeito, enquanto a inveja é um movimento de tristeza. Você olha a grandeza e fica triste porque ele... É grande daquele modo. Você
vê o carro do cara, em vez de falar "ah, esse cara vai andar de ônibus", né? Você disse: "Caramba, que massa, que carro bonito, velho! O que eu preciso fazer para ter um carro desse? Quanto eu tenho que trabalhar para poder ter? Ter até essa cena, né? Aquela A Procura da Felicidade, né? Que o cara... não lembro se é o carro. Não, é o carro especificamente, não é o carro; sim, é o carro! O cara olha o carro e fala: "Caramba, como é que faz para ter esse carro?" O cara fala: "Eu trabalho no mercado
financeiro." Foi isso que mudou, né? A mentalidade, né? Porque tantas pessoas são ensinadas a, literalmente, ir lá pegar uma chave e riscar o carro no meio do caminho. E o cara, ao invés de pensar assim, ele pensa: "Eu vi essa cena, né? Eu tava na Itália, inclusive. E aí tinha um carrão desses, acho que era uma Ferrari. E aí um cara pegou uma chave, cara... esc... O cara pessoalmente ofendido pelo outro, tá bem? E ali a atitude oposta, que é o cara que fala: "Beleza, é mercado financeiro. Tá bom, eu tô vendendo aqui uns... sei
lá, o que aquilo que ele vendia. Era um seguro, né? Sei lá, porcaria. Uma máquina de diagnóstico, algum treco que não era bom. Entendeu? Uhum. E o cara fala: "Beleza, vou fazer o que eu tiver que fazer para trabalhar no mercado financeiro e conseguir comprar o carro." Essa é uma atitude psicologicamente muito mais saudável, muito mais adequada. Ela leva ao desenvolvimento da pessoa muito mais rápido. E você consegue aferir o seu progresso em todas as coisas. Na verdade, você consegue progredir em tudo. Não tem área no mundo... O Peterson até cita. Ele fala: "Olha, e
o cara que é o campeão de powerlifting é um cara que um dia chegou e falou: 'Caramba, se eu ficar adicionando aquilo, chega uma hora que eu posso levantar peso infinito.'" Exato! Tipo, o cara que é tonto o suficiente para chegar nessa conclusão. O cara que vira um dos maiores leitores do mundo é o cara que é idiota o suficiente: "Caramba, se eu ler uma regra por semana, eu leio todas em 12 dias." Tipo, é estúpido, mas é real, funciona! O cara que fica trilionário muitas vezes é o cara que diz: "Deixa eu entender, então,
quando eu vendo isso, cada bicho desse que eu vendo, eu ganho R$ 20 em cima." Porque às vezes o cara se sente humilhado pela pequenez, sabe? Você se sente humilhado por dar passos pequenos. Aí, para fugir dessa sensação de humilhação de dar passo pequeno, você não dá passo nenhum. Aí lascou, né? Não tem como caminhar de 1 milhão de quilômetros com um passo de 1 km, né? Falava só um outro ponto a respeito disso. Eu não sei... ô Vil, você é... tu usa muito o Instagram ou tu é mais do lado mais... mas eu não
sou muito, não. Pelo menos na bolha da gente, né? Existe muito, muito, essa coisa de certos modelos: modelo de comportamento, modelo de família, modelo de não sei o quê. O cara tem um problema nisso que é o seguinte: a pessoa olha para aquilo e começa a se comparar e achar impossível ser aquelas coisas. Só que ele não percebe o seguinte: que ninguém é chamado a ser aquelas coisas. Você é chamado a se espelhar naquelas coisas para ser você, né? Esse é o ponto. Então a galera, a imitação não é ruim, sabe? E tem gente que
trabalha com processo criativo e acha que tem que ser original em tudo. Olha, uma pessoa que acha que tem que ser original em tudo, eu acho que deve ser o inferno trabalhar com ela, porque ela não vai conseguir ser original em tudo; isso é óbvio. E ela vai ficar criando coisas completamente desnecessárias. Quer dizer, a originalidade só surge depois de um longo e consciente processo de imitação. Então, você vai fazendo aqueles modelos, vai imitando até o momento em que, é como se fosse um processo alquímico, sabe? Você vai jogando coisas diferentes ali no caldeirão, de
repente surge um elemento novo. Quer dizer, a imitação é uma necessidade. A originalidade brota da imitação. Então você tem que ter essa base de imitação. A imitação de quem? De modelos específicos, né? Então você vai compondo de essa pessoa, dessa pessoa, dessa pessoa e daqui a pouco tudo isso se incorpora ao que você é e surge essa originalidade. Então, assim, a imitação não é ruim desde que ela exista como escora à sua personalidade, não como substituto à sua personalidade. Quer dizer, o cara olha lá, Musk. Aí, beleza, eu quero fazer um foguete da... não, eu
não quero. Eu olho e modelo a coragem dele, o desapego, os saltos, né? A obsessividade que para ele funciona de uma maneira, por uma questão inclusive de personalidade fisiológica. Para mim, a obsessão vai funcionar de um outro modo porque sou eu. Então, essa coisa de… voltamos à regra dois, né? Você não se ofender por ser você, né? Você não sentir humilhado por agir ao seu próprio modo, cara, isso é a base de qualquer progresso. Sem isso, não tem como progredir. Teve o cara, né, que teve a ideia de pegar o dinheiro do Musk e dividir
para todas as pessoas da Terra e aí acabaria com a pobreza. Gênio, gênio, gênio, gênio, gênio! Você sabe que a regra cinco é: não deixe que seus filhos façam algo que deixe você... Gostar que faça você deixar de gostar deles? Eu vivo isso na pele com quatro; minha esposa grávida, então cinco agora. É basicamente o seguinte: a pior coisa é mimar a criança. Ô, Guilherme, só um parêntese: conta aquela história do brinquedo que tu foste pegar. Aquela história é muito boa. Era um graveto que ela queria jogar. A minha filha mais velha é muito boa,
e ela jogando um graveto num alvo assim, né? E ela jogou. Aí eu peguei para ela. "Papai, pega ali para mim!" Eu joguei, ela jogou. Aí "Papai, pega de novo!" Falei: "Não, filha, não vou te entregar, porque na vida, às vezes, você não tem uma segunda chance." Quantos anos ela tinha? Uns três ou quatro. É, três ou quatro. Você sabe que eu também tinha esse mito da educação de ter filhos, né? "Ah, não, porque eles são muito novos!" Imagina, cara! O meu, ó, o Tomás tá com dois anos, já foi paredes de escalada e tá
decorando agora os 12 trabalhos de Hércules. É uma… é um desenho! Já tá ali com as irmãs. Já o negócio do piano, cara, com dois anos uma criança consegue começar a tocar piano, fazer escalada, lutar jiu-jitsu. Ele não entrou no jiu-jitsu ainda, e a seu próprio modo, mas consegue. Consegue fazer tudo da versão adaptada. Mas aí é… é a vida. Você também, na verdade, toda educação é versão adaptada. Você não toca piano igual o Mozart! Na verdade, aquilo é uma simulação para você ir aprendendo. Ninguém chega lá e fala: "Nossa, Educação de piano do Mozart,
com quatro anos ele tava compondo sinfonia!" A verdade é que uma criança, muito cedo, consegue fazer coisas incríveis, só quando você deixa. Nos impulsos, por exemplo: meus filhos, se eu botar eles aqui, eles iam ter essa jujuba que tinha acabado em três segundos. Eles vão começar a voar na jujuba loucamente. Se eu deixar, isso não tem fim. O Império do açúcar é rápido. Eles vão voar no açúcar, eles vão reclamar. Aula de piano nunca aconteceu deles não irem à aula de piano e começam: "Ah, não, aula de piano." E depois não querem ir embora. É
sempre assim, né? Inclusive, eles reclamam que é para começar e, depois, reclamam para sair. Você vai levar em qualquer coisa, eles reclamam para começar: "Ah, não, parede de escalada!" E aí depois tá lá em cima: "Bora!" Deu a hora, mais de uma hora lá em cima, fala: "Bora, vamos embora!" E aí uma criança pendurada lá, saltando, dando triplo mortal carpado lá em cima. A realidade é que, quando você fala das crianças, se você começa a ceder para as vontades egoístas deles, para coisas ruins, às vezes você faz por fraqueza, mesmo do momento. Não é nem
por mal. A criança tá gritando, você já não aguenta mais, ela tá pedindo: "Ah, eu quero isso, quero isso!" Você começa a lá, fala: "Pelo amor de Deus, pelo…!" Quando você começa a deixar a criança fazer essas coisas que dá trabalho, corrigir a criança, o que acontece é que você tá piorando ela. Você tá deixando ela mais insegura. Aliás, um dos… o Jordan fala muito, né, desses distúrbios de personalidade obscuros. E uma das coisas que gera o narcisismo, que é um problemão na cultura atual, muita dessa coisa ideológica vem do narcisismo. Quem já conviveu com
a pessoa narcisista sabe que é terrível, porque o narcisista vem muito da ausência dos pais, né, do abandono paterno, muitas vezes. A pessoa tem uma autoimagem destruída e quer compensar criando uma imagem inflada, né? Então, o narcisista coloca sua habilidade como muito alta, só que, ao mesmo tempo, ela não é. E aí é uma pessoa, por vezes, muito obsessiva com a própria imagem. Acontece muito, se manifesta de maneiras bem diferentes, homens e mulheres. Mas uma coisa curiosa disso é o seguinte: bom, você pega a educação moderna, seu filho nunca tem que fazer uma coisa real,
né? Até a família da minha esposa, o Zé Martins, que era o bisavô da minha esposa, pegou os dele. Um virou um dos maiores advogados do Brasil, o outro virou um dos maiores pianistas do Brasil, o outro virou maestro e pianista, o outro virou empresário, o outro… não sei, cada um. E uma das coisas que ele dizia: "Cara, você vai ter que ler livro, você vai ter que tocar piano, você vai ter que fazer não sei o quê." Era concreto! Quando você tira coisa concreta, tira da concretude, a criança não desenvolve de fato! E você
começa a elogiar. A educação do positivo, a educação moderna: "Você é incrível, você é muito especial, você é o máximo, não sei o quê!" Então, a criança pensa assim: "Poxa, eu sou o máximo sem ter que colocar esforço pras coisas!" Olha que coisa incrível! Eu não preciso de nada! Quando ela começa a achar que ela é o máximo sem ter que colocar esforço, aquilo vai criando uma imagem falsa dela mesma. Então, ela sente… os americanos falam em entitlement, né? Ela sente que o mundo deve algo a ela. A sociedade deve algo a ela, o professor
deve algo a ela, o pai deve algo a ela, todo mundo deve algo, como se já tivesse feito algo para alguém. E esse sentimento de que o mundo te deve algo, que o mundo te deve alguma coisa, é o que leva a criança a falar assim: "Ah, se ele tem uma coisa que eu não tenho, ele é um privilegiado." Uhum, ele é um privilegiado. No fundo, o que tá implícito é: "Eu merecia!" Ganhar a mesma coisa. Que, como aquele costume que se estabeleceu, eu, meu Deus do céu, minha gente, parem com isso! Tem irmãos aí,
aniversário de um, e a mãe pede para dar presente aos outros irmãos? Não, meu filho, mas é porque ele vai ver o irmão. Nunca viste isso? Não, graças a Deus, vocês foram poupados disso. Exatamente! Aí não, porque se ele viu o irmão ganhando o presente e ele não ganhando, ele vai ficar triste. Mas, pera aí, então o que é que você tá ensinando a ele? Que a vitória do outro é um ato de injustiça para com ele? É isso que você tá ensinando? Tá certo! Olha o nível de loucura e de honra ao mérito, né?
Que estatisticamente comprovadamente piora a autoestima de todo mundo. Sim, e tem um ponto também sobre o mimar que o Guilherme falou, que é o seguinte: cara, quem mimar não tá amando o filho. Quem mimar não ama, ponto! Porque, às vezes, a mãe ou o pai faz as coisas porque é prazeroso para eles. Então, sei lá, eu vi uma cena, Vilela, no shopping. Eu lembro até hoje o nome da criança, o nome da criança era Calebe. Tem milhões no Brasil? Ninguém vai saber, né? Mas era Calebe. Aí eu tava comendo no shopping, tava Calebe. Calebe devia
ter seus seis, oito anos, não é, Enzo? Não, não era. Mas eu não sei agora o que é pior. Escuta, escuta mesmo! Aí, Calebe tava lá e a mãe de Calebe tava cortando o frango para ele na praça de alimentação. Vilela, os braços do menino, ele era tipo cabana, assim. Os braços do menino eram saudáveis, rapaz, fortinho, chega, era rosado. Ele não tinha problema nenhum. Sei, a mãe tava cortando o franguinho de Calebe e Calebe tava... Calebe era, ô, doido! Calebe tava puto porque a mãe não estava cortando na velocidade adequada, né? E ele reclamando,
e eu aqui de lado, olhando a cena. Eu aqui de lado, olhando, meu irmão, eu fui ficando com raiva! A minha vontade era esfregar a cara de Calebe no frango! Mas veja só, a mãe, ela estava fazendo aquilo porque dá prazer a ela, porque ela entende como um ato de amor, um ato de carinho. Não é porque ela é pilantra! É que dá prazer a ela dar aquela carninha cortada! O problema é que, ao fazer isso, quer dizer, ao você carregar no colo quem sabe andar, você só torna a pessoa mais incapaz de andar sozinha.
Então, você não tá poupando ela da tristeza futura, você tá jogando ela na tristeza futura. Então, mesmo sem malícia, mas o que acontece? Aquele ato ali de cortar o franguinho para Calebe não era um ato de amor a Calebe, era um ato de amor próprio. Tipo, a mãe estava se amando! E para isso, estava usando Calebe! Só que ela não percebeu que era um ato de amor a ela e um ato de rejeição ao bem do filho. Ela tá fazendo mal ao moleque! Então, assim, quem mimar não está amando aquele a quem ela está mimando.
Quem mimar está se mimando às custas do sofrimento futuro de quem ela acha que tá amando. Entendeu? Então, assim, você vai piorar loucamente. E aí você tem uns efeitos, né? A criança que é mimada se sente insegura totalmente, porque o mundo não vai reagir da maneira como ela é mimada. Então, ela vai ficar sem entender o cálculos. A criança, ela fica segura quando tem regras claras. Exato! Porque veja, a regra clara dentro de casa é um reflexo de como as coisas são na realidade. Ensinar ela a escovar o dente sozinha, amarrar o sapato, por exemplo,
fazer a mala. Tipo, ela pode fazer a mala! O que é que o pai vai fazer? Vai, sei lá, vai revisar a mala, né? Porque eles vão botar uma jujuba, vão botar uma espada, uma armadura, qualquer coisa! Seja lá o que for, qualquer coisa que não seja roupa! Mas ela vai lá e revisa. Só que, assim, tudo que uma pessoa é capaz de fazer, se você fizer por ela, você está atrapalhando ela, especialmente se for uma criança. Então, a criança já é capaz de lavar louça. Vai ter um momento em que ela vai lavar louça.
Aí depois você revisa, porque ela vai mais suja do que quando lavou! Quando é pequenininha, vai espirrar água. Não importa! A questão é que ela vai estar sendo útil, entendeu? Ela vai estar fazendo algo na realidade. Olha, se eu tivesse que dar um conselho assim, se você mima seu filho, você está destruindo a vida futura dele! Inclusive, mais sério ainda, você tá destruindo a futura família dele, você tá destruindo o casamento dele, você tá destruindo seus netos! Você tá destruindo as pessoas que vão trabalhar com ele! Por que você acha que a gente tem um
problema hoje de adultos que estão lá mendigando o amor de uma criança de dois, três anos? A pessoa chega: "Ah, meu Deus, meu filho disse que não gosta de mim!" O seu filho tem quantos anos, minha senhora? Ele tem três anos, minha senhora! Seu filho come terra do barro! Assim, ele pega a terra do vaso de planta e come! Quer dizer, é esse grau de consciência que a senhora tá preocupada? Dessa pessoa, ele não sabe nem o que é amor ainda, ele é muito novinho! Então, é claro que ele não vai gostar quando for tratado,
como ele vai ser tratado! Aquele lance... Imagina, Guilherme, lá: "Ah, eu não quero ir pra montanha para escalada." Só que a estrutura da casa toda já está feita, né? A rotina da casa tá montada. Eita, infelizmente, eu não vou poder levar o menino, não, porque ele chorou cinco minutos aqui! Cara, pelo amor de Deus! Assim, se você fica mendigando o afeto de uma pessoa de 4 anos, sim, sim, de 5 anos, significa dizer que o seu grau de carência é absurdo. Enzinho tá chorando, é melhor a gente não ir com toda a família para todos
os planos. Realmente, Enzinho falou: é melhor a gente parar com tudo isso, não faz o menor sentido. Quer dizer, você não está amando seu filho; você está destruindo o seu filho. Olha só, para a gente fechar aqui o assunto, eu acho que boa parte, boa parte mesmo, de relacionamentos acaba quando você vai cavar um pouquinho e vê uma imaturidade dessas de fundo, sabe? A pessoa é incapaz de entender, por exemplo, que o outro tem o seu próprio tempo, que as coisas que o outro faz são importantes também, tais quais as coisas que você faz. Ou
seja, você não é autocentrado, né? O seu raio de ação abrange o outro. Então, você percebe que o outro também precisa, quer dizer, o brinquedo é da outra criança. Você tem vontade de brincar, mas aí se você for roubado dela, você é penalizado verbalmente, você é tirado do lugar. Cara, isso dá um senso de hierarquia que, se for retirado da educação, você tá destruindo o moleque, destruindo mesmo. E o que a gente fala, né, da geração Enzos e tal, nada mais é do que isso: quem mima não ama. Ponto. Ele não tá amando. Uma sexta
regra: deixa sua casa em perfeita ordem antes de criticar o mundo. As crianças, inclusive, arrumarem a própria cama é um dos primeiros pontos. Esse aqui é o famoso "clean your room", Buckle, né? Exato, que é o ativista que não limpa o próprio quarto e agora quer salvar as crianças da África. Tem até uma... e essa história é derivada do Charles Dickens, tem uma Miss Jelly, né, que é um personagem do Charles Dickens, que a Miss Jelly quer salvar todas as crianças da África e o filho dela foi abandonado e largado, tá lá, tá perdido, né?
Tem a história da Fer o Conor, que o psicólogo adota um menino criminoso para poder salvar a humanidade, e aí o filho dele tá comendo bolo de chocolate com ketchup o dia inteiro, ficando obeso, enquanto ele tá lá, e o menino bandido roubando. E aí fala: tô salvando a humanidade e tal. Tem até um estudo falando que o quanto você é progressista, o quanto você vai para a esquerda, é o quanto você tem no seu cérebro desenvolvida uma parte que tem afeto por pessoas totalmente distantes de você. Então, na verdade, você tem preocupação por tudo
que é distante, por nada que é próximo. E aí, em contrapartida, do conservador seria o cara que consegue desenvolver afeto por coisas que são presentes na frente dele, né? E a Miss Jelly é uma estira do Dickens porque provem que existem muitas pessoas do tipo Jelly no mundo. Porque quando você tem que salvar uma coisa que não tem nada a ver com você, a vantagem disso é que você não tem que fazer absolutamente nada. Amar a humanidade é infinitamente mais fácil que amar o próximo, falava o Chester. Porque se você amar o próximo, você vai
ter que amar ele de verdade. Ele tá do seu lado, ele vai pisar no seu pé, vai ter dificuldades e tal. Se você ama a humanidade em geral, a humanidade não vai reagir de maneira negativa, não vai dar trabalho, você não tem que fazer nada. E esse ponto da casa eu lembro de um menino uma vez que ele tava na escola, ele cuspiu no chão e aí ele falou: "não tem empregada para limpar". Então, essa famosa mentalidade é do pior tipo possível. Todas essas coisas derivam do fato de que a pessoa não tem experiência da
ordem pessoal. Então, quando você pega, você arruma o seu quarto, e aqui é o ponto que o Peterson fala, você vai descobrir que tem que arrumar sua vida inteira. Eu vou falar pras pessoas assim: se você for... eu aprendi, acho que mais sobre gestão de empresa arrumando a própria casa do que com várias outras coisas que as pessoas falam que você vai aprender. Porque você começa a arrumar sua casa e é o seguinte: você vai descobrir que tem uma pasta com 6.000 papéis que você não sabe para que eles servem, que eles estão fazendo lá.
Você vai descobrir que tem um monte de tranqueira que você tá guardando que não serve para nada. Você vai descobrir que tem roupa velha que tá atrapalhando seu negócio, você vai descobrir que tem coisas ali que são disfuncionais. Você vai descobrir que tem um negócio estragado que já deveria ter ido embora. Você vai descobrir que, enfim, logo você arruma e vai ser desarrumado de novo. Você vai ter que arrumar novamente, que é a manutenção da ordem, né? Então, você tem essa entropia, essa desordem crescente; as coisas vão sendo destruídas e você vai ter que colocar
em ordem. Eu falei das empresas porque a empresa é assim: se eu largar, você larga o negócio lá, ele vai decaindo e começa a bagunçar. O cara começa a chegar às duas da tarde, o cara começa a fazer home office. Tinha uma vez um cara que tava numa equipe minha; ele entrou numa call às quatro da tarde e ele tava com a camisa do Flamengo, nada contra o Flamengo, muito nobre e tal, e uma lata de cerveja na mão. E ele falou: eu falei, "e aí, Fando, você tá para trabalhar?", e tal. Ele: "tô de
home office". Aí eu falei: "caramba, quatro da tarde e tal, legal assim, terça-feira". Meio que tinha uma entrega para hoje. Ele não, não tô levando na boa. Então, assim, tirando essa breve... Então, isso é entropia total. Assim, a coisa começa a sair do negócio. Ele podia estar aí com a camisa do Flamengo, ao invés de ir por esse caminho, se inspirando no Zico, treinando falta, duas horas depois do final do treino. Ele resolveu se inspirar em alguma outra coisa. Pelo visto, todo o problema é o seguinte: quando você não bota em ordem o básico na
sua vida, a desordem vai acumulando. Então, beleza, é aquela gaveta lá que tá cheia de documentos, depois é o guarda-roupa que tá cheio de coisa velha, depois é o negócio que não... Depois, as suas contas que não estão pagas em dia, depois tem a dívida que vai crescendo, depois tem o outro negócio da sua profissão que tá lá sem resolver há tantos anos, depois tem aquele elemento de segurança que você não resolveu, que depois vai dar trabalho porque alguém vai entrar na sua senha e vai pegar o negócio. Depois, quando você vai ver, a sua
vida tá toda hora tendo que apagar o incêndio e acabar com uma desordem que é consequência da desordem inicial que você deixou se alastrar. Enquanto se você tem um negócio limpo, né, a sua vida tá lá. Eu lembro da minha mãe. Ficou brava. Minha mãe assiste sempre o Inteligência Limitada. Minha mãe descobre o que eu faço da vida quando eu vendi Inteligência Limitada. Eu não entendo nada do meu trabalho, não consigo explicar o que é, mas ela fala: "Ah, ele tá lá na inteligência." Ela vê lá que aparece no feed dela e ela: "Meu Deus,
é meu filho!" Então, um abraço para ela. Ela fica brava que eu falei aqui a história que ela entrou no meu quarto. Ela falou: "Filho, você precisa mudar de vida." Falei: "Por que?" Ela: "Você precisa mudar de vida." Falei: "Olha, só tem livro, entendeu? Só tem livro. É terço, tá tudo arrumado, não tem um eletrônico, não tem um negócio. Entendeu? Você sai daqui, entendeu? Vai numa balada, faz alguma loucura. Entendeu? Faz alguma coisa, bate o carro, bate o carro em algum lugar. Entendeu? Faz alguma coisa errada." Entendeu? E aí eu tava lendo Shakespeare. Aí ela
segurou e falou: "Filho, o que é isso?" Eu falei: "Esse livro nem é em português." Filho, esse livro não é. Ele é no idioma nem o inglês, que nem o inglês normal! Você tá lendo Shakespeare? O que vai servir? Ela: "O que vai fazer o que com esse Shakespeare?" Então, um abraço para ela que vai ver essa cena com certeza e vai ficar brava. Mas o problema é o seguinte: se você começa a colocar em ordem os livros, só de você organizar os livros, a chance de você ler é muito maior. Só de você organizar
o seu dia, a sua agenda, sua chance de você executar as coisas é muito maior. Então, eu acho que o cara que não sabe organizar as próprias coisas, ele vai querer organizar o estado, o globo, ele vai resolver a pobreza. Puts, a vida, cara! Nunca pensei: um semestre de marcenaria curaria muito da ideologia das universidades. Falava um amigo meu, né? Se fizesse um semestre de marcenaria, falava muita coisa. Mas o que ele queria dizer com isso é o óbvio: é que a pessoa não tá tendo experiência prática de botar algo em ordem. Sim. Você não
bota a sua casa em ordem, você não bota sua família em ordem, você não bota sua empresa em ordem. Que dirá você vai acabar com a pobreza, resolver o mundo e criar uma utopia global? Que é o que o jovem, com 15 anos, nunca resolveu o problema mais básico, que é criar uma utopia global. Esse salto é o salto de desconexão total que a gente vive, né? E tem um lance também, Vilela, que é o seguinte: essa galera que acha que vai salvar tudo, ela se percebe muito boa. Ela se vê como alguém muito bom.
E eu realmente acredito que só se acha bom quem nunca tentou ser bom de verdade. Só se acha bom quem nunca tentou ser bom. Quando você tenta ser bom, você faz: "Rapaz, isso não é fácil não! Eu sou mau." Beleza, vamos fazer o seguinte: tente ser bom. Tente perdoar todo mundo que lhe ofendeu. Tente acordar no mesmo horário. Tente comer ou deixar de comer certas coisas. Tente entregar aquele prazo para aquela pessoa que lhe pediu de maneira rude, mas é seu dever entregar. Cumpra o seu dever. Não coisas extraordinárias, heroicas, não. O cumprimento do dever
a que você se comprometeu. Só isso. Se você... Vou passar uma semana fazendo isso, mas ainda, eu vou passar dois dias sem reclamar inutilmente. Vamos fazer um voto: não reclamar inutilmente por dois dias, meu amigo! No final do primeiro dia, você já percebe: "Eu sou muito mal. Eu sou incapaz de fazer essas coisas." Então, assim, só se acha bom, cara, quem nunca tentou ser bom de verdade. Se você tentar mesmo, aí você nota que não é tão bom assim. Quer dizer, você só é bom na abstração, né? Você só é bom na sua projeção da
sua imagem. Na realidade, você não é. Eu desconfio demais de pessoas que viram para você e falam: "Tem pessoas que falam isso, né? Chega, eu nunca cometi um pecado. É, eu nunca fiz nada de mal." A pessoa faz assim: "Eu nunca matei! Eu nunca roubei!" Quer dizer, o nível de bondade dela é o código penal, né? Mas, dizer o máximo de bondade que ela chega é o código penal. Latrocínio. Você é uma pessoa... Boa. E não, e ainda tem um outro ponto. Você diz assim: "Nunca roubei, beleza? Nunca tirei isso." Mas bora lá, se alguém
te paga para fazer um trabalho e tu fica ali na maciota e tu não entrega o que você está fazendo, meu filho, é roubando dinheiro do seu patrão, entendeu? Devolve? Trocamos mais, né? É exatamente. Então assim, você ah, eu nunca roubei! Tem certeza que nunca roubou? Porque esse tipo de acídia, esse tipo de preguiça no cumprimento do dever é um tipo de roubo. Ah, eu nunca matei ninguém! Acontece que o homicídio, como bem ensina a doutrina, não implica apenas na morte imediata de quem você quer matar, mas também nos atos preparatórios. Então beleza, você nunca
matou uma pessoa, nunca enforcou, matou alguém ou qualquer coisa do tipo, mas quantas pessoas você desejou mal? Cara, se naquele momento eu pudesse fazer com que aquela pessoa tropeçasse e quebrasse a perna, você não fez isso? Veja, o ódio é um ato preparatório ao assassinato, meu. Então assim, tem certeza? Beleza, você nunca matou fisicamente alguém, mas cara, tu já pensou muito mal? Tu já desejou se vingar? Então assim, nem nesse nível de "não matei e não roubei" o cara conseguiu agir. Então assim, calma, vá com... né, bota o pé no freio! Você não é tão
bom quanto imagina, né? E só o ato de se achar muito bom já torna mal, porque você perde a medida da realidade, né? É a regra S. Já tá, agora já tá. E antecipando aqui, busque o que é significativo, não o que é conveniente. Ela é muito interessante porque o Jordan P fala muito de sentido, né? Da busca do sentido. Quando você fala do que é só conveniente, você tá sempre preocupado com necessidades imediatas, com coisas que são, de curto... Aqui tem um tema de "time preference", né? Como eles falam lá em inglês. Muitos dos
melhores bens que você tem são bens que são de gratificação atrasada, eles são demorados. Você vai começar várias coisinhas, aqui você vai aprender um instrumento, vai demorar para caramba até você ter algum retorno daquilo, e os bens de gratificação muito imediata, eles são, por óbvio, menores. Então você pega lá a famosa história da criança que tem o chocolate. Você vai esperar um, um minuto, sei lá! Quanto que é o tempo que tá no negócio de chocolate? Se você esperar um tempo, você vai ganhar dois. Aí vai lá... tem pior, né? Tem um vídeo incrível, dos
melhores vídeos que eu já vi na minha vida, que era um experimento desses e um ia com uma barra de prata e uma barra de chocolate e ele chegava na rua e falava: "Qual você prefere, a barra de prata ou a barra de chocolate?" E tinha gente que parava e falava: "Caramba, o chocolate é de verdade!" Então assim, a barra de prata dá para você comprar muitos chocolates, entendeu? Tipo, tinha uma caixa, inclusive, tinha uma caixa para mostrar para algumas pessoas quantos chocolates dava para comprar com a barra de prata. E simplesmente o cara voava!
Tem gente que é pior ainda, o cara nem pensa, ele voa no chocolate, ele pegava o chocolate sem nem ter o negócio, ele já pegava da mão do cara o chocolate e saía comendo. E aí tinha algumas pouquíssimas pessoas, era tipo 10 para um, que o cara olhava e falava: "Não, não dá para eu averiguar." Se a barra de prata é... pior, né? O cara queria pegar a barra de prata, sempre assim: "Deixa eu só ver se a barra de prata é real, que aí eu posso fazer a minha escolha." E aí o cara: "Não,
beleza, vamos lá." O cara levava, o cara averigua num especialista e fala: "Não, beleza, a barra é real, vou querer a barra." Para 10 no experimento, o cara... um para 10, 10% da pessoa preferia a barra de prata versus a barra de chocolate. E aí o problema das pessoas quererem só o que é conveniente, nunca o que tem sentido, é que você vive uma vida desconectada do sentido. Você vive uma vida, por óbvio, vazia. O Jordan P já fez um meme, né? Que toda hora ele fala a palavra "meaning", "meaning". Mas por que sentido é
uma palavra tão importante? Porque o sentido é aquilo que Aristóteles fala da causa final. Por que eu estou fazendo isso? Por que estou dando aula? Por que tenho filho? Por que eu tenho uma família? Porque o que justifica isso? Então o Viktor Frankl, que é esse psiquiatra que sobreviveu ao campo de concentração, ele fala que o desespero é o sofrimento sem sentido. Então, quando eu tenho sofrimento, mas não tenho sentido, não sei por que estou fazendo isso, eu entro no desespero, eu começo a enlouquecer com aquilo. Só quando eu coloco sentido... ele mesmo tinha um
sentido de honrar os pais dele, dizer lá pelos pais no campo de concentração. Ele mantinha a sanidade psicológica dele a despeito da situação ser completamente destrutiva. Ele começou a reparar que no campo era assim: as pessoas que tinham um propósito maior, até que sonhava com a vida eterna, que tinham uma família para zelar, que tinham algum dever a cumprir, conseguiam se manter saudáveis e santas. Às vezes, até as que eram fisicamente mais frágeis, não eram necessariamente os caras que eram mais fortes fisicamente, mas conseguiam se manter sãs. O cara que entrava em desespero mais rápido,
que portanto não via sentido nenhuma das coisas, nunca conseguia enxergar algo maior, era o primeiro cara a quebrar e quebrava psicologicamente antes de quebrar fisicamente. E a quebra física vinha logo depois. Isso em situações terríveis, né? Situações assim... é. Dormir no chão é carregar frio extremo. Coisas assim. Então, esse tema do sentido, ele é fundamental porque até tem esse livro do Elizer McRe chamado "Depois da Virtude", que ele discute qual é a diferença do homem moderno pro homem clássico. No mundo clássico, você sabe o princípio da ética, porque toda hora você está pensando numa ética
transcendente. No homem moderno, tudo é utilitarista. Você está pensando: "para que isso vai me servir?", "o que eu ganho com isso?", "o que eu vou ganhar nesse negócio?". Quando você entra num elemento de pura ética utilitarista, você não consegue mais ver sentido nas coisas, e isso cria apatia. Então, o jovem, nesse relativismo todo, fala assim: "não, isso aqui é só o que me favorece, nada tem propósito último, nada serve para nada." O resultado é apatia total, já que nada significa nada. Dane-se, dane-se tudo! Todo mundo é hedonista, todo mundo é sad boy. Posta lá na
lista, hashtag, bota uma foto de anime no perfil e fala "#headof". O problema desse tipo de perspectiva é que você, fundamentalmente, não está olhando pra sua vida ou pras outras coisas segundo a ordem da realidade mais profunda, que é que todas as coisas têm um propósito. Um copo é para beber água, se eu tenho a razão, é porque eu consigo encontrar a verdade. Se eu crio uma organização de alguma coisa, ela tem algum propósito definido. Se eu leio um livro para aprender algo, sim, instituições disfuncionais afastam a pessoa do sentido, mas quando você restituí a
causa final, que é: "por que eu estou aqui?", e aí vem a perspectiva do sentido da vida. Por que eu existo? O que só eu posso fazer na circunstância em que estou? Como fala o Victor Frankl, com a circunstância que me foi dada: "o que só eu posso realizar?" Ah, nesse momento, só eu posso cuidar da minha mãe. Perfeito! Então, tem alguma coisa que é um dever nesse momento. Se eu estudar durante anos, eu consigo resolver este problema. O Elon Musk direcionou muito do trabalho dele nessa meta meio louca, né, mas é colonizar Marte. E
o cara, ao querer colonizar Marte, começou a construir foguetes que dão retorno, porque ele fala: "bom, se as pessoas vão colonizar Marte, o foguete vai ter que voltar, é melhor fazer essa porcaria". A meta pode ser um pouco maluca, tem talvez outras metas mais normais para pessoas ordinárias, independente disso, quando você comera um sentido transcendente para a vida... E aqui é claro que tem um elemento espiritual nesse envolvido. Você consegue reordenar sua vida para isso. Até a oitava regra que ele já colocou ali: "diga a verdade, pelo menos não minta". Ela é muito análoga à
de cima. Por quê? A verdade tem um elemento transcendente. Se a verdade não é simplesmente algo subjetivo... A verdade, justamente, é o que Pedro, de maneira informal, usou como conceito de verdade atomista, que é a adequação da coisa ao intelecto. Se há uma conexão entre o que estou vendo e o que está no meu intelecto, se é uma identidade, então, basicamente, é algo verdadeiro. Mas veja como a verdade já envolve um elemento transcendente, é fora de mim. Se toda a verdade é a minha experiência objetiva, se tudo o que eu sou é a única verdade
que existe, eu nunca confronto algo que é maior do que eu. Então, nunca vou encontrar um sentido para as coisas, porque tudo se encerra nele mesmo. Assim, a conveniência das coisas é a mesma coisa que o sentido que se encerra. Para quê estou lendo o livro? Ah, estou lendo porque precisava passar na prova. Tá bom, é uma coisa que é conveniente. Sem dúvida, é melhor passar na prova do que não passar. Só que você não está procurando uma mentalidade que tenha um sentido mais profundo. Por exemplo, “estou lendo isso aqui porque quero aprender mesmo, o
que esse cara está falando, quero viver isso aqui na minha vida.” Você vai sempre tendo bens menores e nunca terá aquele choque da verdade que vai te confrontar com as suas limitações, forçando algo superior. Sim, cara, essa coisa da verdade é interessante porque se tem um negócio que lhe coloca meio vulnerável, é você dizer a verdade, e você não sabe o que vai acontecer quando diz a verdade. Você pega relacionamentos assim, geralmente, um dos problemas do relacionamento é quando você fica com medo de dizer à outra pessoa o que de fato está acontecendo. Cara, isso
ferra completamente, porque você fica meio em temor: "se eu disser, o que pode acontecer?" Você não sabe, e aí tenta controlar a situação. Como é que você controla a situação? Com a mentira, né? Você dá um arranjo porque aí já encaminha, sabe mais ou menos como a pessoa vai seguir e tal, e aí você consegue conduzir. Mas veja, esse tipo de condução é um movimento de covardia, ponto. E que todos nós fazemos em maior ou menor grau em um momento ou outro da vida. Quando você entra na aventura de: “cara, eu vou ser honesto aqui”,
ou então: “quando eu não puder falar a verdade, eu vou ficar calado, e quando eu precisar falar, eu vou falar”, meu irmão, você entra numa aventura, porque assim, você não tem mais controle, você não sabe mesmo o que vai acontecer. Então, é um ato de coragem, bicho, assim, você ser honesto, inclusive consigo mesmo. Um elemento de coragem: você não sabe como o outro vai reagir. Agora, claro, isso não quer dizer que você vai ser o otário que quer causar constrangimento, né? Porque tem gente que... não, eu sou muito corajoso, sou muito autêntico. A pessoa é
chata, a pessoa é chata, é sem noção, é inconveniente. Quer dizer, ela está usando da aparente virtude de falar a verdade para manifestar, assim, um defeito grave de vaidade, um defeito grave de sadismo. Tem gente que, a título de ser verdadeiro, na verdade, está tendo um prazer com o incômodo do outro. A pessoa é um sádico; ele não é alguém que preza pela verdade, até porque ele está se escondendo atrás da verdade, né? Então, obviamente, ele já está sendo mentiroso. Eu não estou falando desse tipo de gente, mas assim, você ser honesto com as situações,
ser honesto com as pessoas, né? Sei lá, o cara está num curso qualquer e diz: "Cara, eu não gosto disso" ou então "Eu não gosto de você" ou "Eu não gosto dessa situação". Não repita tal coisa. Meus limites são esses, esses e esses. Você tem dificuldade de estabelecer limites porque você tem dificuldade de dizer à pessoa quais são os limites. Aí, exatamente por isso, ela cruza os limites. Você passa a ficar ressentido com ela, entra numa guerra de vingança, e as coisas desandam só porque ninguém foi honesto. Então, assim, você ser capaz de dizer a
verdade é desafiador; às vezes, pode ser meio desconfortável, mas, meu irmão, é muito libertador. A verdade vos libertará, né? Falou a verdade, né? O Logos encarnado... verdade só podia di alg ass pergunta, né? O que é a verdade? De maneira cínica, exato? Cinismo, inclusive. Essa pergunta é tão grande, né? Porque uma... eu já tentei trucar o Peterson isso aqui mais de uma vez na minha vida. Falei: "Cara, não vou falar a verdade nesse caso". Anos atrás, eu lembro que passei duas vezes por isso: "Não vou falar a verdade nesse caso". E depois eu me arrependi
amargamente, porque eu falei: "Não tem como, racionalmente, eu vou sofrer com as coisas piores se eu falar a verdade aqui nesse contexto". Não é falar a verdade, mas é inconveniente que ele está falando. Inclusive, ele fala para você: "Preciso..." com as palavras, que é outra coisa que vai aparecer aqui. Mas o básico é sempre bom enfatizar isso, porque a galera usa isso para ser... estava querendo mentir tanto que ele fala: "Aí, ao menos não minta." Né? Verdade que tem... talvez eu não esteja violando a regra, porque, afinal das contas, eu estava omitindo de falar algo.
Mas as duas vezes que eu pensei, essa regra veio na minha cabeça e eu pensei: "Cara, não vou falar a verdade aqui, vou deixar quieto." Nas duas vezes, eu me arrependi. E é engraçado, né? Porque ele fala isso: "Você tem que ter boa fé de que o universo é... você tem que ter fé que o universo é ordenado de uma maneira que, se você agir de boa fé, a ordem da realidade vai te conduzir para um caminho". Não é isso aqui que não é misticismo: tudo conspira ao seu favor. Não é nada disso. O que
ele está querendo dizer é que a própria estrutura da realidade já é feita de uma maneira. Você tem fé numa estrutura que, se você age de boa vontade, no mínimo você preserva sua alma, sua integridade, e você faz o bem para as pessoas. A verdade é parte dessa estrutura; a mentira cria confusão, ela engana as pessoas. Então, beleza, aqui ele abre um espaço para aquilo que os escolásticos chamavam de "reserva mental", que é: "Olha, eu não vou... eu não vou... tem um cara injustamente sendo perseguido, o cara está no porão. Eu não vou falar: 'Ah,
ele está aqui no porão, venham aqui, porque eu não posso mentir'". Isso é a chamada reserva mental: eu não vou entregar uma informação que vai prejudicar o cara. Então ele não está falando "sempre diga a verdade." Considerando isso, no entanto, tem várias situações que nós não falamos a verdade porque nós temos medo, no fundo, da própria verdade, ou nós temos medo das consequências que aquilo vai acarretar para nós. Mas é melhor, fala ele, você receber essas consequências agora do que você ficar acumulando essa mentira por anos. E, às vezes, pior do que a mentira que
você conta para os outros é a mentira que você conta para si mesmo, né? Porque quando você mente para si mesmo, você trava todo o seu progresso em toda e qualquer área que você pode ter. Você acaba com a possibilidade de melhora. E só um ponto, Guilherme: quando esse tipo de coisa, aqui, é um negócio importante: quando esse tipo de coisa não é um valor, quando você é jovem, termina escapando. Porque, aos 20 anos, você está muito embriagado das suas próprias capacidades, né? O cara é mais saudável, ele é mais bonito... você está embriagado; a
juventude é uma espécie de bebedeira. Você passa 15 anos bêbado e 60 anos de ressaca, né? Então, é meio assim que funciona. Então, dá para passar ali nos 20 e poucos anos certas mentiras, mas, cara, a coisa vai acumulando. Aí você descobre uma mentira existencial aos 30; dá para consertar aos 30 e pouco, fica mais pesado, meu irmão. Quando você descobre uma mentira dessa aos 40, aos 50... tipo, o negócio: você passou a vida escondendo de você mesmo. Escondendo, meu amigo, você quer morrer no momento seguinte, entendeu? Então, ter isso como um valor desde a
juventude é a melhor coisa que poderia acontecer. Presuma que a pessoa fala a próxima regra. Presuma que a... A pessoa com quem você está conversando possa saber algo que você não sabe. Essa é a regra dos entrevistadores, é, é, e é, e é, o Goodson Vitor clássico, né? É, o Goodson Vitor começa as lições dele. Foi um dos grandes pedagogos medievais, falando exatamente sobre isso: não tome nenhuma ciência como vívida. E ele fala a mesma coisa que J está falando no fundo, que você não deve presumir que a pessoa não pode saber algo que você
sabe. Você aprende com muitas pessoas, pessoas improváveis, inclusive até livros improváveis. Eu não acho que as pessoas devem ler qualquer coisa; elas deveriam ler livros bons, em particular. Não é para perder tempo lendo só livros ruins. Mas, de fato, por vezes, a verdade está em lugares que você não está imaginando, e as pessoas têm conhecimentos que você não tem. A soberba é a pior coisa, porque tem um jeito garantido de você não aprender, não ter como melhorar, que é o orgulho. Se você sente que já sabe, é garantido que você não tem como aprender. É
o único jeito. Você pode ter limitações, pode ter outras coisas e tal, coisas que dificultem, mas se você tem certeza que não tem o que aprender, você se fecha completamente. O demônio é o burro primordial, né? O estúpido fundamental é Satanás. Mas, sobre esse ponto, tem só um adendo a ser feito: é que, aqui no Brasil, a gente tem uma cultura de que, assim, aquilo que lhe soa estranho você já acredita que o cara está errado. E a pessoa, assim, que diz um negócio que pareceu estranho, aí você olha, acho que até um corte antigo
de Olá falando isso, que é no debate público. Você diz algo que a pessoa estranhou; ela lhe olha de cima para baixo e argumenta do seguinte modo: "Eu nunca ouvi falar disso". Quer dizer, a ignorância vira fundamento de autoridade intelectual, né? Quer dizer, a pessoa é capaz de discordar de você exatamente porque ela não sabe do que você está falando. Cara, isso é muito presente no debate público brasileiro. Isso é uma coisa cultural que a gente tem que tentar extirpar ao máximo, né? Essa ideia de que, "cara, beleza, talvez aquela pessoa esteja dizendo aquilo porque
ela está olhando sobre um aspecto que não lhe ocorreu". Você já parou para pensar nisso? Então, é algo para se ter em mente quando você está lidando com os outros, né? Bom, você que está entrevistando gente o tempo todo, imagina que das mais diferentes, né? A minha, pô, é uma coisa básica para mim. Eu nunca pressuponho nada; eu espero que a pessoa me explique aquele ponto de vista. Então, com a guarda baixa, eu escuto e tento entender o ponto de vista, me colocar no lugar daquela pessoa. Já aconteceu muitas vezes você se surpreender assim com
um convidado? Ah, sim, várias, várias! Muitas vezes, principalmente com conteúdos sensíveis, né? Com temas bem complicados. Às vezes a pessoa tem uma experiência pessoal que aquilo agrega muito. Em um, sim, que você, vendo de fora, você tem outra opinião, né? É engraçado, né? Acho que essa cultura dos podcasts, como um todo, fomenta as pessoas a quererem ouvir coisas diferentes, assim, improváveis, né? Sim, tem coisas. Claro, há casos que têm um nível mais baixo, mas tem outros tantos que a pessoa nunca imagina. Tem muita gente ouvindo sobre filosofia, física, não sei que coisa, que nunca teria
ouvido em outra hipótese, que é fascinante, né? E a proximidade, né? Às vezes o cara está aqui, assim, eu estou chutando da tua posição. Às vezes o cara aqui fala um negócio que parece muito estranho, mas ele está falando com tanta sinceridade... Pô! Exato, exato, você vê que ele não está de sacanagem com você, entendeu? Ele está... Assim, não tem gente que é sincera? Imagina, você vê que tem gente que é mais sincera e menos, né? É claro, claro, dá para sentir isso! Dá para sentir, dá quando o cara é "full of it", seja preciso
no que diz. A décima regra, e o Jordan Peterson se esforça muito. Acho que essa performance dele em entrevistas é isso. Ele toma muito cuidado. Às vezes, inclusive, é até engraçado, né? Ele é meio performático, né? Uma coisa, sim, claro, até um... Ele é um pouco teatral, né? Tem aqueles segundos de silêncios. E ele... Eu tenho o Kurtz, que é esse outro pensador americano, né? Está fazendo agora imitações do Jordan Peterson. E aí ele fala: "Feelings and sentiments". E aí ele segura assim, aí ele... Ele tem um elemento teatral. E agora, essas roupas, né? Os
ternos, tem um terno, agora ele tem um terno com a Virgem Maria, que ele usa. Ele é meio barroco, né, na vestimenta e tal. Então, ele tem um elemento teatral. Sem dúvida, que é retórica. Faz parte do personagem da coisa para chamar atenção para as ideias. Mas ele toma um cuidado extremo com o que ele vai falar, e às vezes ele para, e ele fica pensando exatamente no que ele vai falar para depois falar. O cara é muito engraçado. Ele está simplesmente falando com o cara, ele para assim do nada, ele para e ele fica
assim e aí ele fala algumas coisas que às vezes até têm um jeito meio difícil de decifrar o que ele está falando, mas ele tenta usar a palavra exata que precisava ser usada naquele momento. Aqui, a gente está fazendo uma crítica cultural, né? Brasileira, aqui a gente tem um problema porque o seguinte: se você não tem, veja, se você não tem, culturalmente, uma capacidade expressiva circulante... Que seja que lhe habilite a ser capaz de dizer as coisas tais quais as coisas são. Isso lhe impede de ter as palavras adequadas para definir o que você quer
falar. Então, numa cultura rica e punj, você tem poetas. Você tem literatos sempre produzindo capacidade expressiva para distribuí-la naquele ambiente cultural. Quando a literatura do país some, você não tem mais meios de expressão daquilo. Eu vi isso acontecendo e a gente tá vendo isso acontecer no universo político brasileiro. Imagine, por exemplo, se Dostoiévski fosse descrever Bolsonaro, Lula, o STF. Imagine o que sairia desse negócio. Imagine Machado de Assis descrevendo a atual situação política do país. Então, é mais fácil de imaginar, talvez, do que do para ele, bem ali. Exato, mas Machado, um Lima Barreto, né?
Lima Barreto talvez ainda mais. Mas veja, é... Certamente eles criariam expressões, fariam com que certos movimentos interiores dessas personagens se tornassem acessíveis ao público, né? Então, sem essa... sem uma consciência literária da própria situação, nenhuma cultura consegue se movimentar e consegue existir de verdade. Então, quais são os meios de expressão que um brasileiro médio tem? São aqueles meios de circulação da mídia. E são memes, são frases de artistas, são frases de novelas. Esse é o meio expressivo cultural, no máximo. Cara, isso é de uma pobreza absurda, porque, assim, como é que você percebe a realidade?
A realidade, em parte, ela é percebida linguisticamente. Quer dizer, quando você consegue dizer algo, isso aqui é importante, você consegue se livrar e consertar um negócio. Então, eu sempre... conflitos vêm, exato. Um ponto que eu costumo usar como exemplo é o seguinte: bora pegar uma família assim. Aí, às vezes, você tem um problema com um irmão qualquer. Você tem aquele problema por anos. Às vezes, o ponto de partida da resolução daquele problema é você começar a dizer assim... né? Num caso bem específico: "Meu irmão é uma pessoa má." Você conseguir dizer isso não é porque
tem nada extraordinário; ele é uma pessoa má. O meu pai não gosta de mim, a minha mãe não gosta de mim. Quando você começa a dizer o que de fato aconteceu, tal qual aconteceu, você começa a se livrar daquilo, você começa a vencer aquele negócio. Quer dizer, você quer destruir um povo? Tire os meios expressivos dele. Aliás, é 1984, né? O dicionário da Nova Fala é um dicionário que está reduzindo o número de palavras ano a ano. É a decadência do idioma e esse ponto, aliás, é um dos mais interessantes do livro, né? É tudo
sigla, né? ST3 é uma das coisas aterrorizantes de viver em Brasília. Um abraço para todo mundo de Brasília, povo brasiliense maravilhoso. Mas, assim, o que me aterrorizava era o nome dos lugares serem SQS. Não sei o que falar, cara, que horror, né? A União Soviética, é pesado, assim, porque você não tem nome. Você não sabe o que é isso, né? Claro que, em outra medida, também tem outra forma de esquecimento que é essa; lá, a gente anda na Brigadeiro Faria Lima, ninguém mais sabe quem era o Brigadeiro Faria Lima em nenhum nível. E também se
cria uma desconexão histórica, né? Mas é interessante porque a piora da linguagem gera conflito. Uma das coisas que acho que empobrece a gente, falou do se a cultura de podcast... Sem dúvida fomenta várias questões interessantes e acho que tem uma dinâmica na qual o influenciador, muitas vezes, ele só quer farmar o engajamento. O cara quer caçar o engajamento a todo custo. E é compreensível que a pessoa queira maior engajamento. Até a política, em muitos aspectos, tem esse elemento, né? Do cara querer cada hora um engajamento maior. Mas o problema disso é que, por vezes, você
tá falando uma linguagem imprecisa e essa linguagem precisa tá gerando um conflito desnecessário que você podia estar unindo outras pessoas para aquela mesma pauta se você estivesse falando um discurso mais coeso, mais amplo. Preciso não chamaria atenção, talvez, da mesma maneira, não num primeiro momento. É, não num primeiro momento. Esse é o negócio. Talvez seja o CDAL, exato, a longo prazo. Só como você tá sendo preciso, porque muitas confusões são ambiguidades. Claramente, muitas confusões são ambiguidades. O cara fala uma coisa que você não entendeu. Até é ambíguo, você demora... até você tem que voltar no
que o cara falou. Sei lá, se a gente pegar casos muito claros, assim, de cancelamento, pega o Tales, foi cancelar o negócio, o mulher ceou, Monarca cancelado, aquela fala no podcast. E se você volta na frase deles, o negócio até demora um tempo pra entender o que tava sendo falado. Você olha claramente, você vê que tem ambiguidades no texto. É visível, não é nem controverso que tem ambiguidades. Essa estrutura ambígua da própria linguagem, as pessoas conseguem derivar significados totalmente opostos do que o cara acabou de falar e, às vezes, isso vem simplesmente da própria natureza
da expressão do conteúdo. Você tá fazendo um story, você tá falando um negócio ali, na hora, você tá fazendo a coisa de maneira natural, na sua cabeça tá até claro, mas na estação que foi colocada ali gerou uma ambiguidade. Sim, essa ambiguidade muitas vezes explorada contra você. Ela vai ser utilizada contra você. Tudo que você, como fala, o poema do Kipling, "Se você assistir, as verdades que disseste", não, não necessariamente só verdades, mas às vezes, mas claro, transformadas em armadilhas pros tolos, né? Ou ferramentas pra ser voltadas contra si. Todas as verdades que disseste, né?
Você assiste elas sendo distorcidas, né? Então, quando... Você fala que são imprecisos quando você não se preocupa com a linguagem. Você gera conflitos necessários, você não junta as pessoas para sua paz, você não cria coesão e você acaba gerando uma… sei lá, você não consegue passar aquilo que você queria passar. Linguagem é um tema muito forte. Claro, você pode falar a linguagem perfeita e ser odiado perfeitamente por aquilo que você falou. Você pode até ter a linguagem mais clara do mundo e ser odiado. Ser preciso, você falou claramente e ser odiado exatamente porque foi preciso.
E ser odiado porque foi preciso. Mas é melhor ser odiado porque é preciso, que é o caso do Jordan Peterson. Inclusive, ele era muito preciso e era odiado por isso. As pessoas falam… e você tá… só que, só que no caso do Jordan Peterson, você assiste o vídeo ali, você fala "cara, beleza, vai ter o cara que vai odiar". Mas você, um intelecto, consegue olhar aquele e fala "cara, esse cara está sendo muito sensato". Então, você volta o vídeo e fala "esse cara está sendo sensato, ele não está sendo louco". E então, acho que tem
um perigo na cultura do engajamento que tem a relação a isso. Regra 11: Não incomode as crianças que estão andando de skate. Você ia falar alguma coisa? Não, não, é que ele fala sobre a masculinidade, basicamente, né? Sim, ele faz, sei lá, uns dois ou três tópicos sobre a masculinidade. Isso é muito engraçado porque você vê… você tem aqui um pai e uma mãe, o típico, né? Aí o menino está descendo de skate lá numa coisa bem perigosa. Aí a mãe tá "vá devagar, pare". Aí o pai vem "vem, vem, vem nessa curva". Então, essa
dinâmica de você introjetar a masculinidade através da experiência do perigo. Uma coisa que… essa masculinidade e esse perigo, que é próprio, digamos assim, ela é punida hoje, né? Ela é punida, na verdade, a pior coisa que o menino pode ser… sei lá, a masculinidade, acho que ela é demonizada em todos os níveis. Tudo que é masculino é demonizado porque, assim, o que é propriamente masculino? Ah, paternidade, liderança, proteção, são basicamente as coisas que são… tomar risco, são basicamente as coisas que são demonizadas, né? Se você tiver uma pessoa totalmente conformista, porque assim, pensando numa perspectiva
de 1974, como você citou, se você vive num aparato de controle, a pior coisa que pode ter é o cara que anda de skate de verdade, o cara que toma risco. O cara que toma risco… eu até não sou o maior fã do skate, exatamente, comparado com a luta, mas também não sou fã de nada comparado com a luta. Eu sou fanático pela luta, no Afal das Contas. Acho que…" para dar uma coisa assim, mas eu entendo perfeitamente o carrinho de roliman, é um exemplo bem brasileiro. Sim, sim, sim. Da quem nunca teve um pedaço
de unha arrancada por um carrinho de roliman, não viveu direito. Não viveu. Mais Brazuca, eu acho. Exato. Nos Estados Unidos já tem pista bonitinha, os caras vão de skate. Aqui no Brasil, era na base do improviso total. Mas eu acho que sim, tudo que é masculino é demonizado e os meninos são mais assim. Meu filho, o menino mais velho ali, é assim. Ele pula, pinota, vai pra cima. Até outro dia vi ele saindo na mão, né? Tinha uma… a gente tava com uma… rolou. Rolou. Essa é rolou. Ele tava com a gente, tava com um
amigo nosso, e aí tinha um outro filho, né? Um afilhado nosso. E aí, cara, ele começou a sair na mão, um bateu no outro. Ele… cara, meu filho meteu assim uma… pum! E começou a fazer tipo uma capoeira, assim, sabe? Na… pra sair na mão. E aí eles começaram a sair na mão, a gente apartou, né? E aí eles ficaram melhores amigos, claro. Não queriam ir embora, nunca mais queriam, cara. Só queriam andar um com o outro, entendeu? Depois da porrada, eles fizeram uma meia-lua. Meu filho tava fazendo uma meia-lua ali e… ah, depois que
o outro menino viu que se ele batesse nele, o outro sabia revidar, eles ganharam respeito mútuo e começaram a ser amigos. Você vê aquelas cenas de lutador de UFC que os caras terminam a porrada, os caras estão se abraçando, os caras "eu amo você", né? E aí você pega esse clima de cancelamento na rede social, não sei… tipo um passivo-agressiva, aquela coisa. Qualquer coisa que o cara fala, você tem uma vírgula, já começa aquele ódiozinho, aquela coisa "ah, fulano quis dizer isso, porque o outro quis dizer isso, porque o outro não sei o quê". É
a experiência oposta, né? Então, acho que quando os meninos… você deixa eles tomarem risco, não só tomar risco, mas faz parte do sucesso de uma pessoa, em geral… quer dizer, tomar praticamente qualquer coisa que você faça de bom na vida demanda tomar riscos. E aí tem um ponto, né? Que é o seguinte: você impedir essa masculinidade não é uma proteção a mulheres. Na verdade, você tá atrapalhando a vida futura delas. Veja, tem coisa mais perigosa, entediante, destruidora para uma mulher do que estar com um homem que não consegue tomar decisão, que não consegue protegê-la, que
não é capaz de tomar risco pela família? Então, assim, no final das contas, a destruição da masculinidade é um prejuízo ao mundo feminino, assim como a destruição do feminino é um prejuízo ao mundo da masculinidade. E muitas mulheres odeiam isso, né? Sabe que uma coisa engraçada é que o Trump foi praticamente eleito por… Homens jovens, né? Da demografia, que mudou mais radicalmente, foi o homem jovem. E homem Zomer, o homem Zoomer virou tipo PR de pró-Biden para 15% pró-Trump. O negócio, não vi essa estatística; é um absurdo! Assim, as meninas... eu vi alguém comentando a
importância do filho de Trump nessa eleição, mas eu não... não, o filho do Trump tem a vibe, né? Estética, exato, mas eu não me aprofundei. Não a estética do César Augustas, né? Os caras fazem montagem e tal. Mas eu até vi um meme que era o seguinte: era ele lá, com... como é o nome? Musk, né? Atrás, naquela euforia, na loucura. E a legenda era assim: "Otaviano pensando: uma hora vou ter que me livrar de Marco Antônio." Referência altíssimo nível, altíssimo nível. A pessoa entendeu tudo, entendeu tudo, no... talvez nem ela tenha compreendido. A guerra
civil já tá, já tá montada. Já tá montada, é o exército provavelmente humano contra o exército robô, robô marciano que vai vir pra cá. Robô marciano vai ser lindo, vai ser lindo! O Otávio Augusto, redive vos! Exatamente, não... sem dúvidas, sem dúvida. Tem a vibe da... tem um triunvirato aí: J.V., Elon Musk, Barron Trump. Vai ser lindo, vai ser maravilhoso, uma ópera, uma ópera boa. Mas, bom, o Musk sabe que muito desse negócio dele tomar risco, fazer foguete... estava falando, estava falando se foi um ar... foi depois que ele dormia? Foi antes. Antes, foi antes.
Exato, que ele dormia. O pai dele, muito louco também, fazia ele dormir com rifle ou ficar meio madrugando com rifle esperando assaltantes. Então o cara foi exposto até de uma maneira meio traumatizante, mas foi exposto a uma quantidade de adversidades muito cedo, né? Que deu um pouco desse viciado em risco, né? Claro que você tem efeitos adversos que podem vir daí, mas o fato é que o cara fez o tal do foguete que dá ré e etc., e tantas outras coisas. Por causa disso, se ele não soubesse tomar risco, ele não conseguiria fazer nada. O
cara não tem como ser uma pessoa de extrema performance. As pessoas se destacam muito sem tomar riscos na vida, é impossível. Mesmo. Não dá, não dá. Aliás, intelectualmente, até em certo sentido, se você olhar de maneira mais perigosa, porque o efeito a longo prazo é maior, né? Sim! Então você tá lá, dedica sua vida 20, 30 anos a uma determinada ideia, aí depois você nota que aquela ideia não era tão perfeita, tão acabada, não era tão original assim, não era tão clara assim. Todo mundo que tá na vida intelectual corre um certo risco. Claro, eu
fui aqui bem esquemático, mas corre um certo risco nesse sentido, né? Eu lembro da... que ele fala aqui a respeito do problema dos homens no universo educacional moderno, né? Problema dos homens no mundo universitário americano, pelo menos, que as mulheres dominam o mundo universitário americano. E também um problema dos meninos nas escolas de ensino infantil ou fundamental, que os meninos são drogados para terem um comportamento mais suave, né? Sim, sim. Bom, tem assim... hiper car, a toca do coelho vai longe, porque o assunto vai longe... porque você dopa o menino, ele tem crise de ansiedade.
Se ele, sei lá, faz qualquer coisa um pouco fora do que você tá esperando, você basicamente tá selecionando o motivo do porquê seleciona mais mulheres. É até um pouco simples, as mulheres, estatisticamente, o Peterson fala isso toda hora: elas têm uma propensão maior à conformidade, e os homens têm uma inconformidade maior. Isso é estatístico, simplesmente a tendência das mulheres a conformar. Se você tem uma instituição altamente ideológica que tá selecionando por conformidade ideológica, é natural. É mais fácil as mulheres estarem conformadas ao ambiente do que os homens. Isso é mais propenso estatisticamente, é assim. Daí
você vai ter um viés de seleção que vai preferir mulheres a homens, porque você vai ter mais homens dissidentes. Esses homens dissidentes vão sendo expurgados da organização, e aí você vai mantendo as mulheres, que às vezes não é que a mulher... detalhe, também a experiência do dia a dia. Não é nem que a mulher tá aceitando aqueles valores que estão sendo propagados ou aquela coisa; é que ela simplesmente não vai se manifestar. Ela vai ser mais discreta, ela vai ouvir, vai achar errado e vai continuar discreta. O homem tem uma propensão um pouco maior a
ser vocal em relação ao desconforto dele. Tipo, não aguento mais uma reunião de sentimentos de três horas antes de começar um negócio, né? Ou agora tem essa... tem várias... sabe que o Mark Zuckerberg, a gente botou a foto dele ali, tem uma reunião no Meta. É porque teve uma ativista W, né, que entrou no Meta e ela tirou fotos de todos os documentos internos do Facebook e expôs no Congresso americano, falando que o Facebook era racista, misógino. Depois que ela era uma ativista do Partido Democrata e, depois que ela expôs tudo isso... porque o Mark
Zuckerberg não aceitou a política dela de diversidade de gênero e sei lá o quê que foi feita por sem especialistas, não lembro agora. Mas como... a reunião, reunião de sentimentos, como é isso? Então, eu... eu vou chegar lá e aí... e aí ela expôs tudo isso, né, e expôs os negócios e tal. E aí a mulher basicamente era uma ativista. Resumindo, ela era uma ativista do Partido Democrata que se infiltrou na empresa para ferrar com a empresa se a empresa não se adequasse à pauta. Esse é o resumo da obra. Beleza! Porque o Facebook mudou
de Facebook para Meta? Uma das coisas que o Facebook fez foi implantar uma reunião; isso me contaram no Vale do Silício, então é informação de primeira mão total. Contaram-me que o Marc, uma das coisas que ele foi obrigado a implantar, foi uma reunião em que ele se junta com jovens ativistas e cada um deles fala o que sente em relação a ele. Ah, e foi tudo: "Eu sinto que você é opressor. Eu sinto que você é machista." O cara tem que estar lá escutando, anotando tudo. Agora, eu acho que acabou isso porque, sei lá, ele
está falando que acabou. Sei lá o que está acontecendo, não sei qual é. Eu imagino que tenha acabado. E detalhe é que eu ouvi essa história de duas fontes, não foi só essa pessoa do Meta, porque eu conversei com outro empresário lá em Nova York, nada a ver, mas que era do Vale do Silício, e ele me contou basicamente que o Zuck fazia coisas de autohumilhação forçada. Então, as histórias casavam, né? E aí sentava o ativista e ele falava: "Cara, você é machista." Não sei o quê, tipo uma coisa meio performática. E ele anotava, ficava
em silêncio, todo dia, toda semana, uma vez por semana de manhã. E aí começa a rotina do negócio e tal. E aí, cara, quando você chega nesse nível, que loucura, velho. Então, é isso, né? Que loucura, é isso. Mas é um nível de "bem-vindo a 2025", entendeu? A gente 2024, 2025 é a nova era. 2024 é a nova era. Fala o negócio, pois. Mas é isso, quer dizer, no final das contas, você tem que ter uma... A pessoa, para quebrar esse negócio, precisa ter uma pessoa meio que querendo riscos; ela precisa estar acostumada a tomar
pancada, cair no chão. Sim, porque o cara que não toma uma pancada não se rebela contra isso. A verdade é que aquele M que a gente te mostrou ali, da pálido, não sei nem se o novo não é fake, né? Mas o antigo pálido não tinha chance alguma de se rebelar. Não tem. É porque, quando você recebe uma pancada, você sabe como lidar com a pancada e aí você não tem medo de se expor a uma nova pancada. Ah, sim! Você consegue mensurar o negócio: "Drama, um soco na cara é só mais um dia." Exato!
O cara toma um soco na cara, o cara... Beleza, mais uma. É o que eu faço da vida aqui. O que você estava esperando? O problema é que se você... Assim, mas ó, tenta dar murro antes das 10, porque às 11 eu vou ser socado lá no que eu estou pagando para ir. Entendeu? O cara até que brincou, estava numa página de... Eu vi um cara brincando, falando: "Eu evito briga na rua porque senão não consigo chegar bem pro treino." Pronto, exatamente! Apanhar uns caras sinistros no treino. Se eu chegar mal na rua, não posso
perder condicionamento na rua. Exatamente! É uma coisa que... O risco, um cara que... Um cara desses que eu conheço, né? Acho que é Marx Monteiro, algo assim. É, Marx Monteiro, exatamente. Eu vi um Twitter dele dizendo: "Você perde o meu medo da morte quando vai pra academia e tem um monte de gente com metade da sua idade querendo lhe matar." O bicho é faixa preta em jiu-jitsu, né? Cara, tem pessoas de 20 anos querendo me matar. O que eu vou me preocupar com... Com o quê no dia a dia, né? É, pois é, né? Você
gosta de masculinidade também? O cara ser pai é demonizado. Pense: tudo que é do pai é mau, né? O que é bom, o que é bom é acolher, elogiar, beijar, aquela história de tudo, coisas ótimas. Mas também a paternalidade só que feita à moda do pai, né? À moda do pai, a natureza do pai. Moda do pai, que é: "Cara, engole o choro." Hum, engole o choro. Demonizado versus "está precisando de alguma coisa." Veja a mãe também. Imagina minha avó. Minha avó jogaria um chinelo se o cara nem tinha avó raiz do Nordeste. Ah, velho!
É verdade! Tem história, você tem história da... Não tem, assim, história raiz do Nordeste sobre isso? Não, não é isso. A gente até comentou, né? A questão de que existe uma certa... Como é que eu vou dizer? Não é só Nordeste e Sul, não. Acho que tem uma diferença de interior para mundo urbano. Com certeza, com certeza. Então, assim, quanto mais urbano, mais artificial. Não só o ambiente, mas mais artificial também as relações. Mas alijadas da realidade estão as relações. Tanto que um dos choques culturais que eu tive ao começar a frequentar São Paulo era
a maneira como as crianças eram tratadas à mesa, né? A maneira como elas mandavam na mesa. Assim, ter 200 tipos de comida porque tinha duas pessoas que tinham coisas muito específicas, não podia comer isso. A comida tinha que ser passada desse jeito, né? Assim, eu fui educado meio que: "Está na mesa. Se você não come, você morre." Então, assim, é meio que uma lei da selva essa. E aí você aprendia, né? Não é porque faltasse, obviamente... É bom explicar porque o pessoal me vê com esse... Eles acham que eu moro no Alto da Compadecida, né?
Então, não é assim que funciona. Mas não é... Não, assim, carregar latas e caminhar quilômetros para beber água nunca tive problema com isso. Mas é que existe mais uma cultura de praticidade. Ou pelo menos existia, né? Obviamente que... Como eu disse, quanto mais urbana a cultura vai se tornando, mais artificial ela vai se tornando também. Bom, a última regra é: acerte um gato a encontrar a encontrá-lo na rua, que é uma regra engraçada, né? Mas, no fundo, ele faz aqui um ensaio sobre o mal, né? Sobre por que o mal existe e como você tem
que reagir a ele, citando Dostoiévski e tal. Ele só botou um título, não, mas fala do mal. Não é só falar sobre ele; ele fala sobre a natureza do mal, né? Que coisas assim, quando você tem que aproveitar o bem e perceber que existe uma ordem nas coisas e não se sentir mal, e não se sentir desesperado pelo mal existir também, né? Que, na verdade, é o grande desafio de todo mundo, né? A grande pergunta que está na nossa cabeça para todo é: assim, se Deus é bom, por que é que o mal existe? E
se Deus é bom, por que é que adoecemos e morremos? Se Deus é bom, por que é que eu sofro? O mal, ele é meio escandaloso; existe um escândalo do mal, né? Por que é que o mal existe? E na sua cabeça a pessoa pensa assim: Deus deixou o mal existir, mas se eu fosse Deus, eu não deixava. No final, toda a disputa sobre o mal é uma disputa assim: Deus errou? Se você cavar mais um pouquinho, é assim: ele disse que vocês iam morrer? Não, ele mentiu. Vocês serão conhecedores do bem e do mal.
É o sussurro luciferino, né? Não, Deus mentiu. Deus é mal? Você tem como ser mais justo do que Deus? Você tem que ser mais providente do que Deus? Você tem como ser mais misericordioso do que Deus? Então esse escândalo do mal é, na verdade, o problema fundamental humano, né? E meio que uma solução que ele dá é: cara, "acar o gato" né? Apareceu e você aproveita todas as oportunidades de bem ali. É nos Irmãos Karamazov, pressuposto que ele utiliza, inclusive, que a questão sobre o mal, porque o mal humano decorre do livre-arbítrio. Você já teria
como ter um homem que não faz o mal, mas você teria um personagem de videogame; você teria um homem totalmente controlado. Você ser livre implica a possibilidade de você fazer coisas que não são boas. Então, a gente fala que a culpa é das estrelas, a culpa é não sei o quê, mas a culpa é nossa. Então, o primeiro problema é que somos nós que erramos. Só que essa... quando você odeia, então, o livre-arbítrio, você odeia o próprio homem, não é? Antes, não é só que você odeia a Deus. Eu tive até essa discussão com um
amigo meu. Fala: olha, ele chegou para mim e falou: "Deus é mal porque ele permite o mal." Eu falei: mas os homens fazem o mal. Ele fala: "Os homens não deviam poder fazer o mal." Falei: então, o que você odeia não é tanto Deus quanto você odeia a própria natureza humana. Você está odiando a humanidade. E aí ele olhou para mim e ele teve quase um choque, assim, porque ele falou: cara, eu nunca nem tinha parado para olhar sobre esse ponto de vista, que eu estava com ódio da humanidade, eu estava realmente odiando o fato
de existir um homem. E, no fundo, tinha até uma raiz que ele mesmo falou depois: eu odiava a mim mesmo, na verdade, porque eu odiava as escolhas que eu fiz, né? As coisas que eu fiz erradas e eu começava a me odiar. E esse é um amigo meu que, inclusive, ele era um ateu radical; ele queria fazer uma revolução comunista na... na Mahra, ele se converteu depois. E eu lembro de estar conversando com ele até essa regra. Olhei, numa época parecida que eu estava conversando com ele, e aí eu olhei e falei: cara, a grande
questão é que... e o mal natural também, né? O mal natural, as pessoas falam do mal natural, que é, sei lá, enchentes e outras coisas. Mas se Deus não existe, aí que não tem redenção para esse mal. Agora, a partir do momento que você entende que Deus existe, você se compadece do sofrimento das pessoas que sofrem numa enchente ou numa tragédia natural. Imagina o próprio Deus. Quer dizer, a sua preocupação deveria ser muito mais com as pessoas que estão bem do ponto de vista material, mas com a alma corrompida, com a destruição de si mesmas
praticando o mal, do que com as pessoas que estão sofrendo de maneira temporal. Na verdade, essa vida é efêmera perto do que é uma eternidade, né? É tudo perto da eternidade, é nada, né? É nada, é pequeno. Então, na verdade, existe uma redenção para as pessoas apenas na existência de Deus, a partir do momento do mal natural e o mal humano. E isso, ele fundamentalmente decorre da própria natureza. Ô Guilherme, só um parêntese: tem um ponto também na questão da liberdade, você falou, né, de odiar o homem que é o seguinte: se você não é
livre para rejeitar o mal, você também não é livre para amar. Olha, se tem um negócio que você não tem, assim, você não tem acesso ao amor do outro. Cara, você não pode forçar ninguém a te amar. Assim, você não tem acesso ao amor do outro. Você pode criar, assim, um cenário, criar situações para outra pessoa de livre vontade lhe entregar o amor, mas você não tem como forçar ninguém a amar. Até a Escritura diz: se você tentar comprar o amor, será tratado com desprezo. Não tem como. Isso acontece: esse núcleo de liberdade é próprio
do amor. Quando o padre chega lá e diz assim: "É de livre e espontânea vontade que o fazes", aquilo não é um rito tolo; aquilo ali é uma averiguação de um dos elementos do sacramento. Quer dizer, sem a liberdade, você não tem o sacramento. O amor é necessariamente livre. Então, Deus não podia, ao mesmo tempo, ser amado se ele não tornasse as criaturas livres para rejeitá-lo. Aí você pergunta: "Até que ponto Deus deu liberdade ao homem?" Até o ponto de matá-lo, meu filho. Pronto! Até esse nível de liberdade: a rejeição, até o assassinato dele mesmo,
até o assassinato do nosso Senhor. Pronto! Esse foi o nível de liberdade. Então, você só pode amar porque você é livre para rejeitar o amor. Não é que o mal é algo, né? Não existe o mal como substância. O mal é um tipo de ausência, mas a única maneira de Deus ser é se nós tivéssemos a liberdade de recusar a bondade. Senão, nós não seríamos bons; nós seríamos bonequinhos de videogame, nós seríamos escravos de um bem do qual nós não conseguiríamos escapar. E aí a gente não teria como ter amor; o amor seria impossível na
ausência de liberdade de rejeitar o amor. Se você acariciar o gato na rua, você está se reconectando com a ordem natural. Primeira coisa: você voltou à realidade. Existe algo fora de mim colocado pela natureza, ordenado por Deus, para estar aqui nesse momento, que pode me atacar. Inclusive, o gato pode te revidar na pancada; o gato faz isso de vez em quando, dependendo da situação. Ele pode simplesmente lhe ignorar solenemente; é mais comum ainda ele só vazar: ele olha para você, levanta e vai embora. Mas isso é algo que você está dando um salto de fé;
sim, você parou e falou: "Eu vou acariciar esse gato." É até engraçado naquele filme "O Cavaleiro das Trevas Ressurge", é sobre esse salto de fé, né? E tem a Mulher-Gato no filme também, que é muito engraçado, que ela rouba, e ela só quer resetar a vida dela. E ela tem esse afastamento, esse próprio do gato, inclusive próprio meio felino. Um dos itens é que você tem que dar o salto de fé, que é não ter a corda para fazer o salto; é você não ter as amarras. E aí tem muito tema da fraqueza das pessoas,
que serão fracas, não aceitarem a realidade, os ideais, né? Que estão com medo toda hora: "Ah, não, não podemos ser radicais, não sei o quê." E aí, claro, o mal vai triunfando na ausência dos bons, os bons não fazendo nada, né? O mal se manifesta ali bastante, de maneira revolucionária, inclusive na sociologia. Olha, tem tribunal revolucionário; tem o espantalho que vira o juiz. É fascinante essa coisa do universo revolucionário, como a institucionalização do mal é um tema muito interessante. Mas uma das coisas que me choca ali é essa cena em que ele tem que saltar.
É que, para o gato, é um pouco saltar. Chega um momento em que essa discussão do tipo "o mundo é mal" ou "o mal está presente", "Deus é mal", "Deus me odeia", "Deus não sei o quê". Chega um momento em que, no fundo, o que está acontecendo é que você está se colocando numa prisão materialista. Você está vendo o mundo de uma maneira extremamente limitada e, quando você dá o salto para fora dessa prisão, você fala: "Cara, chega! Eu estou fora." O cara fala, né? "Eu vou te colocar nessa prisão porque ela é a pior
que existe, porque ela tem esperança." A pior coisa que existe é esperança, porque a prisão é pior, porque todo mundo olha para cima e pensa: "Pô, é só eu escalar que eu vou embora." Essa seria a pior tortura, né? Você ter a esperança de sair do lugar. E a coisa bonita da esperança é que, a partir dela, você consegue vencer a dificuldade de fato. Então, o medo das pessoas em relação ao cosmos, né, é que seja uma grande história de Papai Noel. O cara pensa: "Não, é uma promessa bonita; tem uma promessa bonita do bem,
mas é tudo falso, é tudo mentira, não tem nada do outro lado." A forma como você aprende que a promessa cósmica não é falsa, de que existe uma ordem divina que guia a sua vida, é que, se você der pequenos saltos — que é a história do livro — eles vão começar a entregar resultado real. O bem começa a acontecer. Dois pequenos saltos: você arrumou o seu quarto, você vai começar a ver um bem; você começou a ajudar um cara, você vai ver o bem; você vai pegar o gatinho, você vai acariciar ele. Ele vai
responder de maneira positiva; você vai ver um bem. Você vai começar, você vai cair de skate, tombar, vai machucar o pé, depois você vai andar de novo. Você vai ganhar um bem; você vai ver um bem. Todas as coisas, ou seja, tomar risco depois verá um bem. No final das contas, é sua masculinidade, como você muito bem falou: quando você para de mirar seu filho, você vai ver um bem. Todas essas regras, o conjunto delas, é um grande caminho para você ver como pequenas vitórias e pequenos crescimentos em hierarquias mostram para você uma grande pedagogia
de que essa ordem última do bem que vai até o sentido último da vida e todas as coisas. Ela existe, sim. Então, a pequena vitória é uma pedagogia pra vitória última, né? Sim, é um caminho de maturidade também. Olha, eu realmente acredito que a maturidade, assim como a sanidade psíquica, ela tem três níveis, né? O primeiro nível da sanidade psíquica é a maturidade; o indivíduo maduro alcançou o primeiro grau de sanidade. O segundo grau de sanidade psíquica é a sabedoria, e o terceiro grau de sanidade psíquica é a entidade. Então, o mais elevado é o
santo, depois o sábio e o maduro, né? Só que, assim, para você, quem pode o mais, pode o menos; mas quem pode o menos, geralmente, não pode o mais, né? Então, esse caminho aqui é basicamente um mapa, né? Simples, mas ao mesmo tempo com implicações profundas do que deve ser a vida de alguém maduro. Quer dizer, isso aqui é o mínimo que alguém tem para ser um pouquinho são, para alcançar um certo grau de sanidade psíquica. E não é à toa que fez o sucesso que fez, né? Obviamente, é um livro de alcance popular. Tipo,
a gente às vezes fala muitas coisas aqui porque nós estamos tirando implicações de outras leituras, de outras coisas, né? Da obra introdutória. É feito para ser introdutória, exato. Ele não é um tratado; quem quiser algo mais profundo dele, vá no mapa, nesse tipo de livro. Mas esse tipo de livro tem um papel muito importante, claro! Ah, porque são 12 regras; é o livro de autoajuda, é o livro de não sei o que, que é extremamente útil. Na verdade, começar pelo básico — a ideia de que todo mundo tem que começar — beleza. Deriva uma visão
ética para a sua vida. Eu te dou "Os Irmãos Karamazov". Maravilha! Tem gente que vai ler "Os Irmãos Karamazov" e deveria ler; eu sou maior propositor, e o cara vai compreender perfeitamente tudo que está ali e tal. Mas, por vezes, o cara não está arrumando o quarto, entendeu? E o cara realmente não botou em ordem o básico da vida dele. Então, ele queria entender "Os Irmãos", lê aquilo, e não está compreendendo. E é óbvio que isso aqui tem coisas mais profundas de substrato, né? Por óbvio, se você não consegue perceber, veja: se você ler isso
aqui e não consegue perceber o que está na base desse negócio, é porque o seu alcance era só isso aqui mesmo. Você não precisava de mais do que isso, não se você não consegue perceber. Agora, se você quiser algo mais, um pouco mais profundo dele, tem um mapa, significado, que é um calha massa, assim. Aí já é outro tipo de obra, onde ele dá um tratamento mais à questão simbólica e tal. Mas eu realmente recomendo "12 Regras para a Vida". Ah, saiu o livro dele "Who Wrestles with God"? Não sabia que tinha saído. Agora, está
saindo, não sei se foi lançado já, né? Mas eu acho que já tem tradução. Não sei, não sei; eu estou sem informação. Vamos ver aqui now. O interessante desse livro, né? Então já foi publicado em... Eu não li esse livro ainda, "Her R of God". Ele fez uma turnê mundial, né? Fez. Mund ano passado, 19 de novembro de 2024, foi a primeira publicação. Mas o interessante desse livro, claro, passa muito por essa jornada agora espiritual dele, né? Isso aqui é um cume natural, cara, porque é óbvio, né? O ponto de você começar a viver virtudes
é que, por óbvio, vai começar a pensar de onde vieram essas virtudes, né? Eu acho que ainda não saiu a tradução, mas já saiu em inglês. Mas podem me corrigir se o pessoal aí do YouTube... Sem dúvida, corrige qualquer coisa. Mas pelo que eu entendi, as notas da comunidade aí no chat... Notas da comunidade vão corrigir. Mas pelo que eu vi, só tem a versão em inglês ainda. De qualquer maneira, naturalmente, você seguindo as virtudes, começa a perguntar de onde vieram as virtudes. Eu acho que esse é um ponto óbvio: a pergunta espiritual vem depois
da pergunta do desenvolvimento básico. Porque você fala: "cara, mas tudo bem, isso aqui eu vejo que eu sigo, faz o bem, e a minha vida melhora. De onde vem esse bem? Qual a fonte? Para onde ele termina?" É uma pergunta, é uma consequência lógica, né? Você não precisa... Por que as coisas são como são, né? E não de outro modo. As coisas são como são e não de outro modo. Quando você fala que virtude leva à maturidade, e que o livro é um manual de maturidade, é Aristóteles. Aristóteles fala exatamente isso. Fala: "olha, a partir
do momento que você vive as virtudes, você vai ser um homem maduro." E quem tem que governar, que tem que liderar, é o homem maduro, porque senão só vai ser governado pelo homem imaturo. Pega a lista dos líderes e dos políticos atuais: quantos por cento estão no espectro da maturidade? Quantos por cento estão no espectro da imaturidade? É uma loucura, cara, uma loucura! Nunca... Assim, se você pegar a quantidade de líderes imaturos que tem no Ocidente, é gigantesco. Porque, assim, uma coisa é você estar errado, outra coisa é você ser imaturo. São coisas distintas, né?
Uma pessoa muito sábia pode errar. A questão não é essa, mas a imaturidade... A gente está jogando em outra clave; é outra coisa. Não, até essa cena que eu vi do Trudeau tentando lacrar em cima do Xi Jinping... O Xi Jinping, com aquela cara que não muda, cara, ele pode ficar três horas com a mesma cara. Ele fica assim, né? Tem até um vídeo dele falando: "Nós vamos esmagar a cabeça de vocês." Tipo, ele com a cara assim, a mesma. Expressão assim, tipo, o negócio: o cara não muda, e aí o outro… hum, não sei
o que, parece outro, ou ele… G, que parece muito filho do Fidel Castro, né, que aliás é uma… a xim cara. Agora, bota o Trudeau e o Fidel Castro também na… É bem parecido, né? Não é por nada, mas é bem parecido. E saiu, né? O Trudeau saiu, saiu, saiu, e o Jan Peterson foi uma parte razoável do porquê o Trudeau saiu. Também não é o único fator, mas assim, contribuiu, né? Tá ali como o fato mais famoso do país, e claramente apontou várias coisas que foram inconvenientes pro primeiro-ministro revoltado, né? O Trump também contribuiu,
obviamente. A eleição fala, o Trump tá S eleito. Claro, contribuiu. Bom, mas é isso. É isso, gente! Tem alguma pergunta sobre o… o craps? Tem uma minha, então manda! Eu queria saber qual é a melhor maneira de eu implementar as regras que faltam na minha vida. Se eu posso implementar todas de uma vez ou eu faço exercícios diários, pego uma por uma ali e vou tentando tornar elas partes da minha vida. Quero arrumar a vida e olho para esse livro e falo "tá, por onde eu começo?". Bom, a minha sugestão seria fazer, em primeiro lugar,
pegar uma nota, um negócio pra anotar e colocar os objetivos que você quer colocar em ordem. Lista ali então primeiro você lista geral, fala coisa de três, no máximo quatro. É isso, nunca mais que isso, porque quando você bota "quero colocar 28 objetivos na minha vida", isso é fake. O que você pode fazer são desdobramentos desses quatro, porque aí você vai depois colocar o que você vai fazer para melhorar esses quatro. E o mais importante, nesse - o que você vai fazer para desdobrar esses quatro - são hábitos que são de frequência, preferencialmente diária ou
com uma certa periodicidade. Então, você escreve lá a periodicidade que você vai fazer. "Ó, quero botar a leitura na minha vida". Então você vai escrever "granula leitura", e depois você vai colocar embaixo o que você vai fazer para concretizar a leitura. Você vai botar assim: "Lê todo dia, das 9 às 9:30." É bem concreto. Aí, segunda coisa, faz a lista dos livros que você vai ler e coloca a lista em ordem, e aí todo dia, das 9 às 9:30, você vai ler aquele livro. Vai falar "arrumar a casa". Então, beleza, você vai escrever ali e
falar: "Ó, eu vou fazer uma limpa geral em todas as coisas aqui, começo com uma limpa geral e, depois, a cada tanto tempo, eu vou repetir, uma vez por mês eu repito essa limpa geral." Eu vou… deixa eu ver… tem de tudo aqui, né? Tem todo tipo de coisa, amizade, eu vou agora dedicar tempo toda semana às pessoas que realmente me engrandecem. Assim, eu vou dedicar, vou me doar às pessoas que me engrandecem toda semana. Eu colocaria metas bem concretas e pequenas, e aferições de resultado que podem ser aferidas. O ideal pode ser grande, mas
a meta tem que ser pequena. Geralmente, a galera inverte, né? Ela faz uma meta gigantesca pro ideal ridículo. Não, o ideal tem que ser muito elevado, mas a meta tem que ser pequena. A grandeza parte da humildade, não tem como ser grande sem ser humilde. Isso é… E aí a galera quer fazer muita, como botar 30 metas. Você não vai fazer nenhuma! É três, quatro exatamente. E tem um outro ponto também, desculpa, como Cratos... Ah, entendi a referência óbvia, né? O nome da hora, né? Me Cratos, que é o seguinte: cara, todo mundo sabe o
que precisa melhorar, sabe? No fundo, a gente sabe. Todo mundo sabe de coisas que precisa se livrar, todo mundo sabe de vícios que… porque o cara cria certos rituais. Veja, ninguém se torna um excelente indivíduo mau em alguma coisa sem ele ter treinado para ser mau daquele jeito. Pode ir atrás de todos os vícios e as coisas que você quer se livrar. Tem um ritual específico. Você tem uma liturgia para fazer aquilo. Aí, sei lá, amanhece você faz tal coisa, faz tal coisa, faz tal coisa. Eu sugeriria perceber esses ritos viciantes. Ou, pelo menos, esses
ritos viciosos e começar a quebrá-los, entendeu? Ah, eu perco muito tempo no celular. É simples! Eu tenho que fazer votos de não cumprir o rito de só entrar no banheiro se levar o celular, porque você tem todo um rito de perder tempo ali no negócio. Então, você começa a quebrar esses ritos e você vai notar que esses ritos estão tão enraizados que é como se fosse uma plantinha, assim, que é impossível você arrancar sem trazer uns pedaços de terra juntos, sabe? Não tem como você arrancar esses vícios sem arrancar uns pedaços de você junto. Então,
está disposto à dor de não ser um viciado. Isso aqui é um ponto! E identificar esses rituais, né? Para somar com o que Guilherme falou, eu alternaria entre coisas que você gosta, mas que você pode se desenvolver mais, e coisas que te doem. E outra coisa... não só tirar aqui, é um outro ponto também substituir. Só é destruído aquilo que é substituído. Então, importa às vezes mais você substituir aquilo por hábitos reais do que você só ficar se lamentando, porque é tão mau. Beleza, a gente já sabe que é mau, mas vai substituir como? A
realidade vai chegar como? Então, acho que esse é um ponto. É isso! É isso, senhores! Obrigado demais aí pelo papo. Acho que foi bem elucidativo, elucidador, né? E agora é contigo! Com vocês aí, digam aí os arras, sites e o que... Voces queiram divulgar? E se tiver alguma ponta solta, agora é a hora. Obrigado demais! Muito bom. Bom, eh, pessoal, pode encontrar meu trabalho em Guilherme Freire. Tem Filosofia do Zero, ponto com, ponto br; tem Guilherme Professor, Guilherme Freire, ponto com, ponto br; tem a... mas basicamente o principal do meu trabalho aberto é o Instagram
e o YouTube. YouTube: Guilherme Freire; Instagram: Guilherme FCL Freire. E o principal trabalho, pelo menos online, assim, o EBV tem lá o Instagram EBV oficial, mas a gente não posta nada. Tá lá só para o cara poder mandar uma mensagem em busca da verdade. O principal trabalho online é o Filosofia do Zero. Acho que todo o principal material tá lá, Filosofia do Zero, então o pessoal pode ir lá em Filosofia do Zero. É sempre uma alegria estar aqui. E aqui no Inteligência Limitada mesmo, a pessoa pode assistir. Tem entrevista com milhões de visualizações, tem de
tudo. Tem, não falta material. É... podem me encontrar lá no Instagram: Pedro Augusto Underline PS e também no YouTube. Ah, ou podem me encontrar também no DPA, que é o Direção Pedro Augusto, né? Uma escola de maturidade, desenvolvimento pessoal e espiritual, que é uma assinatura. Então esse é o principal trabalho de assinatura e trabalho grátis lá no Instagram e também no YouTube. Tá certo? Um prazer! Prazer demais aí. Obrigado, Prero! Obrigado, até a próxima então, Guilherme. Obrigado! Vocês também estiveram aqui com a gente. Espero que te ajude muito esse vídeo, eh, e agora é com
o Kratos, né? Você sabe o que você tem que falar agora, né? Antes de agradecer, né? Insider que tá aqui, parceirona: usem nosso cupom! Aí ajuda a fazer episódios especiais como esse. Link na descrição, que rec na tela: cupom INTELIGÊNCIA, que dá 15% de desconto! Exato! E também lembrar para quem ainda não é inscrito se inscrever no canal, deixar o like. Deu like? Dá like agora, antes de você sair do vídeo. Dá tempo, cara! Isso ajuda pra caramba! E compartilha o vídeo! Você prestou atenção? Não? Eu percebi! Você tava ligadão! O que o pessoal escreve
nos comentários pra provar? Chegou até o final dessa conversa? Pra provar que você chegou aqui, deixa nos comentários aí: "Franguinho do Calebe". Escrevam "Franguinho do Calebe" nos comentários e a gente sabe que você chegou até o final. Fiquem com Deus! Beijo no cotovelo e tchau! E que bom que vocês vieram! Valeu! As opiniões e declarações feitas pelos entrevistados do Inteligência Limitada são de exclusiva responsabilidade deles e não refletem necessariamente a posição do apresentador, da produção ou do canal. O conteúdo aqui exibido tem caráter informativo e opinativo, não sendo vinculado a qualquer compromisso com a veracidade
ou exatidão das falas dos participantes. Caso você se sinta ofendido ou tenha qualquer questionamento sobre as declarações feitas neste vídeo, por favor, entre em contato conosco para esclarecimentos. Estamos abertos a avaliar e, se necessário, editar o conteúdo para garantir a precisão e o respeito a todos.