A BNCC de fato retoma a proposta que já apontavam os parâmetros curriculares nacionais, ou seja, trabalhar a gramática de forma contextualizada. E pensando em toda a trajetória. .
. em todo avanço que houve com a metodologia de ensino da língua portuguesa, não dá mais para pensar num ensino de gramática que seja estanque, em que o aluno vai aprender regras de concordância sem depois utilizá-las na sua produção. A Base Curricular traz um ponto muito importante.
. . que é a centralidade do texto.
Todos os conteúdos, objetivos, habilidades, procedimentos partem de um trabalho com o texto. Por quê? Porque é no texto que a língua se concretiza.
E mais ainda são nos gêneros de texto que a língua se concretiza. Eu acho que a escola tem que trabalhar com uma variedade de gêneros. Isso é muito importante.
Mas cabe ao professor escolher alguns desses gêneros, dessa variedade, para ele aprofundar, verticalizar o estudo, porque ele não vai dar conta de verticalizar todos os gêneros. Então, e pensando na formação da cidadania, eu escolho, no 9º ano, alguns gêneros que busquem formar o aluno também como cidadão. Dentre esses gêneros, um gênero por excelência é o artigo de opinião.
Eu busco trazer para o aluno diferentes exemplares do mesmo gênero para que ele possa conhecer de que forma esse gênero se constitui linguisticamente tendo em vista os diferentes autores, quer dizer, não pegar um único autor, um único exemplar. Mas, para tomar contato com esse texto, para compreender bem esse texto, o que nós fizemos antes? Pode falar, Marina.
A gente viu os conceitos que a gente ia precisaria saber para conseguir entender o texto e que a gente não sabia. Isso, por exemplo, que conceitos? É.
. . tirania.
Quem era o Daniel Ortega. Os gêneros são sempre trabalhados dentro das sequências didáticas. Num primeiro momento, quando eles começam a entrar em contato com o gênero, eu procuro trabalhar com eles a importância social desse gênero em que espaço ele circula, quais são as condições de produção desse texto, quem são os leitores que buscam fazer o uso desses gêneros.
Mais um exemplo, agora no terceiro, desculpe, no último parágrafo. . .
de retomada de ideias. Fala, So. Algo assim?
Algo assim. Algo. Outro pronome, que serve para retomar uma ideia que apareceu antes.
O trabalho com a leitura se dá em várias camadas. Uma primeira camada é a compreensão do texto, aquilo que a gente faz a primeira vez que lê um texto. Depois a professora Jaqueline vai olhando para os efeitos de sentido e analisa quais regras gramaticais estão sendo utilizadas para provocar aquele efeito.
Com isso ela ajuda o aluno a ter consciência de como é que o autor usou a regra e a utilizá-la na produção dos seus próprios textos. Qual o papel das adjetivas nesse momento? Ana.
Fazer uma contextualização? Ajudam na contextualização, ou seja, elas. .
. . explicam.
Explicam ou apresentam quem é. . .
. quem? O.
. . Daniel Ortega.
Ela têm esse papel de expandir informações a respeito do Daniel Ortega. Concordam comigo? Muito bem.
Quando nós vamos discutir quais os recursos linguísticos dos quais o autor fez uso para construir a argumentação, qual é o objetivo? É fazer o aluno perceber que tudo aquilo que ele vem estudando na gramática ao longo dos anos, esse conhecimento linguístico deve ser usado no momento em que ele vai tomar contato com o texto. Então ele perceber que desde a seleção lexical dos substantivos aos adjetivos, das escolhas que ele faz acerca dos tipos de construções de períodos que ele vai.
. . que estão presentes ali, tudo isso tem uma importância muito grande, tudo isso é estratégico, não é uma escolha que o autor do texto fez por acaso, mas que existe uma intencionalidade que perpassa todo o texto.
Agora vocês já estão também planejando seu texto. Vocês também vão produzir um artigo de opinião. Até agora a gente fez um percurso como leitores do gênero.
E agora? Nós vamos nos tornar produtores do gênero. Nós vamos também criar outro.
. . criar não, fazer uso de um outro repertório que nós estamos construindo nas aulas de língua para poder produzir os nossos textos.
Quando eu vou trabalhar com eles a produção de texto, de certa forma eu retomo as mesmas etapas que eu fiz com relação à leitura. No primeiro momento, é discutir com eles temas que estão vinculados à realidade, temas que possam ser discutidos. .
. que possam contribuir para essa formação da cidadania. O tema que eu escolhi é a liberação da caça às baleias em Florianópolis.
Foi recusada a liberação em Florianópolis, mas causou grande polêmica. E também eu pesquisei algumas propostas. .
. alguns objetivos que o Japão tem com essa liberação. .
. . Enquanto ele faz a primeira versão, o aluno pode dialogar com seus pares, dialogar com o professor, ou seja, a produção de texto pressupõe também uma atividade colaborativa, diferentes olhares, não só o meu, mas também dos colegas.
Feita essa primeira etapa, o aluno entrega para mim a primeira produção e eu procuro fazer uma correção que não seja uma correção pura e simplesmente voltada a questões notacionais, mas eu procuro fazer uma correção que seja orientadora para que ele possa realmente melhorar o seu texto em tudo aquilo que seja necessário. A professora Jaqueline desenvolveu uma sequência didática para o trabalho com artigo de opinião. Numa sequência didática, a gente articula a oralidade, a produção de texto, a leitura e a análise linguística.
É preciso desenvolver sequências didáticas com muitos gêneros de texto para que a gente amplie o letramento desses alunos e os tornem habilidosos, capazes de escrever e ler muitos gêneros de texto. O professor não é só aquele que vai conduzir a aula que vai orquestrar todas as atividades O professor vai ser aquele que vai possibilitar com que essas potencialidades venham fora, para que o aluno perceba que tudo aquilo que ele constrói nas aulas se tornou o arcabouço do qual ele vai fazer uso para se colocar no mundo, para expressar sua opinião, para ter uma voz. E isso vai ser o exercício que ele vai levar para a vida toda, que não vai se limitar a sala de aula.