conhece te a ti mesmo é uma inscrição que estava aposta numa das paredes do templo de apolo em delfos [Música] essa inscrição recebeu muitos significados na antiguidade mas ela é uma das motivações principais do filosofar de sócrates é e também ela vai ser um vetor de reflexão para platão com essa inscrição nós colocamos a seguinte questão quem somos nós e o que nos define como pessoas será que o que nos define é a nossa alma segundo aquilo que os antigos que chamavam de alma ou seja se complexo das nossas forças psíquicas é e da nossa
interioridade em suma será que é o nosso corpo ou será que é o composto das duas coisas bem o fédon de platão vai justamente tratar dessa questão é o que é a alma se ela é imortal em última instância se o ser humano tem um destino a imortalidade se resta é algo em nós que sobrevive a esse nosso ser sensível ou se nós simplesmente nos dissolvemos e desaparecemos essa é uma questão que toca a todos nós então sócrates vai justamente dizer que no início do feder que a filosofia é uma meditação sobre a morte o
que significa isso bom então o fédon é um diálogo que faz parte do ciclo dos diálogos de platão é que nós chamamos sobre a morte de sócrates então justamente a cena inicial do fédon é a cena de sócrates já preso ele havia sido acorrentado e ele está rodeado pelos seus discípulos e pelas suas pelas pessoas do seu círculo e então ele está se disse pedindo ele vai fazer o último diálogo com os seus discípulos de despedida a questão da morte e é lógico então é premente porque sócrates está a às vésperas de ser executado isto
é de tomar o veneno a cicuta é aqui ele tinha sido então condenado pelo tribunal é muito interessante nós pensarmos que por exemplo no discurso de defesa de sócrates diante do da assembléia de atenas diante do tribunal que estava julgando na apologia de sócrates e platão sócrates diz que a morte para ele é um enigma ele não sabe se a morte é a aniquilação total do ser ou se a morte é o convívio com aqueles grandes homens que nos precederam com as pessoas que nós admiramos e também a felicidade da de uma maneira eterna isto
é na imortalidade nas naquilo que a mitologia grega chamava das ilhas dos bem aventurados é e então haveria uma felicidade pós morte ou seria uma espécie de condenação pós mortem também ele diz que ele não sabe isso mas entretanto ele justamente porque ele não sabe ele não teme a morte agora no fédon justamente o que vai ser dito por sócrates é que é haverá precisa haver uma reflexão sobre a alma sobre o corpo e se a alma então é imortal então o vetor de reflexão agora de platão vai mudar justamente a partir de um núcleo
de preocupações que platão vai herdar da escola chamada pitagórica para a qual a alma é imortal nós sobrevivemos se não na nossa personalidade mas a alma do ser humano sobrevive é após a morte após a dissolução do corpo ea alma também transnístria de corpo a corpo ela pode retornar por exemplo na forma de um animal na forma de outros seres humanos mais elevados ou eventualmente se unir ao mundo do divino então é isso que os pitagóricos chamavam de metrô em psicose isto é a transmigração das aulas então sócrates o diálogo se abre com essa cena
patética de sócrates se despedindo é dito que somente platão não estava isso é uma frase que ficou bastante conhecido e citada do fédon porque se remete essa ausência de platão da personagem da personalidade de plantão nos diálogos e também é isso se refere a esta linguagem sempre indiretas é essa narrativa indireta sempre que platão usa nos seus jogos o ferguson é também narrado por uma outra é por um outro o discípulo e cats que estava curioso de saber o que havia acontecido nos momentos imediatamente anteriores a execução de softwares então começa o diálogo nessa mesma
me lancei nessa mesma encenação é a uma referência também religiosa que está sempre presente no fédon é justamente o momento em que uma profissão sagrada vem de creta para atenas e creta que é um marco também religioso na religião tradicional grega e platão está dialogando com toda essa tecnologia também com toda essa religiosidade é da tradição a que ele recebe então sócrates está ali cercados seus discípulos vem algumas mulheres e começam a chorar e ele disse para que elas é falar para elas não chorarem porque há a vida do filósofo não é nada mais do
que uma preparação para a morte então elas não deveriam chorar o contrário agora o filósofo estará chegou ao termo de toda de todo um processo é de meditação ou de reflexão ou de preparação então ele dispara morte a expressão é só pra fazer uma referência à expressão grega elektro tanato omelete fica não propriamente uma meditação no sentido em que nós entendemos hoje mas precisamente a idéia de que haverá toda uma reflexão sobre o sentido da vida sobre o sentido da morte então não se trata propriamente de dizer que para platão ao contrário como se fez
essa oposição a algumas vezes é ao contrário de espinosa para quem a filosofia era uma meditação da vida para platão então seria uma meditação da morte contrário é uma meditação justamente sobre o significado desta passagem da nossa alma no corpo desse composto que nós somos ou seja as nossas energias psíquicas e a nossa corporeidade e esse algo que em nós sobrevive e o que definir efetivamente a nossa personalidade e portanto como eu disse lá no começo essa pergunta o a ha ha conhece essa questão conhece te a ti mesmo é quem somos nós ela vai
então como disse atravessar o feto então agora é diante da interrogação de dois discípulos é também da escola pitagórica dois filósofos pitagóricos mais jovens que são ceb cecílias é vai começar toda uma reflexão sobre a imortalidade da alma só que também se remete à idéia de que esse será o último canto é do filósofo como o último canto como se fosse o último canto do cisne porque o cisne seria aquele a muitas interpretações sobre isso mas aquele aquela ave que ao morrer faz realiza o seu canto mais belos eu canto mais agudo então alguns dizem
que seria porque o cisne estaria sofrendo pela morte mas só quer dizer disse que não seria justamente porque o cisne sabe que ele está próximo do seu patrono que é apolo após o sismo é também símbolo do deus apolo que também é um deus muito importante em relação ao patrocínio da filosofia socrática e justamente no templo de apolo que está aqui a inscrição conhece te a ti mesmo agora só que vai dar uma série de argumentos sobre a imortalidade da alma nós podemos mais ou menos resumir em quatro argumentos primeiro momento que só que vai
dizer que a alma imortal porque é a nossa nosso corpo ea nossa alma nosso ser está mergulhado na natureza ea natureza é um processo de de vir e é um processo de alteração de contrários então cada contrário gera o seu contrário a um processo contínuo de contradição 11 um fluxo contínuo e portanto assim como a vida gera a morte a morte também gera vida ora nosso corpo se dissolvendo isso que não é sensível que é a alma prevalece permanece é e ao permanecer então ela gerará no seu ciclo uma outra vida a alma então sobrevirá
vai sobreviver por causa justamente dessa sua característica não composta simples totalmente mas também sobretudo esse primeiro argumento o argumento dos contrários sobretudo porque cada contrário já no seu contrato há uma interrogação desses interlocutores de sócrates e aí é dado o segundo argumento segundo argumento é o argumento da assim chamada anamnese ou seja da recordação a alma imortal porque a conhecimentos em nós que se produzem sem contato com o sensível e isso significa que a alma já conheceu algo antes da sua existência terrestre e ela simplesmente no processo de conhecimento está recordando aquilo que ela já
contempla ou isto ela contempla ou as idéias das coisas e aí se coloca também uma questão fundamental no fédon que são as idéias há a teoria platônica famosa teoria platônica das idéias então a alma imortal porque ela se recorda daquilo que ela já contemplou e aí esse enunciado também muito conhecido do pensamento platônico que conhecer é recordar esta anamnese ou seja essa recordação da alma daquilo que ela já contém luan antes de estar presente neste corpo também já foi tratado num outro de água que é o menu mas lá há o argumento de platão era
outro aqui justamente vincular platão vincula é é é a imortalidade da alma a idéia de que conhecer é recordar e um outro argumento que vai ser dado é que justamente também a alma não sendo composta ela não pode dissolver ela não é o que se dissolve o que se desentendeu corpo porque o conta um composto mas a alma não é hora justamente essa simplicidade da alma e essa esse caráter inteligível é imaterial da alma a assemelha às formas então a alma tem um parentesco aquilo que se chama no diálogo de se enganem ou seja uma
similitude uma imitação mas essa limitação uma espécie de natureza similar às formas ora as formas assim como as entidades matemáticas são imortais elas não dependem de nós pensarmos a a as formas ou seja que são as formas as idéias ou formas são as coisas pro vidas da sua identidade mesmo são as essências das coisas então por exemplo nós contemplamos muitos seres humanos mas existe uma essência da humanidade não é então essa essência da humanidade é a forma do ser humano é existem muitas coisas que são iguais mas existe a igualdade que é aquilo que permite
que nós comparemos as coisas que são iguais e assim por diante existe a beleza independente das coisas belas é existe o bem independente das coisas boas à justiça independente das coisas justas e é justamente isso que faz com que cada coisa particular seja aquilo que ela é porque cada coisa particular participa da forma que lhe dá a sua essência ou seja a essência mais íntima então do ser humano a sua humanidade isso é dado pela sua forma humana então é a forma é a essência é a unidade inteligente dessa multiplicidade sensível que são as coisas
particulares mas a forma ela é eterna ela é imutável é simples ea alma porque ela tem esse parentesco com as formas ela também imortal então esse outro argumento esse terceiro argumento que é o argumento da similitude do parentesco mas aí sebes e sines vão colocar objeções a estes argumentos de sócrates vão dizer que é de qualquer modo a alma pelo em relação ao argumento dos contrários à alma pode transmitir ar segundo argumento pedagógico de um corpo a outro mais assim como um tecido que é produzido que vai sendo usado por várias pessoas ela vai num
determinado momento na última presença no corpo se desgastar e também se dissolver e também a idéia de que a alma seria uma espécie de produto em material independente da materialidade de um determinado corpo é é dar o seguinte argumento é como se o som produzido por uma lira é fosse claro ele independente da materialidade da lira entretanto sem o suporte da liga o som não pode ser feito logo isso não é é a não é uma prova convincente dada a argumentação é que sócrates havia dado sócrates então disse que ele precisa refazer o seu percurso
ele vai fazer uma espécie de narrativa autobiográfica dizer que antes ele é pesquisava o mundo natural mas que agora ele descobre então uma filosofia que dizia que o princípio de todas as coisas não é material mas é imaterial ele remete ao filósofo nas águas para quem o intelecto e material é o princípio de todas as coisas na natureza mas que ele acaba se perdendo também uma reflexão confundindo intelecto com as coisas naturais e sócrates então agora tem que empreender uma segunda navegação isso é um termo muito comentado o significado desse termo no fédon mais é
segundo a navegação no vocabulário náutico bem o que quer dizer justamente uma a nova forma de navegar por exemplo quando nós deixamos navegará a vela e passamos a navegar com o remo então agora só que isso vai mudar o seu ponto de vista e vai dar um argumento puramente intelectual para a imortalidade da alma ele vai dizer o seguinte a alma imortal porque o conceito de alma a alma com o princípio de vida implica necessariamente o princípio de vida e o princípio de vida exclui necessariamente a morte então a alma é definida pelo seu próprio
conteúdo conceitual isto é vida então a alma é imortal e se o assim chamado que foi depois conhecido como argumento ontológico no fé do bem é então esse argumento é o mais e material porque porque é do próprio conceito de alma que se retira a imortalidade da alma isto é a alma o que ela é princípio de vida é isso quer dizer que se quer em grego então ela contém em si já o predicado da vida logo ela não pode conter um predicado que excluísse predicado que é a morte logo a alma imortal e ela
se une ao divino quando é o corpo se dissolve ou ela retorna à e segundo a tradição o diálogo com a tradição pitagórica é a outros corpos então agora o diálogo se encaminha para o seu final e há uma cena patética novamente porque sócrates agora vem o carrasco para lhe oferecer a cicuta sócrates então toma o veneno cobre a sua cabeça é e todos pensam que ele já havia morrido e ele retorna e pede aos seus discípulos para que é eles então a sacrifiquem que se sacrifique um galo às clap clap é o deus da
medicina é também o deus da cura é como se só que se estivesse agora se remetendo não só fiz fazendo um ato de piedade segundo a religião tradicional grega que é sacrificar um animal a um deus mas remetendo justamente esse patrocínio de scrap para que ele procure talvez desse grande mal que é a própria existência mas que também lhe deu a vida a em relação a esse grande bem que é a própria vida na qual então o nosso composto estaria a mergulhar e que haveria algo em nós que sobreviveria então nesses tempos de neurociências em
que muitas vezes se quer reduzir todo o nosso ser a materialidade do corpo ao movimento neuronal ou essas teses que já são muito antigas também os filósofos chá discutir muitas vezes essas teses é o fédon ganha uma atualidade particular na medida em que ele é uma reflexão sobre o nosso ser sobre quem nós somos e sobre a se há algo em nós que é mais do que o corpo se você se interessa por essas e outras questões filosóficas se inscreva no canal da casa do saber [Música]