No vídeo de hoje eu vou desmascarar os alimentos que provavelmente estão no nosso dia a dia, mas que escondem perigos para a saúde. Barrinhas de cereal, biscoito recheado, refrigerante, iogurte, salsicha e vários outros. Alguns até parecem saudáveis, mas na verdade estão no centro de uma pandemia silenciosa que mata 57 mil brasileiros por ano.
Você sabe do que eu estou falando? Que perigo é esse e como alimentos que surgiram para facilitar a nossa vida viraram uma ameaça à saúde. O que você pode fazer para não cair nessa armadilha?
O primeiro passo é descobrir o que de fato tem nos alimentos que você come. Fala a verdade… você chega em casa cansado, com fome e não vê hora de recarregar as energias. O que você come?
Me conta aqui nos comentários. Quero saber se você é do time que mesmo depois de um dia cheio ainda encara o fogão. Ou, quem sabe, você é do time do Lucrécio… Após mais um dia estressante e já com o estômago roncando, Lucrécio não quer saber de fazer uma refeição elaborada e depois ainda lavar as panelas.
Na volta do trabalho, ele entra num mercadinho, compra uma bela lasanha pronta e um refri de laranja para acompanhar. Mas o que o Lucrécio não percebeu é que ele trocou a oportunidade de comer um jantar balanceado pela praticidade dos alimentos ultraprocessados. E por mais saborosos que eles sejam, ultraprocessados escondem muitos perigos.
Um ultraprocessado é um produto que passou por diversos processos industriais antes de chegar até nós, e recebeu diversos aditivos alimentares, além de muito sódio, gordura ou… açúcar. Esse é o caso do Refri de Laranja que o Lucrécio comprou. Se você pega a laranja da forma como ela saiu do pé, ela está no menor grau possível de processamento.
É o alimento in natura. Você pode pegar essa laranja, partir ao meio e espremer para fazer um suco. Nesse ponto, grande parte das fibras e os componentes dos gomos da laranja já vão ser descartados.
Mesmo assim, você ainda tem o suco na sua forma quase original, sem adição de outras substâncias. É um alimento minimamente processado, categoria que inclui o arroz e o feijão por exemplo, que foram beneficiados e ensacados antes de chegar até você. Mas talvez o que você queira mesmo é uma sobremesa, um geleia de laranja.
Adoro. Aqui, a laranja foi picada, descascada e teve adição de açúcar, que, além de deixar a laranja mais saborosa e atraente, serve como conservante que atrasa seu apodrecimento. Essas etapas que vêm antes do consumo tornam a geleia de laranja um alimento processado.
Assim como sardinha e atum enlatado, compotas de frutas, conservas em salmoura de palmito e ervilha. E por último vem o maior grau de processamento que possibilita a fabricação do refrigerante de laranja. Ele segue uma fórmula industrial, com ingredientes artificiais chamados de aditivos alimentares, como corantes, aromatizantes ou espessantes que são usados para alterar o cheiro, sabor ou textura do alimento, além, claro, de excesso de sódio ou gordura ou açúcar.
Na real, o refrigerante de laranja tem pouco ou nada de laranja. O mesmo acontece com qualquer ultraprocessado, como pão de forma industrializado, achocolatado, macarrão instantâneo, biscoito recheado, creme de leite e suco de caixinha. Eles não são apenas comidas modificadas.
Na verdade, o produto final passou por vários processos que o deixaram com poucos nutrientes e muitos aditivos. Isso é o que define um ultraprocessado. A lista de ingredientes no rótulo é, na verdade, um mar de nomes estranhos com poucos nomes de alimentos que nós conhecemos.
Os ultraprocessados até são uma opção prática e barata que pode ser produzida em larga escala. Mas toda essa praticidade tem um preço. Cada dia mais, novos estudos mostram que os ultraprocessados estão deteriorando a nossa saúde.
Pra além de matar a fome, eles estão nos matando lentamente. Mas será que os ultraprocessados fazem tão mal assim? Comer uma lasanha pré-pronta no jantar de vez em quando é realmente perigoso para a saúde?
A Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE de 2018 mostrou que, de todas as calorias que nós brasileiros consumimos por dia, 20% vêm de ultraprocessados. Ou seja, os ultraprocessados já são parte da nossa rotina, o que não é nada bom. Como eles têm menos água e fibras em comparação com alimentos in natura, um volume pequeno, como 1 barra de chocolate, pode fornecer a mesma energia que um prato de almoço, dependendo da pessoa.
Por conta dessa alta densidade energética, os ultraprocessados nos levam a consumir mais calorias sem perceber. Eles contribuem diretamente para o ganho de peso, obesidade e várias doenças crônicas ligadas à obesidade, como diabetes, colesterol alto, hipertensão e até câncer. Não é exagero dizer que os ultraprocessados nos adoecem.
O perigo é tão grande que um estudo feito no Brasil mostrou que só o consumo de ultraprocessados foi responsável por 57 mil mortes prematuras só em 2019. São mortes que não deveriam acontecer, de pessoas jovens, de 30 a 69 anos. Vários estudos avaliaram o estado de saúde das pessoas ao longo dos tempo para saber se há diferença entre uma alimentação rica em ultraprocessados e uma alimentação mais tradicional quando as duas têm quantidades equivalentes de calorias e o mesmo teor de açúcares, gorduras ou sódio.
E pasmem, mesmo desconsiderando o valor nutricional, quem comia muitos ultraprocessados teve um maior risco de doenças, incluindo as cardiovasculares, câncer, depressão e uma maior mortalidade por qualquer causa. Ou seja, os ultraprocessados estavam na base da alimentação da maioria das pessoas que adoeceram ou morreram durante os estudos. Alguma coisa que só existe nos ultraprocessados está afetando a nossa saúde.
Algo que os alimentos in natura e preparados em casa não têm. Os ultraprocessados contêm seus próprios compostos químicos, adicionados de propósito para torná-los mais atraentes e saborosos. A maioria dos aditivos parece não trazer nenhum perigo para a nossa saúde.
Mas a cada dia surgem novos estudos mostrando o estrago que uma minoria de aditivos perigosos pode fazer. Um estudo de 2023 viu que o consumo de alguns emulsificantes, muito usados para dar cremosidade e textura uniforme em pães, laticínios e carnes processadas, está relacionado a um maior risco de infarto e doenças cardiovasculares. Isso para um consumo dentro dos limites considerados seguros para esses aditivos.
O limite seguro aparentemente não é tão seguro assim. No Brasil, a Anvisa regula o uso e a quantidade máxima permitida de aditivos nos alimentos. Mas o que acontece quando você ingere, em um gole só, uma combinação de aditivos?
Será que criar limites individuais para cada aditivo é suficiente para nos proteger de possíveis efeitos danosos? Alguns cientistas defendem que não. Principalmente porque nós não temos estudos avaliando a segurança dos aditivos quando vários deles são consumidos juntos.
Precisamos de mais estudos de qualidade para ter essa resposta definitiva. Mas considerando essa incerteza, vários desses ultraprocessados deveriam ser melhor fiscalizados ou até desestimulados. OK, mas se o problema está no grau de processamento e os produtos são obrigados a ter aquele selo dizendo se tem alto teor de gorduras, açúcar e sódio… basta escolher alimentos que não têm esse selo… O selo seria a garantia de um produto saudável, certo?
Na verdade, não é tão simples assim. Por mais que em 2020, a Anvisa tenha criado uma regra de avisar no rótulo que o produto é alto em açúcar, sódio ou gordura, nem todos os ultraprocessados já têm esse selo. Rótulos adquiridos pelas indústrias até outubro de 2023 podem ser usados até outubro de 2024 ou até se esgotarem nos estoques!
Refrigerantes de embalagens retornáveis, aquelas de vidro, só precisarão mudar seus rótulos em outubro de 2025! E mais, os rótulos servem para gorduras, açúcar e sódio. Mas e os aditivos?
Refrigerantes zero e biscoito diet continuarão sem o selo, mas lotados de aditivos químicos. E pra falar a verdade, o motivo de comermos tantos ultraprocessados vai muito além da falta de um rótulo. Na prática, a concorrência entre ultraprocessados e alimentos saudáveis é injusta.
O Brasil oferece uma série de incentivos fiscais que tornam ultraprocessados como salsicha, miojo e refrigerante mais baratos e acessíveis. Já a produção de frutas, legumes e outros alimentos naturais não recebe tanto apoio. Em alguns casos, os impostos sobre alimentos in natura são 4 vezes maiores do que sobre produtos ultraprocessados.
Há quem não veja problema algum nessa discrepância de impostos, já que em teoria ninguém é obrigado a comprar o alimento ultraprocessado que faz mal. Mas pra muitos não é uma questão de escolha. Quando o produtor rural e o mercado de alimentos in natura não têm o mesmo incentivo que a indústria de ultraprocessados, isso torna o alimento fresco muito mais caro.
E em um país com tanta desigualdade, a maioria dos consumidores é quase que obrigado a comprar um ultraprocessado. E mesmo que você tenha escolha também pode cair nessa armadilha, já que os ultraprocessados são práticos e combinam muito bem com a nossa rotina corrida. Basta abrir a embalagem e comer.
É o que eu contei no vídeo do miojo. Com poucos minutos você transforma um bloco duro em macarrão e um pózinho em tempero de sopa. Sem contar que os ultraprocessados foram cuidadosamente desenvolvidos para gerar o máximo de satisfação.
As indústrias capricham em aditivos que melhoram a textura, cheiro e sabor e o resultado é uma explosão sensorial. É uma estratégia que incentiva o consumo mais ligado ao prazer do que à nutrição. A mesma estratégia usada pela indústria de cigarros, que inclusive pode ser assunto de um próximo vídeo do canal, o que vocês acham?
Isso também se aplica aos produtos que ostentam frases como “fonte de vitaminas”, “zero gordura”, “zero açúcar”, “100% integral” e por aí vai. Iogurtes, barrinhas de cereal, isotônicos… eles vendem uma imagem de hábitos saudáveis, mas não se engane, muitos são ultraprocessados cheios de aditivos. Não me entenda mal.
Não tem nada de errado em gostar de comer coisas gostosas. O problema, galera, está na manipulação do sabor e do rótulo que te faz comer mais enquanto coloca sua saúde em risco. Mas a notícia boa é que existem maneiras de minimizar os perigos ocultos dos ultraprocessados.
Medidas que você pode colocar em prática hoje mesmo e que vão fazer você dar o like nesse vídeo. Vem comigo descobrir o que podemos fazer para nos proteger dos ultraprocessados sem radicalismos. Antes de mais nada, é importante você saber que o combate aos perigos dos ultraprocessados é uma luta coletiva.
Sem políticas públicas com regulamentação e fiscalização fortes, não dá para resolver o problema. Os nossos gestores precisam reduzir os impostos dos alimentos saudáveis, para torná-los mais acessíveis. Ao mesmo tempo, a indústria de ultraprocessados deveria, no mínimo, nos ressarcir pelos prejuízos à saúde pública, já que eles incentivam tanto o consumo excessivo.
O SUS gasta 1 bilhão e meio de reais todo ano tratando diabetes, hipertensão e várias outras complicações ligadas à obesidade. Por que não criar impostos direcionados a produtos como refrigerantes, biscoitos e salgadinhos que lideram o mercado e contribuem diretamente para esses gastos? E por que não limitar a forma como as marcas tentam induzir o consumo desses alimentos?
Impedir personagens nos rótulos voltados para crianças já é um grande passo. Abolir termos enganosos como “fit” e “100% nutrição” é outra boa estratégia também. E se os rótulos tivessem alertas dos riscos à saúde como é feito com o cigarro?
Reflete aí sobre isso e me conta nos comentários o que você acha dessas medidas. Mas você não precisa esperar de braços cruzados, torcendo para que os políticos tomem medidas mais rigorosas logo. Você pode apoiar o trabalho de organizações como a ACT Promoção da Saúde que atuam em políticas públicas para conseguir que essas mudanças propostas saiam do papel.
Se quiser conhecer, o link para o site deles está na descrição. Do ponto de vista individual, você já consegue evitar os riscos ligados aos ultraprocessados mudando a forma como eles participam da sua alimentação. Agora que você sabe o que é um ultraprocessado, observe o que te faz querer comer esses alimentos.
É a sensação prazerosa que eles geram ou será que é fome somada à falta de tempo? Tudo depende de um contexto. Comer UM ultraprocessado não vai te fazer mal se a sua alimentação está balanceada com frutas, verduras, legumes, carnes e outras fontes de proteína natural.
Agora, se você inclui pizza congelada, refrigerante e similares na sua rotina com frequência, é importante que você saiba que você está sim sob maior risco de adoecer e precisa cuidar disso. O importante, pessoal, é sempre preferir alimentos in natura ou receitas que você consegue imaginar a sua avó preparando em casa. E se tiver algum ultraprocessado que você não pode abrir mão, sabendo dos perigos, reduza o consumo para ele não ser a base da sua alimentação.
Compartilhe esse vídeo para que mais pessoas se conscientizem sobre os perigos dos ultraprocessados e sobre a necessidade de uma ação conjunta da sociedade para conter essa ameaça. E agora que você já se ligou sobre os ultraprocessados, assisteassiste esse vídeo aqui, que vai falar uma planta natural, que muitos falam que é um superalimento: o orapronóbis. Será que ela é tudo isso mesmo?
Um grande abraço, me diz se eu te convenci a comer uma fruta hoje e eu te vejo no próximo vídeo. Tchau.