Imagine sua história como uma linha do tempo quantos altos e baixos já viveu alegrias dores superações obstáculos a verdade é que essa linha não é assim tão linear inúmeros fatores internos e externos influenciam o tempo todo em nossas jornadas e estando únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva uma vida inteira e se criássemos oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudassemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possível e por isso desde 2003 apoiamos projetos inspiradores com o objetivo de incentivar o protagonismo
social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas no futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidades Olá pessoal queremos Compartilhar este momento com vocês 2023 O Café Filosófico CPFL faz 20 anos são mais de 950 palestras realizadas mais de 3 mil horas de gravação mais de dois mil episódios na TV Cultura uma comunidade digital com quase 1 milhão de pessoas 1.200 vídeos no YouTube com mais de 42 milhões de visualizações nesses 20 anos construímos mais que números construímos relações e conectamos histórias tudo isso
só foi possível porque você faz parte dessa história o café agradece o time técnico agradece a todos os nossos amigos palestrantes e curadores e agradecem especial a você para ter uma pequena amostra dos assuntos que tratamos aqui nessas duas décadas vamos ver alguns apresentadores que fizeram parte dessa história Olá no Café Filosófico uma parceria TV Cultura e CPFL energia Como se dá a relação amorosa nos casais modernos como nasce o desejo o que as mulheres sempre esconderam dos homens e Delas mesmas temos mais medo hoje do que tínhamos no passado o homem sempre foi esse
animal atormentado o tempo inteiro estamos diante de pequenas e grandes decisões Isto ou Aquilo certo ou errado bom ou mal pode ou não pode para que esta chama não se inflame dentro de nós incendiando tudo ao redor o que fazer quem infringiu a lei da eternidade que não permite recomeçar a vida se o aço é realmente o começo de todos os vícios então ao menos ele está bem próximo de todas as virtudes aprendi que minha força é justamente conhecer todas as fraquezas que sempre apontarem minha pessoa de que forma configuração do trabalho contribui para modificar
a composição social brasileira e faz surgir uma nova classe existe uma droga do bem a arte é um meio de sentir o dever do objeto aquilo que já se tornou não interessa a arte e a busca de cada um é uma Para que serve a ficção para explicar e interpretar a realidade humana através da Fantasia [Música] e de imediato enfim para nós começarmos essa nossa conversa sobre a morte como instante de vida eu gostaria de convidar vocês a verem comigo a examinarem comigo esta imagem que está aí Projetada esta imagem na verdade é uma reprodução
de um quadro de o quadro ele mesmo foi foi elaborado foi feito entre 1586 e 1588 é um dos quadros bastante conhecidos do pintor em grego e o quadro tem o título de o enterro do Conde de orgas ou funeral do conde de orgas muito rapidamente eu gostaria de lembrar para nós que o egrégo ou o grego a verdade era grego efetivamente nascido increta por volta de 1541 e ele se dirigiu a Veneza Na verdade ele começou estudando a arte bizantina increta e foi para Veneza porque Creta fazia parte nesse século 16 estamos no século
16 da República de Veneza e lá Ele estudou com grandes mestres como ticiano frequentou finitoreto o Veronese por fim se dirigiu a Roma e depois de uma pequena Estrada lá foi para a Espanha foi para Espanha se instalou justamente em Toledo onde ele produziu as suas obras da maturidade vindo a falecer em Toledo em 1614 e nesse momento Toledo era a capital religiosa da Espanha na sua época ele Greco ele recebeu esse codinome quando esteve em Veneza onde os artistas eram conhecidos pela sua procedência Então como ele vinha decreta se referiram a ele passaram a
se referir a ele como ele grego e bem e na verdade na sua própria época ele grego foi mais admirado do que do que propriamente compreendido a sua obra passou em silêncio durante um bom tempo isso foi só no século XX que ela foi descoberta mas o que interessa para nós como ponto de partida dessa nossa conversa a morte como instante de vida é Este quadro esta reprodução e nós vemos aí vocês podem notar o quadro ele está dividido o espaço está dividido em duas cenas diferentes uma cena superior que é a cena divina é
o espaço Divino e uma cena inferior que é o espaço terreno nascendo inferior nesse espaço terreno nós temos o corpo morto do Conde de orgas e esse corpo morto é sustentado por dois Santos o Santo Agostinho à direita e o Santo Estevão à esquerda é interessante porque com essa tela o egrego Na verdade ele estava retratando ele estava pintando uma lenda Popular se dizia lá em Toledo nessa época que o conde de orgas tinha sido uma pessoa extremamente benérita e justamente no momento em que ele morreu o Santos esses dois Santos o Santo Estevão e
o Santo Agostinho vieram desceram dos céus a terra para sepultarem o corpo dele então nós notamos que nós temos aí este corpo morto a ser sepultado e que está cercado por esses dois Santos e está cercado também por personalidades da vida toledana por personalidades de Toledo não é personalidades da igreja mas personalidades da corte também e inclusive o egrego procurou colocar em primeiro plano seu filho essa criança que vocês Venha à esquerda é o filho do pintor e ele mesmo se reproduziu aí ele e se reproduzir ele se pintou é um desses rostos que vocês
venham um pouco mais à direita ele se representou no próprio quadro nós vamos tirar as consequências de tudo isso que nós estamos vendo para pensarmos juntos sobre a morte como instante de vida mas Vamos explorar um pouco mais ainda essa imagem na parte superior do quadro vocês têm de um lado a Virgem Maria de outro o São João Batista e ambos estão intercedendo pela alma do Conde do orgas junto a Jesus Cristo e a alma do Conde de orgasmo está sendo transportada da Terra para o céu por um anjo e aparece aí no meio do
quadro enfim num tamanho pequeno sendo transportada por esse anjo como se fosse uma pequena criança o que nós tiramos disso tudo o que chama a nossa atenção em primeiro lugar meus amigos o que chama nossa atenção é que neste quadro intitulado enterro do Conde de orgas a morte não aparece é bem verdade que nós temos um corpo morto mas esse corpo morto não nada nos permite dizer olhando para o quadro que se trata de fato de um corpo morto o que nós temos aí representada é a vida a vida eterna que seja ela a vida
eterna mas também a vida mundana não é a vida ali com dessas personalidades da igreja da da corte da nobreza que viviam em Toledo que coisa curiosa isso chama a nossa atenção então em primeiro lugar o que notamos é isto um quadro que tem por título O enterro ou funeral e onde não aparece o cadáver o cadáver tem muito pouco jeito de cadáver o segundo ponto chama a nossa atenção quando olhamos para para essa reprodução é este ponto aí nós vemos como nós dissemos até lá quase cortada em dois a metade superior e a metade
inferior o céu e a terra o Divino e humano o sobrenatural e o natural a alma e o corpo nesta tela estão presentes o que nós chamamos de dicotomias ou dualismo são essas dualidades Corpo e Alma natural Sobrenatural humano divino esses dois pontos eu gostaria de trazer aqui para nós então por um lado é a vida que reina soberana neste quadro e por outro lado nós temos estas dicotomias essas dualidades esses dualismo sempre dois termos em oposição Corpo e Alma homem Deus religioso profano etc vamos nos lembrar agora de que do seguinte fato de que
esta tela foi pintada Como eu disse no final do século 16 1586 1588 nós estamos no início da idade moderna no início da modernidade nós estamos justamente nesse momento em que a idade média está deixando de existir e está surgindo um novo momento um novo período histórico que a idade moderna e um novo momento na própria história da filosofia a filosofia moderna e a filosofia moderna ela tem logo no século 17 no início do século 17 dois grandes nomes que são Descartes e bem descarte ou filósofo francês do discurso do método que Dirá nesse livro
Nós seres humanos senhores e possuidores da natureza e bacon um Pensador inglês que escreverá a sua célebre frase saber é poder e o que significa tudo isso significa que nós estamos vivendo num momento em que o homem se vê capaz de dominar tudo aquilo que o cerca se vê capaz de prever e controlar a própria natureza aquilo que está a sua volta os fenômenos da natureza mas também os fenômenos que se passam nele mesmo os fenômenos humanos é o momento da da do grande é Só do grande desenvolvimento da ciência é um momento em que
o homem muda a sua imagem e se vê agora e se ver agora como dotado de liberdade de iniciativa e de um enorme poder de criação essas características da filosofia moderna elas de alguma maneira já se fazem presentes na presentes na tela de grego que nós acabamos de examinar juntos todas essas dualidades Elas começam a se reforçar e a se fortalecer na Idade Moderna o sobrenatural natural o Divino humano o mundo e o homem a cultura e a natureza e outras dualidades surgem agora com a própria modernidade e se instalam no interior do ser humano
o ser humano Deixa de ser um todo ele se torna dividido dividido em corpo e alma mas ainda dividido em consciência e instintos razão e paixões e assim por diante é um momento das divisões das dicotomias das dualidades e dentre essas dualidades uma se impõe com toda a força é a dualidade entre vida e morte a tal ponto que a partir da modernidade não se chega mais a partir da modernidade se inicia um processo lento e gradual de abandono da Morte Mas vamos por partes é notável o que nos diz um filósofo francês do século
17 la rochef ficou ele tem uma frase lapidar sobre a morte ele diz o seguinte não se pode olhar de frente nem o sol nem a morte o que ele está dizendo para nós ele está dizendo que nós seres humanos somos incapazes de enfrentarmos a própria morte somos incapazes de encararmos amor e com essa frase dele se olharmos o sol nós nos cegamos e Se tentarmos olhar a morte nós nos perdemos com essa frase dele ele está tentando nos dizer mais uma vez que vida e morte São inconciláveis que vida e morte São termos que
não podem estar em consonância a vida está de um lado e a morte está de outro para trazermos um outro filósofo do século 17 e que me é muito caro eu pensaria em Pascal Pascal e a ideia do diverticsma Divertics divertimento entretenimento diversiceman que tem um outro caráter Pascal vai dizer que é justamente porque o homem não tem condições de enfrentar a sua situação de ser mortal porque queiramos ou não Meus amigos nós todos somos Mortais não é justamente para escapar desse enfrentamento com a sua condição que o homem lança a mão dos mais diferentes
subterfúgios e Procura então se lançar no diverticsima se entreter de forma não pensar na sua própria morte Pascal até vai lançar mão de um exemplo interessante ele vai dizer o nobre que vai a caça passa o dia correndo atrás de uma lebre que ele não compraria no mercado mas ele não abre mão da caça em hipótese alguma porque a caça vai distraí-lo de si mesmo vai distraí-lo da sua humana condição da sua condição infinita bem então neste primeiro momento dessa nossa conversa nós chegamos a essas primeiras conclusões conclusões do que então se pensava no século
17 na Aurora da modernidade vida e morte estão separadas não se podem enfrentar a morte e se deve privilegiar a vida ainda que seja a vida eterna mas é a vida que se deve privilegiar será que vai sempre assim será que as coisas sempre se deram dessa maneira vamos voltar um tanto no tempo vamos voltar a antiguidade agora antiguidade greco-romana os antigos diziam que a filosofia era uma longa meditação sobre a morte Platão Platão referencial na história da filosofia este filósofo grego lá do século quarto antes de Cristo Platão tem uma frase também lapidar preocupassem
morrer de Platão é a boa via para a filosofar portanto a filosofia está aí ligada agora a morte esta ideia a ideia de que a Filosofia consiste nesta longa meditação sobre a morte ou nas palavras de Platão esta ideia de que preocupassem morrer é uma boa via de acesso à filosofia é uma ideia que de alguma maneira vai granjar adeptos Cícero em Roma vai partilhar dessa ideia um pouco para diante um séculos depois vários séculos depois montae nos ensaios também dirá que filosofar é aprender a morrer e já no século 19 chopenauer o filósofo alemão
chopenauer dirá que a morte é o verdadeiro gênio inspirador da filosofia todos esses filósofos seja Platão seja depois Cícero na Roma antiga seja montanha na França do século 16 na Alemanha do século 19 todos eles comungam dessa ideia a ideia de que sem a morte era pouco provável que se pudesse filosofar mas na verdade há uma outra corrente que vai começar a ganhar força um pouco depois o que importa para nós nesse momento é notar que na antiguidade greco-romana a morte tem o seu lugar E isso se percebe de diferentes maneiras por exemplo naquele momento
se reconhecia o direito de morrer era o direito de morrer que permitia aos doentes desesperançados de pôr em fim a própria vida recorrendo por vezes ao auxílio de outro auxílio de outras pessoas ou seja essa nossa discussão contemporânea sobre eutanásia se fosse colocada lá na Grécia antiga ou na Roma antiga ela ganharia outras cores porque naquele momento a eutanás era uma prática aceita pelos antigos e antes de mais nada por essa razão é que se reconhecia ao ser humano o direito que ele tinha de morrer um outro exemplo de como a morte estava presente na
antiguidade greco-romana as casas meus amigos eram construídas ao lado das tumbas ao lado dos túmulos havia digamos assim uma relação próxima entre vida e morte relação é essa faço aqui um parênteses que nós encontramos ainda em algumas sociedades nesse parênteses eu quero lembrar a cidade de varanese benários na Índia atravessada pelo Rio Sagrado do hinduísmo Rio Ganges Rio esse em que é as mulheres lavam o seu Sares lavam a sua louça homens mulheres se banham para se purificar fazendo os seus rituais de purificação e Rio esse onde se encontram os gatos crematórios os lugares em
que são feitos os cadáveres são cremados E cujas são lançadas no próprio Rio vida e morte juntas mas Ficamos um pouco mais com a antiguidade greco romana o momento do paganismo e eu queria que trazer uma palavra para nós pensarmos juntos sobre ela paga mesmo e Pagão Vem de um vocábulo Latino eles derivam de um vocábulo Latino que é pago e esta palavra Latina pagos ela dá de um lado Pagão e paganismo mas ela também vai dar de outro lado as palavras país e paisagem do latim diretamente para o francês p e pesagem e do
francês depois para a língua portuguesa país e paisagem o que eu quero trazer para nós é que todos esses termos tem uma mesma raiz tem uma mesma procedência uma mesma origem etimológica pagos pagam paganismo país paisagem mas o que significava a palavra Latina ela mesma pagos pagos significava o campo de lavoura aquele pedaço de terra onde se plantava e pagos tanto podia designar um campo um campo de trigo como um pedaço de vinha ou como a horta onde eram plantadas alfaces e tomates qualquer pedaço de terra plantado o campo de lavoura era pagos e cada
Pablo na antiguidade cada pagos cada campo de lavoura tinha algo de sagrado tinha um espírito que governava esse espaço esse pedaço de terra e esse espírito Quem era esse espírito era o ancestral da família que ali havia sido enterrado nas casas nas moradias dos gregos e dos Romanos sempre havia o altar dos Deuses familiares dos ancestrais um culto aos mortos era praticado este altar se encontrava dentro das casas e essas casas se situavam ali nesses espaços cultivados portanto havia uma íntima relação mais uma vez exemplos aqui havia uma íntima relação entre vida e morte nesse
momento o ancestral enterrado fazia com que eu pagos fosse propriedade da família mas também o lugar dos ritos da família o lugar desse culto aos mortos e o enterro dos corpos amados o enterro dos corpos dos seres amados tornava a terra Sagrada mas também o corpo se tornava sagrado e isso pela seguinte razão porque o homem E aí vale a pena trazer também a etimologia homem que vem de homo e que vem de húmus o homem era feito de terra assim dizia a Bíblia tu és pó e ao pó retornarás portanto nós podemos dizer que
não paganismo havia um apego mortal a morte a morte se fazia presente bem ao paganismo se sucedeu o cristianismo E aqui as coisas Se alteraram Se alteraram da água para o vinho se não paganismo a morte ocupa todo um Espaço agora com o cristianismo é a vida que vai ocupar esse espaço se não paga mesmo existiu o direito de morrer agora com a religião cristã é introduzida a ideia da sacralidade da vida a vida é considerada um dom de Deus Dom esse que tem de ser preservado E com isso várias das práticas dos antigos inclusive
aquela que nós fizemos referência aqui já fizemos referência essa prática enfim que um doente para usar a nossa linguagem um doente desenganado um doente em Fase Terminal tinha o direito de dar a si mesmo a morte a prática da eutanásia com o cristianismo Ela desaparece por completo porque agora a ideia Central é outra mudou o Polo não é verdade a ideia privilegiada Deixa de ser a morte e passa a ser a vida a vida entendida como eu dizia como este Dom sagrado concedido por Deus aos seres humanos muitas das práticas muitas das práticas pagãs no
entanto elas atravessam ainda a idade média por exemplo práticas que tem a ver com a chamada armoriand ou se vocês quiserem a arte de morrer e que nós vamos encontrar em alguns quadros eu não sei se vocês estão lembrados dos quadros que retratam o Santos Eremitas do deserto que se flagelavam porque entendiam que esta vida não merecia ser vivida O Que contava assim era a vida eterna ou então quadros delas que representam São Jerônimo sempre ao lado de uma caveira que está ali para lembrá-lo desta necessidade de meditar sobre a morte o que eu quero
dizer é que durante a idade média práticas pagãs tendo um outro sentido um outro significado ainda assim se mantém e outras são inteiramente abandonadas e é na verdade com a modernidade voltamos agora aos séculos 16 e 17 é com a modernidade que esta ideia cristã da sacralidade da vida ganha todo o seu esplendor como nós tivemos a oportunidade de ver no quadro do ele grego porque ela modernidade que vamos estar diante desses dualismo e dentre esses dualismo este Central o dualismo vida e morte sendo que a vida é privilegiada em detrimento da morte Há quem
diga e eu penso aqui em particular num Historiador francês de nome Felipe RS que tem um belíssimo trabalho intitulado ensaio sobre a morte no acidente o Felipe RS dentre outros defende a ideia de que o homem ocidental aos poucos expulsou a morte da vida cotidiana ocorreu uma passagem muito lenta e progressiva da Morte tal como ela era vivida ainda na Idade Média que era a morte familiar a família ali em torno do cadáver para a morte agora reprimida e proibida dos nossos dias é que no entender de Felipe RS o ocidente aos poucos passou a
considerar a morte como um fato excepcional como algo extraordinário e Justamente por isso o ocidente caiu na tentação de procurar a todo custo fugir da morte não é por acaso que na modernidade há uma cena do novo testamento que vai ser cada vez mais privilegiada esta cena numa certa manhã de domingo as mulheres as mulheres levando bálsamos e ataduras se encaminharam para o sepulcro se encaminharam com o intuito de mumificar o corpo morto que lá já havia e quando chegar chegaram ao sepulcro naquela manhã de domingo as mulheres notaram que ele estava vazio não havia
mais cadáver portanto não havia mais morto Não havia mais morte Jesus Cristo havia ressuscitado esta manhã do Domingo de Páscoa que passa então a ser privilegiada é o sepulcro vazio é ausência do cadáver a ausência do morto a religião cristã Então vai celebrar a vida a vida eterna e vai dizer deixar os mortos enterraram os mortos o que nós chamamos de morte é simplesmente uma passagem uma passagem para verdadeira vida uma passagem para a vida autêntica esqueçamos a morte vivamos a vida portanto com a modernidade agora como eu dizia é a vida que é privilegiada
as esperanças da Morte vimos assim duas cenas diferentes na antiguidade greco-romana com o paganismo é a morte que reina soberana na modernidade com o cristianismo é a vida que ocupa o lugar privilegiado bem meus amigos e Nós seres humanos homens e mulheres contemporâneas como nós vemos a morte eu diria a vocês que hoje nós vivemos uma situação paradoxal de um lado a banalização da morte fala-se na morte o tempo todo e a morte aparece para nós como algo muito corriqueiro a morte aparece para nós como fenômeno biológico assim como Nascimento o envelhecimento a puberdade a
morte aparece para nós como fenômeno social e fala assim então em taxa de mortalidade e taxa de natalidade a morte aparece como fenômeno determinante para a Democracia para a democracia populações decrescentes Portugal pela primeira vez este ano o número de óbitos foi superior ao número de nascimento segundo me disseram a morte como fenômeno demográfico populações decrescentes populações que envelhecem populações populações crescentes populações jovens como é o caso aqui entre nós no Brasil que em 30 anos dobrou a sua população mas a morte também como um fenômeno letal para a medicina previsível explicável investigável pelo menos
a morte como um fenômeno natural para o Direito somos obrigados a produzir certidões de óbito como produzimos certidões de nascimento ou certidões de casamento então nos nossos dias há uma banalização da morte nós ouvimos falar da Morte permanentemente basta abrir os jornais hoje mesmo manchete dos jornais falava lá 25 mortos feridos etc notícias de guerra notícias enfim da morte de personalidades do mundo do espetáculo do mundo da política do mundo social cataclismas tsunamis terremotos fala-se em permanência da morte cabe então a pergunta porque a morte é sempre vista como uma espécie de escândalo Por que
esse acontecimento tão banal que nos cerca no nosso cotidiano provoca ao mesmo tempo horror E curiosidade é que de um lado na contemporaneidade temos a banalização da Morte mas de outro nós temos de enfrentar nós temos de nos a ver com o caráter desconcertante e vertiginoso da morte de um lado a morte é um fato dentre outros um fato que o jornalista relata que o médico Legista constata que o policial investiga que o biólogo Analisa e assim por diante de outro a morte é um fato que não se não se assemelha a nenhum outro fato
é um fato que é desmedido e incomensurável é um fato que é um mistério e de alguma forma nós poderíamos até para tornar um pouco mais sensível a ideia fazer uma aproximação entre a morte e o amor uma aproximação entre a sempre nova banalidade de cada morte e a antiga novidade do amor não é por acaso que Eros o Deus grego do amor é representado com os traços de uma criança O amor é sempre novo para aqueles que o vivem não importa a cada vez que nos apaixonamos é algo novo na nossa vida que ocorre
e cada morte a morte de cada ser que nos cerca de cada ser ao qual nós estamos de alguma maneira ligados sempre um fato novo nós não aprendemos com a morte nós não nos sentimos não somos vacinados contra nós cada morte é um fato irremeável e novo para quem vive essa morte daí então essa mistura de que nós falávamos de familiaridade e estranheza a banalização da Morte e o caráter desconcertante e vertiginoso da morte uma lâmina de vidro translúcida separa o além e o a quem basta um coágulo de sangue numa artéria um espasmo do
coração para que o além se torne a quem Para que o lá se convertem aqui E aí bruscamente um vazio se instala no ser porque nós Aqui vivos estamos na plenitude do ser e a morte é o vazio a morte é se vocês quiserem algo extraordinário nesse sentido da palavra algo que é está fora da ordem e que instala uma outra ordem daí extraordinário e algo que de alguma maneira para nós é inatingível porque vamos pensar juntos antes de chegarmos a amostra como instante de vida vamos pensar juntos na morte como instante mortal no momento
em que a morte ocorre o instante mortal é um acontecimento incomparável ele não permite qualquer conceitualização nada se pode falar sobre instante mortal ele está fora de qualquer categoria a quem procura até fazer uma filosofia do instante mortal como se fosse possível entrar no coração desse mistério mas não é possível filosofar sobre o instante em que a morte ocorre porque porque esse instante Quando se filosofa é desprovido da consistência do vivido o que eu quero dizer com isso eu quero dizer que quando estamos filosofando estamos vivos e quando estamos quando estivermos morrendo eu acredito que
não tenhamos condições de filosofar Epicuro filósofo filósofo antigo Epicuro dizia com muita sabedoria que no fim das contas a morte não nos diz respeito a morte não nos consegue porque quando aqui estamos como aqui estamos hoje a morte não se apresenta mas quando ela morde se faz presente então já não estamos mais por essa razão a morte não diz respeito nem aos vivos e nem aos mortos em suma nós poderíamos dizer que a vida é incapaz de nos falar do nada a vida só pode nos falar da vida como pensar então chegando ao último e
derradeiro momento desta deste início de conversa como pensar então a morte como instante de vida podemos pensar de diferentes formas O que significa trazer este título para uma fala trazer essa expressão a morte como instante de vida podemos pensar do ponto de vista cultural a morte como instante de vida isto porque a morte com certeza ela é o nosso destino como seres finitos que somos ou seja nós só temos uma certeza na vida é daqui um dia nós vamos morrer é um fato inexorável nós não podemos nos nós não podemos modificar nós não podemos transformar
esse fato Ele se impõe a nós nós não temos nenhum poder sobre ele por um lado a morte ao nosso destino Mas por outro lado nós podemos dizer também que a morte é a nossa origem é o nosso destino como seres finitos que somos mas a morte é o nosso destino perdão amostra o nosso destino como seres finitos que somos mas a morte é a nossa origem como seres humanos e o que eu quero dizer com isso Há quem diga eu penso aqui no filósofo francês no Michele há quem diga que o homem desde que
surgiu sempre lutou contra a morte levado pelo Desejo de mortalidade mas o homem se tornou cada vez mais homem com a descoberta progressiva da morte ou seja nós nos tornamos mais humanos quando nós percebemos que vamos morrer porque aí nós nos diferenciamos de todas as outras espécies animais nós passamos a ter consciência da nossa própria condição de seres finitos não é só Michel serve que pensa dessa forma Michel tem um filósofo contemporâneo Vivo que esteve no Brasil várias vezes Aliás já no final do século XIX também pensava algo nessa mesma direção Freud dizia que o
ser humano não acredita na própria morte ou seja Nós seres humanos estamos convencidos lá no nosso inconsciente nós somos estamos convencidos de que nós somos Imortais tanto é assim que nós não aceitamos a morte como algo necessário nós precisamos sempre justifica-la explicá-la então associamos a morte a ideia de acidente foi algo acidental ou então a ideia de um de velhice ou então a doença ou a uma infecção súbita ou sei lá o quê mas a morte tem caráter necessário tem caráter necessário que eu quero dizer que eu falava pouco é que não se pode evitar
e para trazer um filósofo também do século XIX que me é muito caro nicho pensava que vida em morte não são termos decotômicos não são não constituem dualidades vida e morte são as Duas Faces da mesma moeda e lá no final do século na segunda metade do século XIX início a vida vive sempre as dispensas de outra vida ou seja para nós nos mantermos vivo vivos nós dependemos de outras vidas seja para nos alimentarmos vegetais animais etc início também dizia que nossa vida é uma morte Perpétua E com isso o que ele queria dizer é
o que hoje nós sabemos com a própria ciência moderna é que as nossas células elas desaparecem e novas células surgem sem cessar com exceção das nervosas não é mesmo mas o nosso corpo o corpo que tínhamos ontem não é aquele que temos hoje por essa razão a nossa vida é uma morte Perpétua quando fazemos enfim quando por vezes nós tentamos limpar a nossa pele células desaparece e outras vão surgir no seu lugar portanto nós estamos entrando agora numa terceira linha de raciocínio em que nos distanciamos dos antigos para quem a morte tinha um lugar privilegiado
nos distanciamos dos modernos para quem a vida reinava soberano e chegamos agora a pensar que vida e morte fazem parte são Duas Faces da mesma moeda fazem parte fazem parte de alguma maneira da nossa própria história a morte como instante de vida pode ser pensada também relacionada agora não mais com a cultura mas relacionada com a questão do sentido do sentido da seguinte maneira toda vez que pensamos na morte toda vez que nos pomos a refletir sobre a morte na verdade nós estamos meditando sobre a contingência do nosso ser o que eu quero dizer com
isso eu quero dizer que pensar que vou deixar desistir pensar que vão morrer é meditar sobre o fato de que nem sempre existe e poderia não ter existido um autor do século 20 um escritor romeno se ohan dizia com muita propriedade que as enfermidades têm uma espécie de Missão filosófica porque as enfermidades dão ao homem plena consciência da sua existência existência essa que não teria sentido algum se a morte não se laçasse perpetuamente perpetuamente a vida ou seja quando uma enfermidade se apresenta então o ser humano se põe a refletir sobre a sua morte eventual
e essa reflexão leva a pensar sobre a sua própria situação e o leva a procurar dar um sentido a sua própria vida e eu gostaria para concluir de convidar vocês a olhar em comigo para uma outra imagem esta imagem vocês têm aí a reprodução de uma outra tela de um outro pintor o pintor é um alemão Anselmo kiffer contemporâneo Vivo e muito produtivo ainda muitíssimo produtivo e Anselmo kiffer nasceu em 1945 fez parte justamente dessa geração que veio imediatamente no pós-guerra e fiz parte dessa geração de intelectuais e artistas que se debruçou sobre a questão
das origens a questão das origens e a questão do sentido essa tela é uma tela feita por que atualmente mora na França inclusive feita quando ele tinha 50 anos em 1995 e tem um belíssimo título fala em Star estrelas cadentes e o que nós vemos aí nós vemos um universo um céu estrelado mas mais um universo em pleno movimento com estrelas em movimento as estrelas cadentes e vemos um corpo um homem deitado sobre a terra isso nos leva a pensar de uma outra forma a relação vida e morte a diferença do quadro Inicial que examinamos
do quadro de grego agora a morte está representada ela está representada por esse corpo inerte mas ao lado da morte existe a vida e a vida no entorno a vida que é este movimento vida e morte aí juntas a vida presente neste Universo em movimento e mais ainda o que eu dizia presente junto com a Morte e a morte que é este fato bruto a morte que é este não sei o quê na verdade ela deixa ela nos deixa entrever a passagem do ser ao nada mas muito mais do que isso ela vem por em
causa o sentido da nossa existência ela vem nos convidar a nos perguntarmos pelo sentido de estarmos vivos e muito mais do que isso ela vem convidar cada um de nós a se perguntar qual é o sentido da sua própria vida de modo lento abrupto com suavidade ou violência a morte propõe no instante a cada um de nós o desafio de pensarmos a nossa própria condição e dessa forma a morte se revela como um instante de vida Muito obrigada pela atenção de vocês Depois dessa palestra tão elucidativa e tão bonita né passamos agora para a sessão
de perguntas mas antes gostaríamos de anunciar a grata presença entre nós e diretores e representantes da fundação Roberto Marinho e Canal Futura nas pessoas de Lúcia Araújo Mônica Pinto Sandra Portugal e daria Visel agradecemos a presença do grupo da fundação Roberto Marinho e passamos agora então para a sessão de perguntas com a plateia pedimos por favor para serem Breves objetivos de maneira que todos possam participar obrigado olha há algum tempo se falou bastante em clonagem e inclusive conseguiram já se consegue clonar seres vivos tá é claro que se for produzido um corpo idêntico ao meu
isso não significa a minha continuação né porque existe o psicológico e tudo mais né agora essa esse estudo de clonagem isso aí já são alguns passos ou é o primeiro passo na direção assim na busca da eternidade exatamente na empurrar a morte para frente sim você tem razão no seguinte ponto voltando algo que nós já dissemos aqui na verdade o ser humano sempre lutou contra a morte levado por esse desejo de mortalidade mesmo se voltarmos lá atrás nos tempos antigos nós vamos ver não é monumentos que por exemplo o csares da Roma Antiga faziam a
si mesmos arco de Trajano e todos os bustos não é que eram reproduzidos Ali era uma tentativa de ser eternizarem bem quando se procria também se diz que de alguma maneira nós estamos eternizando a espécie ou estamos levando adiante Numa família um sobrenome uma tentativa de mantermos nos mantermos na terra mesmo depois do nosso próprio desaparecimento houve uma época que se falava que havia três maneiras não é isso se falava de forma corrente Havia três maneiras de nós garantirmos a eternidade tendo um filho plantando uma árvore escrevendo um livro Hoje é claro com este mundo
mercado editorial escrever um livro não garante mas a imortalidade de forma alguma né com o desastre ecológico do planeta eu acho que também plantar uma árvore talvez não Garanta não garantem mortalidade a ninguém bem mas a clonagem como como nós podemos ver a clonagem Nesse contexto eu tenho a impressão de que você mesmo trouxe o dado eu tenho impressão de que não é o indivíduo ele mesmo que vai se eternizar pela sua repetição porque a repetição do mesmo eu tenho a impressão de que nos dias de hoje a ciência ainda não pode garante mas isso
nos leva a pensar outras questões eu penso por exemplo no Projeto Genoma eu penso da descoberta não é da cadeia do DNA e tudo leva a crer que de alguma maneira nós vamos poder moldar o ser humano do Futuro nós poderíamos até recolocar a questão em termos históricos nós poderíamos dizer que bem Estamos muito distantes da família tal como ela era Concebida e tal como ela existia na década de 50 na década de 60 com o movimento de liberação sexual surgiu a surgiram os contracepcionais e surgiu a ideia de que uma criança quando eu quero
na década de 70 com o movimento pelo amor da liberação do aborto na Europa surgiu a ideia de uma criança se eu quero e agora nós estamos caminhando para a ideia de uma criança como eu quero ou seja não é nós podemos em princípio fazer Tais transformações que nós vamos poder dar origem a um ser humano como viemos a desejá-lo mas a minha pergunta é será que com isso este ser humano vai ser melhor eu gostaria de saber Boa noite eu gostaria de saber na época dos faraós com a construção das pirâmides Como que essa
prática se encaixaria nessa nossa discussão aqui de hoje obrigada pela sua pergunta a questão que diz respeito a todas as questões que dizem respeito a civilizações de modo geral me interessam em me intrigam muitíssimo porque no meu entender para nós compreendermos a nossa nós temos de alguma maneira de lidar com as outras e lidar inclusive com a história se encaixa da seguinte maneira são os nós estamos na antiguidade nós estamos de alguma forma não paganismo e nós temos a prática da mumificação a prática da mumificação ela é tal e isso se pode comprovar inclusive através
dos estudos dos estudos arqueológicos não é o mesmo quando visitamos lá o Vale dos Reis ao lado do nilo no Egito ou quando vamos as pirâmides etc a prática da mumificação edital ordem que a morte está colocada no centro realmente no centro da da civilização egípcia ela está ali ela é absolutamente Central se nós pensarmos por exemplo em luxórica pensarmos nos grandes templos que existem nessas duas localidades o poder do sacerdotes era enorme porque porque cabia o sacerdotes a prática da mumificação eles que tinham o conhecimento de como fazer para que retirando determinados órgãos que
eram colocados em determinados vasos e em faixando o corpo do Faraó mas não era só do faraó era o corpo de toda a população que tivesse meios evidentemente todos os indivíduos que tivessem e-mails Não é para pagar esse serviços enfim mumificando o corpo seria possível a ressurreição e tanto que nas paredes nas paredes da célula em que ficavam não é os corpos em que ficava o corpo Unificado nas paredes num determinado momento da história do Egito não foi sempre assim na história do Egito antigo mas houve um determinado momento em que as paredes estavam pintados
cenas da vida cotidiana do próprio Faraó mas isso não pela vida e sim pela morte eu diria até que é é muitíssimo impressionante como o Egito Antigo cultivou a morte colocou a morte eu insisto nesse ponto no centro da sua civilização coisa que nós não encontramos na Índia por exemplo a Índia é uma outra situação eu fiquei muito encantado com a sua descrição a respeito da origem do termo Pagão do pagos da terra e me ocorreu que na na cultura Judaica existia uma uma dualidade um paradoxo entre ser judeu e ser gentil e me parece
que isso foi substituído Por Ser Cristão e ser Pagão e me ocorreu a música da Rita Lee meu amor é cristão o sexo é Pagão E aí eu pensei no seguinte Será que a gente vive um momento em que essas coisas estão sendo questionadas e um momento de integrar essas coisas nem tanto o céu nem tanto a terra mas assim que momento é esse que a gente tá vivendo e que tudo isso é questionado de alguma forma estamos buscando uma nova síntese nesse momento a respeito dessas coisas né do que é etéreo né do que
abstrato e do que é físico e aí eu vejo assim vários momentos de radicalização ora se valoriza uma coisa Ora se valoriza outra Essa é a minha questão Sebastião é pastilha inteiramente seu ponto de vista na verdade enfim se nós pensarmos um tanto no momento histórico em que nós nos encontramos eu diria que nós estamos aí numa condição pós-moderna não estamos mais no momento da modernidade não é E isso se faz sentido de diferentes maneiras antes de mais nada porque essas esses dualismo de que eu falava eles mesmos estão sendo questionados como você bem trouxe
e os dualismos estão sendo questionados eu não sei bem se eles estão sendo questionados eu diria que na verdade eles estão sendo desconstruídos nós estamos vivendo num período de uma desconstrução vertiginosa de modos de pensar de modo de pensar agir sentir são Profundas transformações que estão ocorrendo eu acho que é um privilégio na verdade estarmos aqui vivos nesse momento histórico não é presenciando testemunhando e procurando refletir sobre isso tudo bem O desconstrução de padrões de comportamento mas não só como eu dizia também maneiras de sentir não é e também e sobretudo modelos teóricos modelos teóricos
que desaparecem a modernidade ela ela toda está sendo deixada de lado e o que é a modernidade do ponto de vista filosófico por exemplo além destas dualidades de que nós falamos aqui a modernidade também tem a ver com grandes narrativas históricas grandes narrativas históricas que estão perdendo a sua razão de ser estão perdendo a razão de ser porque nós estamos cada vez mais vivendo o presente há uma espécie de compressão autores que falam numa espécie de compressão espaço temporal que significa que o tempo ele não tem mais passado e futuro ele tem presente sucessivos Isso
evidentemente põe de ponta cabeça a questão da história a questão da identidade a questão da memória a questão da tradição põe de ponta cabeça a própria Cultura mas eu quero crer que atravessado esse momento de desconstrução e de afastamento distanciamento de desconstrução mesmo da modernidade eu quero crer que nós possamos chegar a um novo momento histórico em que tudo aquilo que havia sido separado possa vir a se integrar Pelo menos é um desiderato de uma esperança meio termo entre a gente está no paganismo assim valorizando demais a morte achando que seria melhor estar morto e
estarmos na era do cristianismo em que horrível estar morto assim como que a gente poderia passar numa sequência de que a vida e a morte seria um trajeto de uma mesma pessoa porque assim para quem lida com pessoas que estão morrendo é muito assustador ver como que isso na nossa história atual é sim é um escândalo né assim é aquela coisa que não é natural que deixa todo mundo desaborado assim qual seria o meio termo entre não estar tanto lá nem cá você trouxe um ponto muitíssimo instigante na verdade é porque é assim idolatria da
vida ela tem a contrapartida que A negação absoluta da morte a expulsão da morte a supressão da Morte enfim a proibição a repressão da morte para usar esse termo né e a idolatria da vida a repressão da Morte e a partir daí nós poderíamos enveredar E pensar um tanto nos asilos como depósitos de seres que se aproximam da Morte poderíamos enveredar por aí poderíamos trazer uma série de fenômenos sociais que estão presentes aí no nosso cotidiano e com os quais nós não queremos fazer contato e podemos trazer muito mais ainda nós poderíamos falar enfim dos
aspectos sociais inclusive que a morte assume quando nós temos todo uma parte da população abaixo do nível da pobreza etc né enfim os aspectos que amostra assume quando nós sabemos e houve quem dissesse isso que quando nós sabemos que alguém morreu de fome hoje é uma espécie de homicídio que a sociedade pratica porque a abundância tal não é na terra no nosso planeta que seria possível evidentemente garantir que ninguém morresse de fome poderíamos caminhar por essa direção e aí nós estaríamos de novo nessa nessa dualidade nessa dicotomia Então na verdade idolatria da vida trazendo por
consequência também essa repressão da Morte bem eu tenho a impressão e aquilo que nós dizíamos a pouca tem a impressão de que nós podemos caminhar para uma outra maneira de pensar agir e sentir nesta outra maneira de pensar e agir e sentir de alguma maneira nós poder mos resgatar a ideia de que a morte resgatar lá do paganismo a ideia de que a morte é um fenômeno natural nós poderíamos sendo tanto mais clara dizendo por uma outra forma nós poderíamos procurar nos desvencilhar desta ideia de que a morte é um fato extraordinário porque foi o
acidente com a modernidade não é que passou a desenvolver essa ideia que a morte não é natural apesar da banalização da Morte ela assume um caráter extraordinário e pensar a morte como algo que faz parte da nossa existência e faz parte da nossa existência E aí de alguma maneira voltando a nitroide também em certa medida faz parte da nossa existência porque é uma ilusão imaginar que nós nesse momento não estamos morrendo e não porque a morte se a vizinha também amor seu vizinho mas porque neste momento células nossas estão desaparecendo e outras estão nascendo então
vida em morte se acham aí entrelaçadas e se pensarmos por essa via eu diria que para viver plenamente É preciso aceitar a morte porque a morte que nos leva a pensar no sentido da nossa vida quando pensamos que vamos morrer porque assim é faz parte da ordem das coisas quando pensamos e vamos morrer nós vivemos com muito mais júbilo voltando ao período antigo levando em consideração o contexto da antiguidade na filosofia que trabalha com a morte também quanto aos epicurista dizendo que enquanto nós estamos a morte não está sendo também um prazer na visão epicurista
a morte e Cícero dizendo que o ser humano é um ser que caminha para a morte e trazendo para o nosso contexto contemporaneidade vendo nit né que a sua especialidade falando que certo modo Morte e Vida estão juntas Unidas Heider dizendo que a angústia da Morte dá um certo sentido a existência o que faz então com que a gente prefira a vida e não a morte eu tenho a impressão bom sem sombra de dúvida eu prefiro a vida da morte tenho dúvida em relação a isso eu gostaria de trazer aqui várias sua questão foi muito
instigante e me fez pensar várias coisas eu gostaria de trazer aqui algumas ideias mesmo que mesmo que não estejam muito bem costuradas nesse primeiro momento há quem diga na verdade há quem diga que o ser humano evita entrar em contato com a morte porque não sabe o que é a morte a morte é um mistério mas há quem diga exatamente o contrário que o ser humano procura evitar o contato com a morte porque sabe muito bem o que é a morte que é o nada que A Aniquilação bem É claro que aqui depende muitíssimo da
perspectiva e depende também da perspectiva o que eu quero dizer não só da perspectiva filosófica depende também das nossas escolhas de vida em que medida Nós tomamos a religião como reconforto e consolo ou tomamos até a filosofia como reconforto e consolo depende muitíssimo do nosso sistema de crenças daquilo em que acreditamos ou deixamos de acreditar mas de qualquer maneira eu tenho impressão de que existe uma diferença muito grande e é este o ponto que eu gostaria de trazer aqui para essa nossa esse nosso diálogo existe uma diferença muito grande em dizer para viver plenamente com
alegria é preciso termos consciência de que somos seres destinados a morrer e é a morte na verdade que nos faz questionar o sentido da nossa vida isto é uma coisa há uma diferença muito grande entre esse raciocínio e o outro raciocínio que é um raciocínio quase morrido que se volta para enfim investigar procurar examinar a morte sobre todas as suas facetas porque este outro raciocínio é uma espécie de lento suicídio eu não sei se eu fui fui Clara no que eu quis dizer aqui a morte como instante de vida é aquele momento em que ao
pensar sobre a morte eu me coloco de imediato a questão sobre o sentido da minha vida eu não me Furto a pensar sobre a morte eu levo em conta o fato de que eu sou um ser mortal mas outra coisa é ficar numa incessante ruminação sobre a morte porque essa incessante ruminação sobre a morte pode ter traços mórbidos inclusive e pode se configurar como um suicídio lento e gradual Então por que preferimos a vida porque conhecemos O que é a morte porque eles conhecemos O que é a morte ou porque somos e aqui eu diria
que eu seguir nós porque queremos perseverar no ser a ideia de que o ser humano quer manter-se na duração é por isso que a filosofia espinosana é uma Filosofia de Paixões alegres Boa noite meu nome é Marieta eu gostaria de puxar um outro gancho que é o homem como ser tri lembrado e você não citou só falou dualidade falou o corpo e alma e não citou espírito e eu gostaria que você falasse sobre isso né o homem como ser trimembrado é você até chegou a citar entre o pensar o sentir e o agir e o
impulso triste e o que isso significou para civilização e na realidade é um impulso crístico trouxe o homem como ser trimembrado também no sentido do espírito santo pai o filho e o Espírito Santo Trazendo A trilogia nesse sentido também então eu gostaria que você falasse um pouco além da dualidade e fossem prata elogia e talvez o homem como ser cósmico que foi o quadro final que você colocou queria que você falasse um pouco sobre isso eu agradeço a sua pergunta porque na verdade ela abre outros espaços de reflexão quando eu falo eu tô pensando basicamente
particularmente na filosofia moderna e na idade moderna toda a filosofia moderna na verdade ela está aí baseada nessas dualidades o termo técnico seria dicotomias então ou Isto ou Aquilo ou isto a em detrimento daquilo sempre isto em detrimento daquilo ou a alma em detrimento do corpo e daí por dia eu tenho a impressão de que as questões que você traz são questões muito mais contemporâneas e questões que são contemporâneas nas seguintes sentidos são também questões muito mais antigas mas são questões que nos remetem a história das religiões e a da Perspectiva da história das religiões
que eu vou responder Enfim vou procurar trazer aqui algumas ideias nessa nossa conversa a história das religiões porque bem Então temos aí você trouxe a religião cristã Não é com a Santíssima Trindade e os três elementos da Santíssima Trindade e agora uma concepção de homem com esses três elementos que seria o espírito a alma e o corpo Se nós formos agora para as religiões ou tradicionais e não necessariamente ocidentais Se nós formos enredarmos aí pelo Oriente pela história das religiões aí nós vamos ver que os corpos eles são vários nós podemos pensar de outra maneira
inclusive não apenas dois mas múltiplos corpos né nós teríamos enfim um corpo físico nós teríamos um corpo emocional nós teríamos um corpo mental e nós teríamos um corpo espiritual e aí na verdade não precisamos se quer falar mais de alma nós podemos colocar tudo isso dentro de uma outra Ótica e pensarmos como diferentes corpos e com a morte o ser humano vai se desfazendo eu estou pensando aqui em particular dentro da tradição budista do budismo Tibetano enfim com a morte o ser humano vai se desfazendo dos seus diferentes corpos até ficar apenas com com um
deles digamos assim mas no hinduísmo para trazer aqui uma outra religião ou enfim na sabedoria do hinduísmo na verdade Este último corpo ele é integrado no Cosmos Então na verdade a ideia de individualidade Ela desaparece também porque nos originamos do próprio Cosmos nos separamos dele e o Nirvana nada mais é do que voltar a estabelecer essa integração e se desfazer no Cosmos a ideia de que somos uma pequena gota mas que todos os rios caminham para o mar e esta gota ela nada mais almeja do que dissolver-se diluir-se a Lúcia queria aproveitar e fazer duas
perguntas e aí você vê se dá para responder às duas ou não a primeira aproveitando que você é uma especialista em Nite Eu Sou Só Uma diletante apaixonada mas gostaria muito que você falasse sobre o papel da lugar da morte num conceito que eu acho muito bonito que é o do Amor Fátima qual é o lugar da Morte dentro desse conceito e uma outra pergunta que não tem nada a ver com essa Mas você falou que gosta muito de falar de outras civilizações de outras tradições religiosas qual você acha que seria a contribuição da tradição
de algumas tradições religiosas africanas na medida que a África é tão diversa porque você tem lugares por exemplo em Moçambique que a pessoa não morre ela vira a árvore né que o solo é sagrado quer dizer como você vê essa contribuição dessa integração que a gente vem muitas culturas africanas entre o sagrado né e o terreno entre a religião e a vida na Terra obrigado Eu que agradeço Lúcia as suas as suas provocações provocações para mim fazer pensar na verdade eu começo pela última eu começo pela última enfim na verdade eu não conheço muito eu
não conheço muito ainda não conheço muito as diferentes seitas africanas mas eu tenho a impressão quero crer que são feitas marcadas por um certo animismo bem então um certo animismo no seguinte sentido Enfim tudo é dotado de alma eu queria fazer aqui um paralelo com muitíssimo cuidado e usando várias Aspas eu me lembro tanto da filosofia pré-socrática para trazer um elemento que eu conheço um pouco mais e me lembro particularmente de Tales de Mileto que viveu lá no sétimo antes de Cristo e Tales de Mileto dizia uma frase que chegou até nós é esta tudo
está cheio de deuses eu vou me apropriada da frase de Tales de Mileto para falar do animismo animismo tudo está cheio de deuses ou seja as plantas as árvores os vegetais assim como os animais mas também a própria Terra enfim tem uma alma não é tem algo de sagrado que está aí a contribuição você me perguntava pela contribuição desse modo de pensar no mesmo entender esse modo de pensar ele pode nos levar ele pode nos conduzir a levar em conta tomar em consideração as questões mais de perto as questões ecológicas pensar que este planeta é
a nossa casa queiramos ou não ela é a nossa casa a Terra é a nossa casa não é e até redotada de vida com o nós somos dotados de vida também adotada adotada de vida de diferentes maneiras não é nós podemos até expandir a ideia de vida não precisamos ficar apenas com a noção biológica de vida podemos entender vida como movimento e aqui eu estou chegando a sua primeira questão a vida como movimento todo esse dinamismo todo este vira ser não é a ideia de que não há nada de fixo estático mas tudo está em
permanente transformação em permanente mudança só temos Só existe uma permanência a permanência da mudança na verdade e se pensarmos assim então a que se prezar o nosso entorno e o nosso entorno também pensado da maneira mais Ampla possível aqui não apenas aquilo que está a nossa volta mas enfim pensar a terra dessa perspectiva enfim eu não sei se poderíamos ficar por aqui por hora em relação a esse ponto eu gostaria de falar muito mais eu gostaria de falar por exemplo da ecologia profunda é um movimento interessantíssimo não é que se trata procura justamente levar as
últimas consequências digamos assim a crítica ou ao antropocentrismo essa ideia que veio também com a modernidade que também tá sendo desconstruída de que o homem é o centro do planeta e ele pode evidentemente controlar dominar prever explicar e fazer o que bem entender como disse decaste nosso senhor e possuidores da natureza bem então algo nessa direção eu pensaria por essa via e em relação a primeira pergunta sua se for de interesse geral eu poderia falar um tantinho a respeito sem nos desviar demais do nosso tema de hoje [Música] Porque aqui nós temos uma ideia de
morte totalmente distinta das ideias com que estamos habituados a trabalhar que a ideia da Morte ela tem de ser pensada conjuntamente com a ideia de tempo e nós temos inúmeras concepções de tempo nós temos muitas concepções de tempo nós estamos habituados a pensar o tempo de maneira linear Passado Presente Futuro nós estamos habituados a pensar o tempo como se os instantes estivessem justapostos se sucedessem mas nós pensa podemos pensar o tempo também de uma outra forma podemos pensar o tempo como cíclico e aqui retomando algumas questões que já surgiram Esta é uma ideia que vem
lá não é das antigas tradições do tempo cíclico no hinduísmo nós temos esta ideia a cada inspiração de Brahma o Deus Criador o universo se faz a cada expiração ele desaparece esta mesma ideia vai reaparecer com Heráclito na filosofia pré-socrática a ideia da Consagração Universal o universo surge passado um grande ciclo cósmico ele desaparece para ressurgir da mesma forma os históricos também vão de alguma maneira nessa direção Igualmente para trazer aqui algumas Fontes daquilo que na filosofia nitiana aparece como a doutrina do Eterno Retorno do mesmo sim mas para chegar ao amor fácil eu preciso
passar pelo Eterno Retorno do mesmo e a doutrina do Eterno Retorno do mesmo diz mais ou menos o seguinte meus amigos é extremamente instigante eu convido cada um de vocês a estarem comigo neste momento porque se levarmos adiante levamos as últimas consequências a doutrina do Eterno Retorno do mesmo eu terei de dizer a vocês que quando no próximo ciclo cósmico não é amanhã ou depois mas é no próximo ciclo cósmico nós estamos pensando em termos macrotemporais quando no próximo ciclo cósmico foram o dia 17 de outubro de 2008 da era Cristã as 20 horas e
40 minutos nós vamos nos encontrar exatamente nessa mesma situação e já nos encontramos nessa mesma situação um número infinito de vezes antes e Voltaremos a nos encontrar nessa mesma situação um número infinito de vezes depois Esta é a doutrina do Eterno Retorno do mesmo isto coloca para o ser humano com ela Doutrina do Eterno Retorno do mesmo nítico coloca para o ser humano um enorme desafio este desafio Qual é a atitude que eu vou assumir aqui e agora diante desta situação eu vou amaldiçoar este momento e dele querer me livrar ou eu vou ao contrário
bem dizer Esse instante e afirmar plenamente que eu farei isso um número infinito de vezes Isto é amor Fati amor Fate é a aceitação amorosa do que advém a aceitação amorosa e aqui sim o último momento do desafio que é realmente Grande a aceitação amorosa de tudo que há de mais alegre e exuberante na vida mas também de tudo o que nela existe de mais terrível e doloroso quando você coloca cristianismo foi uma celebração da vida na Perspectiva é uma negação da vida é um niilismo Então gostaria que você falasse um pouco sobre isso Perdão
eu não eu não ouvi o início da sua você colocou o cristianismo seria uma celebração da vida um contraponto que vinha da antiguidade e na Perspectiva do nit o justamente cristianismo é uma negação da vida é uma forma de niilismo Então gostaria que você desenvolvesse um pouco é que nem te tomo cristianismo de uma determinada perspectiva também e o que Nite vai privilegiar no cristianismo é o que nós vamos encontrar em vários vários dos seus livros tanto na genealogia da moral a janelogia da moral eu acredito que seja uma boa porta de entrada para nós
pensarmos essas questões mas também vamos encontrar essas ideias no anticristo e daí por gente bem então o que nicho vai dizer a gente vai dizer mais ou menos o seguinte o cristianismo é antes de mais nada o desprezo por esta vida em que nos encontramos aqui agora em nome de uma outra vida o cristianismo prega a o desprezo por este mundo em que nos achamos aqui agora em nome de um outro mundo e o cristianismo Portanto ele está marcado pelo ressentimento é claro que nisso e vai estar trabalhando com referenciais bastante distintos ele vai trabalhar
antes de mais nada com a figura do da aristocracia guerreira dos tempos homéricos para aristocracia guerreira dos tempos homéricos estamos falando do século nono antes de Cristo não é na Grécia arcaica lá O Duelo se dava interpares a guerra se dava entre aqueles que eram capazes de lutar os que não eram capazes de lutar se quer eram levados em conta se quer eram tomados em consideração porque eles não faziam parte da casca eles não faziam parte do grupo que se dedicava muito bem estes incapazes de lutar com o passar do século eles acabaram invertendo revertendo
a situação porque porque a proeminência política se tornou em preeminência se converteu em preeminência espiritual o lugar ocupado pelos guerreiros passou a ser ocupado agora pelo sacerdotes E com isso triunfou o ressentimento o ressentimento por parte daqueles seres que incapazes de lutar incapazes de reagir só podiam ressentir daí a palavra recentemente ressentimento o ressentimento é sempre por baixo daqueles que eram incapazes da ação incapazes do ato propriamente dito por isso eles ressentiam e o cristianismo é ressentido na sua essência porque continuando pelo raciocínio de pela seguinte razão ao desprezar o aqui agora ao desprezar esta
vida em nome de outra vida este mundo em nome de outro mundo o cristianismo nada mais faz do que inventar uma Vingança imaginária inventaram o Reino de Deus e o reino de Deus é fruto do ódio e do desejo de Vingança Dos ressentidos então o cristianismo é niilista no entender limite porque ele nega o aqui agora esta vida e este mundo ele já parte de uma posição nele lista porque ele é elege como sendo ele é elege como sendo digno de nota como sendo como sendo ele valoriza perdão perdão ele valoriza antes de mais nada
a outra vida e o outro mundo em detrimento desta vida e deste mundo e por essa razão ele natifica se você quiser usar esse termo ele na edifica ele converte em nada não é o corpo a vida a terra fui ao seu encontro Boa noite então Vivemos num período em dias que negamos a morte negar a verdadeira situação ao moribundo é uma forma de egoísmo negar perdão a verdadeira situação a um moribundo que ele tá passando próximo da morte próximo de encontrar na morte enganá-lo dizendo que nada tá acontecendo é uma forma egoísmo É difícil
responder essa questão é realmente muito difícil porque na verdade eu tenho a impressão de que também nós temos nos dias de hoje de levar cada vez mais em conta os casos específicos na sua especificidade eu tenho impressão de que nós estamos a nossa própria sociedade nós estamos num tal momento histórico que as leis universais não é os princípios de caráter geral Eles não têm mais poder eficiente eles não se mostram mais eficientes a cada momento nós estamos nos deparando pelo próprio progresso para usar essa palavra Progresso ou evolução ou transformações da ciência etc não é
da Medicina da biologia e tudo mais da ciências biomédicas em particular que estão tendo desenvolvimento extraordinário as pesquisas estão sendo canalizadas e o dinheiro os investimentos estão sendo muito altos nessa direção Nossa não temos condições de ter não é ideias princípios gerais que possam nortear a nossa conduta eu tenho a impressão de que estamos vivendo um tal momento em que as situações tem que ser consideradas na sua especificidade todo debate que está sendo levado adiante Atualmente é muito atual o debate que está sendo travado na Europa nos diferentes países da Europa na Holanda onde a
eutanásia é admitida na França onde há pessoas que buscam legalizar eutanás etc todo este debate é sintoma dessa nossa situação ou seja eutanásia mas Em que casos Quais são os casos em que ela poderia ser admitida e quais os casos em que ela não poderia ser admitida e de qual forma como tratar com um paciente terminal fazendo ver a ele que a morte é iminente ou não dando conhecimento a ele da sua da sua real situação ou não eu tenho impressão de que de fato nós vamos ter de nos render a especificidade de cada situação
de cada caso meu nome é Pedrito fabes Não eu tava querendo colocar o seguinte ele tá falando da morte de uma forma assim muito como se ela fosse sentida por nós a cada momento mas me parece me parece que a morte ela só nos atinge no ambiente familiar pai mãe filhos e irmãos e eventualmente algum parente então nessas situações a morte é terrível a gente é um impacto né mas também passageiro né Logo mais né dependendo de algumas circunstâncias emocionais sentimentais de cada pessoa que às vezes é doentia ela se perdoa por muito tempo mas
no resto parece que a morte Aliás você falou né ela tá banalizada então a gente vê morreu gente morreu sabe a gente passa por sem sentir a morte e eu tenho impressão de que quando a gente está no dia a dia e quando se fala em pensar na quando você falou assim que pensar na morte faz com que a gente procure o sentido da vida eu tenho eu não sei eu tenho impressão de que nós não não chegamos sabe a morte É Tão misteriosa que a gente não consegue quando pensa nela não consegue chegar a
lugar nenhum sabe eu às vezes percebo isso na família quando se de repente morre esposa morre um filho eu sinto que vai ser um drama total naquele momento Mas a gente não consegue sabe lidar com a morte e por outro lado eu não sei se ela nos leva a pensar no sentido da vida sabe porque a vida também tá tão assim impregnada do de fora para dentro que ninguém pensa de dentro para fora então sabe eu gostaria de comentasse alguma coisa sobre essa forma de viver que parece que não busca o sentido da vida então
meu amigo o que eu penso é o seguinte que eu posso dizer o seguinte eu eu assim me parece Sem dúvida me parece que nós estamos totalmente desamparados diante da morte de fato totalmente desamparados e totalmente despreparados e o que eu procurei dizer quando de alguma forma eu aproximava a morte e o amor porque não importa quantas pessoas Nós perdemos cada vez que sofremos uma perda como se ela fosse totalmente nova Não importa se essa perda se faz de uma maneira gradual alguém da família que passou 10 anos em cima de uma cama ou se
ela se faz de uma forma bruta num acidente de carro Nunca Estamos preparados para a morte Nós somos totalmente desamparados e a morte também eu concordo ela é sempre eu falei infarto bruto eu falei não sei o quê mas nós poderíamos falar em algo brutal é sempre algo brutal é algo brutal porque até onde eu consigo perceber quando ela se apresenta ela nos faz reviver todas as nossas perdas não é apenas aquela perda que nós sofremos mas todas as nossas perdas todas as perdas que nós já experienciamos ao longo da nossa vida E então vem
o tal do trabalho de luto fazer o luto é recompor de alguma maneira é fazer uma despedida sem sombra de dúvida Não primeiro momento é fazer uma despedida é atravessar o vazio e recompor de alguma maneira o nosso universo que ficou despovoado porque aquele ser já não está mais ali mas eu tenho a impressão e aqui eu gostaria de voltar ao Senhor Quando o senhor diz que as enfermidades têm uma espécie de Missão filosófica porque elas levam o homem o ser humano a pensar sobre o sentido da sua existência sobre a sua existência eu tenho
a impressão de que a morte também porque quando sofremos uma grande perda a primeira pergunta que nos vem à cabeça é essa Estamos fazendo aqui sentido e tem continuar vivos e uma grande perda pode sem sombra de dúvida contribuir para redirecionar uma existência inteira Eu que agradeço muito obrigada a vocês todos muito obrigada obrigada