[Música] Oi, gente! Bem-vindo, bem-vinda ao episódio de hoje: mais uma dose de conhecimento sobre a mente humana. O tema de hoje é o das filhas não amadas.
Porque, apesar do mito de que toda mãe é amorosa e dedicada, o fato é que existem, sim, mães que não conseguem ou não querem amar os filhos. E, nesse episódio, que está baseado na pesquisa de Peg Streep, que já escreveu alguns livros sobre a relação entre mães e filhas, a gente vai conhecer pelo menos sete coisas que podem acontecer a uma filha que cresce sem o amor e o apoio da mãe. Para começar, é importante a gente entender que é na infância que a filha tem o primeiro vislumbre de si mesma no espelho, que é o rosto da sua mãe.
Se a mãe é amorosa e atenta, o bebê desenvolve um apego seguro. A gente já falou do apego no episódio de segunda passada. Então, quando a relação com a mãe é segura, a criança aprende tanto que é amada quanto que é digna de amor.
E esse sentimento de ser digna de afeto e de atenção se torna a base sobre a qual essa criança constrói o seu primeiro senso de identidade. Já a filha de uma mãe que não é amorosa, de uma mãe emocionalmente distante, fria, imprevisível ou até mesmo muito crítica ou cruel, essa filha aprende lições diferentes sobre o mundo e sobre ela mesma. Ela aprende que as pessoas não são confiáveis, ou que as pessoas são imprevisíveis, ou que elas machucam, e que, quando nós somos maltratados ou deixados de lado, a culpa é nossa.
Pois é. Esses primeiros vínculos emocionais que a criança forma serão o tipo das relações futuras. Eles vão ensinar para a criança como os relacionamentos funcionam no mundo, e, sem terapia ou outro tipo de intervenção, essas ideias podem acompanhar a pessoa por uma vida inteira.
Então, o ponto central, meu querido, minha querida, é que a necessidade de amor materno é uma força motriz primal, é um alimento essencial para a construção da personalidade. E essa necessidade não diminui só porque a mãe é distante, fria ou maltrata a criança. A necessidade permanece, e ela vai coexistir com a dolorosa e devastadora compreensão de que a pessoa que deveria te amar incondicionalmente faz o oposto do que se espera.
E a luta para curar e para lidar com isso é intensa e vai afetar praticamente todos os teus relacionamentos. Então, vamos dar uma olhada agora nas sete consequências de ser filha de uma mãe não amorosa. Algumas dessas consequências também se aplicam aos homens, mas o foco da pesquisa da Peg Streep foi nas mulheres.
Ok, primeiro ponto: falta de confiança. A filha não amada não sabe que é digna, sim, de amor e de atenção, porque ela pode ter crescido se sentindo ignorada, se sentindo não ouvida ou sendo criticada a cada passo que ela dá. Então, a voz na cabeça dela é a da mãe dizendo que ela não é inteligente, ou não é bonita, ou não é gentil, ou não é digna.
E essa voz materna internalizada vai continuar a minar as conquistas e os talentos da filha. Ela vai achar sempre que não é capaz de fazer as coisas e que tudo o que consegue, com esforço, não é merecido. Mesmo quando ela for a principal responsável por uma conquista, ela sempre vai achar que foi alguém que lutou, ou alguém que deu, ou que foi alguém que fez.
Outra consequência é a falta de confiança nos outros. Isso mesmo! Ela vai sempre duvidar das pessoas, vai sempre achar que tem uma coisa oculta, né?
Uma segunda intenção. E esses problemas de confiança decorrem da sensação de que as pessoas e os relacionamentos são fundamentalmente pouco confiáveis, sejam amizades ou relacionamentos românticos. Então, a mulher que desenvolveu esse apego ambivalente, essa coisa insegura, precisa que as pessoas estejam o tempo todo dando provas de que elas são confiáveis.
A terceira consequência é a dificuldade com os limites. E como é que isso funciona? Bom, muitas filhas que ficaram presas entre a necessidade de atenção da mãe e a ausência dessa atenção que nunca chegava contam que se tornam agradadoras nos relacionamentos adultos.
Quer dizer, elas são tão carentes de atenção que se tornam incapazes de definir limites que não sejam só os essenciais. Muitas filhas que não foram amadas falam da incapacidade de dizer não, de sempre querer agradar demais, ou então de querer um relacionamento tão intenso, mas tão intenso que a outra pessoa se afasta. É aquela coisa: como ela não tem muitos limites, ela também não quer que o outro tenha.
Então, ela pode querer uma simbiose com o outro para compensar aquela falta de atenção lá de trás. É muito difícil para essa mulher ter amizades ou relacionamentos amorosos equilibrados. A quarta dificuldade é a de se enxergar com precisão.
E muito disso tem a ver com o fato de que essa mulher quer internalizar tudo o que ouviu da mãe enquanto crescia, especialmente sobre os próprios defeitos e limitações. Pois é, a pessoa passa a se ver como ela é retratada nos discursos da mãe. Então, ela vai estar sempre limitando os próprios esforços, colocando um freio no próprio potencial para nunca contrariar o fato de que é burra, de que é lenta, de que é fracassada, de que é gorda, de que é feia e por aí vai.
E isso não é só uma questão de baixa autoestima, é algo muito mais profundo. Quinto ponto: a falta de confiança ou o medo muitas vezes coloca a filha que não foi amada numa posição defensiva. Então, ela não se aproxima muito de ninguém para evitar ser machucada.
Em vez de se sentir motivada a encontrar uma conexão estável e amorosa com as pessoas, essas mulheres, superficialmente, podem agir. . .
Como se quisessem, sim, estar com as pessoas, mas, num nível mais profundo e inconsciente, a evasão é o verdadeiro motivador dela. Seja por medo, por desconfiança ou por outra razão, a evasão impede que a filha não amada encontre os relacionamentos afetuosos e de apoio que ela sempre buscou. Sexta consequência: tornar-se excessivamente sensível.
Isso aí, uma filha que não foi amada pode se tornar sensível demais a ofensas reais ou imaginadas. Um comentário aleatório pode trazer à tona todo aquele peso da experiência infantil, sem que ela nem perceba. Então, essa mulher pode ficar o tempo todo fazendo interpretações, vendo coisas onde elas não existem, ruminando situações e sofrendo com pensamentos excessivos.
Sétimo ponto: a repetição. Infelizmente, a gente tende a sentir atração pelo que a gente conhece, quer dizer, por situações que, apesar de nos fazerem infelizes, acabam parecendo menos ameaçadoras, porque elas são familiares. E isso pode acabar tendo o efeito de fazer aquela filha replicar, pela vida, né?
Mesmo sem se dar conta, o relacionamento que teve com a mãe. Ela vai buscar, nas amizades e nas relações amorosas, pessoas que vão tratá-la da forma como a mãe a tratou. Antes de finalizar, é importante a gente perceber que as feridas mais comuns são justamente aquelas relacionadas à autoestima e à capacidade de conexão emocional da mulher.
E o objetivo da gente olhar para essas feridas não é o de ficar lamentando, ou se desesperando, ou culpando o nosso passado, mas sim o de tomar consciência do que aconteceu. A conscientização: esse é o primeiro passo na direção da cura. Porque, sem a tomada de consciência, nós simplesmente aceitamos esses comportamentos problemáticos como parte da gente, sem considerarmos a origem deles.
Entende? Muito obrigada pela tua escuta. Obrigada pelo luxo da tua presença.
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