[Música] he prefiro continuar vivendo na rua do que morar com você disse o garoto quando encontrou o seu pai milionário Fabrício olhava para a frente o coração batendo acelerado enquanto tentava alcançar o garoto que corria alguns metros à frente as ruas pareciam desfocar ao redor E tudo o que importava naquele momento era entender Quem era aquele garoto que fugia tão apressado quanto mais corria mais a semelhança com Aline se tornava gritante só pode ser ele pensava enquanto o eco dos próprios passos ressoava na calçada tudo havia começado naquela conversa há quase 10 anos a discussão
com Aline ainda estava fresca na memória de Fabrício e ele se lembrava de cada palavra dita cada expressão que ela fazia enquanto tentava em vão convencê-lo de que o bebê era dele esse filho não é meu gritou ele Naquela tarde enquanto apontava o dedo na direção de Aline que olhava para ele com os olhos cheios de Lágrimas como você pode falar isso Fabrício ela rebateu com a voz tremendo de indignação eu sempre fui honesta com você é absurdo que você me acuse disso agora Fabrício Balançou a cabeça impaciente você sai toda hora ali Toda semana
é uma festa uma reunião de trabalho ou alguma outra desculpa Você acha que eu sou bobo vai me dizer que não fica com ninguém nessas festas Aline deu um passo para trás chocada eu sempre te convidei para essas reuniões mas você sempre preferiu não ir sempre escolheu o trabalho as saídas com os amigos eu não deveria nem precisar me defender disso Fabrício você sabe como eu sou eu nunca te dei motivo para desconfiar de mim ele cruzou os braços cético Ah claro você é praticamente uma santa só que eu sei muito bem como isso funciona
Aline eu sei que você está atrás do meu dinheiro queria um filho comigo para garantir um futuro não é sabe que eu ganho bem que posso sustentar essa criança então está inventando essa história toda ela deu uma risada amarga você realmente acredita que eu seria capaz de fazer algo assim perguntou a voz quase um sussurro eu nunca me importei com o seu dinheiro Fabrício eu me importava com você mas parece que você não consegue enxergar isso é fácil falar isso agora mas e depois você ia querer pensão ia pedir casa escola particular já estou vendo
Tudo Aline suspirou tentando controlar a emoção eu não estou pedindo nada Fabrício só queria que você acreditasse em mim que assumisse a responsabilidade por algo que nós dois fizemos juntos mas se você realmente acha que estou te usando então talvez seja melhor a gente parar por aqui ele ficou em silêncio por um momento mas logo sua expressão endureceu novamente tá vendo já tá falando em parar por aqui Claro agora que você viu que eu não vou cair na sua história está dizendo isso para me fazer sentir culpado eu conheço bem essa jogada ela Secou as
lágrimas irritada sabe Fabrício eu não precisava disso eu achava que você era uma pessoa diferente que a a gente tinha algo verdadeiro mas agora eu vejo que você é alguém que prefere desconfiar e culpar em vez de ouvir e acreditar eles continuaram discutindo por quase uma hora cada tentativa de Aline em explicar era refutada por Fabrício com mais desconfiança quando ela tentou se afastar ele a acusou de estar fugindo da conversa e quando ela insistiu ele a chamou de interesseira a tensão entre eles parecia insuportável e Fabrício naquele momento não conseguia ouvir nada além da
própria raiva e insegurança meses depois quando soube que Aline havia saído da cidade uma parte dele se sentiu aliviada agora ao menos ele não precisaria lidar com a sombra daquela suspeita que o atormentava mas ao longo dos anos a ausência dela deixou um vazio incômodo e de tempos em tempos ele se pegava pensando no que teria acontecido com ela até que recentemente r começaram a surgir entre os amigos aquele garoto é a cara da Aline ele apareceu na rua dela você viu eram frases que pareciam ecoar cada vez mais frequentemente Fabrício não conseguia ignorar a
coincidência e agora ali estava ele perseguindo aquele garoto nas ruas da cidade o menino percebendo que Fabrício se aproximava virou rapidamente para dentro de um beco Estreito Fabrício ainda oegou tentando avistar o garoto que havia desaparecido atrás de uma pilha de caixas espera ele gritou eu só quero conversar um silêncio absoluto se seguiu até que uma voz baixa e desconfiada respondeu o que você quer comigo Fabrício se aproximou lentamente tentando parecer menos ameaçador eu eu conheci sua mãe há muito tempo meu nome é Fabrício o garoto ainda escondido hesitou antes de dar um passo à
frente seus olhos isso causou um arrepio em fabrcio eu sei quem você é respondeu o garoto com um tom desafiador minha mãe me contou sobre você Fabrício sentiu o peso daquelas palavras Aline havia falado dele talvez não com a melhor das lembranças e o que ela te contou perguntou ele a voz menos firme do que antes o garoto cruzou os braços ainda com umapressão de desafio que você não acreditou nela que disse que eu não era se filho que preferiu achar que ela estava interessada só no seu dinheiro Fabrício engoliu em seco tentando pensar em
algo para dizer a verdade é que até agora ele nunca havia se permitido acreditar que o garoto poderia realmente ser seu filho eu eu cometi um erro admitiu as palavras saindo com dificuldade naquela época eu não soube lidar com a situação achei que ela estava mentindo o garoto permaneceu em silêncio mas o olhar em seus olhos mostrava uma mistura de mágoa e curiosidade O garoto estava com roupas maltrapilhas sujo e parecia morar na Rua Fabrício observou a figura franzina e desgastada do menino e hesitou por um instante antes de perguntar com a voz trêmula como
como está Aline o garoto que até então o encarava com olhos desconfiados endureceu aão os lábios se apertaram em uma linha um olhar carregado de raiva para Fabrício ela está morta disse ele com uma voz fria e ressentida como se cada palavra fosse uma acusação ela morreu por sua causa as palavras caíram sobre Fabrício como uma tonelada de concreto esmagando qualquer noção de controle que ele pensava ter ele deu um passo para trás incrédulo com o estômago revirando em dor e choque tentou falar mas as palavras ficaram presas em sua garganta ca morta essa palavra
continuava a ecoar na mente dele como um sinistro mantra minha culpa conseguiu perguntar com a voz quase um sussurro o garoto com a mesma frieza Confirmou com um aceno sua expressão era dura e ele mantinha os punhos cerrados ao lado do corpo como se estivesse se contendo para Não explodir em uma explosão de ressentimento Sim ela sofreu por sua causa depois que você a abandonou ela não conseguiu se sustentar nós passamos por muitas dificuldades até que ela adoeceu e morreu ele fez uma pausa como se estivesse lembrando dos detalhes com clareza dolorosa agora eu moro
na rua porque não quero viver em um orfanato o choque e a culpa atingiram Fabrício com força total e ele levou a mão à testa tentando organizar os pensamentos como aquilo tudo poderia ter acontecido ele sabia que havia sido duro com Aline que em sua arrogância e orgulho havia se recusado a acreditar que ela poderia estar dizendo a verdade sobre a gravidez mas nunca em seus piores pesadelos ele imaginou que a situação dela teria chegado a tal extremo ele se recuperou o suficiente para tentar responder a voz trêmula e ainda em choque a culpa não
é minha murmurou como se dissesse mais para si mesmo para o garoto eu eu não sou seu pai eu me arrependo de ter tratado sua mãe daquela forma mas isso não faz de mim o culpado por tudo o garoto o encarou com os olhos brilhando de raiva você é pior do que ela falou respondeu a voz cheia de amargura pior ainda porque você ainda prefere fingir que nada disso foi culpa sua você se esqueceu dela e me deixou sozinho se você tivesse feito alguma coisa talvez ela ainda estivesse viva o garoto virou-se dando as costas
a Fabrício e começando a se afastar os passos firmes e decididos como se não quisesse mais olhar para ele Fabrício sentiu um impulso de detê-lo de dizer algo que talvez pudesse de algum modo compensar tudo o que havia feito ele começou a segui-lo a passos rápidos e quando finalmente se aproximou sua voz saiu mais suave do que pretendia você pode morar comigo se quiser disse ele num tom quase suplicante apesar de não ser meu filho você é filho de uma pessoa que foi muito importante para mim E além disso você é uma criança não pode
estar andando por aí sozinho nem morando nas ruas o garoto parou e se virou encarando-o com Fúria prefiro continuar vivendo na rua do que morar com você gritou a voz embargada de mágoa e Ódio você matou a minha mãe e foi um covarde durante todos esses anos não vou aceitar nada de você sem esperar qualquer resposta o garoto se abaixou e pegou uma latinha amassada do chão lançando-a com toda a força que tinha na direção de Fabrício ele levantou os braços para se proteger e o objeto ricocheteou no chão com um som oco quando baixou
os braços e procurou o garoto ele já havia desaparecido Fabrício olhou ao redor mas não havia sinal do menino ele ficara sozinho no meio da rua com o peso das palavras do garoto e a sensação de que tudo o que havia dito e feito nos últimos anos não passava de uma mentira para proteger seu orgulho e suas certezas Ele não é meu filho repetia para si mesmo tentando se convencer de que aquela era a verdade mas ao mesmo tempo uma dúvida incômoda começava a crescer dentro dele Fabrício não conseguia tirar o garoto de sua mente
a cada dia a lembrança do encontro perturbador com ele e as acusações amargas de que fora o responsável pela morte de Aline martelava em sua consciência ele sabia que precisava fazer algo para corrigir ao menos uma parte do que havia deixado de fazer no passado mas ele nem sequer sabia o nome do garoto tampouco como encontrá-lo por dias Fabrício tentou encontrá-lo nas ruas da cidade caminhando pelos lugares onde vira crianças em situação de rua mas ele parecia ter desaparecido Depois de muita procura e perguntas sem resposta Fabrício começou a ouvir rumores comentários dispersos indicavam que
o garoto de tempos em tempos tentava entrar em uma casa abandonada no bairro onde Aline morara a velha casa em que viveram durante aqueles últimos meses antes de ela desaparecer Fabrício Decidiu ir até lá quando chegou à frente da casa sentiu um nó na garganta o lugar estava em ruínas as janelas quebradas e o Jardim completamente tomado pelo Mato aproximou-se de um vizinho que estava no portão ao lado um senhor de idade que observava Fabrício com curiosidade Boa tarde cumprimentou Fabrício com um sorriso sem graça eu estou tentando entender o que aconteceu com essa casa
ela pertenceu a uma pessoa importante para mim o vizinho assentiu como se já tivesse esperado que ele fizesse essa pergunta sim Essa casa foi da Aline uma boa moça Mas ela vendeu há muito tempo um casal comprou morou por um tempo e depois foi embora desde então está abandonada ninguém mais cuida dela e os anos passaram Fabrício assentiu sentindo o peso de cada palavra mesmo depois de tanto tempo as lembranças ainda estavam ali quase visíveis em cada detalhe eu ouvi dizer que um garoto de rua talvez tenta entrar aqui de vez em quando sabe algo
sobre isso o vizinho Balançou a cabeça e franziu o senho Sim eu já vi esse menino às vezes ele aparece por aqui tenta pular o portão ninguém sabe muito sobre ele ele vem fica por um tempo e depois desaparece e você teria por acaso algum contato do dono atual da casa perguntou Fabrício já pensando em um plano Tenho sim acho que ele até gostaria de vender Já que não usa a casa para nada Fabrício agradeceu e anotou o contato ele sabia exatamente o que iria fazer duas semanas depois o garoto voltou à casa ele subiu
no portão com a destreza de quem já o fizera várias vezes esgueirou-se pela lateral e parou intrigado ao perceber que a porta não estava trancada empurrou-a com cuidado e deu um passo para dentro sentiu um frio estranho ao notar que o lugar estava completamente diferente as paredes antes desgastadas e pálidas estavam pintadas de branco os móveis eram novos e havia um cheiro agradável de limpeza no ar a casa est mobiliada e a sensação era a de um lar pronto para ser habitado o que está acontecendo murmurou o garoto para si mesmo o olhar percorrendo cada
detalhe perplexo Foi então que Fabrício apareceu surgindo no corredor com um leve sorriso os braços cruzados eu esperei duas semanas por você aqui dentro achei que nunca viria disse ele com um tom de voz calmo mais firme o garoto arregalou os olhos presa rapidamente se transformando em desconfiança e raiva O que você está fazendo aqui perguntou a voz carregada de reprovação Fabrício deu um passo à frente tentando manter uma postura amigável eu comprei a casa respondeu ele como se a explicação fosse suficiente o garoto estreitou os olhos visivelmente incomodado E para quê disparou ele cheio
de rancor Fabrício respirou fundo e respondeu olhando diretamente para o garoto é para você morar disse Fabrício Deixando as palavras suspensas no ar esperando a reação dele o garoto soltou uma risada seca balançando a cabeça eu jamais moraria com você disse cheio de desprezo Fabrício levantou uma das mãos em um gesto de calma você não precisa morar comigo a casa pode ser sua e você pode morar aqui sozinho se quiser quero apenas que você tenha um lugar seguro o o garoto olhou desconfiado o olhar escaneando Fabrício como se tentasse decifrar suas intenções isso é estranho
por que você tá fazendo isso Fabrício abriu um leve sorriso e fez um gesto em direção à cozinha vou pegar um copo de água para você espere aqui um instante o garoto confuso deu de ombros e ficou parado no meio da sala observando os móveis ao redor Fabrício foi até a cozinha mas enquanto pegava o copo d'água rapidamente um número em seu celular ele retornou à sala e Estendeu o copo ao garoto tentando ser gentil Qual é o seu nome perguntou ele tentando quebrar o gelo o garoto hesitou antes de responder com um tom frio
Pedro Fabrício assentiu guardando o nome na memória Pedro quero que você saiba que esta casa será sua quando você completar 18 anos está em meu nome mas no seu aniversário de maioridade Ela será sua Pedro encarou Fabrício umapressão cética estampada no rosto por eu deveria acreditar em você ele perguntou os olhos estreitos antes que Fabrício pudesse responder a porta daa se abri e pessoas entraram vestiam uniformes do juizado de menores e Fabrício ainda segando o copo deu um passo para o lado deixando-os verem Pedro eles estão aqui para te levar ao orfanato Pedro disse Fabrício
tentando parecer gentil eu sinto muito mas é para o seu bem lá você terá um lugar para dormir comida e quando você for maior de idade essa casa realmente será sua o rosto de Pedro se contorceu de raiva e incredulidade você é um mentiroso gritou ele a voz Cheia de ódio primeiro diz que a casa é minha e agora quer me mandar embora eu nunca mais quero ver você antes que os oficiais pudessem pegá-lo Pedro se virou e correu na direção posta ele era ágil e rápido e em questão de segundos driblou os dois e
saiu pela porta desaparecendo na Rua Fabrício ficou parado observando a porta aberta com o coração pesado tentara fazer o que achava certo mas sabia que não havia sido suficiente para quebrar a barreira de desconfiança e ressentimento que existia entre ele e o garoto Fabrício correu mais uma vez atrás do garoto mas Pedro era rápido e ágil e logo desapareceu entre as esquinas e vielas da cidade ofegante e frustrado Fabrício parou tentando recuperar o fôlego e processar tudo o que havia acontecido ele entrou no carro e começou a dirigir pelas ruas os olhos atentos buscando o
garoto entre os pedestres após algum tempo quando já estava prestes a desistir avistou Pedro caminhando calmamente por uma rua mais distante com cuidado Fabrício acelerou o carro e começou a seguir Pedro a uma distância segura para que o garoto não percebesse Pedro caminhava Sem pressa olhando para os lados até que parou em frente a um hospital Fabrício franziu a testa intrigado o que ele estaria fazendo ali Fabrício estacionou e observou enquanto Pedro entrava no hospital passando direto pela recepção esperou alguns segundos e em seguida saiu do carro decidido a descobrir o que o garoto estava
fazendo ali entrou no hospital e seguiu os passos de Pedro que caminhava pelas alas parecendo muito seguro do caminho que fazia Fabrício seguiu a distância sem perder Pedro de vista logo Pedro Parou em frente à porta de um quarto da ala médica da enfermaria Ele abriu a porta devagar entrando de maneira quase silenciosa intrigado Fabrício se aproximou e olhou para dentro o que viu fez seu coração parar ali deitada em uma cama de hospital estava Aline ela estava viva mas desacordada o rosto pálido e Tranquilo Fabrício entrou no quarto com passos lentos o olhar fixo
nela tentando processar o que estava vendo atrás da cama de Aline uma pequena placa pendurada na parede informava estado coma Aline murmurou sem acreditar Pedro se virou ao ouvir a voz de Fabrício e imediatamente o olhou com raiva O que você está fazendo aqui perguntou a voz dura e defensiva Fabrício olhou de Pedro para Aline incrédulo Você me disse que ela estava morta disse ele tentando conter o tom de acusação Por que mentiu Pedro cruzou os braços encarando com um olhar frio eu não menti ela está morta para o mundo do jeito que está Ela
nunca mais vai acordar e a culpa é sua facio deu um passo para trás chocado inidade das palavras de Pedro minha culpa repetiu ele confuso e ao mesmo tempo tentando entender o que aconteceu com ela Pedro respirou fundo e abaixou o olhar os punhos cerrados de raiva e dor minha mãe trabalhava o tempo todo ela tinha uma rotina pesada sabe precisava sustentar a gente mas era muito difícil eu tentava ajudar mas não podia fazer muita coisa começou Pedro a voz vacilando de leve um ela estava tão cansada que atravessou o sinal sem olhar um carro
vinha rápido e ela foi atropelada faz se meses que ela está assim Fabrício sentiu um nó na garganta ao ouvir aquilo imaginando o sofrimento que Aline devia ter passado Pedro eu eu sinto muito por isso mas por que você não procurou ajuda por não falou comigo Fabrício perguntou tentando entender Pedro deu uma risada amarga com você eu preferia qualquer pessoa no mundo para ajudar menos você ele o encarou com o rosto endurecido os olhos cheios de recentimento desde que ela está aqui as assistentes sociais tentam me colocar num orfanato Mas eu não quero Prefiro dormir
na rua do que ser jogado num lugar desses o aluguel do nosso apartamento venceu e ninguém mais se importou Pedro deu alguns passos na direção da porta claramente com a intenção de sair Fabrício deu um passo à frente com medo de que ele desaparecesse de novo espere Pedro por favor lhe disse Fabrício segurando-o pela blusa o tecido velho e desgastado rasgou-se em um dos lados revelando um pedaço das costas de Pedro Ah desculpa eu não queria começou Fabrício soltando o tecido rasgado mas algo chamou sua atenção ali na pele de Pedro havia uma marca um
sinal de nascença em forma de meia-lua Fabrício estremeceu ele concia aquele sinal tinha o mesmo nas costas esse sinal sussurrou Quase Sem Ar Pedro olhou por cima do ombro percebendo o olhar chocado de Fabrício Sim eu vi que você tem o mesmo sinal respondeu Pedro o rosto Sombrio Isso me deixa triste sabia prefiro que qualquer outra pessoa no mundo fosse meu pai menos você o garoto olhou para Fabrício uma última vez e então sem esperar qualquer resposta saiu correndo do quarto Fabrício ficou parado incapaz de se mover sentindo como se cada parte de sua vida
estivesse sendo desfeita diante dele Pedro era seu filho a certeza pesava em seu peito de forma esmagadora ele se aproximou de Aline ainda em choque as lembranças do passado vieram à tona com força total a discussão as palavras duras que havia dito a recusa em acreditar que o filho era dele agora tudo fazia sentido a dor no olhar de Aline naquela última vez o tom de Súplica em sua voz a maneira como ela tentou se justificar ele vira tudo aquilo como manipulação uma tentativa de prendê-lo mas estava terrivelmente errado Fabrício observou o rosto Sereno de
Aline os aparelhos ao redor emitindo sons leves e rítmicos ela estava em coma há se meses enquanto o filho deles dormia nas ruas sozinho sem ninguém para ampará-lo lentamente ele se sentou ao lado da cama dela segurando a mão de Aline com cuidado como se ela pudesse acordar a qualquer momento e tudo aquilo fosse um pesadelo eu eu sinto muito Aline murmurou os olhos marejados eu sinto muito mesmo mas Aline continuava imóvel e Fabrício sabia que suas palavras não mudariam nada ela estava presa naquele estado e ele de certa forma também um peso de culpa
e arrependimento oa tornando difícil até mesmo respirar depois de algum tempo em silêncio ele se levantou precisava encontrar Pedro precisava fazer algo qualquer coisa para se redimir sabia que o garoto carregava um ressentimento profundo mas não podia desistir ele caminhou rapidamente pelos corredores do hospital com o coração batendo acelerado a cabeça cheia deos e promessas que pretendia cumprir havia desaparecido Pedro Correu para as ruas respirando o ar frio da noite enquanto sentia o peso da raiva e do ressentimento em cada passo ele encontrou o caminho até o barraco onde dormia com alguns outros garotos de
rua um abrigo improvisado Entre Paredes de madeira velha e coberturas de lona naquela noite sua raiva por Fabrício parecia maior do que tudo mas ao mesmo tempo a saudade de sua mãe apertava-lhe o peito ele deitou-se no chão duro abraçando e deixou as lágrimas escorrerem silenciosamente enquanto o cansaço o vencia na manhã seguinte Pedro se levantou cedo com a decisão de visitar o hospital antes que as assistentes sociais ou Fabrício aparecessem por lá temia ser descoberto temia até mesmo ser levado para longe de sua mãe caminhou até o hospital a cabeça baixa os olhos atentos
ao redor ao chegar no quarto de sua mãe ele parou por um instante Antes de abrir a porta mas ao entrar Pedro Se surpreendeu com a cena que encontrou uma senhora idosa de cabelos grisalhos e olhar Gentil estava sentada ao lado de Aline ela segurava a mão de sua mãe observando-a com um olhar suave e Tranquilo ao notar Pedro entrando a senhora sorriu calorosamente como se já o conhecesse Oi Pedro disse a mulher a voz firme mas cheia de doçura é um prazer conhecer você meu Netinho Pedro parou confuso sentindo o coração bater mais rápido
avó ele perguntou Ainda tentando entender o que estava acontecendo a senhora assentiu e deu um leve sorriso Sim sou sua avó Querido Meu nome é Lara sou mãe do Fabrício Pedro olhou para ela com um misto de surpresa e desconfiança os olhos avaliando cada detalhe daquela mulher Lara parecia genuinamente contente em vê-lo mas ele não conseguia de pensar que aquilo talvez fosse mais um truque de Fabrício ontem à noite eu fui dormir sem netos continuou Lara com uma expressão carinhosa e hoje acordei descobrindo que tenho um neto foi seu pai quem me contou tudo e
eu entendo a sua raiva viu Você tem todo o direito de sentir o que sente Pedro estreitou os olhos ainda se sentindo na defensiva eu não preciso de ninguém muito menos dele respondeu a voz carregada de mágoa priro ficar na rua do que morar com ele Lara sorriu levemente sem se abalar com a resposta dura do garoto sabia que você diria isso ela fez uma pausa ajeitando na cadeira ao lado da cama de Aline antes de continuar sabe eu moro perto daqui e moro sozinha se você quiser pode morar comigo não vou te obrigar a
nada só quero que você tenha um lugar seguro pense bem mas se você for hoje prometo que faço uma torta de chocolate deliciosa o estômago de Pedro Roncou involuntariamente ao ouvir a menção da torta de chocolate ele sentiu o rosto esquentar mas não pode evitar estava com fome Lara soltou uma risada Gentil ao ver a reação do garoto e então perguntou ela sorrindo ainda mais acho que já temos um sim não Pedro tentou manter a postura firme Mas a fome e o jeito carinhoso de Lara faziam com que ele se sentisse menos defensivo finalmente depois
de pensar por alguns segundos Ele respondeu eu vou mas se eu não gostar eu saio de lá Lara sentiu o olhar compreensivo Claro querido se não gostar pode ir embora quando quiser mas espero que goste e também espero que aos poucos você se sinta à vontade o jeito gentil e sincero de Lara baixou um pouco a guarda de Pedro que a seguia com passos cautelosos pelo corredor ainda desconfiado mas com uma fagulha de esperança do lado de fora escondido atrás da porta Fabrício observava a conversa com o coração apertado ele ouvira cada palavra de Lara
e sentia-se profundamente grato desde o momento em que contara tudo para sua mãe ela havia reagido com uma mistura de choque e raiva Lara o olhara os olhos estreitos de desapontamento e lhe dissera coisas que ninguém mais tivera coragem de dizer Fabrício dissera ela olhando com a idade de uma mãe que acabara de ouvir a confissão de um filho eu não o criei para ser um homem covarde que foge das responsabilidades você abandonou seu próprio filho isso isso me envergonha Fabrício abaixar a cabeça sem palavras para rebater as acusações sabia que sua mãe estava certa
e ouvindo aquelas palavras agora ditas por Lara parecia ainda mais doloroso ele passara os últimos anos se escondendo atrás de desculpas e usando-se a encarar o que fizera e agora estava diante das consequências de suas ações eu eu quero ajudar agora mãe disse ele a voz quase inaudível num último esforço para justificar-se Lara suspirou e colocou a mão no ombro dele não faça isso por você Fabrício não faça para tentar se redimir faça por aquele garoto ele já passou por mais sofrimento do que deveria agora escondido atrás da porta Fabrício se sentia aliviado ao ver
que Lara conseguira convencer Pedro a aceitar sua ajuda mesmo que ele mesmo ainda fosse a última pessoa com quem o garoto queria ter contato ao ouvir o estômago roncando de Pedro um sorriso discreto surgiu nos lábios de Fabrício aquela era uma pequena Vitória e com sorte talvez fosse o início de uma ponte entre eles enquanto Lara e Pedro deixavam o quarto Fabrício permaneceu no hospital por mais alguns minutos tentando recompor-se antes de sair ele sentia o peso das palavras de sua mãe mas também uma pontada de esperança sabia que teria um longo caminho pela frente
e que conquistar a confiança de Pedro seria um desafio mas agora ao menos havia uma chance Lara levou Pedro para sua casa durante o trajeto o garoto manteve-se quieto observando a cidade através da janela ao chegarem Lara mostrou a ele um quarto pequeno mas acolhedor com uma cama arrumada e um armário simples no canto do quarto havia uma janela que dava para o Jardim espero que você goste daqui disse Lara enquanto ajeitava uma das almofadas na cama sei que não vai substituir sua mãe mas quero que saiba que sempre terá alguém que se preocupa com
você Pedro desviou o olhar ainda relutante em demonstrar qualquer emoção mas era evidente que o gesto de Lara tocara algo dentro dele eu Obrigado murmurou com um tom de voz baixo e contido Lara sorriu Fazendo um carinho leve no cabelo dele vou preparar aquela torta de chocolate como prometido Fique à vontade para explorar a casa ou descansar se quiser Pedro assentiu e enquanto Lara saía Ele olhou ao redor do quarto a casa era silenciosa aconchegante e um lugar onde ele se sentia seguro pela primeira vez em meses enquanto Lara trabalhava na cozinha o aroma da
torta de chocolate começou a preencher a casa e Pedro atraído pelo cheiro foi até a sala por um instante permitiu se relaxar e quase sorriu Pedro devorou a torta de chocolate com entusiasmo cada pedaço desaparecendo rápidamente enquanto Lara o observava com um sorriso carinhoso a alegria dela era Evidente cada garfada Que ele dava parecia renovar a esperança em seu olhar para Pedro aquele momento era estranho e confortável ao mesmo tempo uma sensação que ele quase esquecera está boa perguntou Lara já sabendo a resposta Pedro assentiu com a boca cheia e um sorriso breve escapou entre
uma mordida e outra naquela noite Lara o ajudou a se acomodar no quarto que arrumara para ele as paredes eram de um azul claro e havia uma janela que dava para o pequeno Jardim nos fundos da casa o cobertor macio e a cama confortável fizeram Pedro suspirar sentindo-se seguro de uma forma que não se permitia há muito tempo os dias seguintes passaram rapidamente e Pedro começou a se acostumar à rotina na casa de Lara ela era uma presença constante e gentil sempre pronta para ouvir o que ele tinha a dizer mas também sabia ser rígida
quando precisava certa manhã enquanto tomava um café Lara olhou para ele com um olhar determinado Pedro você vai voltar para a escola disse ela firme Pedro engasgou com o suco e a encarou surpreso escola perguntou tentando parecer desinteressado sim escola respondeu Lara sem desviar o olhar você precisa terminar seus estudos vou te ajudar com o que precisar mas quero ver você dedicado Pedro sabia que argumentar com Lara seria inútil a convivência com ela lhe mostrara que por mais que fosse doce ela mantinha o pulso firme quando achava necessário e assim no começo da semana seguinte
ele retornou às aulas nervoso e desconfiado mas pouco a pouco começou a se adaptar os dias iam se tornando menos pesados e a rotina ao lado de Lara lhe dava uma sensação de segurança e estabilidade que ele não experimentava desde que a Line ficara em coma além de o incentivar na escola Lara fazia questão de visitar Aline com ele todos os dias no hospital ela sabia da importância de manter essa conexão entre Pedro e sua mãe e de certa forma a própria Lara Parecia ter criado um vínculo com Aline mesmo após anos sem haver durante
as visitas Lara segurava a mão de Aline e às vezes até contava histórias para ela como se tentasse trazer algum conforto a quem estava em coma para Pedro aquelas visitas eram dolorosas mas também reconfortantes ele sabia que Aline estava ali que ainda existia uma chance por mínima que fosse de ela acordar um dia era uma esperança que se agarrava com força e Lara o apoiava nisso no entanto as coisas não estavam completas sem a presença constante de Fabrício ele tentava se reaproximar de Pedro insistindo em se fazer presente na vida do filho aparecia com frequência
na casa de Lara levava livros escolares jogos e até mesmo roupas novas numa tentativa desajeitada de mostrar que estava disposto a fazer parte da vida de Pedro mas Pedro não cedia toda vez que Fabrício se aproximava Pedro se fechava lançando-as frios e mantendo a distância uma tarde depois da escola Pedro estava no Jardim remexendo a Terra ao redor das plantas que Lara cultivava com cuidado Fabrício apareceu na porta de entrada acenando Pedro Oi pensei em passar para ver como você está e trouxe um livro que achei que você pudesse gostar disse ele tentando parecer descontraído
Pedro mal olhou para ele mantendo-se concentrado no que fazia Lara que observava a cena da janela hesitou sem saber se devia intervir não preciso de livros seus respondeu Pedro ainda sem encará-lo Fabrício suspirou mas tentou manter o Tom leve só achei que você poderia gostar sabe é uma história de aventuras eu adorava esse tipo de leitura quando tinha a sua idade Pedro largou a pequena de jardinagem e se levantou finalmente olhando para Fabrício com uma expressão dura Eu já te disse que não quero nada de você vai embora Lara deu um passo à frente mas
parou quando Fabrício levantou a mão sinalizando que estava tudo bem tudo bem Pedro respondeu Fabrício à voz calma mas com um leve tremor eu só só queria ajudar se algum dia precisar de algo estou aqui Pedro não respondeu e voltou ao trabalho ignorando Fabrício completamente Fabrício deu um sorriso forçado e acenou para Lara antes de sair ele sabia que as tentativas de aproximação eram dolorosamente difíceis mas não queria desistir Pedro era seu filho e mesmo que o garoto o rejeitasse agora Fabrício sentia que precisava provar que estava ali para ele incondicionalmente essa cena se repetiu
muitas vezes ao longo das semanas Fabrício continuava a Endo oferecendo ajuda com os deveres da escola convidando-o para passeios mas Pedro mantinha sua postura firme rejeitando cada oferta fechando-se cada vez mais a cada tentativa apesar de todo o apoio de Lara Pedro ainda não conseguia perdoar Fabrício e o ressentimento crescia toda vez que via o pai Lara percebia a angústia de Pedro Mas sabia que só o tempo poderia desfazer a barreira entre pai e filho então em uma tarde como outra qualquer Lara e Pedro estavam no hospital sentados ao lado de Aline em mais uma
visita rotineira Pedro estava com os olhos fixos na mãe segurando sua mão enquanto Lara contava histórias suaves sobre os dias que eles passavam juntos tentando de algum modo fazer com que a presença deles fosse sentida o ambiente estava calmo o Son constante dos aparelhos era o único ruído de fundo foi nesse momento que algo Ines Pedro distraído ainda segurando a mão de Aline sentiu um leve movimento Ele olhou para a mão dela o coração disparado achando que talvez fosse apenas sua imaginação Mas então ele percebeu que os dedos de Aline haviam realmente se mexido vovó
sussurrou ele sem tirar os olhos da mãe Lara parou de falar virando-se para Pedro eois para aão torando uma mist surpresa e esperança Pedro querido acho que antes que ela terminasse a frase os olhos de Aline começaram a abrir lentamente piscando contra a luz fraca do quarto Pedro congelou sem acreditar no que estava vendo Aline abriu os olhos e eles se demoraram por um instante perdidos Até que focaram em Pedro ele segurou a mão dela com mais força o coração acelerado enquanto uma sensação indescritível de alívio e felicidade invadia seu peito mãe murmurou ele a
voz embargada os olhos de Aline mesmo cansados e confusos brilharam de reconhecimento ela olhou para ele tentando processar o que estava acontecendo e uma lágrima escorreu pelo rosto dela Lara Correu para chamar um médico enquanto Pedro permanecia ao lado da cama segurando a mão de Aline com força os olhos marejados de emo fraca tentou apertar a mão dele de volta mas seu corpo respondia com dificuldade ela não conseguia falar mas o olhar que lançava ao filho dizia tudo o que Pedro precisava saber ela estava de volta o médico entrou no quarto e examinou a line
com cuidado depois de um tempo pediu para que todos saíssem para que pudesse avaliar melhor seu estado Lara e Pedro esperaram ansiosamente na recepção e depois de alguns minutos o médico se aproximou com um semblante calmo ela acordou mas está muito fraca explicou o médico ficou seis meses em coma então o corpo dela precisa de tempo para se readaptar em breve ela voltará a falar e a andar mas vai precisar de fisioterapia e acompanhamento constante é uma questão de tempo e paciência Lara e Pedro suspiraram aliviados o médico permitiu que eles entrassem novamente no quarto
e ao ver Aline sorrindo ainda que fraca Pedro correu até ela e a abraçou com delicadeza como se temesse machucá-la Aline retribuiu o abraço o melhor que podia enquanto Lara olhava a cena com um sorriso emocionado Lara pegou o celular e ligou para Fabrício a voz embargada de emoção Aline despertou Fabrício está consciente do outro lado da linha Fabrício ficou em silêncio por um momento absorvendo a notícia e sem dirigiu-se ao hospital chegando lá ele entrou no quarto com uma expressão de alívio ao ver a Line acordada aproximou-se devagar um leve sorriso no rosto mas
ao notar o olhar dela percebeu que ela não parecia contente com sua presença os dias passaram e aos poucos Aline começou a recuperar suas forças sua voz inicialmente fraca foi ganhando mais firmeza e a fisioterapia ajudava a preparar seu corpo para voltar andar Lara a acompanhava todos os dias e Aline demonstrava um profundo sentimento de gratidão pela sogra num desses dias enquanto Pedro estava na escola Aline e Lara ficaram a sós no quarto eu não sei como agradecer por tudo o que você fez pelo Pedro Enquanto eu estive Aline hesitou procurando as palavras enquanto eu
estive fora Lara segurou a mão de Aline e Sorriu ele é meu neto e você Aline é uma pessoa especial eu faria tudo o que fosse necessário para mantê-lo seguro e feliz Aline ass sentiu comovida antes que pudesse responder Pedro entrou no quarto com uma expressão nervosa como se soubesse que estava para acontecer algo sério ele mal teve tempo de dizer oi antes de Aline lhe lançar um olhar de censura Pedro preciso ter uma conversa com você começou Aline o Tom sério eu soube que nesses meses você fugiu das sociis e esteve morando na rua
isso foi muito irresponsável Pedro você tem ideia do quanto isso me preocupa Pedro abaixou a cabeça envergonhado sentindo o peso das palavras da mãe eu sei Desculpa mãe eu só eu só queria ficar perto de você e Aline Balançou a cabeça interrompendo eu entendo que você se preocupava comigo mas morar na rua Foi uma decisão muito perigosa Pedro assim que eu esver totalmente recuperada temos uma longa conversa sobre isso precisamos resolver tudo o que ficou para trás Pedro suspirou e assentiu sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros Aline o puxou para um abraço sua
expressão suavizando um pouco mas acima de tudo estou feliz que você está bem disse ela acariciando o cabelo dele agora podemos reconstruir tudo juntos nesse momento Fabrício entrou no quarto ele parecia hesitante com um sorriso tímido claramente Ainda tentando se habituar ao novo ambiente e à presença de Aline Lara cumprimentou Fabrício com um aceno de cabeça e ele por sua vez retribuiu mas o leve rubor em seu rosto deixava claro que se sentia desconfortável Oi Aline disse ele aproximando-se com cautela eu eu estou feliz que você esteja bem não podia deixar de vir Aline Manteve
o rosto impassível mas assentiu Lara então agradeceu Fabrício por todo o suporte que ele vinha dando ao Pedro obrigada por ajudar com as despesas do Pedro e com a escola Fabrício disse Lara sei que é difícil mas é importante que ele saiba que tem o pai ao lado Fabrício deu de ombros ainda meio constrangido é o mínimo que eu posso fazer ele é meu filho mesmo que mesmo que as coisas tenham sido Como foram Pedro que ouvia tudo não conseguiu esconder sua frustração a presença de Fabrício ainda despertava uma profunda irritação dentro dele e ele
não se conteve você deveria sair logo daqui disse Pedro em um tom cheio de raiva Você sempre foi um babaca com a minha mãe por que continua fingindo que se importa a sala ficou em silêncio após a explosão de Pedro Fabrício abaixou o olhar visivelmente desconfortável e Pedro cruzou os braços desafiador mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa sentiu a mão de Aline segurar a sua com firmeza e o puxá-lo para mais perto encarando-o com um olhar sério Pedro disse ela a voz calma mas firme quero que peça desculpas ao seu pai agora
Pedro ficou confuso e olhou para ela como se não acreditasse no que ouvia mas mãe ele não importa o que aconteceu entre nós Pedro ele continua sendo seu pai e você não deve tratá-lo com desrespeito ele pode ter cometido erros mas isso não lhe dá o direito de ser Rude sinta a sua raiva expresse seus sentimentos mas não com esse tipo de atitude Pedro respirou fundo a expressão endurecida mas Aline não desviou o olhar mantendo-o firme ele finalmente cedeu abaixando a cabeça desculpa pai murmurou relutante Fabrício ainda visivelmente desconcertado assentiu aceitando oedido de culpas do
filho ele não esperava ser perdoado de imediato mas a atitude de Aline fez com que ele sentisse que aos poucos talvez houvesse espaço para reconstruir sua relação com Pedro o quarto Voltou ao silêncio até que Aline suavizou a expressão e Sorriu levemente mantendo Pedro ao seu lado Lara olhava a cena com uma expressão tranquila sabendo que este era apenas o começo de um longo processo de entendimento e reparação entre eles e enquanto Pedro continuava ao lado da mãe ainda incomodado mas resignado ele sentiu que algo diferente nascia ali uma pequena fagulha de possibilidade de reconciliação
que poderia crescer com o tempo após meses de recuperação Aline finalmente recebeu alta do hospital Foi um momento emocionante para todos e Lara que se tornara uma figura materna em sua vida prontamente ofereceu sua casa para que Aline e pudessem se restabelecer até que ela se adaptasse ao trabalho novamente e conseguisse se reorganizar Aline aceitou a oferta com gratidão sentindo-se acolhida pela família de Lara como nunca antes o tempo passou e Pedro se apegou profundamente à rotina na casa da avó ele adorava o ambiente aconchegante os conselhos e as risadas de Lara e principalmente as
tortas de chocolate dos fins de semana mesmo quando Aline já estava completamente recuperada e decidiu alugar um apartamento para eles Pedro insistia em ficar por perto eu vou ter que alugar um lugar próximo de você Lara se não quiser perder meu filho para suas tortas de chocolate brincou Aline em um dia ensolarado enquanto empacotavam os pertences Lara riu colocando uma mão sobre o ombro de Pedro ele sempre pede mas eu só faço nos finais de semana justamente para ter uma desculpa para vê-lo disse ela piscando para Pedro com a mudança para o apartamento novo Aline
e Pedro continuaram próximos de Lara mesmo que agora morassem sozinhos as visitas à casa dela eram frequentes Aline que perdera contato com o restante da família ao longo dos anos encontrou na ex-sogra uma figura que considerava como mãe sempre que havia tempo passavam juntos os finais de semana celebrando aniversários e criando novas memórias ao mesmo tempo Fabrício continuava tentando se aproximar de Pedro ele percebia o quanto seu filho era importante para ele especialmente agora que Pedro começava a sorrir mais e mostrar um lado mais aberto e caloroso algo que Fabrício ansiava em compartilhar toda vez
que ele se aproximava no entanto Pedro mantinha uma barreira falando pouco e raramente relaxando Aline por mais que ainda mantivesse seus sentimentos osos em relação a Fabrício nunca impedia que Pedro passasse algum tempo com ele mas Pedro sempre recusava os convites do pai e quando acabava indo parecia desinteressado e distante Fabrício tentava de tudo mas com o tempo percebeu que precisaria de uma nova abordagem se quisesse conquistar o carinho e a confiança do filho frustrado e sem saber o que mais fazer Fabrício pediu conselhos a Lara que o recebeu em casa com um chá quente
e um olhar compreensivo ele não quer saber de mim Mãe toda vez que tento me aproximar ele se fecha o que posso fazer para que ele eu não sei para que ele me aceite disse Fabrício exasperado Lara pousou a mão sobre a dele e respondeu com um tom calmo seja você mesmo Fabrício vocês devem ter algo em comum às vezes uma pequena conexão pode abrir portas que estão fechadas há muito tempo alguns dias depois Fabrício estava em casa assistindo a um jogo de futebol na televisão quando Pedro chegou para uma visita breve Fabrício estava absorto
na partida mas notou que Pedro ainda que estivesse com o semblante sério de sempre dava rápidas espiadas na tela você gosta de futebol Pedro perguntou Fabrício esperançoso Pedro olhou para ele sem esboçar um sorriso mas respondeu com um tom de curiosidade Sim gosto jogava com uns amigos quando estava na rua Fabrício viu ali uma oportunidade e sua expressão se iluminou quer assistir ao jogo comigo Posso preparar uns lanches e a gente pode torcer junto Pedro hesitou por um momento mas finalmente assentiu e se sentou no sofá ao lado de Fabrício a tensão Inicial foi aos
poucos substituída por um clima mais leve e à medida que o jogo esquentava eles começaram a se envolver na partida gritando e vibrando com os lances foi o primeiro momento Genuíno entre os dois e daquele dia em diante Fabrício e Pedro descobriram uma paixão compartilhada pelo futebol aos poucos eles começaram a ir a estádios juntos assistindo A Jogos e torcendo lado a lado e nos fins de semana passaram a se reunir para jogar no parque com Fabrício ensinando algumas jogadas e Pedro demonstrando Seu Talento com a bola Foi como se através do futebol outras portas
começassem a se abrir entre eles e a relação antes tensa e distante começou a se transformar em algo mais próximo e significativo enquanto isso Aline seguiu com sua vida e após alguns meses começou a namorar um homem chamado Otávio ele era um homem doce e Gentil alguém que tratava Pedro com respeito e carinho conquistando tanto a confiança de Aline quanto o afeto de Pedro pela primeira vez em muito tempo Aline sentia-se plena e feliz e Pedro por sua vez gostava da presença de Otávio encontrando nele um amigo e talvez uma figura paterna para Fabrício a
felicidade de Aline e Pedro com Otávio era algo que ele observava com um misto de Emoções ele via o quanto havia Perdido ao longo dos anos e por mais que soubesse que as decisões do passado haviam sido fruto de sua imaturidade não podia deixar de sentir uma profunda tristeza a imagem de uma vida que ele mais teria uma família completa ao lado de Aline e Pedro atormentava sua mente um dia durante uma visita à casa de sua mãe Fabrício desabafou mãe eu me sinto feliz que Pedro e eu finalmente nos demos bem mas ao mesmo
tempo vejo que ele está feliz com o Otávio e Aline também eu sinto que Perdi algo incrível uma família Lara o ouviu com atenção e após um breve silêncio segurou a mão do filho sabe Fabrício começou ela com uma expressão pensativa um copo quebrado nunca volta a ser perfeito como antes as rachaduras sempre vão ser visíveis mesmo que você Tente colá-las Fabrício assentiu reconhecendo a verdade nas palavras da mãe eu sei mas eu queria tanto queria tanto poder voltar atrás Lara apertou sua mão e deu um leve sorriso eu espero que você possa ser feliz
meu filho e Espero que encontre alguém que o ame como Aline amou um dia mas dessa vez espero que você não seja um covarde as palavras de Lara penetraram fundo no coração de Fabrício ele percebeu que embora não pudesse mudar o passado talvez ainda houvesse uma chance de construir um futuro diferente baseado nas lições que [Música] aprendera h [Música]