Durante as últimas 4 décadas, nenhum país se desenvolveu tanto quanto a China. De um PIB de 150 bilhões de dólares em 1978 com um salto astronômico para um PIB de 17,73 trilhões em 2021. Durante esse mesmo período, mais de 700 milhões de pessoas foram retiradas da extrema pobreza e 375 milhões de empregos foram gerados.
Fazendo com que a renda per capita do país saltasse de 194 dólares em 1980 para 12,5 mil em 2021. Hoje, a China é considerada a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas como um dos países mais pobres do século passado, conseguiu se tornar uma das nações mais poderosas do século XXI?
Há muito tempo atrás a China era conhecida como o país mais rico do planeta. Esse Estado milenar, muito antes das grandes potências do Ocidente, desenvolveria grandes obras de infraestrutura e planejamento econômico, além de uma complexa e bem estruturada burocracia estatal. Durante milênios, perpetuando diversas dinastias, a nação chinesa detinha verdadeiro poder econômico e uma grande capacidade de avanço nas descobertas e desenvolvimentos tecnológicos.
De lá saíram os garfos, os papéis, as escovas de dente, a pólvora e até a grande e famosa muralha. Só que com a revolução industrial no século XIX, as inovações mudaram - a chave do desenvolvimento estava agora na indústria e cada vez mais concentrada na Europa. Ao mesmo tempo, a China se tornava palco de ataques bélicos, invasões e crises políticas envolvendo países como o Japão, os Estados Unidos e a grande Inglaterra.
Com as guerras do Ópio, em meados de 1840 e 1850, parte de seu território foi entregue aos ingleses e aos poucos o poderoso império chines se tornava um país pobre e subdesenvolvido. Em 1949, uma guerra civil aprofundaria a crise no país e levaria o partido comunista ao poder. Surgia aí a República Popular da China sob o comando de Mao Tse Tung.
Foi durante esse período que diversas empresas privadas, sistemas bancários e indústrias foram nacionalizadas, a economia do país foi planificada e diferentes reformas institucionais foram realizadas Então a China ficou de 1949 até 1979 fechada pro mundo. Muita gente acha que foi a China que se fechou pro mundo, é mentira. Quem fechou a china pro mundo foi principalmente os Estados Unidos e os países europeus também.
A china estava bloqueada, o seu desenvolvimento econômico… tudo” Levaria, então, mais de 30 anos para que o PIB chinês crescesse pra valer. Com a morte de Mao Tse Tung em 1976, o revolucionário Deng Xiaoping assumiu seu lugar. O que ninguém esperava era que esse nome mudaria os rumos da economia chinesa para sempre.
Em 78, seu governo apresentou o plano de transformação da economia que buscava realizar uma abertura econômica e aproximar o país das grandes potências capitalistas, atraindo assim mais investimento externo. Depois de anos reestruturando o Estado chinês, o Partido Comunista queria voltar as engrenagens chinesas em direção ao resto do mundo. A partir do final dos anos 70, a China começou a entrar numa rota para voltar a ser o que a China foi lá nos anos de 1800.
Esse processo, é importante a gente entender o seguinte, não foi um processo tranquilo, não foi um processo único, unificado, não havia consenso, havia uma briga ideológica muito grande entre o pessoal da esquerda e da direita da China. Então é um negócio muito complicado. Hoje quando eu vejo algumas pessoas falando, acho até graça, eu digo "vai estudar história que você vai ver que não foi tão simples assim".
As grandes indústrias começaram a tomar conta do país, encadeadas ao seitor agrícola, um mercado consumidor interno surgia e a produção média aumentava cada vez mais. Além disso, incentivou-se também a formação de empresas rurais, negócios privados, produções industriais e uma maior autonomia do setor produtivo. Só que as reformas liberais de Deng Xiaoping não explicam tudo.
Diferentes países em desenvolvimento lançaram mão de um conjunto de medidas muito parecidas nesse período e não tiveram o êxito que a economia chinesa teve. O segredo, dizem, está na estrutura da economia chinesa - sobretudo, em sua forte capacidade estatal de planejamento e investimento. Tem quem chame essa grande reviravolta de “milagre chinês”, mas essa transformação tem muito mais por trás do que um milagre poderia explicar.
Foi a partir da capacidade chinesa de planejamento de Estado que as diversas ações ao longo das décadas foram compondo e sendo base para o grande avanço econômico do país - era como montar um quebra cabeça. Diferente de outros países, a China constituiu um modelo muito próprio de desenvolvimento econômico - o que alguns especialistas passaram a chamar de “novo capitalismo de Estado” ou “socialismo de mercado”. Ah é "socialismo com características chinesas", é "socialismo de mercado", é "capitalismo de Estado".
Então assim o que que a China está fazendo, ela ainda está fazendo. Eu às vezes eu brinco, que eu digo a China é socialista para dentro e capitalista para fora. Para conseguir gerar riqueza precisou se associar ao capitalismo, não tinha jeito, não tem mágica.
Você não tem como você gerar riqueza sem riqueza, eles tiveram que abrir as portas para para as empresas capitalistas se instalarem, para as empresas capitalistas lucrarem. Então eles tiveram que fazer isso pra quê? Pra eles poderem desenvolver, crescer.
A flexibilização econômica, por exemplo, praticamente colocou o território chinês de volta no mapa mundial. Deixar de lado a tentativa de movimentação exclusivamente interna do mercado e se abrir para a construção de relações com outros países permitiu seu fortalecimento econômico mas também geopolítico. E isso tudo nos leva a outro ponto: a liberalização da economia e a tão falada aproximação com o capitalismo trouxe principalmente investimento externo para dentro do território chinês, com a chegada de empresas privadas e outras formas de negócio que viam no país o combo perfeito para se desenvolver sem um alto custo.
O combo? A grande disponibilidade de mão de obra barata, o grande número de incentivos fiscais e o menor valor dos impostos na implementação de uma empresa no país. Com um extra: o volume de pessoas economicamente ativas por lá.
Primeiro, a china tem planejamento da China. Só que o planejamento na China é planejamento de Estado, não é planejamento apenas de governo. A China na época tinha uma uma população economicamente ativa de mais de 800 milhões de pessoas.
Você consegue ganhar uma economia de escala que é uma coisa gigantesca, fantástica. Uma velocidade enorme. Então, o que eles fizeram com esse processo de abertura foi se capitalizar, só que a China fez isso impondo determinadas condições, algumas restrições - algumas e muitas condições.
Mas ela fez isso basicamente para aproveitar o que o capitalismo tem de mais genuíno que é a avidez por lucro. Com isso, algumas coisas passaram a mudar: a remuneração dos trabalhadores que antes era fixa e controlada pelo governo passou a acontecer baseado na produtividade, nem todos teriam as mesmas recompensas salariais. As terras no campo que vinham como fortes aliadas da geração de emprego e produtividade foram devolvidas ao modelo privado.
Essas mudanças, ao contrário do que se pensa, não fez com que o Estado perdesse seu protagonismo, pelo contrário, com a entrada do setor privado, o Estado chines passa por um processo de realocação estratégica como principal indutor do desenvolvimento econômico. O modelo do país pode ser entendido com uma sobreposição de modos de produção distintos, combinados em um longo processo histórico. Segundo a pesquisadora Lucia Braga, o grande salto dos últimos 40 anos se explica a partir de três movimentos importantes.
Primeiro, uma forte presença do Estado na economia, principalmente em agências de fomento, bancos de investimento e infraestrutura. Depois, o estímulo às empresas privadas, especialmente pequenas e médias empresas, mas também à constituição de conglomerados privados nacionais. E por último, as políticas sociais de inclusão e combate à desigualdade social que foram responsáveis pela melhora nos índices de emprego, renda e estabilização da economia, aproximando os indicadores sociais da China aos países desenvolvidos.
Só que isso gerou o que se chama na economia de "círculo virtuoso" da economia - quer dizer você tinha cada vez mais gente com maior poder aquisitivo. Essas pessoas com maior poder aquisitivo começaram a consumir cada vez mais. Isso gerou cada vez mais emprego, impostos e demandas, importações e tal.
Quer dizer é uma bola de neve, no bom sentido, a coisa foi. . .
Na medida em que a economia crescia que as pessoas se apropriavam de uma parte desse crescimento via aumento do poder aquisitivo, isso também revertia num maior crescimento da economia. Então, a coisa via indo. .
. Havia capital estrangeiro entrando, empregos sendo gerados em grande escala, indústrias adentrando, tecnologia avançando e consequentemente a vida girando para a população. À medida que as engrenagens chinesas voltavam a funcionar, a questão financeira se movimentava internamente e as pessoas retornavam a uma realidade longe da miséria, os dados que formam os gráficos de tanto sucesso para o país começavam a alavancar.
O pib crescia, o poder de compra da população reerguia, a linha da pobreza caía e os crescimentos anuais atingiam números inimagináveis. Com os anos, a China se tornou a “industria do mundo”. Então a China, ela impactou o mundo inteiro vendendo coisas baratas e impactou o mundo inteiro comprando muito.
Olha, o Brasil no final do governo de Fernando Henrique, o Brasil vendia pra China 2 bilhões de dólares, agora ele vende 150, vende não desculpa, ele vende e compra né, a balança comercial. Então assim, a balança comercial aumentou de maneira exponencial nesse período. ela ela impactou o mundo inteiro vendendo coisas baratas e impactou o mundo inteiro comprando muito Olha o Brasil quando no final do governo Fernando Henrique o Brasil vendia pra China 2 Bilhões de Dólares agora ele vem de 150 né vende Na sua história, dá para dizer que a China se reinventou para estar no patamar que é colocada atualmente.
A grande capacidade industrial que antes atendia apenas a produtos básicos busca agora alavancar tecnologias que mudam a vida de todos ao redor do mundo diariamente, como o 5G, a implementação de plataformas como o tik tok… Uma coisa é fato, a importância dessa nação para o mundo, seja na economia ou na política, é indiscutível. Para o Brasil, logo de cara, é possível somar na conta os cerca de 89 bilhões de dólares movimentados anualmente no país em vendas e 60 bilhões em compras graças a essa relação com a potência chinesa; tem ainda os investimentos na implementação de empresas e de incentivo ao avanço tecnologico. E não para por aí… Qual é a questão central pro desenvolvimento do Brasil que a China pode ajudar?
Ferrovias. A China tem 150 mil km de ferrovias e o Brasil tem 30 mil. É mandando pra cá empresas que constroem ferrovias e capital, botar dinheiro pra construir ferrovias.
Tem algumas outras questões que a China pode contribuir que são decisivas, energias renováveis, que é uma questão fundamental para nós, essa área de crédito de carbono que a China pode ser uma grande compradora de crédito de carbono para o Brasil. Toda essa questão do semiárido brasileiro porque a China tem um know-how muito grande como recuperar desertos. A gente tem ainda uma possibilidade de crescer muito nas exportações da China.
Hoje, ocupando o segundo lugar como potência do mundo, a China aparece em diversas projeções por aí apenas a poucos anos de superar o Estados Unidos. Como ficará essa disputa histórica de gigantes? Só o futuro dirá.
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