Olá, você que me segue no Rodrigo Silva Arqueologia! Que bom estarmos juntos aqui para o nosso bate-papo semanal sobre Bíblia, teologia, religião e assuntos afins. Se você não é inscrito no canal, por favor, se inscreva! Venha fazer parte dessa família do Rodrigo Silva Arqueologia. E o vídeo de hoje é diferente. O que eu vou fazer aqui? Eu quero dar um presente para quem ainda não é meu aluno no curso "A Bíblia Comentada com Rodrigo Silva". Você não é meu aluno? Então, esse vídeo é para você! E se você já é meu aluno, você pode
assistir a esse vídeo também, porque, gente, eu fico muito feliz sempre que eu encontro pessoas na rua, no aeroporto, no shopping, na igreja, no Brasil e no exterior. Já aconteceu isso várias vezes, e a pessoa vem com sorriso e fala assim: "Olha, eu sou seu aluno lá no curso da Bíblia Comentada! Olha, estou aprendendo muito, estou muito feliz!" Fora as mensagens que a gente recebe aí nas redes sociais. E também tem aquelas pessoas que dizem com entusiasmo: "Eu quero ver o meu nome lá no museu, pelo menos o tijolinho que estou ajudando a construir!" Também
isso é muito legal, é muito significativo para mim. Então, eu conversei com a equipe e falei: "Por que a gente não disponibiliza na internet a primeira aula do curso 'A Bíblia Comentada', para as pessoas que ainda não conhecem o conteúdo do curso possam conhecer, possam ver o aprofundamento que nós temos ali na Palavra de Deus, a didática com a qual o material é passado?" Então, por que você não conhece agora esse conteúdo? Desse modo, nós decidimos, então, que no vídeo semanal de hoje, eu vou disponibilizar para vocês a primeira aula do curso "A Bíblia Comentada
com Rodrigo Silva". Então, pegue caneta e papel, anote, porque tem muita informação importante. E depois dessa aula, eu aguardo você como meu aluno agora oficial no curso "A Bíblia Comentada", tá bem? Que Deus abençoe você e ilumine no estudo da Palavra de Deus! Que bom estar com vocês aqui para estudarmos a Palavra de Deus. Hoje, vamos começar com a introdução da Bíblia Sagrada. Mas você sabe que, entre os elementos que temos que ter para estudar a Bíblia, o principal deles é o elemento espiritual. A gente não pode esquecer que não estamos falando de um livro
qualquer. Não estou falando de uma obra de Machado de Assis ou de um poema de Carlos Drummond de Andrade; eu estou falando da Bíblia, o livro que Deus inspirou Seus profetas a repassar para a humanidade as verdades de Deus, a Palavra de Deus. Portanto, é imprescindível que sempre comecemos a estudar a Bíblia com uma oração. Eu gostaria de convidar você, então, a fechar os seus olhos e falarmos ao Espírito Santo, a Deus Pai e a Jesus, pedindo a orientação na leitura da Sua Palavra. Oremos: "Amado Senhor, em nome de Jesus, nós iniciamos esta oração e
esse estudo. Que Teu santo poder, que Teu santo Espírito, fale ao nosso coração. Muito obrigado por esse livro maravilhoso, a Bíblia Sagrada! Fica conosco agora, abençoa todos que estão conosco neste momento, em nome de Jesus. Amém!" Muito bem, pessoal, estou com a Bíblia aqui e, como eu já falei na introdução desse curso, eu não vou ter pressa em usar, assim, de maneira estanque, quatro aulas para cada livro da Bíblia. Eu penso que não. Vamos devagar, com calma, mastigando cada letra, cada frase, cada expressão da Bíblia como se fosse a refeição mais apetitosa. Você sabe: uma
boa refeição não pode ser um fast food que você come correndo porque tem que sair para trabalhar. Você tem que degustar aquilo ali, e a Palavra de Deus é a mesma coisa. É lógico que não dá para a gente passar versículo por versículo da Bíblia, senão iremos ter 100 anos de curso, e não é esse o objetivo. Nós vamos pegar o livro, ter um panorama geral sobre o livro, pegar as partes mais importantes, talvez aquelas passagens de difícil interpretação. Vamos usar o recurso da tela que está aqui atrás, vamos usar, vez ou outra, de um
objeto arqueológico que nos ajude a compreender melhor o cenário, ou seja, tudo o que for possível trazer para tornar mais didática essa aula, nós vamos fazer, tá bem? E para começar, hoje, eu não quero entrar direto no Gênesis. Vamos falar da Bíblia como um todo, tá certo? Você já ouviu, talvez, você que me acompanha nas redes sociais, talvez você já até tenha ouvido essa explicação em alguma aula ou palestra que eu dei. Mas eu achei por bem começarmos repetindo, pelo menos, esse conceito de como a Bíblia está organizada, para ficar mais didático para você, quem
sabe tornando a Bíblia um panorama mais lúdico, tá certo? Então, vamos começar pelo nome Bíblia. Você sabe que Bíblia é uma palavra que vem do grego e significa "coleção de pequenos livros". Ou seja, você tem vários livrinhos que, em conjunto, formam a Bíblia. Sendo assim, eu acho que não estou cometendo nenhum sacrilégio em comparar a Bíblia a uma biblioteca. Eu tenho aqui no cenário uma biblioteca de livros. A Bíblia é mais ou menos assim. E você sabe que, numa biblioteca, se você tem apenas cinco ou seis livros, você pode até colocá-los de qualquer maneira que
fica fácil achar qualquer um dos cinco quando você precisar dele. Mas quando você tem uma biblioteca muito grande, de dezenas de livros, aí é bom você catalogar. Você que é aluno de alguma universidade ou já fez alguma faculdade, você sabe que, numa biblioteca pública, os livros estão catalogados. Às vezes, tem um sistema de ali com aqueles númerozinhos. Você vai no computador e diz: "Eu quero um livro de introdução à arqueologia", então ele lhe dá em que prateleira aquele livro está e tudo mais. A Bíblia também foi organizada, sim, em conjunto, e eu vou mostrar para...
Você agora, numa imagem, como é que a Bíblia está organizada por Livros. Aí vai ficar mais fácil você entender a posição dos livros da Bíblia e encontrar o livro do Gênesis. Tá certo? Então, aqui atrás, você já tem uma ideia de como seria a Bíblia se ela fosse uma estante de livros, semelhante a que eu tenho aqui no estúdio. Tá bom? Os cinco primeiros livros da Bíblia que você vê ali, eles estão em cor assim amarronzada, são os cinco livros de Moisés. Eles têm os nomes de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Alguns autores pensam
que Moisés também foi aquele que escreveu o Salmo 90 e o Livro de Jó, mas sobre isso vamos falar numa outra ocasião. Por ora, você tem que entender que esses cinco primeiros livros de Moisés são também chamados de "a Lei". A Lei, porque grande parte deles trazem as normas, as leis para o povo de Deus. Uma outra coisa que você pode entender assim na organização desses livros, nesse instante chamada Bíblia Sagrada, é que eles seguem mais ou menos uma cronologia da história do povo de Israel. Isso mesmo, uma cronologia! Então, com Gênesis, o primeiro livro,
começa com o princípio da história. Por isso que o Gênesis marca ali o início da criação, como Adão e Eva foram criados, como a humanidade surgiu das mãos de Deus. Aí veio o pecado, infelizmente, depois do pecado, o Dilúvio e, depois do Dilúvio, a primeira família ali, das famílias que vieram dos filhos de Noé repovoando a terra. Aí vem Abraão, Isaac, Jacó, os patriarcas. Aí você tem o Êxodo contando o povo de Israel no Egito, a sua saída do Egito, e até o Livro de Deuteronômio. De Gênesis, do Levítico, Números, Deuteronômio, até o Deuteronômio, a
passagem do povo pelo Deserto de Sinai. Aí, depois disso, depois desses cinco primeiros livros, a história continua. Se o povo saiu do Sinai, é hora de chegar à Terra Prometida. Aí nós temos uma segunda coleção de livros nessa prateleira da Bíblia Sagrada, que são justamente os livros de Josué, Juízes e Rute. Esses três livros, Josué, Juízes e Rute, cobrem aquele período em que o povo de Israel agora está se assentando na Terra de Canaã e se tornando uma nação, um país. São as conquistas de Josué. Depois, quando o povo é governado pelos juízes – os
governadores dos hebreus não se chamavam, nessa época, prefeitos nem reis, se chamavam juízes – e aí você tem uma história particular de Rute e Noemi, que são personagens importantes, e a história delas em destaque acontece nesse período. Depois, você começa o período da monarquia de Israel. São os livros que aparecem em tom verde. Aí você tem I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas. Esses seis livros cobrem todo o período da monarquia de Israel, desde o primeiro rei, que foi Saul, até a época em que os judeus são levados para o
cativeiro. Mas, deixa eu abrir um parênteses aqui: essa monarquia de Israel não foi uniforme todo o tempo, porque houve uma briga, briga de irmãos, e o reino se dividiu. As tribos do norte ficaram chamadas Israel e tinham um rei próprio; o sul ficou chamado Judá e também tinha um rei próprio. O norte ficou com a capital Samaria e o sul ficou com a capital, sendo Jerusalém. Nessa briga, houve uma conquista externa do norte, em 722 antes de Cristo, e o norte foi destruído pela Síria. O sul continuou, aí veio Nabucodonosor, destrói Jerusalém, destrói o templo
e, infelizmente, nós temos aí o fim da monarquia de Israel. Nesse período, que marca o fim da monarquia de Israel, o povo fica 70 anos cativos em Babilônia. Na época dos persas, eles voltam para reconstruir a cidade de Jerusalém, o templo e as muralhas da cidade. Você está percebendo que nós estamos seguindo a linha do tempo? Não sei se ficou claro isso para você. Nós começamos lá na criação de Adão, depois passamos pelo Dilúvio, depois passamos por Noé, Abraão, Isaque, Jacó, o povo de Israel escravo no Egito, o povo de Israel 40 anos no deserto,
o povo de Israel sendo comandado pelos juízes, o povo de Israel como uma monarquia, o povo de Israel destruído pela Síria e pela Babilônia. Você notou como é uma cronologia? E você percebeu como os livros da Bíblia estão obedecendo essa cronologia? Ou seja, existe uma ordem lógica na forma como os livros foram colocados. É lógico que essa ordem dos livros não foi estabelecida pelos profetas que os escreveram; foram editores, posteriormente, que fizeram esta organização dos livros para facilitar o nosso entendimento. Aí nós passamos agora por uma outra fase, que é após o retorno do povo
para reconstruir Jerusalém, que estava destruída. Aí você tem os livros de Esdras, Neemias e Ester. Esdras e Neemias contam justamente esse período de reconstrução de Jerusalém, do templo e das muralhas de Jerusalém. Já estou por volta do quinto século antes de Cristo e o livro de Ester, também, assim como aconteceu com Rute na época dos juízes, aqui acontece com a história de Ester, uma personagem tão importante que a história dela se destacou ao libertar o povo judeu de serem mortos na época dos persas. Bom, com Ester você termina essa parte histórica. Aí é a hora
de mostrar, então, os profetas da Bíblia. Mas antes dos profetas, a Bíblia dá um intervalo para falar das canções, dos provérbios, da sabedoria do povo de Israel. Aí vem uma coleção chamada Sirácida ou coleção de Sabedoria. São os poemas de Israel. Esta parte da coleção não segue aquela cronologia que estava vindo até aqui. Você percebeu que nós viemos desde Adão até o quinto século antes de Cristo, aproximadamente, numa ordem cronológica muito exata e os livros vão acompanhando essa ordem cronológica na sua Bíblia. Você pode acompanhar a ordem na Bíblia. Mas agora nós temos livros que
são atemporais; são livros, como eu falei, que mostram a sabedoria de Israel, e essa sabedoria é muito marcante. Sabe, ali no Oriente Médio eles têm uma coisa muito forte com a ideia da sabedoria. Nós perdemos um pouco isso aqui no Ocidente; eles valorizam muito aquela questão do conselho que passa de pai para filho: o pai que orienta os filhos, o velho sábio que tem sabedoria de vida pelos anos que viveu. As pessoas, quando querem se aconselhar, procuram um ancião, aquele mais velho. Infelizmente, vivemos numa sociedade que colocou em descarte os mais velhos. Quem é mais
velho é desatualizado; ele não sabe mexer com o Instagram, ele não sabe mexer com a última versão do iPhone, ele não sabe instalar um aplicativo. Ele está ultrapassado. O que eu tenho para aprender com ele? Eu quero aprender com Quebec e os mais novos. A gente mudou um pouco, polarizou isso. Mas naquela época não era assim. Quanto mais a pessoa vivia, entendia-se que mais sabedoria e experiência de vida ela tinha para apresentar para o povo, e eles louvavam a Deus por essa sabedoria. Por isso que o louvor à sabedoria e até o humor, isso mesmo,
a anedota, a piada, faziam parte da sabedoria. Só para você ter uma noção, eu já vou dar um spoiler aqui: quando a gente entrar nos livros de sabedoria na mentalidade hebraica daquele tempo, a sabedoria e o humor são a mesma coisa. Sabe como é que eles definiriam isso? Olha, o que um judeu daquele tempo, do tempo da Bíblia, definiria como sabedoria? Ele diria o seguinte: sabedoria é uma coisa óbvia seguida de uma situação inesperada. Por exemplo, quando você pergunta a alguém assim: "Por que Kamikaze usa capacete?" Raciocina comigo. Você sabe, o piloto Kamikaze, aquele que
entrava no avião e ia direto para um navio explodir; ele acabava morrendo na época da guerra. Os pilotos Kamikazes eram pilotos japoneses que se suicidavam jogando o seu avião cheio de bombas no alvo inimigo e morriam juntos. Mas geralmente os Kamikazes usavam capacete, porque, se ele vai morrer, a resposta óbvia é: quem disse que o capacete é para ajudar a proteger a cabeça de um piloto se o avião bater? O capacete não vai resolver nada. Ele está andando de avião, não de moto. Aquele capacete servia apenas para ele colocar o fone de ouvido e se
comunicar com a base. E eu tenho certeza que você está dando um sorriso e pensando: "É óbvio, é óbvio!" Mas como eu não tinha pensado nisso antes? Piloto precisa de capacete, não é para salvar a cabeça; ele não é um piloto de moto. Mas é para comunicar com a base. Mas você percebeu? É o óbvio seguido do inesperado. Você não esperava essa resposta. E a piada não é a mesma coisa; a piada não é aquela noção de humor que você conta e depois fala assim: "É óbvio." Por exemplo, eu não sei se sou bom para
contar piada, mas alguém diz assim: "Disseram que o mágico disse: vá ver se eu estou na esquina", foram, e ele estava. Óbvio! Eu sei que talvez você não riu, mas eu tentei fazer uma piada. Tanta piada como humor é uma coisa óbvia, mas ninguém esperava aquele final. Todo jogador de tênis, ainda que esteja descalço, seu jogador de tênis é óbvio, é engraçado, mas ninguém esperava esse final. É assim que eles definem o humor e a sabedoria. E esses livros de humor e sabedoria fizeram mais um conjunto atemporal na Bíblia que não está seguindo aquela cronologia,
mas estão aí. O livro dos Salmos, por exemplo, era a maneira que eles tinham de louvar a Deus com humor, porque estavam alegres e, ao mesmo tempo, com sabedoria, porque estavam reverenciando a Deus. Embora alguns livros de Salmos, a bem da verdade, sejam Salmos também de tristeza, de lamento, até de luto. Vamos então ver quais serão os livros de sabedoria. Aqui estão eles: você tem Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. A maior parte desses livros foi escrita pelo grande sábio Salomão. Então, você viu até aqui que nós tivemos os livros da Bíblia colocados não por
ordem cronológica em que foram produzidos, mas seguindo uma sequência cronológica da história do povo desde a criação do mundo até o quinto século antes de Cristo. Depois você tem esses livros de sabedoria. Os Salmos eram um livro de cânticos de Israel, Provérbios é sabedoria e, finalmente, você tem agora a divisão dos profetas do Antigo Testamento, que também são divididos entre profetas maiores e profetas menores. Profetas maiores não é porque eles eram de maior estatura ou mais importantes que os outros, mas porque são profetas que estão antes, durante ou depois do cativeiro da Babilônia. Os profetas
maiores seriam eles: Jeremias, Isaías, o livro de Lamentações, que também foi escrito por Jeremias, e também Ezequiel; não poderia esquecer de Ezequiel. Então, você tem Isaías, Jeremias, Lamentações e Ezequiel. Depois, você tem os profetas menores, que já estão dentro do contexto do cativeiro babilônico. São eles: Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Aí você encerrou o Antigo Testamento. Percebeu que os judeus da época de Jesus chamavam toda essa coleção de duas maneiras. Às vezes, eles chamavam de Alheios, profetas; a lei seria os cinco primeiros livros de Moisés e
os profetas seriam todo o restante. Às vezes, eles chamavam de a lei, os escritos e os profetas. Por isso, os judeus usam uma abreviatura em hebraico para falar do Antigo Testamento, das escrituras: eles chamam de Taná. Tana significa Torá, a lei; Tana Navin, os profetas em hebraico; e Ketuvim, que seriam os escritos. Tanar é a abreviatura da Lei, escritos e profetas. Aliás, você olhar no Novo Testamento, Jesus usa essa nomenclatura muitas vezes. Ele... Diz assim: "Nunca lestes o que está escrito na lei, nos profetas? Porque a respeito dele estava escrito na lei, nos profetas, e
nos escritos. Você encontra isso no Novo Testamento. Agora, já que eu falei do Novo Testamento, ele também está dividido de uma forma lógica. Então, vamos lá! Como o Novo Testamento começa com um evento de Jesus, isso diferencia o Antigo do Novo Testamento. Quando você pega a sua Bíblia, mais ou menos aqui no meio, o que está daqui para trás, o Antigo Testamento, foi escrito antes de Jesus; o que está daqui para frente, o Novo Testamento, foi escrito depois de Jesus. Então, assim, nós começamos um Novo Testamento. Vamos ver na tela. Aqui você tem Mateus, Marcos,
Lucas e João, os quatro Evangelhos que contam a história de Jesus, seu ministério, seus ensinos. Na verdade, alguns nem gostam de chamar os evangélicos de biografias de Jesus, mas de um Querigma, uma proclamação sobre Jesus. Embora se trate de uma narrativa autêntica, histórica. Depois de Jesus, você tem o período de formação da Igreja Cristã. Aí entra um livro isolado que conta a história da igreja, especialmente com o ministério de Paulo. Eu estou falando do livro de Atos dos Apóstolos. Você vê que ele aparece isolado, um pouco depois dos Evangelhos. A outra parte do Novo Testamento
é grandemente composta de cartas, cartas ou chamadas epístolas, que eram escritas. E aquele que escreveu o maior número de cartas preservadas no Novo Testamento foi o apóstolo Paulo. As cartas que ele escreveu e que aparecem aí são: Romanos, Coríntios, Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, Primeira e Segunda Tessalonicenses; e depois você tem Timóteo, Timóteo, Tito e Filemon. A carta aos Hebreus já é um pouco problemática, em primeiro lugar, porque não tem características de ser uma carta. Eu me lembro de um professor no seminário que foi dar pra gente aula de Hebreus, era o padre Johan Comins,
e ele dizia o seguinte: a primeira coisa que aprendemos da epístola de Paulo aos Hebreus é que não era de Paulo, não era epístola e não era aos Hebreus. É que, na verdade, esse nome "Epístola de Paulo aos Hebreus", embora seja o nome que muita gente conhece, foi dado posteriormente. Nós não temos certeza de quem escreveu o texto de Hebreus; ele também não tem características de ser uma carta, uma epístola; parece mais uma pregação que alguém notou, um ensino. Mesmo que não seja de autoria de Paulo, o conteúdo é paulino. Alguns pensam que talvez foi
Apolo que escreveu as anotações do ensino de Paulo, é difícil precisar o fato. O mais importante é que é um texto inspirado e que está na Bíblia Sagrada, mas por isso foi retirado ali das epístolas de Paulo e colocado nas epístolas gerais. Tá bom? Então, nós temos ali Hebreus, e depois de Hebreus, outras cartas escritas por autores que não são o apóstolo Paulo. São eles: Tiago, que foi um dos primeiros líderes da igreja, o primeiro líder da Igreja Cristã, e é mencionado no livro de Atos dos Apóstolos. Depois de Tiago, você tem Pedro, Pedro, duas
de Pedro, três de João e uma de Judas, que não é evidentemente o Judas Iscariotes, é o Judas, irmão de Jesus. O último livro, também colocado em destaque, separado das epístolas, é o livro do Apocalipse, que traz revelações importantes sobre a trajetória profética do povo de Deus até a volta de Jesus. Bom, agora deu para você ter um panorama completo do que seria a Bíblia. Pode parecer um pouco prolixo, mas eu acho melhor a gente começar assim devagar. É porque é muito bom você não apenas ir direto ao texto, mas compreender o contexto no qual
aquela expressão da Bíblia, aquela parte, foi escrita. Por isso que eu me preocupei aqui em gastar um bom tempo das aulas, primeiro, preparando você para o que você vai encontrar. Tá bom? Agora, quero mostrar algo importante para você. Deixa eu beber um pouquinho da água. Aliás, um conselho que eu dou para vocês que estão em casa: beba muita água. Quando você for assistir aula aqui, nós teremos, geralmente, aulas de 45 a 50 minutos. Traga uma garrafinha de água, beba água. Água é vida, e o nosso corpo é templo do Espírito Santo. Então, se você não
beber pelo menos dois litros de água por dia, você já está doente. Então, vamos valorizar o corpo que Deus nos deu, o templo do Espírito Santo. Isso também é uma forma de louvor, é uma forma de doutrina, está na Bíblia. Agora, eu quero mostrar para vocês aqui uma coisa muito interessante: o mais antigo texto copiado do livro do Gênesis. Você vai ver aí agora na sua tela esse texto que está aí. Esse é o mais antigo texto do livro do Gênesis; ele foi copiado cerca de 100 anos antes de Cristo. Sabe o que mais me
fascina? Em primeiro lugar, é o lado da emoção. Eu vi pessoalmente esse texto com os meus olhos numa exposição em Israel, e o curador dos manuscritos do Mar Morto, esse texto foi encontrado no Mar Morto, entre os textos e os famosos manuscritos do Mar Morto. O curador desses manuscritos, o doutor Adolfo Roitman, é um amigo pessoal meu; já esteve no Naspida e do Cursos aqui duas vezes no Brasil. Ele teve umas três vezes no Nasp, duas vezes. Uma pessoa muito simples, muito bacana, muito acessível. É muito importante, eu vejo a emoção dele em trabalhar com
esses manuscritos, e alguns eu tive a oportunidade de ver pessoalmente. É lógico que ler esses textos você tem que estar muito bem treinado no hebraico, porque é uma letra manuscrita. Não é que o hebraico é bonitinho, que nós temos ali impresso na Bíblia, em hebraico, principalmente com os pontinhos colocados pelos massoretas. Mas quando é um texto hebraico que você..." Já conhece? Aí fica mais fácil você ler ali. Esse é o meu caso, tá certo? Eu não sou um especialista em língua hebraica, mas eu consigo ler. A primeira parte está rasgada, mas a outra você consegue
achar. Mais vejo o trecho de Elohim, rachamae e raarts. É possível ver áreas bem ali na frente. Olha, é muito fácil ver áreas! É a última palavra que está na primeira linha que aparece aí para você: a primeira linha do Gênesis, a lista escrita em hebraico, justamente: "No princípio criou Deus os céus e a terra". Então eu tenho uma dupla emoção aqui. Vamos falar com vocês: qual é a primeira? É eu poder ler ali e identificar a mesma leitura que eu tenho na Bíblia em hebraico, que é produzida hoje, e na Bíblia que eu tenho
em português na minha mão aqui. Só que como a diferença? Eu estou lendo o mesmo texto aqui copiado há 2.100 anos. É muito emocionante, sabe? Eu não posso esconder isso de você. É de um brilho no coração estudar essas coisas. Eu fico pensando como o rosto da pessoa que escreveu aquilo ali seria... ele um velho? Seria um jovem? Que horas ele escreveu esse texto? Em que condições ele escreveu? Ali, no sol do deserto, em dois mil e cem anos depois eu posso ler esse texto. Então, tem essa emoção de arqueólogo, mas também existe uma emoção
de crente. Sabe qual é? Eu vou contar para você uma coisinha: nós não temos os originais da Bíblia. Por exemplo, eu não tenho o original do Gênesis. Então, nós temos apenas cópias de cópia de cópia de cópia. E a cópia em hebraico mais antiga que nós possuímos da Bíblia data do ano 970 depois de Cristo. Ou seja, eu estou falando da Idade Média. Agora imagina: na Idade Média, você tinha essa cópia de 970 depois de Cristo do Gênesis. Nós, que vivemos no século 21, ou até um pouco antes, aqueles que viviam no século 20, olhavam
para essas cópias e muitos críticos da Bíblia fazem uma pergunta: será que os judeus copiaram fielmente a Bíblia? Porque vejam bem, considerando como eu vou falar daqui a pouquinho que o autor do Gênesis seja Moisés, o gênesis teria sido escrito no século 15 antes de Cristo. O século XV. Se a cópia mais antiga que nós temos data de 970 depois de Cristo, eu estou falando de aproximadamente 2.400 anos de separação entre o Moisés histórico e a cópia em hebraico mais antiga do livro do Gênesis. Então a pergunta óbvia que se faz é: me garante que
essas cópias foram copiadas de maneira fiel? Quem me garante que um copista não resolveu por conta própria acrescentar uns dois, três versículos ali? Não é? Imagine se fosse hoje. Aí o sujeito é torcedor de um time de futebol e ele coloca nos Dez Mandamentos um décimo primeiro lá assim: "não falarás mal do time do Atlético Mineiro", alguma coisa parecida. Quem me garante isso? E os cristãos não tinham muito que argumentar a esse respeito, apenas aceitar pela fé. Agora, quando em 1947 um garotinho beduíno chamado Mohamed ele de estava procurando as cabras dele lá no deserto
da Judeia, ele pegou umas pedras e começou a jogar numa valas, numa grutas, para ver se as cabras estavam lá dentro. E quando ele jogou as pedras, ao invés de ouvir o barulho das cabras, ele escutou o barulho de vasos de barro se quebrando. Ele chamou o irmão mais velho, eles desceram por uma corda e viram que lá no fundo havia uns vasos, vasos em cilindro mais ou menos dessa altura assim. E quando abriram os vasos, lá estavam cópias de uma grande literatura judaica, alguns livros da Bíblia, outros textos dessa comunidade que viveu ali no
deserto. Enfim, depois os arqueólogos encontraram 11 cavernas, muitas delas com cópias de livros da Bíblia, datados e até 270 anos mais antigos do que o nascimento de Jesus. Aí, quando eles compararam essas cópias com as cópias hebraicas que nós tínhamos da Idade Média, aquelas posteriores a 970 depois de Cristo, viram que a Bíblia foi muito bem preservada pelos judeus. Eu estou falando do Antigo Testamento e o livro do Gênesis, que é o que me interessa aqui, está copiado de maneira tal qual aquele livro que foi produzido na Idade Média. Em outras palavras, agora vem de
crente também: eu percebo por essa descoberta arqueológica que Deus não apenas inspirou a Bíblia, mas ele também conservou aquilo que ele inspirou. Gente, isso é maravilhoso, não é mesmo? Então você vê aí uma cópia do Gênesis datada de aproximadamente 100 anos antes de Cristo. Agora, já que eu falei do autor, vamos a ele: Moisés. Aí você tem o quadro de Moisés de Michelangelo. Ele provavelmente é o autor do livro do Gênesis. Eu acredito nisso. Jesus considerou Moisés o autor do Gênesis. A tradição judaica e a tradição cristã mais antiga sempre consideraram Moisés o autor do
livro do Gênesis e dos documentos que se seguem: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. E eu falei com vocês também, quando estava apresentando um panorama geral da Bíblia, que provavelmente Moisés também seja o autor do Salmo 90, que é de autoria de Moisés, e do livro Jó. Moisés, então escreveu Gênesis, provavelmente, como eu vou mostrar para vocês em aulas seguintes, no deserto do Sinai. Em que circunstâncias ele escreveu o Gênesis? Que tipo de escrita ele usou para produzir o Gênesis? Nós vamos explicar mais à frente. Agora, é lógico também que vou, em aulas futuras, explicar
para vocês que existiu, na Alemanha, especialmente a partir do século 18 e 19, uma leva de teólogos europeus, não somente alemães, principalmente alemães, mas também de outros países, que começaram a colocar em dúvida a autoria mosaica do Pentateuco. Pentateuco que são os primeiros cinco livros da lei de Moisés. Esse nome Pentateuco é do grego: "penta", cinco, né? "Penta", cinco. Pentágono: 5 lados. Né? Então, Pentateuco é cinco prateleiras. Seria prateleiras porque acreditavam que, antigamente, os livros de Moisés ficavam em cinco prateleiras. Então, receberam o nome de Pentateuco, ou Torá, ou Lei, que é a mesma coisa;
a Lei Mosaica, que é a mesma coisa. Esses autores começaram a dizer que Moisés talvez até fosse um personagem fictício, que Moisés nunca existiu e que os livros de Moisés, na verdade, denominados livros de Moisés, foram compilados a partir da época do cativeiro da Babilônia, um pouquinho antes do cativeiro da Babilônia, um pouquinho depois, a partir de várias coxas de retalhos de textos por vários judeus, que depois foram editados por alguém, e que não houve Moisés como o autor. Eu discordo disso. Eu ainda trabalho com aquela tradição judaica e cristã de que esses livros, e
vou falar especificamente do Gênesis, são de autoria de Moisés. Nós vamos discutir mais isso à frente. Agora, já que eu fiz uma breve menção aqui para vocês sobre a forma como Moisés escreveu, vamos raciocinar comigo um pouquinho: que escrita Moisés deve ter usado para produzir o livro do Gênesis? Que escrita Moisés deve ter usado? Você deve estar respondendo: "Ah, aí, aquela mesma que você mostrou no manuscrito, Rodrigo!" Não sabem! Porque aquelas letras hebraicas que eu mostrei naquele manuscrito antigo do Gênesis, aquelas letras ali são do ano 600 a.C. e só foram apropriadas pelos judeus depois
do cativeiro da Babilônia. Antes do ano 600 a.C., os judeus não usavam aquele tipo de letra. Não usavam! Essa é a primeira informação, a primeira dica para você. Então, Moisés não pode ter escrito com aquelas letras. Se Moisés não escreveu com aquelas letras, com que letras Moisés escreveu? Bom, aí eu já tenho que contar para você uma outra coisa sobre a história da escrita. Você sabe que, quando a escrita foi inventada, ela foi inventada na região da Mesopotâmia. Ela foi inventada pelos sumérios. Eu vou mostrar depois, no mapa, para vocês. A Suméria fica ali naquela
região entre rios. Daí o nome Mesopotâmia: "meso" (no meio) e "potamós" (rio), então, entre rios. Hoje, a região do Iraque, ali na Mesopotâmia, surgiu as primeiras civilizações da humanidade. Ali foi inventada a roda, ali foi inventada a cidade, ali foi inventada a cerâmica, ali foi inventada a matemática, ali foram inventados os números, ali foi inventada a escrita! Olha que incrível! E as primeiras formas de escrever que o ser humano inventou ali eram chamadas de ideográficas e de gramáticas que são formas ideográficas. Eles viam, por exemplo, o sol e desenhavam o sol, e o desenho era
o sol. Só isso! Então, quando ele queria o sol da manhã, ele desenhava o sol, colocava uma montanha no horizonte. Era o sol e acabou! Era uma ideia ideográfica, ou seja, a gramática, a escrita, representava uma ideia. Depois, a escrita evoluiu para pictográfica. O que era pictográfica? É quando o símbolo não representa apenas uma ideia, mas um som. Seria mais ou menos como se eu fizesse assim: eu desenho um sol, o sol, e desenho também um dado desse joguinho de Banco Imobiliário. Aí você desenha o sol, o dado, e você tem a palavra "soldado". Estou
explicando de uma maneira bem simplificada para você entender. Esse tipo de escrita já é chamado de pictográfica, onde eu pego o som daquele objeto e o transformo numa sílaba. Aí você tem a outra evolução da escrita, que é a escrita silábica, onde eles começam a criar símbolos para representar o som de sílabas. Então, diferente de nós, que escrevemos com letras, aquelas pessoas da Suméria escreviam com sílabas. Cada sinal fonético que eles colocavam era uma sílaba diferente. Então, você lia assim: "ó lugar labucodorioso, Lulu!" Assim que você lia, você ia lendo silabicamente e não como a
gente lê, juntando as letras. Agora que você já sabe disso, vamos aprender mais uma outra coisa sobre a evolução das escritas. A segunda forma de escrita da humanidade, a gente foi muito antes dos chineses, viu? Foram os egípcios. Os egípcios também inventaram uma escrita, que a gente chama de escrita hieroglífica. Aquela que tem a carinha de um bonequinho, um homenzinho, uma pirâmide, um passarinho. Você vê nesses desenhos de pirâmides, de múmias, essas coisas todas. A escrita hieroglífica era uma mistura das três coisas: de pictograma, de silábica e de ideográfica. Era uma mistura de tudo na
escrita egípcia. Tá bem, agora vamos ver quando Moisés escreveu o Gênesis, no décimo quinto século a.C. A rigor, ele tinha dois tipos de escritas que ele podia lançar mão para produzir o livro sagrado. Olha aí na tela e você vai ver quais eram esses tipos. Você viu um homem simbolizando Moisés e, na parte superior, você tem a escrita cuneiforme, aquela escrita que eu falei que começou lá na região da Mesopotâmia. E, na parte de baixo, você tem a escrita hieroglífica. Perceba que ela é feita de vários desenhos; ela é até mais complexa que a escrita
anterior. Essa escrita chamada cuneiforme tem esse nome que foi um apelido dado pelos arqueólogos modernos. Esse nome cuneiforme vem do latim "cuneus", que significa "cunha". Sabe cunha? Quando você pega e faz maconha numa madeira, alguma coisa assim? Então, como é que os sumérios escreviam? Eles pegavam um pouquinho de argila, faziam um tablete de argila, tipo um sabonete, assim, uma coisa mais ou menos assim. Aí eu tenho até uma cópia aqui, uma pedra, depois nós vamos falar mais sobre ela. Esse aqui é o Épico do Gilgamesh, depois vou falar mais sobre ele para vocês, tá bom?
Você está vendo aqui? Ela está fragmentada, ela está quebrada e você tem aqui várias inscrições. Tá vendo? Eles pegavam literalmente uma caneta e faziam cunhas na argila, ainda um pouquinho macia, e essas cunhas viravam as sílabas que eu falei com vocês. E eles, depois, poderiam ler aqui tratados, leis, podiam ler poemas, podiam ler até textos sagrados. Então, Moisés poderia eventualmente usar esse tipo de forma de escrever para produzir o livro do Gênesis. Ou ele podia também usar aquela linguagem que era mais comum, mais peculiar, que era a língua hieroglífica. Essa era mais desenhadinha porque os
egípcios inventaram o papel, o papiro, a partir de uma planta. Então, enquanto os sumerianos escreviam em argila, em tabuletas de argila, os egípcios escreviam em papel. Ora, olha essa passagem da Bíblia aqui: Atos, capítulo 7, versículo 20. Eu vou ler para você; é um depoimento de Estevão sobre Moisés. Atos, capítulo 7, versículo 22: "E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras." Moisés era poderoso em palavras e obras, ou seja, Moisés era um homem culto. Ele estudou na maior universidade da vida, naquele tempo, que era a universidade
egípcia, ali dos faraós. Ele estudou junto com a família faraônica, então Moisés saberia se expressar muito bem em escrita hieroglífica. Você sabe, mesmo a gente que tenha a oportunidade de conhecer um pouquinho, ainda que de maneira rudimentar, outros idiomas, é muito mais fácil você se expressar numa palestra ou num texto na sua própria língua. É muito melhor! E como Moisés foi educado na língua egípcia, era mais fácil ele se expressar escrevendo em egípcio. Tá certo? Ou então, se ele quisesse que o material dele se tornasse mais mundialmente conhecido, na língua dos sumerianos. Sabe por quê?
Se ele se expressasse em egípcio, era mais fácil para ele; se ele se expressasse na escrita cuneiforme, naquela escrita de cunhas que eles faziam na argila, todo mundo ia poder ler, porque a escrita cuneiforme era a escrita mundial da época. Hoje, você sabe que, se souber falar inglês, pode ir para a Rússia e não passa aperto; sempre tem alguém que fala inglês. Você vai pegar um avião para Singapura e lá você vai ter letreiros na língua deles e também em inglês. Ou seja, o inglês, hoje, é a chamada língua franca, a língua mundial. Naquele tempo,
eles usavam a escrita cuneiforme. Então, Moisés podia escrever em egípcio ou em língua cuneiforme. Olha, mais uma vez aí na sua tela, as duas. Agora, o curioso é que Moisés não redigiu o livro de Gênesis em nenhuma dessas duas escritas que você está vendo aí na sua tela. Ele preferiu usar uma outra língua, e foi uma bênção que ele tivesse usado essa outra língua, e você vai entender por quê. Lembra, só para ficar bem fácil para você entender, eu vou mais uma vez mostrar aqui na tela como é que essas línguas eram pronunciadas. Sempre silabicamente.
Olha aí, para você ter uma noção: em cima, você tem os sinais cuneiformes, e você tem um trechinho da língua acadiana que se lê “xanum”. "Lixa num" acredita? Traduzindo: idioma acádio. Eis que está escrito aí “lixa num” acredita? Mas se você percebeu, eles se escrevem sempre assim; cada sinal gráfico desses é uma sílaba. Agora, se eu escrever em egípcio, é a mesma coisa: "chefe unas", ou seja, "para ele o nas este homem comeu a vida eterna”. Olha, mais uma vez aí na tela, este último símbolo que você pode ver aqui. Ele parece uma chave ou
uma cruz que se lê "ank". Na verdade, você lê "anca", mas é um símbolo só que significa "vida eterna". Esses dois tipos de escrita eram muito complexos, muito complicados. O Gênesis, como eu falei, hoje está grafado dessa maneira em hebraico, que é uma língua alfabética, como a que nós usamos hoje. Mas eu já falei com vocês que não foi dessa forma que Moisés escreveu. Resumindo o que nós vimos até aqui: você tinha a língua. Veja no mapa e vai ficar mais fácil para você entender. Você tinha, num canto, os egípcios usando a escrita hieroglífica, que
você vê, são os desenhos em forma de pássaros, água, um homem, e você tem aqui na atual região do Iraque os sumerianos inventando a escrita cuneiforme em forma de cunhas. Onde você vê esse coraçãozinho escrito ABC, aí fica a península do Sinai - o deserto do Sinai. Acima, você tem o Mar Mediterrâneo; abaixo, você tem o Mar Vermelho. Nessa península do Sinai, nesse deserto, um grupo de trabalhadores, talvez pastores de ovelhas ou provavelmente mineiros, não originários de Minas Gerais como eu, mas pessoas que trabalhavam em Minas, ali no deserto dos Sinai, resolveram, por alguma razão
que nós desconhecemos, criar uma língua própria deles, mais simplificada, para se expressar. É o seguinte: como aquelas pessoas ali eram mais provincianas, mas sincláricas, eles não tinham condição de escrever na sofisticada língua dos egípcios, nem no hieroglífico, nem também na língua cuneiforme. Eles não tinham tanta terra assim para fazer barro; ali era deserto, não dá para fazer tanto barro assim para fazer tabletas de argila. O papiro também era caríssimo, e eles não tinham condição de ficar fazendo todos aqueles desenhos minuciosos dos egípcios. Mas eles queriam, também de alguma maneira, se comunicar através da língua. Então,
aqueles que moravam ali no deserto, como eu falei, provavelmente trabalhadores de minas ou pastores de ovelhas, criaram uma escrita muito rudimentar, simplificada, que eles praticamente copiaram dos egípcios. Eu vou explicar para você como é que eles fizeram. Eles olharam para os egípcios e falaram assim: vamos criar uma forma de escrever mais simples que os egípcios. E assim, eles fizeram. Foi encontrada ali na região algumas inscrições que você vai ver aí no quadro. E, olha, eles encontraram esse bonequinho aí que, na verdade, não é apenas um desenho rupestre; é uma forma de escrever apropriada pelos moradores
do deserto dos Sinai. Acima, também, você tem ali como se fosse uma onda. Depois, como se fosse o desenho de um boi, um homenzinho sentado, um desenho de um quadrado, esta aqui é a forma simplificada que os habitantes do deserto dos Sinai usaram para escrever, para se comunicar por escrito. E ele radinho também, e seriamente, eles encontraram também esse tipo de escrita ali, apropriada pelas pessoas que moravam na região dos Sinai. Agora, olha que curioso. E com isso eu já vou fechando a aula de hoje. Olha como Deus trabalha, gente! Como Deus é maravilhoso! Essa
forma primitiva das pessoas ali escreverem foi a que deu origem à escrita alfabética, aquela escrita que nós usamos até hoje. Olha que curioso! A escrita alfabética começou porque pessoas simplórias—simplórias não no sentido de com pouca capacidade mental, porque às vezes a pessoa é simples, ela é provinciana, mas é um gênio. Você sabe que às vezes você encontra na periferia uma criança, um jovem, às vezes com a capacidade de um Einstein. O que ele talvez não teve foi a oportunidade de Einstein de estudar, mas há muitos gênios em todo lugar do mundo. Agora, raciocínio comigo: aquelas
pessoas simples, devido à sua simplicidade, queriam também se comunicar por escrito, mas pensavam: "Bom, nós não temos chuva aqui, estamos no deserto, então não tem como fazer barro para fazer as tabuinhas em cuneiforme, como eles fazem lá na região da Suméria. Não temos dinheiro para comprar papiro, muito menos condição de fazer todos aqueles desenhos elaborados dos egípcios." Então vamos pegar a escrita egípcia e vamos simplificar de uma maneira mais simples para uso doméstico. Sabe aquele negócio? Só para a gente usar aqui em casa mesmo. E assim, simplificando a escrita egípcia, eles criaram a escrita alfabética.
Aí, quando você vai lendo a história de Moisés, houve duas vezes na sua vida que Moisés foi parar na península dos Sinai. Olha de novo aí a imagem na tela e eu vou explicar para você essa parte verde que você está vendo, formando um triângulo e descendo em forma de rio até a letra W. É o Rio Nilo. Aqui é o Egito. Moisés fugiu daqui num primeiro momento, depois que ele matou o egípcio, e foi para a península do Sinai, onde está essa letra S, aqui na península dos Sinai, onde é o deserto de Midiã.
Moisés ficou escondido durante 40 anos porque ele havia matado um egípcio. Foi nesse período que Moisés estava nos Sinai que ele conheceu o seu sogro, Jetro, e a sua esposa. Ele, Moisés, se tornou um pastor de ovelhas. Foi ali que Deus apareceu para ele numa sarça ardente e falou com ele: "Agora que se passaram 40 anos, volta para o Egito e tira o meu povo de lá, das mãos de Faraó." Aí, Moisés sai do Egito, volta—perdão, Moisés sai do deserto, volta para o Egito e com mão poderosa liberta o povo de Israel. E onde que
ele volta com o povo de Israel? Para a península dos Sinai. Eles ficam 40 anos vagando na península dos Sinai até entrar na Terra Prometida. Então, pela lógica, Moisés escreveu seus livros ou nos primeiros 40 anos que ele passou fugido ali na península dos Sinai ou no segundo conjunto de 40 anos em que ele esteve como líder do povo hebreu, porque aí realmente muitos livros já contam as leis. Então, ele só pode ter escrito depois que o Sinai realmente recebeu os dez mandamentos, ou seja, o conjunto dos livros de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números, Deuteronômio,
Jó e o livro dos Salmos. O Salmo 90 pode ter sido escrito durante esses dois períodos que Moisés passou ali na península do Sinai. E se você se lembra, eu falei que foi na península do Sinai que, por volta de 1900 antes de Cristo, 400 anos antes de Moisés, aquelas pessoas começaram a inventar um tipo rudimentar de escrita que depois ficou conhecida como escrita alfabética. Agora, quer ver a mão de Deus em tudo isso? Eu vou mostrar para você: a escrita alfabética nunca perdeu o seu uso, ela só foi evoluindo, evoluindo, evoluindo. E na próxima
aula eu vou mostrar para vocês a evolução do alfabeto. Ela foi evoluindo, evoluindo, evoluindo até virar essa forma que nós temos até hoje aqui de letras. A Bíblia—que a Bíblia Bia, ela nunca perdeu a sua forma de escrever. Porém, a forma de escrever em hieróglifos ou cuneiforme esta se perdeu na história. Se perdeu durante séculos e séculos, ninguém mais sabia como ler os sinais sumerianos ou sinais hieroglíficos. Somente no século XIX vieram esses dois cavalheiros: primeiro, Harry Holington, que de 1833 a 1845 conseguiu decifrar a escrita cuneiforme; e depois, François Champollion, que de 1818 até
1822 conseguiu decifrar a escrita hieroglífica dos faraós. Em outras palavras, se Moisés houvesse escrito seus livros em cuneiforme ou na língua dos faraós, a gente precisaria esperar até o século XIX para poder ler o livro do Gênesis. Mas Deus, de maneira sábia, acabou conduzindo Moisés para o deserto, para tirá-lo da influência egípcia, fazê-lo escrever o Gênesis naquela linguagem primitiva dos habitantes ali, e assim a sua escrita nunca ficou perdida. E por todos os séculos, o Gênesis pode ser lido; não precisamos esperar por um Champollion para decifrar a escrita de Moisés. Isso é maravilhoso, não é
mesmo? Mas o nosso tempo hoje já está chegando ao fim. Então, nós vamos fazer o seguinte: nós vamos interromper a nossa aula aqui e, na próxima quarta-feira, às 20 horas, eu estarei de volta com vocês para a gente continuar esse passeio pela antiguidade, estudando qual foi a evolução da escrita e como ela influenciou a escrita do livro do Gênesis. Você está percebendo que estudar a Bíblia é muito mais profundo do que você imaginava? E olha que nós nem chegamos ainda no capítulo 1, versículo 1. Um grande abraço, é um prazer estar com vocês. Semana que
vem a gente se encontra de novo. Abraço e até lá, tchau tchau! E então, você gostou desse conteúdo? Ele foi instrutivo para você? Saiu com um gostinho de quero mais? Então, é simples! Eu vou deixar para você, aqui agora no final desse vídeo, na descrição do vídeo, um link onde você pode clicar e fazer a sua inscrição no curso "A Bíblia Comentada" com Rodrigo Silva. E não é só esse conteúdo que você assistiu que está lá na plataforma, não! Tem muito mais! Por exemplo, se você faz o curso na modalidade anual, você ainda ganha como
bônus um curso de grego e um curso de hebraico. Ou seja, muita coisa envolvida para levar o conhecimento da Palavra de Deus até o seu coração! E, de quebra, além de estar conhecendo bastante a Bíblia, você vai estar ajudando a construir, manter e ampliar o Museu de Arqueologia Bíblica do UNASP. Então, muito obrigado pelo seu carinho e pelo seu abraço! Eu aguardo você na próxima!