[Música] Olá bem-vindos bem-vindas eu sou André latas o diretor de políticas públicas da fundação Santa Juliana estamos mais um encontro de pensar no mundo pós pandemia e o lugar que a educação terá nesse mundo hoje nosso assunto é por uma educação anti-racista é importante lembrar que a sociedade brasileira parece estar despertando e dando mais atenção ao debate sobre o racismo no Brasil não era sem tempo né estudioso apontou que de 10 anos que o Brasil viveu sete foram sobre a escravidão um outro Historiador informou que entre 1550 e 1850 a 300 anos de 100 pessoas
que entraram no Brasil 88 eram pessoas escravizadas o Brasil foi construído pelo população escravizada né e não houve um reconhecimento do Papel dessas pessoas na construção política cultural material espiritual desse país e também quando passou a transição da situação de escravidão para o trabalho dito livre não houve uma transição que amparasse e construísse possibilidades de inserção da população até então escravizada na sociedade comum logo depois da abolição da escravatura no final do século 19 é houve toda uma política explícita de branqueamento da população brasileira inclusive para nós que estudamos educação e pensamos os temas das
ações afirmativas essa polícia branqueamento foi uma política afirmativa dava para Os migrantes europeus Terra sementes equipamentos para que eles construíssem suas vividas aqui na região sul do Brasil então é importante lembrar que essa transição ela também impactou a educação né a população escrava escravizada não tinha acesso à educação e quando houve a transição para o chamado trabalho livre as exclusões permaneceram e se você pega os dados hoje da sociedade brasileira o dado de percursos escolar a desigualdades entre crianças pretas e pardas e as Crianças brancas portanto a questão do racismo no Brasil é uma questão
que impacta toda a sociedade não é uma questão estritamente da população negra ao contrário é a população negra Quem sofre racismo então o que que pode a educação no enfrentamento do racismo que lugar deve ter esse enfrentamento na organização da escola da organização dos conteúdos educacionais esses desafios são muito sérios e principalmente para nós pessoas brancas que nós não vivemos Essa realidade mas sabemos que ela existe então hoje a reflexão é para que pensemos juntos o que pode o que deve o que precisa ser uma educação anti-racista e para conversar sobre isso e temos uma
talvez a melhor pessoa que nos ajude a pensar isso a professora Nilma de Lu Gomes professora Nilma é professora enérita titular da faculdade de educação da Federal de Minas Gerais foi reitora da Universidade da Integração internacional brasileira foi integrante do Conselho Nacional educação por muito tempo foi ministra das mulheres da Igualdade racial e dos Direitos Humanos portanto a pessoa plenamente capaz de nos ajudar a pensar esse problema nenhum obrigado por ter aceito nosso convite é muito bem-vindo é uma honra ter você conosco da nossa conversa eu queria separar na escola julgamente a gente faz as
distinções Mas eu senti necessidade porque eu acho que são tarefas distintas que a escola tem no enfrentamento do racismo e com educação como um conjunto tem ajuda a gente a pensar isso o que que você como é que você vê essa esse papéis da escola e da Educação no enfrentamento do racismo e que lugar esse enfrentamento tem que ter numa Educação de qualidade democrática antes de entrar na discussão de Escola de Educação pensar um pouco assim que que é para o nosso poderíamos é construir nossa sociedade para compreender a existência do rato porque você na
sua abertura você falou de vários vários fatores né que já hoje já comprovam que existe racismo no Brasil que existe discriminação no Brasil dados pesquisas políticas de igualdade social e existe um movimento negro historicamente na sociedade a pergunta é mas por que que a gente ainda não consegue na sociedade brasileira e especial na educação escolar brasileira avançar para uma educação antirracista e o que que nós por que que nós não conseguimos na vida social na educação enquanto o processo de formação humana no Brasil é um país tão diverso isso racialmente culturalmente ao mesmo tempo tão
desigual que a gente não consegue é inserir uma ética né uma ética política uma ética pública cidadania que no nosso país nos levasse a pensar assim olha a gente não pode dormir sossegado na sociedade brasileira sabendo que existe o racismo e outras universidades que nós sabemos outros fenômenos perversos Então eu acho que ponto de vista da educação desse cotidiano eu acho que nós convivemos aqui eu sempre falo sobre isso nas minhas palestras e textos com essa ideia não com a concretude de um tipo de racismo diferente que se construiu no Brasil em relação aos outros
lugares do mundo e das Américas que é esse racismo que se alimenta da sua própria negação essa característica da ambiguidade do racismo brasileiro Ela É Terrível para o enfrentamento e o combate ao próprio racismo porque porque nós lidamos o tempo inteiro com uma lógica com um Imaginário com uma narrativa de como se o racismo não existisse no Brasil Então eu acho que é isso os reflexos que eu vejo hoje é André as dificuldades da educação escolar e da política educacional incluir o anti-racismo com mais um eixo de uma educação democrática tem a ver também com
as próprias dificuldades como o Brasil e quanto nação enquanto país também tem a dificuldade de mesmo Constituição Federal mesmo com as legislações todas as políticas de igualdade racial de fato incluir que também o racismo tá na nossa estrutura para isso ser corrigido se é que eu posso dizer dessa forma você tem que mexer nas estruturas de poder Poxa nenhuma abrimos de maneira Bebela e preocupante o cenário né É um cenário de muita complexidade e que ela demanda atores de diferentes níveis responsabilidade tanto no sistema educacional quanto a cidade como um todo eu queria recuperar aqui
um argumento e me dei conta agora te ouvindo né é eu sou um homem branco Você é a mulher negra e as pessoas brancas não se veem com uma raça é muito interessante quer dizer parece que o conceito de raça foi usado para exatamente identificar um determinado grupo e a partir da certificação hierarquizar o grupo então é muito interessante você nos devolver essa ideia de que há uma branquitude também aí eu queria desenvolver esse raciocínio com você alguns autores dizem que não é possível falar de racismo sem falar de branquitude me ajuda a juntar essas
duas coisas por favor então eu acho que branquitude racismo são fáceis de uma mesma moeda sabia são fácil de uma mesma moeda há tempos atrás o próprio movimento negro brasileiro intelectuais negros e negras brasileiros nós também tínhamos um foco muito mais para pensar a população negra as formas de Ascensão da população negra no Brasil racista o combate ao racismo a desconstrução desse Imaginário negativo que o racismo empregue na em todos nós que é a ideia de superioridade inferioridade racial porque porque eu acho que principalmente nas primeiras organizações negras pós Abolição é a situação era tão
dramática que você tinha que focar nos negros nas negas mesmo para a gente pensar Puxa vida como é que a gente diria a florestan Fernandes Se integra nessa sociedade mas não se integra de forma subalterna nessa sociedade Como de fato aconteceu nós hoje neles e negras se temos uma integração na sociedade ela é subalterna porque é mínima a nossa presença em espaços que deveriam ser espaços cidadãos espaço para todo e qualquer cidadão e cidadão no nosso país então é com o tempo o próprio movimento negro a própria intelectualidade Negra ela vai amadurecendo né Nós vamos
amadurecendo nas nossas reflexões e nas nossas estratégias e acho que muito inspirada em leituras que vem de teóricos e teóricas negras estadunidenses das discussões que eram feitas nos Estados Unidos e a gente vai começando a conhecer um pouco mais os estudos sobre a branquitude eles começam a chegar no Brasil e ocupar um lugar das nossas reflexões políticas e pedagógicas eu vi uma devo muito a Aparecida dentro do certe no seu livro o amigo dela belíssimo no livro de psicologia social do racismo compreender pela primeira vez compreender um pouco mais sobre a branquitude né então é
isso abre para nós que somos ativistas e intelectuais nessa luta anti racista um leque maior para compreender o racismo que ao mesmo tempo como você disse a construção da ideia de raça que tem no contexto do racismo que essa ideia de que existem raças superiores e inferiores a construção nas relações de poder e dominação tanto no campo da ciência quando no campo da política da prática é de que havia algum problema com esse Polo considerado inferior então o foco era lançado sobre ele porque porque o Paulo considerado superior logo os brancos também é considerado Universal
não é isso e como nós sempre conversamos né nas nossas várias conversas e também nas nas ações acadêmicas e políticas né aquele aquela ou que se considera Universal não se auto questiona entendeu porque é como se fosse assim Universal é o outro que não é universal não é então a branquitude ela funciona muito assim dessa forma as pessoas brancas no Brasil no contexto desse tipo de racismo que eu acabei de falar anteriormente elas também são socializadas de forma não se pensar como um grupo racial de forma a se pensar como padrão como Matriz né E
as outras as outras diferenças elas vêm para compor alguma coisa nessa sociedade desde que não mexa com a atriz e principalmente a matriz tem que ser o quê idealizada desejada seguida é assim então isso para as pessoas brancas é um mal tremendo eu sempre atenção de uma frase que tem no livro Pele Negra Máscaras Brancas do fanon que ele fala o seguinte o branco está aprisionado na sua brancura a branquitude ela aprisiona as pessoas brancas na ignorância em relação ao próprio racismo na ignorância em relação a si mesma e mais ainda no Brasil na forma
de colonização que nós tivemos Aqui as pessoas brancas brasileiras elas tendem né a se inspirar nessa Europa ocidental para se dizer branco e branca na sua ascendência vinda de outros espaços principalmente a Europa ocidental mas até mesmo na hora que faz isso não percebe que não olham para si mesmas aonde elas estão no contexto que elas estão e idealizam também um tipo de branco que não existe né então a amplitude ela tem essa característica de trazer um sentimento de não só universalidade como de superioridade das pessoas brancas em relação não somente as negras em relação
a outros grupos não negros também indígenas nós podemos pensar isso e com isso as pessoas ficam aprisionadas dentro da sua branquitude ao mesmo tempo que o racismo ele também aprisiona todos nós num como é que eu diria num espaço de ignorância sobre o outro sobre a outra entendeu então superar o racismo superar a Plenitude É nos tirar desse reino da ignorância e nos colocar no reino da realidade tal como ela é entendendo que é superar racismo superar a branquitude São ações urgentes e necessárias para construir uma sociedade democrática para construir uma sociedade que essa diversidade
ela é dialogue né e não ela se contraponha uma a outra se não me engano acho que no ano passado assistir uma palestra sua que você falava das pedagogias da diversidade e fiquei muito encantado o horizonte que essa sua sugestão abriu como andam as pedagogias para uma escola de racista E essas pedagogias Na minha opinião elas elas caminham paralelas digamos assim as pedagogias oficiais e é necessário que nós que somos do campo da educação ou aqueles é aquelas que se interessam pela educação abramos os olhos para a existência dessas pedagogias porque essas pedagogias elas são
construídas no caso das diversidade é pelo sujeitos sociais que pertencem a coletivos sociais que no contexto das relações de dominação do racismo etc é foram considerados como inferiores né e foram transformados como desiguais Então esse esse coletivos eles se organizam também em torno das suas próprias formas de educação e essas formas de educação é produzem conhecimentos conhecimentos esses que não são valorizados É principalmente pelas instituições responsáveis pela socialização desses conhecimentos como a escola básica como Universidade a população negra aparece o aparecia até bem recentemente na história ensinada nas escolas apenas na sua condição de escravo
eu me lembro como eu sou velho e livros de história na escola era muitos anos né mas a única imagem que havia era as imagens de Debret né do suplício que se impunha aos escravos da forma como eles atendiam a população branca toda enfatiada toda arrumada e tal é então parece que a único lugar que se reservou na história é uma compreensão do papel da população negra foi essa condição de escravizada como é que a gente muda né será como tem que entender as estátuas de Borba Gato do Brasil afora a gente entender que os
negros construíram esse Brasil não apenas como subordinados como sujeito dessa construção como é que vira essa chave para que a cultura brasileira se veja tão corrique complexa como ela é aliás desculpa eu vou botar uma pergunta aqui que vocês não respondeu escrevendo a sua obra né é o que significa então o movimento negro educador desse contexto sabe André é pensando um pouco na no que eu falava anteriormente eu quero só completar com uma questão com uma reflexão é porque a gente tem falado muito da educação democrática não é isso nós falamos muito que é a
educação emancipatória que a gente quer construir então a gente não era por exemplo nas nossas conais mesmo né as conferências nacionais de educação e agora com Nape de educação popular é uma escola democrática que nós queremos que ela seja laica ela seja pública né que ela seja com qualidade social né e a gente nunca coloca anti-racista e Ultimamente eu tenho pensado assim olha não dá para eu falar uma escola democrática uma escola anti-racista tem que ser uma escola democrática toda e qualquer escola democrática tem que ser anti racista essa é uma chave que eu acho
que a gente tem que virar nosso discurso não pode ser e como se fosse aqui e ali não a escola democrática ela é anti racista ou ela tem que ser anti racista se não está sendo ela não é democrática tem algum problema com ela e aí nós temos que rever para ver que Democracia é essa que nós estamos falando na sociedade brasileira e quando Nós pensamos uma escola principalmente uma escola pública né então obrigado pelos acompanhou Muito obrigado Mais uma vez nenhuma muitos muito bem principalmente você com essa energia bonita Alegre forte e analítica da
nossa mudança urgente Muito obrigado valeu Um beijo grande para as pessoas que nos acompanham [Música]