[Aplausos] o ano está acabando se você é pai mãe ou responsável por um jovem que já está o que vai ingressar no ensino médio deve estar se perguntando afinal depois de uma nova mudança como é que fica essa fase em agosto de 2024 essa etapa da Educação Básica brasileira sofreu uma nova alteração você sabe o que mudou como é que fica para quem já está no meio desse caminho e para quem está começando no ano que vem e o Enem que avalia esses estudantes ao final do ensino médio ele também vai mudar opinião dessa semana
faz esses questionamentos para especialistas no assunto a Educadora Maria Elena Guimarães de Castro que é Presidente do Conselho Estadual de educação e catedrática do Instituto de ensinos avançados da USP com a gente também o diretor de políticas públicas do Todos Pela Educação Gabriel Correia de forma remota eu converso com a professora da Unifesp e coordenadora do projeto g pud o grupo de escola pública e democracia a Márcia jacomini sejam muito bem-vindos é um prazer receber vocês aqui no opinião queria começar pelo Gabriel né Gabriel os pais devem estar se perguntando né O que que muda
de forma concreta paraos estudantes com esse novo novo ensino médio que foi sancionado em 2024 o ensino médio brasileiro passou por uma reforma muito importante aprovada em 2017 que começou a ser implementada em maior escala em 2022 saí do de um saindo de um modelo em que todos os estudantes faziam exatamente as mesmas disciplinas independente dos seus interesses das suas aptidões indo para modelo em que havia em que há uma parte comum para todos os estudantes e uma parte flexível chamada itinerário formativo isso começou a ser implementado em 2022 e esse ano houve uma nova
lei uma nova mudança que aumenta a carga horária dessa parte comum e reduz a carga horária dessa parte flexível Ainda não temos todas as normativas as regulamentações dessa lei para saber exatamente como vai ficar nas escolas ainda muita incerteza mas as escolas começaram a se preparar a grande maioria delas fazendo um primeiro movimento de elevação dessa formação geral básica de elevação dess essa parte comum que os estudantes devem fazer e enxugamento dos itinerários formativos algumas escolas estruturando bem esses itinerários especialmente as escolas particulares de Elite algumas escolas ainda com muita dificuldade de como estruturar um
itinerário formativo que faça sentido pro jovem e não seja Mais do Mesmo dessa parte comum Professora Maria Elena uma das reclamações né quando houve o novo ensino médio que levou para essa esse novo novo ensino médio essa reforma era dessa parte comum né que os estudantes tinham deixado de lado né Por conta dessas mudanças os conteúdos em matemática em português nessas matérias mais básicas que são cobradas no vestibular com essa nova reforma isso Voltou ao ponto que se estava antes olha com certeza Rita praticamente a nova reforma ela eh deixa a formação geral básica exatamente
como era antes da reforma de 2017 que começou a ser em 2022 no mesmo número de horas mesmo número de horas são 2400 horas com todas as disciplinas que são obrigatórias né as línguas matemática física química biologia tudo igual 2400 horas e menos horas pra parte flexível para os itinerários que vão ficar provavelmente pelo que eu acompanho nos conselhos Estaduais de educação né Tem um Fórum de conselhos estaduais os conselhos estaduais Rita eles têm a obrigação de normatizar o que acontece nas escolas de cada estado tá as públicas e as particulares qualquer escola particular ou
pública se submete ao respectivo conselho do seu estado né e o que tá acontecendo é que os estados brasileiros estão resolvendo só começar a implementar a partir de 2026 quando a regulamentação vier se ela vier se vier porque não dá tempo né então já há várias iniciativas em São Paulo há uma discussão o conselho também vai aprovar uma regulamentação paraas escolas dando flexibilidade paraa implementação porque não dá tempo né as escolas começam agora né em primeiro de fevereiro né Nós estamos no final do ano então é impossível né e o próprio Conselho Nacional tem dificuldade
em fazer essas diretrizes num prazo tão curto diretriz é uma coisa complexa é difícil né Então para fazer precisa de tempo eu acredito que muitas escolas só vão começar a implantar essa nova proposta a partir de 2026 e o ano que vem todas as escolas vão aumentar o número de horas dedic a formação geral básica que é o que vai acontecer isso porque isso tá pacificado né agora Gabriel quem tá no meio desse caminho vamos supor é que tem filho no segundo ano do ensino médio né que pegou no no esquema anterior e agora tá
vendo essa mudança ou que tá indo pro último ano eh gera uma certa insegurança né como é que fica gera muita insegurança é uma insegurança natural porque Infelizmente não temos essas diretrizes nacionais estipulando ou dando orientações de de como os estados e as redes privadas de ensino pelo país devem fazer o ministério tá discutindo isso mas ainda não temos essas definições caberá como Professora Maria Elena estava falando a cada Conselho Estadual a cada estado eh dar essas orientações para as escolas de como fazer essa transição Então pode pode ser que haja estados que vão decidir
para manter o modelo que tá que está hoje sem fazer grandes ajustes no meio do caminho por exemplo pega um país europeu qualquer reforma curcular ela por lei você precisa no mínimo de 3 anos para começar a implantar porque depende de formação de professor de livro didático material de apoio uma série de coisas não dá para você fazer uma uma mudança curricular ass mas mas essa mudança não é só de carga horária Professora porque assim se ampliou o currculo currículo básico né que é era um dos motivos da reclamação e diminuiu a hora do itinerário
formativo em tese não tem tanta mudança a não ser a carga horária não é tem a mudança da carga horária e como a carga horária a formação geral básica na reforma anterior ela era mais enxuta aquilo que era comum tava previsto na base Nacional comum curricular né como sendo aquilo que todos os alunos tinham Obrigatoriamente que aprender as escolas tinham que oferecer e tal agora isso não tá definido Então o que acontece são os mesmos conteúdos aumenta a carga horária com um número maior de aulas né das disciplinas obrigatórias que são as mesmas 13 14
disciplinas obrigatórias né mas o que não dá tempo é porque muitas escolas já tinham iniciado a implementar um modelo de 1800 horas de Formação geral vou dar um exemplo de um estado estado do Mato Grosso do Sul o Estado de Tocantins né e o estado e até o distrito Federal de alguma maneira eles já tinham começado a implantar 1800 horas de Formação Geral com 1200 horas para cursos técnicos profissionalizantes mudou completamente né no caso do Mato Grosso do Sul a mudança foi muito grande porque havia uma proposta curricular casada com a oferta de itinerários técnico
profissionais para mim essa é esse é o maior prejuízo da atual reforma porque os alunos demandam formação técnica profissional e agora isso ficou bastante prejudicado e por mais que haja essa percepção de que é só um ajuste na carga horária esse ajuste ele demanda revisões curriculares importantes se você antes estava estruturado para oferecer um itinerário formativo de 1200 horas ao longo dos 3 anos de ensino médio e agora é um itinerário de 600 horas a toda a necessidade de repensar o que vai ser trabalhado nesse itinerário com os estudantes e as secretarias não conseguem os
conselhos estaduais fazem isso em poucos meses uma reforma do tamanho da reforma do ensino médio que mexe no coração da educação que é o currículo ela precisa ser feito com tempo porque ela impacta o material didático as avaliações a formação dos professores a locação desses profissionais Então são tantos elementos que são envolvidos numa reforma como essa que ela precisa ser feita com tempo e Gabriel o que que muda no Enem o Enem ele é uma prova que segue a mesma matriz curricular há muitos anos há mais de uma década e Continuará assim não há nenhuma
indicação do Governo Federal de mudança no atual Enem ao contrário a indicação do governo federal é manter o Enem do jeito que ele está estruturado desde 2009 exatamente igual até 2027 sendo que a proposta do Ministério da Educação e do INEP é que o o próximo Enem se vier alguma mudança essa mudança será muito marginal eles não pretendem avaliar itinerários isso está escrito na lei Inclusive tem um veto a lei essa última lei da reforma um veto do Presidente da República que diz que o Enem deve ser uma prova única igual para todas e portanto
o Enem não vai avaliar nenhum itinerário bom a reforma do novo ensino médio dará conta de igualar as oportunidades de aprendizagem entre os estudantes das escolas públicas e os das escolas privadas assunto que a gente vai conversar no próximo bloco quando eu converso com a coordenadora do grupo de escola pública e democracia a gente volta já [Música] [Música] estamos de volta com a opinião e o assunto é a reforma do novo ensino médio com a gente a Educadora Maria Helena Guimarães de Castro que é Presidente do Conselho Estadual de Educação e o diretor de políticas
públicas do Todos Pela Educação Gabriel Correa uma das grandes críticas feitas ao novo ensino médio seu itinerários formativos é que eles embora sejam em tese os mesmos nas escolas públicas e privadas aumentariam o forço entre esses estudantes eu conversei sobre esse assunto com a professora da Unifesp e coordenadora do projeto gú grupo de escola pública e democracia a Márcia jacomini vamos assistir o conhecimento para ministrar eh aula e a docência ela envolve tanto o conhecimento do do do conteúdo que é ministrado que é ensinado mas envolve também o conhecimento eh pedagógico nós vivenciamos situações em
que por exemplo uma professora de química que está dando robótica isso é absolutamente inadequado eh o professor quando vai ministrar um um curso ele eh ele pode aprender com os alunos muitas coisas mas o conteúdo que ele vai ministrar Ele precisa saber professora a senhora acha que do jeito então que foi proposto novamente esse fosso entre alunos da Escola privada que podem oferecer itinerários interessantes e alunos da escola pública que talvez não tenham acesso a isso vai aumentar Com certeza Rita essa é uma excelente pergunta o que a escola privada fez e está fazendo diante
da reforma do ensino médio ela está entando itinerários formativos disciplinas muito articuladas com o conteúdo das disciplinas clássicas das disciplinas tradicionais de forma que esses estudantes tenham efetivamente aumentado as horas de estudo naquelas disciplinas naqueles conteúdos que são fundamentais para a vida para o mercado de trabalho e para a o ingresso no ensino superior e os estudantes da escola pública não necessariamente Os estudantes da escola pública não necessariamente na sua maioria não porque o que foi feito até agora ainda é muito eh incipiente essa ideia de colocar os itinerários formativos como uma parte do do
currículo né da da matriz curricular eh do ensino médio eh da forma como se fez a até agora seja na primeira reforma ou na reforma da reforma eh não é eh uma medida eh que vai trazer ou que está trazendo para o ensino para o aluno O Estudante da escola pública uma perspectiva de aprender mais de ter uma formação melhor quando Nós aprendemos as coisas quando nós acessamos o conhecimento nós temos possibilidade inclusive de ter uma vida é diferente Gabriel queria falar do Estudante da escola pública né a doutora a professora tem um ponto aí
né Eh existem escolas com itinerários muito interessantes que podem aprofundar a matéria pro Enem que podem eh oferecer outras perspectivas para esse aluno muito interessantes e a escola pública não não necessariamente tem isso e eu acho que inclusive por por esse motivo que o novo ensino médio também foi muito criticado por alguns grupos né como é que você vê essa questão é primeiro que é importante a gente mencionar que esse fosso entre escolas públicas e escolas privadas ele sempre existiu Ele sempre foi muito grande a reforma do ensino médio ela vem tentar superar um problema
histórico do Brasil que é o de uma etapa que oferece índices de aprendizagem baixíssimos índices de evasão muito altos especialmente pros estudantes mais pobres né então a forma que se pensou que a conectar o ensino médio brasileiro com o modelo de ensino médio de países mais desenvolvidos em que há uma parte comum e uma parte flexível ela é muito bem-vinda e O Brasil precisa caminhar nessa direção há desafios de implementação há desafios de operacionalização de um novo modelo certamente Há porque é enorme ainda as desigualdades e e e esses problemas que ainda temos na Gestão
Pública Educacional Mas isso não deveria fazer-nos fechar o olho para esse novo modelo para voltar pro modelo antigo que todo mundo Fazia tudo igual então tem desafios de implementação os estados vão precisar superar o Ministério da Educação é muito importante nesse sentido para oferecer o apoio Isso precisa ser muito e mais bem trabalhado daqui em diante mas é fundamental essa mensagem o novo ensino médio da forma que ele foi pensado em 2017 e mesmo esse modelo dessa nova lei de 2024 que a gente não tem ainda todas as regulamentações ele pode sim trazer melhorias substantivas
pro Ensino Médio brasileiro especialmente se a gente conseguir avançar com a ampliação de carga horária do modelo modo de ensino médio em tempo integral que é muito importante e uma oferta que ainda está prejudicada mas precisa expandir muito no Brasil que é do ensino técnico profissionalizante Maria Helena como é que você vê essa questão né e os os estudantes da escola pública sempre precisando deais e esse fosso que acabou se abrindo com possibilidades tão interessantes pr pra escola privada e nem sempre interessante pro estudante da escola públ então eu acho ao que tem um ponto
aí que me parece importante o ensino médio Como disse o Gabriel ele já tinha problemas histórico estruturais e foi por essa razão que houve a reforma de 2017 que ficou 10 anos em discussão mas tem um ponto relevante que nos últimos anos há um acesso cada vez maior de estudantes da escola pública nas universidades públicas e particulares do Brasil a USP por exemplo hoje ela tem 53% dos ingressantes são egressos de escola pública né a Unicamp já tá quase chegando no 50% porque a lei de cotas porque ela lei de acesso S são várias leis
né tem no caso da USP da Unicamp tem a lei de cotas tem o Enem os critérios utilizados para Enem e no caso da USP Unicamp Unesp e Univesp tem o provão Paulista o provão seriado agora os alunos chegam na USP eles estão precisando de uma formação digamos assim um tipo de uma recomposição de um nivelamento Para poderem acompanhar porque essa diferença sempre existiu e para que esses alunos egressos da escola pública que agora estão chegando em boas universidades públicas para que eles permaneçam é fundamental que esses alunos tenham um reforço no primeiro ano que
aliás é muito comum nas universidades de outros países você ter um tipo de nivelamento nos alunos ingressantes né porque claro que um aluno que vem da escola particular ele chega mais preparado para fazer um curso na numa boa Universidade do que um aluno que vem da escola pública que muitas vezes tem e a gente sabe disso muita deficiência em matérias básicas estimular esses alunos para que eles permaneçam é muito importante por que isso então nós estamos com 50% de evasão nas universidades públicas brasileiras e a maior taxa de evasão é no primeiro ano da faculdade
né Então veja eh E e essa evasão ela não tá relacionada somente ao aluno que vem da escola pública o aluno que vem da escola particular também tá abandonando né imagina você que na escola na faculdade particular nós estamos com 62% de abandono dos alunos que ingressam em universidades particulares e 50% na pública quer dizer o que tá acontecendo existe uma pesquisa recente que mostra que os alunos não têm interesse pelos currículos das Universidades dos cursos de graduação então eu é paliativo é paliativo mas é importante oferecer ao aluno a oportunidade desse aluno adquirir os
conceitos básicos de matemática para ele continuar por exemplo num curso de computação um curso de qualquer área das engenharias em geral ele vai precisar de uma formação matemática maior então assim eu vejo de outro modo essa questão do público privado Eu acho que o público precisa melhorar 85% dos nossos alunos estão na escola pública só 15% na escola particular a escola particular brasileira ela é muito pequena em matéria de absorção da demanda né então bom precisamos melhorar a escola pública Quais são os problemas muitos já foram tratados aqui um é professor para mim é o
mais importante não é qualidade do professor é falta de professor nós temos falta de professor na escola pública falta professor de matemática falta até professor de língua portuguesa de língua estrangeira de tudo de história química isso acaba virando um um gargalo quando você tem os itinerários na escola eh pública não Gabriel já que falta Professor pro básico quando a gente fala de itinerário também falta professor para itinerário Isso depende muito do desenho que você faz do itinerário se você pensa uma Secretaria de Educação uma escola particular ou uma escola pública que desenha o itinerário considerando
os professores que ali estão é possível desenhar itinerários com muita qualidade inclus mas aí a gente cai naquele problema que a própria Professora Márcia falou de você ter um professor de química dando aula de robótica o que não é o ideal né é isso quando você desenha seu itinerário sem pensar nas professores que você tem porque você pode combinar áreas do conhecimento num itinerário e ter uma aula de energia por exemplo em que você mobiliza saberes de matemática de física de química eventualmente até de história com professores dessas disciplinas então é claro se você desenha
um itinerário sem olhar pros professores que você tem sem olhar para professores que tem naquela escola e a realidade de cada escola brasileira Isso dificulta mas é um trabalho que os estados estão fazendo precisam continuar fazendo de e quando você tem pouquíssimo professor e você mesmo assim Precisa desenhar um itinerário quando você tem pouquíssimo Professor Eu acho que o caminho não é voltar ao que tínhamos antes e oferecer exatamente as mesmas disciplinas para todo mundo essa reforma do novo ensino médio isso foi aprovado há do meses atrás não temos todas as normativas nacionais ainda então
essa definição de como serão os itinerários ainda está muito no campo das ideias é muito importante que o ouvinte saiba primeiro que o Enem não vai mudar isso tá muito claro em segundo lugar que se for na escola particular é importante buscar a escola particular se for a escola pública as informações da secretaria de educação porque ainda não temos essas diretrizes nacionais indicando o que que vai acontecer bom queria agradecer muitíssimo por vocês ajudarem a gente a refletir sobre esse assunto que preocupa tanto os pais então eu queria agradecer a presença da educadora Maria Helena
Guimarães de Castro que é Presidente do Conselho Estadual de Educação e do diretor de políticas públicas do todos pela educação Gabriel Correia Obrigada pela presença de vocês e um agradecimento especial a quem participou com a gente dessa conversa aí do outro lado da tela obrigada pela sua companhia até a semana que vem [Música] [Música] C [Música]