Olá, meus caros, muito boa noite! Sejam muito bem-vindos à nossa conversa do dia de hoje. E, como eu disse a vocês, nesse mês de abril, nós seguiremos falando um pouco mais do Brasil. Né? Do nascimento do Brasil, nós falamos lá na primeira semana da relação do Brasil com os templários, falamos na segunda semana, semana passada, e hoje falaremos a respeito das fontes históricas sobre o descobrimento do Brasil. Né? Os principais documentos que tratam das fontes, né? Eh... dos relatos mais antigos a respeito da história do nosso país, da nossa nação. Né? E esses documentos,
eles são importantes porque são desconhecidos, né, da maior parte das pessoas; são documentos que as escolas, os materiais didáticos, infelizmente abordam pouco. Geralmente, eles priorizam eh uma visão geral, uma visão eh, às vezes, histórico-crítica, né, que é o que predomina eh aqui no Brasil. Mas existem outras visões, outras possibilidades aí de análise, né, dessas fontes primárias. Então, a gente vai dar uma olhadinha, uma passeada hoje, eh, nesses documentos, falando aqui muito em termos gerais, né, como que eles funcionam, como foram redigidos, quem redigiu, o que que eles apresentam de novidade, né, para aquilo que a
gente já ouviu em termos de narrativa. Enfim, é isso aí! Vamos fazer aqui uma breve oração já no início e entramos no nosso assunto: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós, dentre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, rogai por nós. São Pedro de Alcântara, padroeiro do Brasil, rogai por nós.
São José de Anchieta, também padroeiro do Brasil, rogai por nós. O Senhor nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, meus caros, então eh, esse nosso programa de hoje. Vocês verão aí que as interações estão um pouco atrasadas, né, porque eu gravei aqui o programa um pouquinho antes do nosso horário de exibição, em virtude eh, de uma viagem, um compromisso que eu tenho. Né? Eu devo palestrar na Liga Cristo Rei Nordeste neste ano de 24. Então, hoje eu estou indo lá
para Recife agora à noite. Então, por isso, eu gravei esse conteúdo um pouquinho antes para honrar o nosso compromisso. Então, vocês não estão assistindo ao vivo, mas o conteúdo está aqui, né, para que vocês possam, né, beber aqui desse conteúdo, compartilhar comigo aqui eh essas informações que são preciosas para a nossa identidade nacional. Enfim, né, então para honrar o nosso compromisso, então conto com as orações de vocês pelo bom êxito das palestras na Liga Cristo Rei Nordeste. Né? Então, amanhã estarei lá em Recife, né? Eu palestrarei em Recife, né? Então, vai ser uma ida bem
rapidinha. Né? Eu vou palestrar e já volto, né, e seguiremos, né, de lá mesmo, fazendo a nossa meditação diária de Santo Afonso, né, como a gente faz todo dia. Eh, isso a gente não deixará de fazer. E também rezaremos normalmente a coroa das lágrimas no canal de Itiba, né, que, por esses dias, até o dia 30 de abril, eu estou lá no canal da Itiba à noite, eh sempre rezando a coroa das lágrimas lá, diariamente. Então, esses compromissos serão todos eh mantidos. Tá bom? Eh, então vamos ao nosso assunto de hoje: quando nós falamos, então,
do descobrimento do Brasil, nós temos eh algumas fontes que são clássicas. A primeira delas é a carta de Pero Vaz de Caminha. A carta de Pero Vaz de Caminha foi redigida pelo escrivão do rei, que é o Pero Vaz de Caminha, que veio na armada de Cabral, de Pedro Álvares Cabral. Pedro Álvares Cabral era um fidalgo, um nobre, né, que servia ao rei de Portugal. O rei de Portugal na altura do descobrimento do Brasil era Dom Manuel, o Venturoso, ou Dom Manuel I, um homem que investiu muito nas navegações, muito interessado nessas questões científicas. Dom
Manuel se casou com uma das filhas do Rei Fernando e da Rainha Isabel de Castela. Então, olha que interessante, né? Havia essa união entre as monarquias, as coroas, né, de Portugal e Espanha, nessa época, e uma grande sintonia, uma grande paz, inclusive, né, entre a coroa espanhola e a coroa portuguesa nesse período. Dom Manuel se casa com uma das filhas aí dos Reis Católicos da Espanha, ele fica viúvo muito cedo e se casa com a cunhada; ele se casa com a outra filha do Rei Fernando da Rainha Isabel, né? E aí terá um matrimônio um
pouco mais duradouro. E o descobrimento do Brasil se dá no reinado dele, né, de Dom Manuel Venturoso. E eh, o Cabral era um fidalgo a seu serviço, eh, mas Cabral, inclusive, vem para essa expedição com a intenção, como eu disse nas lives anteriores, de chegar na Índia; a intenção era ir para Calecute, na Índia. Mas eles acabam se perdendo mesmo na rota, com uma tempestade. Depois, eh, passaram uns dias, né, com uma certa dificuldade de localizar as estrelas e constelações para se orientar direitinho pelo mar. Então, eles tiveram uma perda mesmo de rota e chegaram
ao Brasil, mas depois, calculando direitinho onde estavam, e eles eram muito bons nisso, os portugueses, sobretudo na escola de Sagres, absorveram e guardaram as informações que os árabes... Lembra que eu comentei várias vezes que os muçulmanos invadiram a Península Ibérica? Trouxeram consigo não só a sua religião, mas trouxeram consigo também, né, a sua ciência, o seu conhecimento matemático e o seu conhecimento astronômico. Por exemplo, eh, os beduínos, né, que eram muçulmanos; o próprio Maomé, fundador do islamismo, era beduíno. Os beduínos... Eles tinham técnicas de localização pelas estrelas e, por isso, não se perdiam no deserto,
que é um mar de areia. Aquilo que funciona no mar de areia há de funcionar no mar de água, né? Então, isso foi absorvido pelos portugueses, né? Os árabes que invadiram a Península Ibérica levaram esse conhecimento; os portugueses beberam desse conhecimento, absorveram esse conhecimento e o utilizaram largamente nas grandes navegações. Então, existe uma contribuição árabe também, né, nas grandes navegações. Existe, é claro, uma contribuição portuguesa, cristã, etc. e tal, mas existe uma contribuição árabe, sem dúvida alguma, né, nesse plano dos descobrimentos, porque é um conhecimento científico, é um conhecimento que parte da observação da natureza,
né? E isso os muçulmanos, os árabes, de um modo geral, né, desenvolveram muito bem essas questões de astronomia, matemática, enfim, né? E isso teve uma boa influência aí sobre as pesquisas, né, os avanços que os portugueses conseguiram muito bem. Então, esse é o quadro, né, da coisa aí, né, da situação na época dos descobrimentos. Dom Manuel, que confiou essa expedição nas mãos de Cabral, tinha a intenção de que Cabral chegasse na Índia e trouxesse caravelas carregadas, né, recheadas de especiarias. E as especiarias eram muito lucrativas, porque eram produtos úteis, porém muito caros na Europa, e
isso fazia com que o preço deles subisse muito, e isso podia render, assim, um dinheiro muito bom para a coroa portuguesa. Então, essa era a ideia. Mas acontece que Cabral chega aqui, nomeia esta terra com o nome de Terra de Santa Cruz, deixa aqui no Brasil dois degredados, eram dois prisioneiros que foram colocados como serviçais dentro das caravelas. Era muito comum isso, não só em Portugal, né? Na Europa toda, né? Havia essa prática de que os degredados, aqueles que eram presos, condenados por algum crime, geralmente eram colocados para remar, eram colocados para fazer algum tipo
de serviço mais pesado, mais braçal, dentro dos navios. Uma coisa interessante, né, nesta época, inclusive, era muito comum que pessoas condenadas pela Inquisição, por crimes de heresia, mas que se arrependiam, essas pessoas recebiam como uma pena, é até redundante o que eu vou falar, né, mas é uma pena penitencial, que a penitência não deixa de ser uma pena, né? Então, um pouco redundante. Mas eles recebiam como imposição penitencial o trabalho nas galeras, né? Eram os trabalhos braçais dentro dos navios, né? Então, isso era bastante comum, inclusive, na época. Então, Cabral vem, descobre, toma posse, deixa
dois degredados aqui e vai a Calicute. Uma das naus que veio, né, junto com Cabral, se perdeu no mar, né? E eles perderam de vista, mas já havia ali, né, na própria expedição de Cabral, uma clareza muito grande quanto aos objetivos dos portugueses, que é o que eu falei lá na nossa primeira live: quais eram os objetivos? Dilatar a fé católica e fazer comércio. Eles falam muito disso nos documentos oficiais, e é interessante que expandir a fé sempre vem em primeiro lugar; fazer comércio é uma consequência, né? É assim que eles entendiam. Tá certo que,
né, pode ser que você, lendo alguma coisa sobre a história do Brasil, tal, chegue à conclusão de que não, eles vieram para explorar, para matar, né? É essa historiografia que a gente se acostumou a ouvir. E aí o que acontece? Isso fica arraigado no nosso imaginário, e é difícil. Imagino que para vocês também, como foi para mim, é muito difícil você construir essa imagem. Eu levei muitos anos, né, e eu não conseguia me convencer de que os portugueses tinham realmente vindo com uma visão de fé por trás, né? Então, assim, por anos, eu já era
formado, e eu não conseguia ter essa visão. E aí foi quando eu comecei a estudar mesmo os documentos primários sobre a colonização do Brasil, descobrimento, etc. e tal, as grandes navegações. E aí eu fui lendo material primário, né? Aqui na minha estante, aqui atrás, ó, bem atrás de mim, tem uma parte inteira que é só sobre navegações. E aí eu comecei a garimpar mesmo livros que traziam documentos primários, para eu tentar entender o que realmente estava na mentalidade daqueles homens. E realmente eu cheguei à conclusão de que era algo sincero; eles queriam mesmo expandir a
fé, dilatar a fé. Isso não os exime de muitos erros, muitos pecados, né? Até numa linguagem religiosa, muitos crimes. Mas havia um desejo sincero na maioria deles. Agora, é claro, entre aqueles que têm desejos nobres, sempre terão aqueles que têm desejos menos cristãos, menos nobres, né? Então, é como em tudo, né? Como em tudo. Porque se a gente cai nesse engodo, né, de querer julgar o passado com a mentalidade do presente, isso não se sustenta, né? Basta a gente olhar hoje em dia. Vamos pegar o Brasil de hoje, porque do jeito que muita gente fala,
né, dá aquela impressão assim: não, os portugueses… Eles vieram aqui, eram exploradores, aproveitadores, queriam tirar vantagem, acabaram com tudo, muito bem. E aí quem ouve isso parece que nós estamos hoje numa situação muito mais livre, elevada, numa situação onde realmente valorizamos, o que, mas não é. Não é! Então, os mesmos brasileiros que hoje enchem a boca para falar contra homens de 500 anos atrás são brasileiros que não veem problema, às vezes, em receber troco a mais e não devolver; que não veem problema em votar errado; que não veem problema em não se interessar pela política,
em desconhecer a própria história e achar que o Brasil é uma porcaria, que não vale a pena conhecer a história. São esses mesmos brasileiros que às vezes vão dizer que... Eh, Portugal fez isso, isso e aquilo. Entenderam? Então, eh, nós precisamos nos desapaixonar daquilo que nós aprendemos e ouvimos nos bancos escolares, às vezes até nos bancos da universidade, e começar a voltar às fontes mesmo e tentar entender as coisas dentro do seu contexto. Esse é um grande desafio da história. Existem várias linhas, né, de interpretação da história, mas, eh, alguns autores, alguns historiadores de uma
escola eh histórica, né, existem várias escolas de pensamento. Mas existe uma escola que é interessante, né, não que todas as ideias estejam corretas e todas as análises sejam perfeitas, né, isso não existe. Né, mas uma corrente histórica interessante é a nova história ou Nova História, tudo junto, né, eh, que é uma corrente de pensamento surgida no século XX, que tem autores, né, de grande renome. O Jacques Le Goff, que é um medievalista genial, um dos autores que eu mais gosto é da escola da nova história. Eh, então, são autores que tentam reconstruir as coisas no
seu contexto e usando conhecimentos de outras ciências. Usam hoje em dia, para interpretar fatos históricos, conhecimentos da psicologia, da sociologia, né, e isso vai nos fazendo entender melhor as mentalidades, eh, como as coisas funcionam. E aí a gente começa a se desapaixonar, eh, e a não ficar tão apegado àquilo que eu ouvi e é assim. E pronto! Não pode ser que o que você ouviu... quem te ensinou certamente te ensinou com muito boa vontade, mas pode ser que tenha te ensinado uma parte, um recorte, né, da da história. Eh, e alguns autores da nova história
trazem, né, uns insights interessantes, de fazer o quê? De comparar fatos históricos ocorridos num determinado local, num determinado contexto, com outros povos, outros lugares na mesma época. Quando a gente faz isso, isso não justifica de jeito nenhum os erros. Veja bem, né, aqui eu não estou justificando erros e dizendo que tudo foi lindo, maravilhoso, a nossa colonização, eh, eh, sem defeitos. Não, longe disso! Por quê? Porque tudo que é humano é imperfeito; tudo que é humano é sempre pela metade; tudo que é humano é limitado. Mas quando a gente entende no contexto, nós começamos a
deixar de ser injustos com aqueles que nos precederam, porque é uma questão até de respeito pela memória destas pessoas, então nós temos de ser justos. E aí, quando a gente faz essa história comparada, ela não justifica, mas ela explica muita coisa. Então, por exemplo, quando pegamos os portugueses e analisamos: "Puxa vida! Eles chegaram aqui, escravizaram o índio, depois trouxeram um africano, escravizaram o africano." Eu acredito que ninguém em sã consciência hoje em dia vá defender a escravidão, seja ela indígena, seja ela africana. Ninguém vai defender! Isso é um absurdo! Ser humano ser dono de outro
ser humano é uma coisa que não tem cabimento! Ou seja, né, a humanidade que pensou tanto, evoluiu tanto, avançou tanto... aceitar, admitir uma coisa dessa é impensável. Mas quando nós olhamos o contexto da época que nós vamos estudar e comparamos, a gente começa a entender a coisa. Por exemplo, vamos voltar lá no tempo de Cristo, século I a.C. Quais são os povos que tinham escravos? Praticamente todos! Você vê escravidão por todo lado. Eh, eh, os povos que não admitiam a escravidão lá no século I eram exceção. Exceção! Praticamente todos aceitavam. Quando veio a Idade Média,
a escravidão diminuiu, mas ela nunca desapareceu. Mesmo com o cristianismo, tem gente que acha também, né? Eu já li muita coisa de apologia católica, apologia cristã, eh, que às vezes exagera, né? Dizendo: "Não, ela desapareceu quando o cristianismo entrou na sociedade." Não! O que é verdade é que a escravidão diminuiu. Isso é verdade! Em muitos lugares, os escravos passaram a ser tratados com uma dignidade maior, mas a escravidão não desapareceu totalmente! Ela não foi totalmente extinta! Então, é uma mancha, um horror que permaneceu. E aí, quando a gente pega 1500, vamos dar um salto. E
aí vamos analisar os portugueses: "Nossa! Mas eles escravizavam!" Isso sim, escravizavam! Isso é terrível! Isso deixou marcas muito profundas na nossa sociedade até hoje. Só que tem um porém: quais povos, será que só os portugueses eram esses crápulas horríveis que faz... não! Quantos povos escravizavam? Na Europa, quase todos! Quase todos faziam isso! Então, isso é história comparada. Então, quer dizer, se eu quero analisar a coisa honestamente, eu tenho que usar, em primeiro lugar, a honestidade intelectual: quem mais fazia isso? Todo mundo! Ah, mas não é porque todo mundo fazia que é certo. Sim, eu concordo!
Não é porque todo mundo fazia que isso torna uma determinada prática correta, mas isso torna uma determinada prática comum. Ela não era correta, mas era comum! E, por isso, as sociedades, mesmo as mais avançadas, aquelas sociedades mais desenvolvidas, mesmo elas toleravam a escravidão. E quem é que condena a escravidão? A igreja vai condenar a escravidão, mas a igreja era ouvida? Aí, uma coisa é a igreja mandar fazer alguma coisa e outra coisa bem diferente são os fiéis católicos obedecerem o que a igreja manda. Então, muita gente quando olha para a história diz: "Ah lá, a
igreja apoiou a escravidão! A igreja tem culpa nessa mancha na história do Brasil, tal, tal, tal." Bom, se você estiver falando da igreja pensando nos maus membros da igreja, aqueles filhos desobedientes, sim! Muita gente da igreja católica, batizada, que não deveria colaborar com isso, colaborou! Quantos portugueses aprisionaram índios? Quantos portugueses invadiram reduções jesuítas para escravizar índios batizados? Isso era proibido, sim, pelos documentos papais. A bula "Sublimis Dei", de Paulo III, no século XVI, ainda, ela proibia terminantemente a escravidão dos indígenas, ainda mais de indígenas batizados. E o Papa Paulo III dizia: "Isso aí não é
aceitável, porque entre eles não há prática da escravidão." Entre os índios, então, a escravidão para eles não... A era natural não era natural, diferente do africano, que tinha escravidão entre as tribos. Por isso, a Igreja teve uma certa tolerância em relação à escravidão, mas a Igreja colocava um monte de regras que não eram seguidas, que eram solenemente ignoradas. Então, uma coisa são os documentos da Igreja; o que os documentos da Igreja dizem? Bom, os documentos da Igreja condenam, mas e a prática dos fiéis? Bom, aí já é um problema pessoal dos fiéis, que são maus
filhos da Igreja. Vamos pegar um exemplo: hoje em dia, a Igreja nos diz claramente a doutrina da Igreja, que devemos ir às missas, ao menos aos domingos. Pelo menos aos domingos. E, no Brasil, apenas 88% dos católicos frequentam a missa todo domingo. Aí, eu vou dizer: então a Igreja no Brasil é relativista, é relaxada. Tal. Bom, se você estiver se referindo à Igreja enquanto seus membros, bom, aí você pode dizer: nossa, tá muito mal. Mas a Igreja, instituição, ela não pensa assim, ela não age assim, ela não incentiva esse tipo de coisa. Não, ela fala
justamente o contrário. Então, quando falamos da Igreja, nós temos que pensar que a Igreja tem uma voz autorizada. A voz autorizada da Igreja quem é? O Papa e os bispos em comunhão com ele. Quando falamos de escravidão na história do Brasil, nós não temos base nas falas do Papa e dos bispos em comunhão com ele para apoiar a escravidão dos indígenas ou os maus-tratos aos africanos trazidos para o Brasil. A gente não tem base para isso. Ah, mas na prática aconteceu? Sim, na prática aconteceu. Por quê? Porque a Igreja tem filhos desobedientes, né? A Igreja
tem filhos desobedientes que nem sempre vão dar ouvidos a tudo que ela diz. Então, por que eu tô fazendo, né, aqui essa digressão inicial? Para a gente entender que, quando nós fazemos história comparada, nós começamos a entender as coisas melhor, entendeu? Bom, tinha essa prática; ela é condenável. Quem mais fazia? Todo mundo. Isso não torna a prática correta, mas torna a prática comum. E uma prática comum vai entrando na cultura e na mentalidade das pessoas, e as pessoas começam a aceitar o erro. Basta pensar na nossa sociedade brasileira hoje em dia: quanta coisa que é
errada e as pessoas aceitam. Aceitam porque isso foi entrando no imaginário, no comportamento, nos costumes das pessoas, mas isso não torna a prática certa. Certo? Então, para estudar a história do Brasil, é fundamental ter esses conceitos frescos na mente. Bom, e eu falava do Cabral. Cabral era um fidalgo da corte de Dom Manuel I, membro da Ordem Militar de Cristo, e Cabral vem ao Brasil, vai a Calicute, retorna a Portugal, retorna com as caravelas cheias, cheias de especiarias. O rei ficou contente, mas numa segunda expedição, Cabral tinha intenção de ser nomeado, né, como o chefe
dessa nova expedição e ele foi preterido por outro nobre português que foi nomeado por Dom Manuel para a segunda expedição no Brasil. Isso irritou muito Cabral. Cabral vai discutir com o Rei de Portugal e depois será afastado das suas funções na Marinha Portuguesa. Vai voltar para sua cidade natal, Belmonte, e vai receber uma pensão magrinha, assim, uma pensão muito palperrima de 1520. E, para vocês terem uma ideia, a pensão de Cabral corresponderia a cerca de 20 ducados por mês, enquanto a pensão de Vasco da Gama, um navegador que descobriu o caminho para as Índias, ultrapassava
os 160 ducados. Então, só para vocês terem uma proporção do que Vasco da Gama recebia de aposentadoria e o que Pedro Álvares Cabral recebia. Mas isso se deu por conta dessa desavença de Cabral com o Rei de Portugal. Então, vêm outros navegadores aqui para o Brasil. Na expedição de Cabral, aqui para o Brasil, que resultou no descobrimento do Brasil, viajou com ele Bartolomeu Dias, o grande navegador português Bartolomeu Dias, que foi quem contornou a África, tentando dobrar ali o Cabo das Tormentas. Então, Bartolomeu Dias estava presente no descobrimento do Brasil. Então, são navegadores muito experientes,
são homens formidáveis em termos de conhecimento. E aí, muito bem. Então, como eu disse na semana passada, o Brasil teve uma preocupação, os portugueses tiveram uma preocupação de tomar aqui no Brasil os territórios mais do litoral, para impedir a entrada de piratas, sobretudo holandeses e franceses, que queriam assediar nosso território. E aí começam, então, as pesquisas, a exploração do nosso território e os registros a respeito do nosso território. Então, nós temos a Carta de Pero Vaz de Caminha, que é a principal, né? A Carta de Pero Vaz de Caminha tem um tom um tanto quanto
poético até. O Pero Vaz de Caminha é um sujeito que sabia jogar muito bem com as palavras, então a narrativa dele é muito atrativa. Afinal de contas, ele estava escrevendo para o rei, né? Ele está escrevendo para o rei e, ao escrever para o rei, é lógico que ele deve procurar ser o mais fiel possível na sua narrativa. Mas, ao mesmo tempo, ele coloca ali elementos da sua subjetividade e elementos da subjetividade do grupo todo. Quais são as impressões que aquele grupo teve em relação ao Brasil? Então, isso fica muito evidente na Carta de Pero
Vaz de Caminha. A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento de leitura obrigatória para todo brasileiro, né? Aqui, nessa live que fazemos toda semana, nosso tempo não é tão extenso assim, então não dá para a gente ler a carta toda, que ela é bastante longa, são 15 páginas, dá aí umas 15 laudas. Aí, de a de carta, né? Então é bastante, eh, densa, assim, né, para uma live. Mas é uma leitura que, se você se sentar para fazer, assim, num tapa, você consegue fazer. E é uma leitura interessantíssima a respeito do Brasil, né?
Então, acho que vale, assim, muito a pena. Eu comecei a fazer uma experiência de uns anos para cá. Eh, eu percebi, né, de uns anos. Já tem uns dez anos que eu faço isso. Eu percebi, lecionando para alunos de ensino fundamental dois e ensino médio, a desmotivação que os nossos alunos têm em relação à história do Brasil. Era só eu falar: "Olha, agora nós vamos entrar aqui nas grandes navegações, vamos falar do Brasil". Nossa, molecada: "Ah, não, do Brasil não! História do Brasil é muito chata, e não sei o que. Ah, o Brasil não tem
nada de interessante". Então, você já vê aí um preconceito que foi inoculado na cabeça, nas mentes dessas crianças, que a história do Brasil não vale a pena. Ela não vale a pena. E não tem maneira melhor de você destruir a identidade de um povo do que negando ao povo a sua própria história, porque a história é a identidade do povo. Se você não conhece a sua história, você não tem identidade, você não constrói identidade. Então, por que que nós, brasileiros, né, lutamos pouco, por exemplo, pelos nossos direitos? Por que que nós fazemos, eh, tão pouco
por aquilo que é nosso direito enquanto cidadãos? Porque nós, eh, fomos cozidos, digamos assim, nessa mentalidade de que a história do Brasil é uma história de exploração. O Brasil sempre foi roubado, o Brasil sempre teve corrupção, o Brasil sempre isso, aquilo, tudo muito negativo. Então, parece que não tem solução. Você vê nas redes sociais, aí, quando o pessoal vai fazer algum comentário a respeito de política, a respeito de economia, a respeito do Brasil, você vê como que as pessoas têm o próprio país em tão pouca conta. As pessoas não estimam o Brasil! Você vê pouca
gente falando do orgulho de ser brasileiro, de nascer no Brasil, de estar no Brasil. E aí, eh, eu, num determinado ponto da minha vida, comecei a me questionar também. Eu falei: "Mas eu, como brasileiro, eu também não gosto da minha história". Mas eu descobri que eu não gostava da minha história por quê? Porque eu não a conhecia. O que eu conhecia era um espantalho da minha história, né? Aqui, na minha frente, chegou aqui para mim. Eu nem li ainda uma biografia antiguíssima que eu comprei. Essa biografia é do Padre Bartolomeu de Gusmão. O Padre Bartolomeu
de Gusmão é um brasileiro nascido em Santos, litoral de São Paulo. Brasileiro que estudou muito! Esse homem foi um cientista brilhante e, no século 18, ele criou a chamada Passarola de Gusmão, o primeiro objeto mais pesado que o ar a voar. Aquilo que o Leonardo da Vinci projetou e não conseguiu tirar do chão, né? O da Vinci chegou a desenhar, mas nunca eh, tirou do chão nada mais pesado que o ar. O Padre Bartolomeu de Gusmão fez isso. Um brasileiro! Cientista brasileiro brilhante! Ele apresentou a sua Passarola ao rei de Portugal, que ficou maravilhado com
o que viu. É um brasileiro, né? Eh, nós temos cientistas, políticos, diplomatas. Nós temos gente muito grande na nossa história, mas nós não conhecemos! Nós não conhecemos a nossa própria história! Nos foi roubada, ela foi manchada. E por quê? Porque se você destrói a história, você destrói a identidade, você destrói a estima, você destrói a capacidade de lutar. Você vai lutar pelo quê? Se você não ama, se você não gosta, você vai lutar pelo quê, né? Por que que você vai lutar pelo Brasil se é tudo tão ruim? Agora, quando você descobre que há uma
raiz profunda, uma identidade profunda na nação da qual você faz parte, puxa a vida! Aquilo se conecta com você, você se conecta com aquilo. Aquilo te pertence. Aquilo é seu! Aquilo é sua identidade! Você luta por aquilo! Isso explica, por exemplo, né, por que os europeus… usando aí um exemplo mais comum… por que os europeus têm tantos direitos que nós, brasileiros, não temos? Que eles fazem valer os seus direitos? Eles fazem valer aquilo que é garantido a eles, pertence a eles, né? Então, eh, é o conhecimento. É o conhecimento das fontes históricas, é uma análise
serena dessas fontes, entendeu? Tentando escapar, o quanto possível, daquilo que é ideológico. É claro que, por exemplo, eu já vi também muita gente falar: "Não, aqui eu vou ensinar para você". Né? Eh, a gente vê isso às vezes na internet, até em livros e tal, a pessoa dizendo: "Não, uma coisa 100% sem ideologia". Isso é quase impossível, porque existem ideologias, existem análises equivocadas em tudo! Em tudo! O que nós devemos procurar é uma honestidade intelectual ao analisar as coisas com serenidade, dentro do seu contexto, sem querer esticar as coisas, sem querer fazer com que os
documentos digam aquilo que eu quero que eles digam. Não! Tem que ver o que o documento está dizendo. Então, nesse sentido, quando a gente pega a carta de Pero Vaz de Caminha, ela é reveladora. Eu comecei a fazer uma experiência com os meus alunos de médio, que é o que eu estava contando, e de fundamental dois, também, principalmente de 9º ano, eh, que é uma experiência de dar a eles a carta de Pero Vaz de Caminha para que eles lessem. Né? Eu lembro que uma vez eu fiz isso numa sala especificamente, numa sala eh de
terceiro ano do ensino médio, onde eu vi os alunos muito agitados, falando muito mal do Brasil. E aí eu falei: "Falem para mim o que que tá errado, né, na história do Brasil. Vamos lá!" E eu escutei. Aí eles vêm com aqueles... argumentos prontos, aquela coisa toda que a gente ouve: "Ah, porque o Brasil foi uma colônia de exploração, por isso que tá tudo errado, né? Ah, o Brasil sempre foi explorado, vilipendiado, etc. e tal, então não tem como dar certo e tal." Aquelas coisas prontas. Ótimo, deixei eles falarem. E aí eles falaram contra a
Igreja, contra os portugueses, contra tudo e contra todos. Ótimo, falei: "Agora nós vamos fazer um trabalho, né? É de análise em grupo." E aí eu choquei para eles, né? A Carta de Pero Vaz de Caminha está no site do Senado Federal. Aqui no Brasil, tem uma versão boa da carta de Pero Vaz de Caminha online mesmo, você consegue ler, né? Quem quiser comprar o livro da Carta de Caminha, vale a pena ter na sua biblioteca. Mas quem quiser ler, é só entrar na página do Senado Federal que vocês acham lá esse documento, né, da Carta
de Caminha. E aí, muito bem. Então, eu dei a Carta de Caminha e passei um relatório de perguntas para eles. E aí é interessante a reação dos alunos quando eles leem a Carta de Caminha, por quê? Porque eles só ouviram falar da Carta de Caminha, ouviram trechos da Carta de Caminha, mas é bem diferente quando eles leem. E aí eles começam a analisar: "Puxa vida, mas olha o que ele tá falando aqui!" Eu me lembro de um aluno meu que se impressionou bastante assim com a fala do Caminha para o Rei de Portugal. Num dado
momento, o Caminha diz, ele vai falando dos índios, ele elogia a beleza dos índios, né? Ele diz: "Eles são muito formosos e de bons rostos," né? Falando do formato dos rostos, do corpo, do físico, né? Elogia muito a beleza do indígena, né? Hoje é dia dos povos indígenas. Nós recordamos aí os povos indígenas no dia de hoje, 19 de abril. E aí, então, ele faz toda essa narrativa e para no final dizer o seguinte: "Se Vossa Majestade quiser fazer algo de bom por essa gente, faça vir muitos padres para que batizem e catequizem, pois são
muito curiosos em relação a tudo aquilo que não conhecem." Então, olha aí o fundamento da fé, né? Na própria Carta de Caminha, há várias referências à fé. Ele fala: "Nós chegamos no Brasil, tal, tal, tal, chegamos a esta terra." Ele narrando a chegada aqui no Brasil, ele diz: "Na oitava da Páscoa," na pascoela, que é um tempo litúrgico da Igreja. Depois, quando ele vai marcar os horários, ele falava "no horário das vésperas." O que é o horário das vésperas, né? As vésperas são parte da oração do breviário, a Liturgia das Horas, rezada pelos religiosos. Há
uma referência ali religiosa, de novo. Depois, fala-se da primeira missa; depois, fala-se da árvore que foi cortada para fazer um cruzeiro. E aí, muitas referências à fé, né? Por exemplo, o Caminha, quando ele vai falar das setas, das flechas que os indígenas carregavam, ele diz assim: "Eles carregam setas muito parecidas com aquelas que vemos nas imagens de São Sebastião." Então, o primeiro santo a ser mencionado num documento brasileiro é São Sebastião, mártir, que curiosamente será o padroeiro da capital do Brasil. O Rio de Janeiro foi capital do Brasil de 1763 até 1960, quando a capital
mudou-se definitivamente para Brasília. Então, nós temos, de 1763 até 1960, o Rio de Janeiro, cidade cujo padroeiro é São Sebastião, primeiro santo nomeado em um documento oficial aqui no Brasil. Depois, fala-se da missa; tem toda a narrativa da... Então, há uma referência religiosa do começo ao fim. E aí os alunos, quando liam aquilo e viam que realmente há essa referência religiosa, eles começavam a mudar a mentalidade. Falam: "Não, mas pera lá! Eles realmente falam muito de religião!" Eles tinham interesse, mesmo, de que esses indígenas aderissem a essa religião. E é interessante que Cabral dá uma
ordem, isso aparece na carta, de que só se falasse da religião aos indígenas que quisessem, que se aproximassem e que se interessassem pelo conteúdo da fé. A Carta de Caminha fala que Cabral trouxe um saco com crucifixos de estanho, que eles amarravam, ligavam em fios e colocavam no pescoço dos indígenas que queriam, né? Ele narra, por exemplo, que quando dois indígenas foram levados até a caravela de Cabral, uma turma de portugueses desceram em botes menores, né? Caravelas ancoraram e alguns desceram e vieram pra terra, tiveram contato com os índios e depois levaram dois índios para
falar com Cabral, capitão. E é interessante que Cabral tinha sobre o pescoço um grosso cordão de ouro, e isso não impressionou os índios. Não os impressionou! E o que chamou a atenção dos indígenas? Eles foram mostrando várias coisas para os indígenas. Muita coisa eles não ligaram; por exemplo, deram vinho para os indígenas, eles puseram na boca e cuspiram, não gostaram. Ofereceram do seu alimento, eles também não gostaram, não quiseram provar. E o que chamou atenção? Um grande rosário de contas brancas que eles viram na mão de alguém. Pediram o rosário e colocaram no pescoço e
dançavam com aquele rosário no pescoço. O Pedro Vaz de Caminha diz que os indígenas folgavam muito em dançar com aquele rosário. Depois, tiraram e devolveram pra pessoa que trazia aquele rosário. E depois, o que eles fizeram? Eles se deitaram na proa do navio de Cabral, e Cabral mandou cobri-los, mandou estender sobre eles um tecido, uma manta para cobri-los. Olha a confiança deles, né? De dormir junto ali de desconhecidos. E olha o cuidado de Cabral de mandar cobri-los. Então, eu me lembro que quando eu fiz essa... Experiência. Os meus alunos ficavam assim impressionados. Vezes falam, mas
é verdade mesmo isso, né? Os portugueses cobriram os índios; eles trataram os índios. Por quê? Qual é a mentalidade que eles tinham? Não, eles chegaram aqui matando, espalhando doenças, violência... Enfim, essas coisas ruins aconteceram, mas não aconteceram do modo e nem na proporção em que as pessoas imaginam. Entendeu? Então, é a questão de situar as coisas no seu lugar. Por exemplo, a descrição da primeira missa: as pessoas têm uma mentalidade que Portugal chegou aqui impondo a fé a ferro e fogo, né? O Pedro Vaz de Caminha narra que, no dia 26 de abril, né, o
capitão, capitão Mor, que o Pedro Álvares Cabral mandou rezar missa no continente. Por quê? Porque as missas eram rezadas na caravela; a própria caravela de Cabral, na capitânia, era a lendária embarcação chamada São Gabriel. Essa nau chamada São Gabriel é a mesma caravela que foi pilotada por Vasco da Gama quando ele conseguiu dobrar o Cabo da Boa Esperança e chegar ao Cabo das Tormentas, né? Que aí virou o Cabo da Boa Esperança e chegou até a Índia. Então, a nau que conseguiu chegar até a Índia é a mesma na que chega no Brasil. E, curiosamente,
ela tem o nome de São Gabriel. São Gabriel é aquele que anunciou à Virgem Maria a chegada do Salvador. E é curioso que uma embarcação chamada São Gabriel trouxe aqueles que anunciaram a esta terra e a esta gente a existência de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Deus Pai, do Espírito Santo e de toda a fé, né, católica. Então, isso é algo significativo, né? Esta nau de Cabral chamar-se São Gabriel. Dentro desta nau, era rezada a Santa Missa. Então, no caminho que os portugueses fizeram para cá, eles tinham missa constantemente. Eles tinham, né, a Santa Missa;
eles não ficaram sem missa. E a Santa Missa era rezada diante de um quadro de Nossa Senhora da Piedade; Nossa Senhora segurando o Cristo morto deposto da cruz no seu colo, né? Então, é algo muito significativo pensarmos nestas coisas. E aí, quando Cabral manda rezar a missa, a missa foi rezada no ilhu, né? Que hoje em dia é Santa Cruz de Cabrália, né? É um distrito ali de Porto Seguro. Tem o local da primeira Santa Missa; está marcado lá com uma grande cruz. Ali foi rezada a missa, e os indígenas se aglomeraram para assistir à
missa junto dos portugueses. E depois, Frei Henrique de Coimbra, que foi quem rezou a primeira missa aqui no Brasil, depois virou bispo de Ceuta, que é um domínio ibérico dentro da África. Então, Frei Henrique de Coimbra sobe a uma cadeira para fazer o sermão. Os índios mais novos foram se levantando para se retirar, e o pajé... eu já contei isso para vocês, o pajé fez um gesto para eles, para que eles se sentassem, apontou para o altar e apontou para o céu, querendo dizer o quê? Eles estão falando com Deus, então vocês fiquem aí, não
se movam. Alguns dias depois, foi rezada a segunda missa no Brasil, no solo brasileiro, porque as missas eram rezadas sempre na caravela. A segunda missa rezada no Brasil foi rezada no dia 3 de maio. É o Dia da Santa Cruz. Hoje em dia, a festa da Santa Cruz é 14 de setembro, mas naquela época era 3 de maio. No dia 3 de maio, a terra de Santa Cruz celebrou pela primeira vez a festa da Santa Cruz. E esta festa da Santa Cruz, né, ela foi uma festa diferente, né? Foi uma festa única aqui, por quê?
Cabral mandou cortar uma grande árvore para que, a partir dela, se fizesse um cruzeiro. Então, eles foram desbastando o tronco, cerraram o tronco para poder unir as duas traves, fazendo a cruz. E aí, então, o que os portugueses fizeram ao fazer a cruz? Eles foram, botaram a cruz nos ombros e foram carregando até um determinado local, que é onde a missa seria rezada, para erguer este monumento da Santa Cruz e, em frente a este monumento, armar o altar para a segunda missa a ser rezada no Brasil. E aí, é interessante que o próprio Frei Henrique
de Coimbra benzeu esta cruz que foi carregada. Os índios, ao verem os portugueses carregando aquela grande cruz, espontaneamente quiseram carregar também e foram carregando aquela cruz. E os portugueses, né, ficaram assim impressionados de ver aquilo. Pedro Vaz de Caminha coloca na Carta ao Rei de Portugal que, ao ver aqueles homens se juntando aos nossos para carregar a cruz, isso nos fez muita piedade. Ele usa essa expressão, né? Nos fez muita piedade, nos fez muita devoção. Ou seja, despertou nos portugueses um senso de piedade, de devoção tão grande de ver aqueles pagãos, não batizados, que entenderam
que havia algo de sagrado ali. E aí então, quando a cruz, o cruzeiro, é plantado no chão, os portugueses fazem uma grande fila para beijar o madeiro, e os índios, até então pagãos, entram também nessa fila para beijar a Santa Cruz espontaneamente. Por isso que Caminha dizia, se Vossa Majestade quer fazer algum bem por essa gente, faça vir muitos padres para que batizem essas pessoas, né, e as levem à nossa Santa Fé. Então, isso fica muito claro. Então, quando a gente lê o documento primário, essas brumas, essas nuvens que nós temos, essa mentalidade que nós
temos, ela começa a se desfazer. Nós vemos que há muitos problemas ali. Por exemplo, é um encontro de culturas totalmente diferentes. A gente vê aquilo que, hoje em dia, qualquer pessoa acharia até que é um preconceito com os indígenas. É super compreensível determinadas falas do Pedro Caminha, porque eles nunca tinham visto um povo daquele jeito organizado. Vivia daquele jeito. Inclusive, a nudez dos índios é um assunto recorrente porque eles se impressionam com o fato de verem os indígenas ali, praticamente nos circulando para lá e para cá; isso chama muita atenção deles, né? Então, isso nos
faz ver como culturas tão diferentes começam a se enxergar, certo? Então, a carta de Pero Vaz de Caminha é um ponto. Depois, nós temos aqui um outro documento que eu gostaria de citar para vocês, que é um documento pouquíssimo falado, chamado "A Relação do Piloto Anônimo". O que vem a ser, né, essa Relação do Piloto Anônimo? Essa relação é uma carta náutica escrita por um dos marinheiros que veio junto com Cabral, só que aqui é um marinheiro que escreve, né, uma pessoa que estava ali junto, e ele já não tem esse tom informativo para o
Rei de Portugal, nem um tom tão poético; é uma narrativa mais seca do que aconteceu mesmo, né? Então, essa relação do piloto anônimo é o único escrito que foi publicado ainda durante a vida de Pedro Álvares Cabral, ou Pero Álvares Cabral, que morreu em 1520. Essa Relação do Piloto Anônimo veio a público antes de 1520, as pessoas já puderam lê-la. A carta de Pero Vaz de Caminha era conhecida. É interessante que ela é um documento que era conhecido e que depois desapareceu. A carta de Pero Vaz de Caminha, mesmo aqui no Brasil, tinha-se uma noção
vaga, assim, do que a carta dizia, mas ela ficou desaparecida por muito tempo; somente em 1817, que o padre Aires de Casado, que é um sacerdote que trabalhou para Dom João VI, o Rei de Portugal que fugiu aqui para o Brasil, escapando de Napoleão, trouxe muitos documentos portugueses encaixotados. E aí o padre Aires de Casado, em 1817, estava organizando essa documentação que foi trazida de Portugal e achou a carta de Pero Vaz de Caminha. E aí, a carta de Pero Vaz de Caminha foi republicada em jornais, foi colocada em livros, e aí o pessoal começou
a ter acesso novamente a ela. É curioso, né? Isso aí foi um pouquinho antes da independência do Brasil, né? Mas até então o documento tinha desaparecido. Agora, essa Relação do Piloto Anônimo foi publicada ainda durante a vida de Cabral. Existem várias versões dessa carta; a versão que eu vou usar aqui, que eu vou ler para vocês, é uma versão que está no livro do Paulo Roberto Pereira, chamado "Os Três Únicos Testemunhos do Descobrimento do Brasil". Fala dos três principais documentos: a Carta de Caminha, a Relação do Piloto Anônimo, e mais um documento que a gente
vai comentar aqui. Então, essa obra do Paulo Roberto Pereira pegou os principais autores portugueses, os arquivos lá de Portugal, e foi comparando esse conteúdo para ver se realmente goza de autenticidade ou não, né? E é um relato muito detalhado do descobrimento do Brasil. Agora, é claro que a carta de Pero Vaz de Caminha supera, mas de longe, esse documento, né? Seja pelo seu estilo, seja pelo seu conteúdo, que é muito mais completo, direcionado, enfim, né? Mas, apesar de ser um documento curtinho, essa Relação do Piloto Anônimo, o relato tem uma visão simplificada, direta da realidade,
e é uma visão a partir da ótica de um tripulante, né? Que tinha, assim, uma cultura mediana, né? Vocês vão ver que ele escreve bem, mas ele não usa técnica, né? Ele não é poético, não tem uma intencionalidade narrativa, enfim, né? Ele não pensa em escrever registrando algo para o futuro, né? De maneira mais gloriosa, assim tal, ele não tem nada disso. Na carta de Caminha, nós temos sempre esses dois pilares: a dilatação da fé nas terras de além-mar e o desejo, e ao mesmo tempo a necessidade de fazer comércio, né? A Relação do Piloto
Anônimo, o autor ali da carta, né, que nós não sabemos quem é, por isso que falamos que é o piloto anônimo, o autor narra com muita insistência a nudez dos indígenas; ele bate muito nisso, e ele realça várias vezes a questão da beleza dos indígenas, especialmente das mulheres indígenas. O Piloto Anônimo fala muito disso; Caminha fala também, mas o Piloto Anônimo fala muito mais. Agora, é claro que para aquelas pessoas que eram mais instruídas, como é o caso de Caminha, o contato com uma cultura diferente, com uma cultura indígena, tinha uma visão mais idílica, paradisíaca,
e era uma coisa que quase idealizava a figura do indígena, e tinha também um fundo religioso, né? Não vamos catequizar essas pessoas, etc. E tal. Agora, para autores menos letrados, menos cultos, o que aparece mais são as diferenças culturais, o vestuário ou a ausência de vestuário, no caso, né? Então, eles se apegam mais a aspectos exteriores, né? E isso revela uma dicotomia, digamos assim, que marca o Brasil até hoje, que é a ideia de um Brasil ideal, que é o que os cultos viam, e o Brasil real, que é aquilo que os simples viam, né?
Então, era o Brasil arquitetado pela coroa de Portugal e o Brasil construído pelas pessoas concretas que foram se misturando aqui, misturando raças, crenças, línguas. Então, é o que a gente vê. Eu vou pegar aqui o texto mesmo do Piloto Anônimo e vou compartilhar com vocês aqui, né? Vamos lá: "A Relação do Piloto Anônimo. Capítulo Primeiro: Onde o Rei Dom Manuel, em pessoa, entregou a bandeira real ao capitão". Começa assim, né? E é o... O título e subtítulo da carta no ano de 1500 mandou o Sereníssimo Rei de Portugal, chamado Dom Manuel, uma sua armada de
naus e navios às partes da Índia, na qual armada havia 12 naus e navios, e da qual armada era Capitão-Mor Pedro Álvares Cabral. As quais naus e navios partiram bem aparelhados e providos de todas as coisas necessárias para um ano e meio. Olha que interessante isso: então eles tinham alimento e bebida para um ano e meio. Das 12 naus, ordenou que 10 fossem a Calicute e as outras duas para a Arábia, para irem a um lugar chamado Sofala, porque queriam mercadejar naquele lugar, o qual acharam estar no caminho de Calicute. Olha que interessante! Então vieram
12 navios; 10 deveriam ir para Calicute, na Índia, e dois para a Arábia. São os navios que vão chegar aqui no Brasil. Assim, as outras 10 naus levavam mercadorias que a dita viagem lhes fossem necessárias. E, aos 8 do mês de março do dito ano de 1500, estavam prontos e, naquele dia, que era domingo, foram à distância de 2 milhas desta cidade a um lugar chamado Restelo, onde está uma igreja chamada Santa Maria de Belém, no qual lugar o Sereníssimo Rei foi em pessoa a entregar ao capitão a bandeira real para a dita armada; ou
seja, a bandeira de Portugal que tremulava nas naus brasileiras. Ela foi dada pelo próprio Rei de Portugal. Na segunda-feira, que era no dia 9 do mês de março, partiu a dita armada com bom tempo para sua viagem. No dia 14 Davam-se seus arcos e flechas em troca de guisos, folhas de papel e peças de pano. Começa ali o escambo, né, a troca de produtos entre os indígenas e portugueses. E os indígenas, obviamente, tinham muita curiosidade em alguns produtos, principalmente metal, que era coisa que eles não dominavam, né, aqui no Brasil. E todo aquele dia se
divertiram. Se divertiram com eles e encontramos, neste lugar, um rio de água. E, à tarde, retornamos para as Naus. No dia seguinte, o capitão M determinou meter água e lenha, e todos da dita armada foram à terra; e os homens daquele lugar vieram ajudar. Olha que interessante! Vieram ajudar a dita lenha e água. Eles foram ajudar os portugueses a retirar água, né, para os seus barris, abastecendo as caravelas, e pegar lenha. E alguns dos nossos foram à terra de onde estes homens são, que seriam a três milhas da costa do mar, e compraram papagaios e
uma raiz chamada inham, que é o seu pão, que comem os árabes, né. Então, aqui ele fala do inhame, né, o uso do inhame. Os da armada, os portugueses, davam-lhes guisos e folhas de papel em troca das ditas coisas. No qual lugar estivemos cinco ou seis dias. A aspecto, esta gente são homens pardos e andam sem vergonha. Seus cabelos são compridos e têm a barba pelada, né? Eles não tinham barba, né? Não crescia barba. E as pálpebras dos olhos, e por cima delas, eram pintadas com figuras de cores brancas, pretas, azuis e vermelhas. Têm o
lábio da boca, isto é, o de baixo, furado; e nos buracos metem um osso grande como um prego, e outros trazem uma pedra azul e verde e comprida, dependurada nos ditos buracos. As mulheres andam do mesmo modo, sem vergonha, e são belas de corpo, com os cabelos compridos, e as suas casas são de madeira, cobertas de folhas e ramos de árvores, como muitas colunas de madeira. No meio das ditas casas e das ditas colunas, para a parede, põem uma rede de algodão dependurada, em que fica um homem. E entre uma rede e outra fazem uma
fogueira, de modo que em uma só casa estão 40 ou 50 camas armadas à maneira de tear. São as ocas, né? É a descrição que ele faz aqui das ocas. Aí, no capítulo quarto do relato, papagaios na terra de novo, eh, de nova descoberta. Nesta terra, não vimos ferro e faltam-lhes outros metais. Cortam a madeira com pedras e têm muitas aves de muitas espécies, especialmente papagaios de muitas cores, entre os quais alguns grandes como galinhas e outras aves muito belas, né? Eh, os indígenas aqui no Brasil, em sua grande maioria, estavam ainda no paleolítico, em
termos de desenvolvimento, né, das suas culturas e das penas das ditas aves. Segue aqui o relato: fazem chapéus e barretes que usam. A terra é muito abundante em muitas árvores e muitas águas boas, inhames e algodão. Nestes lugares, não vimos animal algum. A terra é grande e não sabemos se é ilha ou terra firme. Julgamos que seja, pela sua grandeza, terra firme. E tem muito bom ar; e estes homens têm redes e são grandes pescadores, e pescam peixes de muitas espécies, entre os quais vimos um peixe que apanharam, que seria grande como uma pipa, e
mais comprido e redondo, e tinha a cabeça como um porco, e os olhos pequenos, e não tinha dentes, e tinha orelhas compridas do tamanho de um braço e da largura de meio braço. Por baixo do corpo, tinha dois buracos, e a cauda era do comprimento de um braço e outro tanto de largura, e não tinha nenhum pé em sítio nenhum. Tinha pelos como porco, e a pele era grossa como um dedo, e suas carnes eram brancas e gordas como a de porco. Isso aqui é a descrição que ele faz, né, desses grandes peixes, né, nos
rios de água doce aqui do Brasil, né, que para eles era uma coisa absurda, monstruosa, né? Então, pode ver até pela maneira como ele narra. E, nestes dias que estivemos, determinou o capitão dar a saber ao nosso sereníssimo rei o achado desta terra e de deixar ali dois degredados e condenados à morte que tínhamos levado na dita armada para tal fim. Imediatamente, o dito capitão despachou um navio que levava com eles mantimentos, além das 12 naus sobreditas. Eh, então, o navio que volta a Portugal para comunicar ao Rei de Portugal o encontro do Brasil era
o navio dos suprimentos, né? E este navio que volta, o qual levou as cartas ao rei, na qual se continha quanto tínhamos visto e descoberto. E, despachado o dito navio, o capitão foi à terra e mandou fazer uma cruz muito grande de madeira e mandou cravar no dito espaço. E também, como se disse, deixou dois degredados no dito lugar, os quais começaram a chorar. Os homens daquela terra confortavam-nos e mostravam ter piedade deles, né? Obviamente, vocês imaginem o pânico, né, desses dois condenados, que tinham medo, estavam numa cultura desconhecida e acharam que iam morrer ali,
né? Mas, de fato, não fazem nada contra eles. Uma tempestade tão grande que quatro naus se perderam. Esse é o quinto capítulo. Já estamos no fim do relato do piloto anônimo. Ele diz assim: "No outro dia, que foi o dia 2 de maio do dito ano, a armada fez-se de vela para sua viagem para ir à volta do Cabo da Boa Esperança, o qual caminho seria através do mar mais de 1200 léguas, isto é, 4 milhas por légua, e há 12 dias do dito mês, seguindo o nosso caminho, então apareceu um cometa para as partes
da Arábia, com uma cauda muito comprida, o qual apareceu de contínuo por oito ou dez noites, e um domingo." Que eram 24 dias do dito mês de maio, seguindo toda a armada junta com bom vento, com as velas a meia, a meia árvore, sem moneta, por causa de uma chuva que tivemos no dia anterior. E, seguindo assim, veio um vento tão forte pela frente e tão repentino que não o notamos senão quando as velas ficaram atravessadas nos mastros. Naquele instante, se perderam quatro naus com toda a gente, sem podermos prestar-lhes socorro algum. As outras sete
que escaparam estiveram em perigo de perder-se, e assim tomamos o vento. Tomamos o vento de popa com mastros e velas rotas e dispostos à misericórdia de Deus. Assim andamos todo aquele dia, e o mar inchou de tal modo que parecia que subíamos ao céu, e o vento, de repente, descaiu, embora fosse ainda tão grande a tormenta que não tínhamos desejo de dar velas ao vento. E, navegando com esta tormenta sem velas, perdemo-nos de vista uns dos outros, de modo que anal do Capitão com mais duas seguiram outro caminho; e outra anal chamada El Rei, com
mais duas, seguiram outro; e a outra, por outro caminho. E assim passamos, com esta tormenta, 20 dias sem dar uma vela ao vento. E aí aqui, tem um restinho que é a narrativa da chegada de Cabral a Calicute, né? Eh, quem quiser ler esses relatos na íntegra, eu recomendo o livro "Os Três Únicos Testemunhos do Descobrimento do Brasil", escrito pelo Paulo Roberto Pereira, né? É dele que eu pego aqui esse relato, e esse relato aqui é importante porque é uma fonte muito pouco explorada. Então, nós vemos aqui muito claramente alguns elementos, a preponderância da fé,
que aparece em todos os relatos. Então, os portugueses não atravessaram o mar correndo esses riscos todos que vocês acabaram de ouvir, de se perder, de morrer, no mais, para buscar um pouco de madeira. É uma inocência muito grande acreditar que foi só isso, né? Então, há neles um esforço apostólico, um espírito de cruzada, né? E se você quiser entender melhor isso e não assistiu ao episódio da semana passada, procure o episódio da semana passada, você vai entender o que eu estou falando. E foi isso que animou esses homens, então isso fica muito claro pelos documentos.
Outra coisa, eles tinham um desejo de fazer comércio, mas não sem antes conhecer o povo e a terra para ver o que seria possível. E um terceiro ponto, eles tratam essa população amistosamente. Então, a gente vai ver que as falhas, os erros, as explorações, elas vão aparecer mais tarde. E mesmo quando elas aparecem, esses erros, essas explorações absurdas e tudo mais, elas sempre conviveram com uma visão mais positiva, mais amistosa das populações locais. Tanto é que os portugueses não viam problema nenhum em se casar com as índias, em constituir família, em se minerar, e os
portugueses fizeram isso em todos os lugares onde eles chegaram. Na África, eles fizeram isso em Ang, em Moçambique, fizeram isso aqui no Brasil, fizeram isso na China, em Macau, né? Então, eles conseguiram fazer isso aí muito bem, né? Então, é uma visão de colonização diferente, por exemplo, até mesmo da colonização dos espanhóis. Tá bom, meus caros? Então, nós vamos caminhando já pro final dessa nossa conversa de hoje. Na semana que vem, nós ainda continuaremos falando um pouco mais da história do Brasil, vamos comentar a respeito de outras fontes importantes, e aí na semana que vem
eu vou falar dos livros que são assim os mais fundamentais. Então, hoje a gente falou mais da carta de Caminha e do relato do piloto Anônio. Na semana que vem, nós vamos falar das primeiras e mais antigas obras de história do Brasil e o quanto que é importante que a gente conheça esses autores e esta história do Brasil. Tá bom? Que Deus nos abençoe muito, que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, nos guarde, guarde o nosso Brasil, guarde a nossa nação. Deus abençoe vocês! Muito obrigado aqui pela companhia e até a semana que vem.