Segundo Domingo do Tempo Comum: as BODAS DE CANÁ

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Victor Sales Pinheiro
No segundo domingo do Tempo Comum, a Igreja nos convida a refletir sobre o primeiro milagre (o prime...
Video Transcript:
O evangelho das Bodas de Caná é um dos mais belos de toda a Sagrada Escritura porque nos permite refletir sobre a dimensão esponsal-nupcial da nossa relação com Cristo. Jesus Cristo, nosso Senhor, é o nosso esposo. A Igreja, da qual nós fazemos parte como membros do seu Corpo Místico, é a esposa de Cristo.
A Igreja é a Comunhão dos Santos, é o Corpo de Cristo e é a esposa de Cristo. Por isso, as duas figuras que emergem aqui, deste evangelho, Maria Nossa Senhora e Jesus Cristo, seu Filho, nosso Senhor, são os verdadeiros noivos. Por isso, os noivos sequer são mencionados.
Nós sabemos que Jesus estava nas Bodas de Caná e a sua mãe, atenta, diligente, generosa, cuidadosa, percebe que faltou vinho. Nós vimos, nessas últimas reflexões do tempo litúrgico do Natal, a presença de Maria que vai ao encontro de sua prima Santa Isabel, para servi-la, ajudá-la, porque sua prima, grávida e idosa, precisava dos seus cuidados. Mais uma vez, a gente vê aqui Maria preocupada com os noivos e com a festa e diz a seu filho: "Eles não têm mais vinho.
" O vinho, na Sagrada Escritura, simboliza a vida espiritual, significa o sabor e a alegria do que foge da normalidade, da naturalidade. Quando nós bebemos vinho, nós nos alegramos, nos excitamos, nos sobressaltamos, dançamos, cantamos. Saímos da normalidade do dia a dia.
Da mesma forma, a vida espiritual é o tempero, é o sal que nos leva a transcender o cotidiano, a vulgaridade, a banalidade, a futilidade do dia a dia. E note que este é o sétimo dia. O evangelho de São João é muito claro no seu capítulo primeiro, depois do famoso prólogo: "No princípio era o Verbo.
" Quando ele começa o anúncio da Boa Nova, ele refere-se ao dia seguinte. Então, primeiro é o dia do ‘de’ em que São João é interrogado: quem era ele? E ele diz que não é o Messias, não é Elias, mas virá depois dele aquele de quem ele não é digno de desamarrar as sandálias.
O que nós vimos no domingo passado, na festa do Batismo do Senhor, pela transcrição de São Lucas, que é o evangelista do ano C do ciclo litúrgico. Depois, João diz: "No dia seguinte," ou seja, no segundo dia, aparece Jesus e ele diz: "Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. " No dia seguinte, no terceiro dia, depois, no dia seguinte, quarto dia, ele encontra Jesus, encontra Felipe e Natanael, e três dias depois, no terceiro dia, que é o sétimo dia.
Então, aqui a gente está num sábado judaico, que é o nosso domingo, é o dia da manifestação da glória do Senhor. Por isso, são João chama a este o seu primeiro sinal. Ele não fala de milagre, mas de sinal da sua glória, da sua natureza divina, que Nossa Senhora já conhecia.
Por isso, Nossa Senhora pede que Cristo intervenha como Deus, como Senhor, e lhes dê vinho eucarístico, lhes dê vinho da Nova Aliança, da Boa Nova. Jesus aparentemente parece negar e diz: "Mulher, porque dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou.
" Então, essa resposta induz ao erro porque parece que ele nega. Ele a chama de mulher porque ela é a nova Eva, porque ela é a mãe de todos os viventes, como trata respeitosamente a mulher no livro do Gênesis. Eva não é chamada de Eva pelo autor sagrado do livro de Gênesis, que é atribuído a Moisés; é chamada de mulher.
Adão diz: "A mulher que me deste. " Por amizade entre ti e a mulher, nós vimos numa reflexão passada sobre a Imaculada Conceição, cuja leitura do Antigo Testamento é do livro do Gênesis. E ela diz: "Fazei o que ele vos disser.
" Nossa Senhora aqui, aos serventes, diz à Igreja, aos que a seguem, aos que a obedecem: "Fazei tudo o que ele vos disser. " Esta frase de Nossa Senhora é o programa da vida cristã que ela conheceu e viveu como ninguém: fazer tudo o que ele vos disser. E estavam as seis talhas de pedra, isso é importante, colocadas aí para purificação, que os judeus costumavam fazer.
Essas seis talhas de pedra significam exatamente a antiga aliança que se torna prescrita pela Nova Aliança. A antiga aliança são os ritos da lei mosaica de purificação que não estão mais vigendo depois da Nova Aliança de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, quando ele se consuma e consome a sua paixão do alto da cruz, ele diz: "Está consumado.
" E o véu do templo se rasga de cima a baixo, tornando-o obsoleto, tornando-o prescrito. Nós não precisamos mais do templo judaico e nem dos ritos de purificação judaicos porque agora nós temos a nova aliança que é o batismo de Nosso Senhor que nós vimos no domingo passado e a Eucaristia, que é o sacramento da nossa união conjugal com ele. Essas seis talhas significam que os noivos eram ricos, tinham muito dinheiro, tinham grande quantidade de água para fazer as purificações de muita gente e eram talhas de pedra.
Isso simboliza também, como Jesus diz, os corações de pedra do Antigo Testamento, daqueles que têm coração empedernido, que não obedecem ao Senhor. E é muito interessante que cada um deles cabia mais ou menos 100 litros, então era muita água que se transformou em muito vinho. E o vinho da mais alta qualidade, é claro, foi o vinho feito por Nosso Senhor.
E é interessante que os serventes encheram as talhas até a boca, encheram as talhas até o topo. Isso significa exatamente o dever que nós temos de dar tudo de nós para que Cristo transforme com o seu vinho eucarístico a nossa vida, transforme a nossa água, que é só água, mas é o máximo de que nós pudermos dar. Na transformação na multiplicação dos pães, cinco pães e dois peixes.
O que é isso? Não é nada, mas é o que nós temos. E desse nosso nada, desse nosso pouco, Cristo pode fazer tudo, pode fazer muito, o que Ele quiser, se nós cooperarmos, se nós lhe formos obedientes, subservientes, escutarmos a sua palavra e obedecermos.
Como diz Nossa Senhora: "Faz tudo que Ele vos disser". Os serventes poderiam ter dito: "Ah, mas é só água! Não adianta colocar água, muito menos colocar tudo de água!
Aqui, vamos colocar só um pouquinho então. " Ah, não! Água não basta, não adianta.
Da mesma forma, quando Jesus manda Pedro lançar as redes, depois de uma noite inteira fracassada e frustrada, Pedro poderia ter dito: "Tu queres me ensinar a pescar? Eu que sou pescador! " Mas, em atenção à tua palavra, em obediência à tua palavra, nós pescamos a noite inteira, não pegamos nada.
Eu vou lançar as redes, e as redes pegam uma quantidade superabundante de peixes, porque Cristo mandou. Cristo poderia ter pescado Ele mesmo, o Cristo poderia ter transformado o barco inteiro em peixes, mas Ele quis que Pedro jogasse a sua rede, quis que os serventes aqui colocassem a sua água, quis que os apóstolos, naquela situação, mostrassem os seus cinco pães e dois peixes, porque Ele quer a nossa cooperação. Ele quer o nosso nada e o nosso pouco para transformá-los em tudo e em muito, porque Ele é o Senhor que quer nos fazer seus esposos, quer nos fazer a sua esposa.
A nossa participação com o nosso esposo, Maria, aqui é figura da Igreja que obedece, que pede, que suplica ao Senhor, mesmo que aparentemente de forma inoportuna. Que pede que Cristo manifeste a sua glória, dando o vinho novo da salvação, o sabor eucarístico desse vinho. E os seus discípulos viram a sua glória manifestada e creram nele.
Viram e acreditaram: "Bem-aventurados os que acreditam sem ver", como o próprio Jesus diz. É muito importante como esse evangelho está numa tríade da manifestação de Cristo, junto com a Epifania e com o Batismo, como eu já mencionei numa reflexão passada. Na antiguidade, essas três festas — a da Epifania, a do Batismo e a das Bodas de Caná — estavam reunidas como pertencendo ao mesmo núcleo de epifania, de manifestação e de revelação pública.
Portanto, a nossa vida tem que ser transformada por esse batismo, por essa água que vira vinho. E nós temos um dever intenso de encher as águas até o topo, porque essa é a nossa aliança com Cristo. E, a partir dessa aliança, o Espírito Santo desce sobre nós, e nós recebemos os dons espirituais que São Paulo menciona na segunda leitura.
Na segunda leitura, nós lemos exatamente a passagem famosa de São Paulo que combina com a afirmação de que a caridade é superior à fé e à esperança. A caridade é superior a todos os dons. Aos dons das línguas: ainda que eu falasse a língua dos anjos e dos homens, sem o amor, eu nada seria.
Há muitos dons, mas um só é o Espírito. Muitos membros, um só corpo de Cristo. O povo de Deus é plural, heterogêneo, mas um só é o nosso esposo, que é Cristo.
Por isso a Igreja é una, porque ela tem um só esposo, que é Cristo. Um só Espírito de verdade que nos santifica a todos, em graus e de modos diferentes. Há uma diversidade de ministérios, mas o mesmo é o Senhor.
Há diferentes atividades, mas o mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. É Ele que realiza todas as coisas em todos. É Ele que transforma a água de cada um em vinho, sob os auspícios de Nossa Senhora, que lhe pede em nosso favor.
Nossa Senhora pede todos os dias a nosso Senhor: "Ele não tem mais vinho". Este aí, Vítor, teu servo não tem mais vinho, falta-lhe vinho. Todo dia, ela pede: falta-lhe espírito, falta-lhe amor, falta-lhe caridade.
E a cada um é manifestada, é dada a manifestação do Espírito para o bem comum. Nossa Senhora não pede vinho para si. Ela não pede: "Assim, filho, acabou o vinho, me arranja uma dose para mim ou para a minha mesa.
" Ela pede para todos. Então, os bens, os dons espirituais que cada um de nós recebemos devem ser postos ao serviço da Igreja e da sociedade, da comunidade, para o bem comum, para o bem de todos. A um é dada pelo Espírito a palavra de sabedoria, a outro a palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito.
Há outro fé no mesmo Espírito, há outro dom de curas no mesmo Espírito, há outro poder de fazer milagres, há outra profecia, outro discernimento de espíritos. Há outro falar em línguas estrangeiras, há outra interpretação dessas línguas. Todas essas coisas realiza um e o mesmo Espírito que distribui a cada um conforme quer, o Espírito, só para onde quer.
A gente também lê no Evangelho de São João. E, por fim, a primeira leitura fala exatamente dessa dimensão esponsal, desse casamento de Cristo com sua Igreja, pelo profeta Isaías, que anteviu exatamente essa união de Deus com o seu povo na forma de um casamento com Jerusalém. Jerusalém, que é figura da Igreja, e aqui, nesse evangelho especificamente, é a Igreja que está figurada em Maria.
Então, a gente tem Jerusalém, a Igreja e Maria, são figuras correspondentes da nossa realidade espiritual como Igreja de Cristo. Isaías diz: "Não te chamarão mais abandonada, e tua terra não será mais chamada deserta". Está falando com Jerusalém, com Sião.
Teu nome será minha predileta, aí está falando com a Igreja, com Maria. A tua terra será bem casada, pois o Senhor agradou-se de ti. A tua terra será desposada.
Assim como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão. E como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és. A alegria de teu Deus, Maria, é alegria de Deus.
Maria traiu a graça de Deus a ponto dele se encarnar. Porque, ao mesmo tempo que Deus escolheu Maria e a preparou desde toda a eternidade, ela foi dócil e se preparou a si mesma, no limite da sua liberdade, para receber o Espírito Santo e partejar nosso Senhor. Então, essas palavras são destinadas tanto a Maria quanto à Igreja, quanto a cada um de nós, que somos a Igreja, que somos membros do Corpo Místico de Cristo.
E por isso, podemos cantar exatamente com o salmista: "Cantai ao Senhor Deus um canto novo; manifestai os seus prodígios entre os povos". Que prodígios são esses? São aqueles provenientes dos dons do Espírito Santo.
"Cantai ao Senhor um canto novo. Cantai ao Senhor a terra inteira; cantai e bendizei ao seu nome. " Isso foram os que fizeram os convidados e os noivos das Bodas de Caná: cantaram ao Senhor essa grande alegria deste vinho, que não é só um vinho para divertir uma noite, para embriagar naquela única noite, mas é um vinho que tem sabor eterno, porque é uma comunhão, é um sinal Eucarístico da comunhão com o próprio Cristo.
Vale muito a pena, depois dessa brevíssima reflexão, ler com calma este Evangelho e esta liturgia da missa de hoje.
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