[Música] Oi pessoal aqui estou eu de novo hoje para falar de um assunto super importante que é a construção do fracasso escolar mecanismos do não aprender e desafios do professor é eu tô aqui para falar de um dos piores pesadelos dos professores que é a situação da não aprendizagem eh e de fato o fracasso escolar é um fenômeno que por diferentes vias por diferentes critérios com diferentes instrumentos se mostra presente na educação brasileira e São muitos os exemplos o SARESP o vestibular O pisa por exemplo coloca o Brasil na posição 53 de 65 países estudados
que situação triste o Ideb tem mostrado a dificuldade do Ensino Fundamental e do ensino médio chegarem ao ao ao ao nível 5.2 que é a meta do governo numa escala de 0 a 10 nem na metade a gente consegue chegar o saeb é outro né outro instrumento que mostra que a maioria das Crianças brasileiras do Ensino Fundamental e os jovens no ensino médio estão a quem do que deveriam estar em termos de conhecimento para o pra série em que eles se encontram a situação é realmente triste e a pergunta é por que afinal de contas
isso acontece por Os alunos não aprendem né a maior parte dos argumentos caem para explicações reducionistas né que ou culpam o aluno e a sua família Então são argumentos do tipo ah a família é desestruturada o menino é carente passou fome é por isso que ele não aprende ou então num outro extremo o que acaba acontecendo é manter o aluno aí como uma criatura completamente eh eh ingênua nesse processo e o meio completamente poluído E então os argumentos vão na direção de I nós vivemos numa sociedade corrompida a grande crise de valores ou então críticas
acirrada sobre a escola a escola tá desestruturada os professores estão mal formados E por aí vai a grande verdade é que seja quando a gente culpa os alunos seja quando a gente culpa a sociedade ou a escola a gente tá funcionando numa lógica de caças Bruxas né de busca dos culpados eh e e que em em num tipo de explicação que realmente não nos permite compreender a a o problema do fracasso escolar na sua complexidade o que eu vou propor hoje para vocês aqui é pensar essas dimensões do não aprender né Eh eh situando esferas
e as interfaces desse processo né pensar por exemplo na relação aluno mundo qual é a razão que os nossos alunos têm para aprender pensar em segundo lugar aí nessa interface ver na relação entre o mundo e a escola O que que a Escola Ensina o que que ela deveria ensinar e pensar finalmente nessa nessa interface aí amarela né na relação entre a escola e o aluno afinal de contas como é que a Escola Ensina Se o professor ensina por que o aluno não aprende então não percam essa esse esquema referência que é o que vai
embasar aí a nossa tentativa de reflexão de hoje Vamos por partes começando aí pela relação entre o aluno e o mundo qual é a razão para aprender no nosso mundo por que aprender Se vocês me permitirem uma pequena brincadeira eu vou contar uma piadinha e gostaria que vocês acompanhassem lendo junto comigo vamos lá o gerente recebeu o seguinte fac de um dos vendedores Seu Gomes o cliente de belzonte pediu mais 400 peças faz favor tomar providência abraço Nilson aproximadamente uma hora depois recebeu outro Seu Gomes os relatório de venda vai chegar atrasado porque tem um
problema no sistema e tô fechando umas vendas que mandar 3000 p a mais amanhã tô chegando abraço Nilson o gerente ficou preocupado e levou o presidente da empresa as mensagens que recebeu do vendedor o presidente um homem muito preocupado com o desenvolvimento da empresa e dos funcionários escutou atentamente o gerente disse que sabia o que fazer logo depois redigiu uma carta de próprio punho que a fixou no moral da empresa juntamente com o fax do vendedor daqui para diante nós vamos fazer feito Nilson se preocupar menos em escrever certo e vender mais assinado ou Presidente
bom brincadeiras a parte a piadinha ilustra uma situação muito interessante da oposição que existe entre os valores da nossa sociedade a sociedade do ter a sociedade capitalista a sociedade do lucro e por um outro lado o conhecimento né Qual é a razão para aprender se o que vale mesmo é o dinheiro é a grana é o ter né todas esses valores perpassam um pouco a mentalidade dos nossos alunos e aí eu vou dizer para vocês que talvez o primeiro desafio do professor no enfrentamento do fracasso escolar seja o de resgatar o valor do conhecimento enquanto
um bem necessário enquanto um bem prazeroso enquanto um bem que merece ser adquirido passo assim para o segundo ponto da nossa discussão de hoje que é a relação entre o mundo e a escola afinal de contas o que ensinamos e o que deveríamos ensinar essa imagem aqui mostra uma tendência muito forte uma realidade muito triste da escola o mundo mudou a sociedade mudou então aí o que a gente vê nessa imagem é a sociedade a sociedade eh eh desenvolvida a sociedade tecnológica cheio dos seus arranha céus com toda a parafernália tecnológica em Oposição a ela
uma escolinha que parou no tempo os professores tanto e tanto se preocuparam em ensinar que eles se aprisionaram no tempo né que eles se aprisionaram naquela instituição lá do de de muito antigamente que já não dialoga já não conversa com o mundo com a linguagem e com toda a a a parafernália tecnológica da nossa sociedade uma escolinha que parece ter parado no tempo então a gente percebe aí que os Muros da Escola estão muito né para uma sociedade e e há aí uma tensão muito grande de uma de uma de um mundo que não valoriza
a Escola e Escola que não fala a linguagem desse mundo eu diria para vocês que temos aí dois pontos Deão muito perigosos a escola que é diferente da vida a escola que se opõe à vida e por um outro lado a aprendizagem como uma coisa tão fechada em si mesmo né que que que que não não pressupõe o uso e a possibilidade de aplicação desse conhecimento no contexto da sociedade obviamente que eu não tô falando da sua escola especificamente eu tô falando de uma tendência ocidental e de uma escola que se desaparelhado mesmo querendo ensinar
uma uma escola que tá fora de sintonia com o nosso mundo eu vou mostrar um exemplo concreto para vocês onde isso aparece de uma forma muito Evidente eh o o professor pediu Descreva o regime político adotado pelo Presidente Jânio Quadros e o aluno respondeu Professor eu nasci no ano de 1987 e por esse motivo não poderei responder essa pergunta mas me prontifico a ir à biblioteca para pesquisar qual foi o regime adotado por ele então o que a gente vê aí nesse exemplo é que muito daquilo que a gente ensina é é sem sentido é
nada de significativo pro aluno o aluno não reconhece aquele ensinamento como sendo algo do seu mundo obviamente que eu não tô dizendo que não é pra gente ensinar o regime do de Jano quadros o que eu tô dizendo é que a gente precisa eh buscar a sintonia entre o mundo do do do do do Jânio Quadros a política do Jânio Quadros e o nosso mundo Ou seja é legítimo ensinar a história se for pra história nos ajudar a entender o presente e aí E é este o problema aqui nessa situação onde o aluno se percebe
na sociedade da comunicação ele sabe que a hora que ele quiser ele vai lá na na na biblioteca e busca essa informação mas ele não reconhece o valor dessa informação chegamos assim ao terceiro ponto aí que nos interessa que é a relação entre a escola e o aluno como ensinamos se o professor ensina por que o aluno não aprende E aí eu vou ser obrigada a colocar um pouco em discussão a metodologia usada na escola muitas vezes uma metodologia que não entra em sintonia com o processo cognitivo do aluno com as necessidades do aluno com
os interesses do aluno eu vou dar aí dois exemplos e fazer algumas considerações que resumem um pouco essa minha preocupação embora o assunto merecesse um estudo tão mais aprofundado esse é o primeiro exemplo né é o exemplo de uma prática mecânica né que está longe de ensinar o aluno a gostar de aprender vejam lá o menino escreve eu não devo conversar na aula dois eu não devo conversar na aula três eu não devo conversar na aula e assim 10 vezes a repetição da mesma frase eu não devo conversar na aula depois ele passa a separar
as sílabas Conversar conversar conversar professor professor aluno aluno e depois ele tem que escrever frases completamente descontextualizadas e ele faz até AP do professor as pessoas conversa o professor não deixa conversar na aula o aluno não pode conversar na aula assinado Cleverson ou são paulino esse exemplo é muito interessante porque ele mostra como essas práticas mecânicas podem tentar ensinar o português a revelia de despertar o gosto pela linguagem é esse o grande problema o ensino começa sem FAD começa a ser sem sentido o ensino cansa e o aluno até aprende mas ele aprende a odiar
o portuguesa a odiar o professor n é interessante também aqui pensar como esse menino dá uma escapada no final da lição aí se se colocando como Cléverson são paulino mostrando que no fim ele teria outras coisas a dizer né que não aquele blá blá blá mecânico da sala de aula outro exemplo muito significativo Mostra aí o problema da falta de dialogia o professor pede encontre o x e o aluno observou Aquela aquele desenho todo e fez uma flechinha e disse ele está aqui e o professor deu zero esse exemplo é interessante também porque ele mostra
uma tensão muito grande entre professor e aluno eu diria para vocês que o professor depois de ensinar várias vezes e provavelmente ele deve ter dado vários exercícios do gênero ele se frustra muito do aluno não ter aprendido e ele coloca lá o zero a questão está incorreta É zero né e o aluno que durante as aulas provavelmente não estava de corpo estava de corpo presente mas só de corpo presente né quando ele se depara com isso ele resolve o exercício com os exercícios que ele que com com os recursos que ele tem então a gente
percebe aí uma falta de dialogia o professor tá frustrado porque o aluno não aprendeu e o aluno não entende desde que ele tem achado o x ele não entende por que ele tomou uma nota zero né então este é um exemplo triste né que mostra a falta de diálogo e de negociação por um ensino significativo na escola né vale a pena ainda fazer uma sobre a a a a a desconsideração da diversidade cultural na escola quer dizer além da dos exercícios mecânicos além das práticas insípidas além né da da falta de dialogia de diálogo a
gente tem também práticas discriminatórias né que desconsideram a diversidade cultural na escola então eu diria para vocês que o aluno ao ingressar na escola ele é plural ele vem com diferentes saberes de diferentes regiões com diferentes características com diferentes origens e de diferentes raças né mas a escola parece que exerce um um uma pressão né para que esse aluno eh se se Equalize né uma pressão equalizadora para que todos os alunos tenham um igual comportamento com o igual desempenho né quase que anulando as suas origens os seus saberes e a sua diversidade uma pena certamente
um empobrecimento daquilo que a gente poderia colher na escola em síntese né para resumir tudo que eu venho dizendo eu gostaria de mostrar para vocês como que para além da culpabilização que a gente pode fazer e que tantas vezes é injusta né a o não aprender funciona dentro de uma certa lógica que se explica e pode ser compreendido a a partir de múltiplas dimensões em primeiro lugar a a dimensão cultural Para que aprender no nosso mundo ou então o longo caminho que alguns alunos têm que fazer né porque estão muito mais distantes do do do
Saber escolar ou então lidar com as consequências do do do aprender por exemplo o que é aprender a ler e escrever para um aluno que vive numa comunidade de analfabetos né se eu aprender a lei escrever com que cara que eu vou chegar lá em casa n então a dimensão cultural traz aí o desafio do professor se ajustar ao perfil cultural dos seus alunos e compreender essa diversidade há também a dimensão social que diz respeito às relações estabelecidas na escola tantas vezes marcadas pela discriminação pelo autoritarismo de poder n tão mal resolvidas E aí fica
o desafio do professor l de uma forma mais dialógica mais compreensiva com os seus alunos buscar relações sociais que favoreçam né o bem-estar na escola e e e e a e a e a ação social em prol da conquista da da da da da aprendizagem depois a dimensão pedagógica aí nós temos o desafio de ajustar a metodologia de ensino ao processo cognitivo do aluno buscar práticas que sejam menos mecânicas menos insípidas mais ativas que apelem mais para processo construtivo e eh eh e criativo do aluno e finalmente a dimensão política que diz respeito à valorização
do saber a valorização das escolas e a valorização dos professores e por aí fica o desafio da gente lutar por uma escola que possa sim ser uma instituição de valor reconhecida por toda a sociedade valorizada pelos alunos e pela comunidade escolar bom mas se eu tô falando do perigo do não aprender eu preciso falar para vocês também sobre um outro perigo o risco de aprender né o risco de aprender mas não usar não gostar não ser crítico Então eu penso que mesmo naqueles casos daqueles alunos que t o sucesso no vestibular no saeb e e
no ENEM né mesmo pro no caso dos alunos que tantas vezes T sucessos eu pergunto para vocês Será que não existe uma dimensão de fracasso nisso naquele aluno que até aprende até resolve o problema até sabe calcular o valor do X mas não gosta não usa e não e não lida com o saber de uma forma crítica Pense nisso E até logo