Queridos irmãos e irmãs, nós estamos lendo nesse mês a carta aos Hebreus, sempre na primeira leitura dos dias da semana. A carta aos Hebreus é uma carta que foi escrita para cristãos vindos do Judaísmo e que estavam um pouco duvidosos sobre voltar para as práticas judaicas. É por isso que o autor da carta aos Hebreus mostra Jesus como superior aos anjos, no capítulo 1; superior à Torá, no capítulo 2; superior a Moisés, no capítulo 3; superior à própria Terra Prometida, no capítulo 4; superior aos sacerdotes de Jerusalém, no capítulo 5; e, por fim, no capítulo 6, ele fala sobre aqueles que voltam atrás, aqueles que abandonam a fé; superior a Melquizedec, no capítulo 7; e superior aos artifícios da antiga aliança, nos capítulos 8, 9 e 10.
Então, ele chega ao capítulo 11 com uma grande exortação a que eles permaneçam firmes na fé para que não abandonem a fé. Ou seja, agora nós já não estamos sob o regime da antiga lei, isso já passou. Nós estamos diante de um sacerdote muito superior e, como ele dirá no capítulo 12, nós temos acesso a comer de uma mesa que os incrédulos não podem comer.
Portanto, nós temos que permanecer firmes em Cristo. Ora, o capítulo 11 começa com uma definição de fé. Eu vou abrir a Bíblia porque o texto da liturgia suprime o versículo 3.
Na verdade, nós fazemos um salto; depois do versículo 2, diz o autor da carta aos Hebreus: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se esperava, a convicção acerca de realidades que não se veem. ” Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. Pela fé, reconhecemos que as eras foram formadas pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível.
Esses três versículos são muito poderosos. Em primeiro lugar, a fé é a substância das coisas que se esperam. Essa palavra é a palavra grega "hipóstases", de fato, substância, aquilo que está debaixo.
Alguns traduzem como firme fundamento; outros traduzem como certeza. Ora, a fé, portanto, não tem nada a ver com um salto no escuro. Os incrédulos dizem isso, né?
Não. Mas a fé é um salto no escuro, você não sabe o que tem. Não.
A vida do crente é uma vida feita de oração e resposta. Se não fosse assim, as pessoas já tinham abandonado a oração há muito tempo. Ora, a fé não tem nada a ver com isso.
A fé é a substância das coisas que se esperam. Ele vai trabalhar essa primeira frase, que é fundamental na sequência do capítulo 11 da carta aos Hebreus, porque ele vai mostrar como, no Velho Testamento, eles só esperaram o Messias e, de algum modo, pela fé, eles já o possuíram, porque pela fé eles conseguiram realizar prodígios. Eles realizaram coisas extraordinárias.
Ou seja, a fé realmente é a substância das coisas que se esperam. Depois, ele diz: “É uma certeza a respeito do que não se vê. ” A melhor tradução, mais literal, seria: “É uma demonstração acerca do que se não vê.
” Ou seja, pela fé, eu experimento da presença sobrenatural de Deus em mim; há uma atestação interior do Espírito Santo no meu espírito. A fé não é uma incerteza. Esses dias, eu assisti a esse filme que está passando agora nos cinemas, né?
“Conclave”, que tá fazendo um pouco de barulho, e uma das bobagens que o decano diz no seu sermão é que nós precisamos de alguém que duvide, porque sem a dúvida nós não podemos ter fé. Essa é uma concepção filosófica da fé. Não tem nada a ver com aquilo que as Escrituras nos ensinam sobre fé.
A fé bíblica não tem nada a ver com dúvida; é uma certeza, é um lançar-se em Cristo. A palavra "pistis" fala disso: de fidelidade, de firmeza, de lançar-se sobre Deus e de não ser decepcionado. Quando Jesus diz, no Evangelho de São Marcos, lá no capítulo 11, “Se orardes e não duvidardes em seu coração, crendo que isto aconteça, assim se fará.
” Ora, ele continua dizendo: “Pela fé, reconhecemos que as eras, os tempos, foram formados pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram das invisíveis. ” Isso é fundamental; é uma experiência que todos nós temos, porque, por exemplo, amanhã é domingo, todos vamos almoçar. Mas você já está pensando no que vai fazer de almoço amanhã?
Ou seja, as coisas visíveis provêm das invisíveis; tudo está no seu pensamento. O mesmo vale para as fórmulas matemáticas, o mesmo vale para as soluções químicas e o mesmo vale para as leis da física. Elas são e sempre foram válidas antes que alguém as formulasse, porque as coisas visíveis provêm das invisíveis.
Quando nós assimilamos esses princípios e os colocamos em prática, eles nos levam a um tipo de mudança radical. Ou seja, se as coisas visíveis provêm das invisíveis, eu vou gastar muito tempo com as invisíveis. Se a fé é a substância das coisas que se esperam e ela é a demonstração das coisas que se não vêm, então eu vou gastar muito tempo gerando, pela fé, aquilo que eu espero.
A matéria-prima da oração é a fé; é com ela que nós trabalhamos. O que acontece? As pessoas são adestradas a acreditarem apenas nos seus próprios olhos, naquilo que é tangível, naquilo que entra pelos sentidos e, por causa disso, abortam a palavra de Deus no seu coração; vem o inimigo, rouba a palavra de Jesus e ela não produz fruto.
Ao contrário, quando eu levo a palavra de Deus a sério, a levo para a oração e permaneço diante de Deus, confessando a palavra, afirmando a palavra, alinhando o meu espírito com o invisível, sobrenatural, Deus gestando em meu interior aquilo que o Senhor me faz esperar pelas promessas mesmas que Ele fez na Sua palavra, então nós começamos a verem se materializar diante de nós tudo aquilo que nós concebemos pela fé. Fé! Todo, tudo que vem na sequência do Capítulo 11 de Hebreus nós vamos ler alguns pedaços na segunda-feira.
É consequência desse princípio que precisa ser profundamente assimilado por todos nós: gaste tempo com o invisível, gaste tempo gerando pela oração. Conceba, mediante a palavra, como diz o servo, aliás, o oficial romano a Jesus em Cafarnaum: "Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa, mas basta uma palavra, uma, e o meu servo será curado. " Essa semente divina, que é a palavra, que é viva, que é eficaz, como nós lemos no capítulo 4 da carta aos Hebreus, precisa ser germinada no nosso coração.
Ela precisa produzir frutos, mas isso só acontecerá segundo a medida de uma fé firme, sólida, sobrenatural, persistente, perseverante, que não recua diante de nenhum obstáculo. Uma fé obstinada em que nós permanecemos crendo, como diz em outro texto, no caso de Abraão: "Crendo contra toda esperança humana. " Abraão creu contra toda esperança humana.
É esta fé que move montanhas, a fé que não recua diante de nenhum obstáculo.