Pequeno Manual Antirracista | Djamila Ribeiro | Audiobook completo

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Eu Ouvi Aquele Livro
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E aí um pequeno manual anti-racista djamila Ribeiro a introdução e quando criança fui ensinar daqui a população negra havia sido escrava e ponto como se não tivesse existido uma vida anterior nas regiões de onde essas pessoas foram tiradas à força disseram-me aqui a população negra era passiva e que aceitou entre aspas a escravidão sem resistência também me contaram que a Princesa Isabel havia sido sua grande Redentora no entanto essa era a história contada do ponto de vista dos vencedores Como diz Walter Benjamin E por que não me contaram é que o Quilombo dos Palmares na
Serra da Barriga em Alagoas perdurou por mais de um século e que se organizaram vários levantes e como forma de resistência à escravidão como a Revolta dos Malês e a Revolta da Chibata E com o tempo compreendi que a população negra havia sido escravizada e não era escrava palavra que denota que essa seria uma condição natural ocultando que esse grupo foi colocado Ali pela ação de outrem oi para mim que sou filha de militante negro e que sempre debate essas questões em casa perceber essas nuances é algo complexo e dinâmico para quem refletiu pouco ou
nada sobre esse tema pode ser ainda mais desafiador o processo envolve uma revisão crítica profunda de nossa percepção de si e do mundo e implica perceber que mesmo que em busca ativamente a consciência racial já compactuou com violências contra grupos oprimidos é o primeiro. É entender é que falar sobre racismo no Brasil sobretudo fazer um debate estrutural é fundamental trazer a perspectiva histórica e começar pela relação entre escravidão e racismo mapeando suas consequências deve-se pensar como esse sistema vem beneficiando economicamente por toda a história a população Branca ao passo que a negra tratada como mercadoria
não teve acesso a direitos básicos EA distribuição de riquezas é importante lembrar que apesar de a constituição do império de 1824 determinar que a educação é um direito de todos os cidadãos a escola estava afetada para pessoas negras escravizadas e a cidadania se estendia a Portugueses e aos nascidos em solo brasileiro Inclusive a negros libertos mas esses direitos estavam condicionados a Posses e rendimentos justamente para dificultar aos libertos o acesso à educação e havia também a lei de terras de 1850 ano em que o tráfico negreiro passou a ser proibido no Brasil e embora a
escravidão tenha persistido até 1888 essa lei extingue a apropriação de terras com base na ocupação e dava ao estado o direito de distribuí-las somente mediante a compra é dessa maneira e escravizados tinham enormes restrições pois só quem dispunha de grandes quantias poderia se tornar proprietário e a Lei transformou a terra em mercadoria ao mesmo tempo que facilitou o acesso a antigos latifundiários embora Imigrantes europeus tenham recebido concessões como a criação de colônias e quando estudamos a história do Brasil vemos como esses e outros dispositivos legais estabelecidos durante e após a escravidão contribuem para a manutenção
da mentalidade "casa grande e Senzala" no país em que nasceu em salas e nos quartos de empregada a cor foi e é negra a África na lista Nilza Santos autora de tornar-se negro de 1983 um dos primeiros trabalhos sobre a questão racial na psicologia afirma que e a sociedade escravista ao transformar o africano em escravo definir o negro como raça e marcou o seu lugar a maneira de tratar e ser tratado os padrões de interação com o branco instituiu o paralelismo entre cor negra e posição social inferior nota 11 e no Brasil a ideia de
que a escravidão aqui foi mais Branda do que em outros lugares o que nos impede de entender como o sistema escravocrata ainda impacta a forma como a sociedade se organiza não é necessário reconhecer as violências ocorridas durante o período escravista os historiadores como o Lilia schwarcz Flávio Gomes João José Reis Nissan Pereira Almeida já comprovaram que essa ideia não passa de um medo são inúmeros os fatos históricos que a desmentem basta lembrar por exemplo que a expectativa de vida dos homens escravizados no campo era 25 anos bem abaixo da média dos Estados Unidos para o
mesmo grupo 35 anos nota dois movimentos de pessoas negras há anos debatem o racismo como uma estrutura fundamental das relações sociais criando desigualdades e Abismo mas o racismo é portanto um sistema de opressão que nega direitos e não simples ato da vontade de um indivíduo que conhecer o caráter estrutural do racismo pode ser paralisante Afinal Como enfrentar um monstro tão grande E no entanto não devemos nos intimidar é a prática anti-racista É urgente E se dá nas atitudes mais cotidianas É como diz Silvio Almeida em seu livro racismo estrutural consciente de que o racismo é
parte da estrutura social e por isso não necessita de intenção para se manifestar por mais que calasse diante do racismo não faça do indivíduo moral e o juridicamente culpado ou responsável certamente o silêncio torna ética e politicamente responsável pela manutenção do racismo a mudança da sociedade não se faz apenas com denúncias ou com o repúdio moral do racismo É depende antes de tudo da tomada de posturas e da adoção de práticas anti-racistas nota 13 e portanto Nunca entre numa discussão sobre racismo dizendo "mas eu não sou racista" o que está em questão não é um
posicionamento moral individual mas um problema estrutural a questão é o que você está fazendo ativamente para combater o racismo mesmo que uma pessoa pudesse se afirmar como Não assista o que é difícil ou mesmo impossível já que se trata de uma estrutura social enraizada isso não seria suficiente a inação contribui para perpetuar a opressão e é preciso ressaltar que mulheres e homens negros não são as únicas vítimas de opressão estrutural muitos outros grupos sociais oprimidos compartilham experiências de discriminação em alguma medida comparáveis e este livro foca em estratégias para combater o racismo contra pessoas negras
mas espero que se possível ele possa contribuir também para o combate a outras formas de opressão nota 4 o objetivo deste pequeno manual É apresentar alguns caminhos de reflexão recuperando contribuições importantes de diversos autores e autoras sobre o tema objetivo deste pequeno manual É apresentar alguns caminhos de reflexão recuperando o contribuições importantes de diversos autores e autoras sobre o tema para quem quiser aprofundar Sua percepção de discriminações estruturais E assumir a responsabilidade pela transformação de nossa sociedade Afinal o anti-racismo é uma luta de todas e todos e informe-se sobre o racismo e o sistema racista
está em constante processo de atualização e portanto deve-se entender seu funcionamento segundo kabengele munanga importante Pensador negro e professor na Universidade de São Paulo é sem dúvida todos os racismos são abomináveis e cada um faz suas vítimas do seu modo o brasileiro não é o pior nem o melhor mas ele tem as suas peculiaridades entre as quais o silêncio ou não dito que confunde todos os brasileiros e brasileiras vítimas e não vítimas do racismo na alma e dessa forma como explica munanga para entender o racismo no Brasil é preciso diferenciá-lo de outras experiências conhecidas como
o regime nazista o Apartheid sul-africano ou a situação da população negra dos Estados Unidos na primeira metade do século 20 nas quais o racismo explícito e institucionalizado por leis e práticas oficiais se é verdade que o Brasil é diferente mas nada é mais equivocada do que concluir que por isso não somos um país racista e é preciso identificar os mitos que fundam as peculiaridades do sistema de opressão operado aqui e certamente o da democracia racial é o mais conhecido e não se vo deles é Concebida e propagado por sociólogos pertencentes à Elite Econômica na metade
do século 20 esse mito afirma aqui no Brasil houve a transcendência dos conflitos raciais pela Harmonia entre negros e brancos traduzida na miscigenação e na ausência de lei segregadoras e o livro casa-grande Senzala de Gilberto Freire tornou-se Um clássico mundial com a exportação desta tese a relevância da obra está em romper com uma tradição que legitimava o racismo científico teorias biologizantes formuladas no século 19 que preconizavam uma suposta inferioridade natural do negro como forma de justificar a escravidão nas Américas tal como apresentado nas obras de Nina Rodrigues por exemplo mas é preciso ler Freire criticamente
indo na contramão daqueles que estimulados pela naturalização da miscigenação forçada durante o período colonial perpetuam o mito da democracia racial e essa visão paralisa a prática anti-racista pois romantismo as violências sofridas pela população negra ao escamotear A Hierarquia racial com uma falsa ideia de harmonia e na obra brancos e negros em São Paulo Roger bastide e florestan Fernandes apontaram e "nós brasileiros" dizíamos um branco "temos o preconceito de não ter preconceito e esse simples fato basta para mostrar a que ponto está arraigado no nosso meio social" muitas respostas negativas e explicam-se por esse preconceito de
ausência de preconceito por essa fidelidade do Brasil ao seu ideal de democracia racial Nota 2 É como diz munanga "e coroa dentro de muitos brasileiros uma voz muito forte que grita não somos racistas assista são os outros" que eu considero essa voz uma inércia causada pelo mito da democracia racial Um Bom exemplo dessa atitude estão uma pesquisa do Datafolha realizada em 1995 que mostrou que 89 por cento dos brasileiros admitiram existir preconceito de cor no Brasil mas noventa porcento se identificavam como não racistas e na época pesquisa foi considerada a maior sobre o tema entrevistando
5081 pessoas maiores de 16 anos em 121 cidades de todas as unidades da federação e devemos aprender com a história do feminismo negro que nos ensina a importância de nomear as opções já que não podemos combater o que não tem nome dessa forma reconhecer o racismo é a melhor forma de combatê-lo Não tenha medo das palavras Branco negro racismo racista quer dizer que determinada atitude foi racista é apenas uma forma de caracterizá-la e definir seu sentido e suas implicações e a palavra não pode ser um tabu pois o racismo está em nós e nas pessoas
que amamos mais grave é não reconhecer e não combater a opressão Já chegamos assim a seguinte pergunta o que de fato cada um de nós tem feito e pode fazer pela luta anti-racista e o autoquestionamento fazer perguntas entender seu lugar e duvidar do que parece natural entre aspas é a primeira medida para evitar reproduzir esse tipo de violência que privilegia uns e o Crime outros Oi Simone de Beauvoir em referência à estendal autor que segundo a filósofa atribui a humanidade as suas personagens femininas dizer que um homem que enxergasse a mulher como sujeito e tivesse
uma relação de alteridade para com ela poderia ser considerado feminista esse mesmo raciocínio pode ser usado para pensar o anti-racismo com a ressalva de que sobre a mulher negra incide a opressão de classe de gênero e de raça tornando o processo ainda mais complexo o enxerga negritude E desde cedo pessoas negras são levadas a refletir sobre sua condição racial e o início da vida escolar foi para mim o divisor de águas por volta dos seis anos entende que ser negra era um problema para a sociedade e até então no convívio familiar com meus pais e
irmãos eu não era questionada dessa forma me sentir amada e não via nenhum problema comigo é tudo era normal entre "a e "Neguinho do cabelo duro" feia entre aspas foram alguns dos xingamentos que comecei a escutar a ser a diferente o que quer dizer não branca passou a ser apontado como um defeito comecei a ter questões de autoestima fiquei mais introspectiva e cabisbaixa que foi forçado a entender o que era racismo EA querer me adaptar para passar despercebida É como diz a pesquisadora Joice berth "não me descobri negra fui acusada de ser ela" o mundo
apresentado na escola era o dos brancos no qual as culturas europeias eram vistas como superiores o ideal a ser seguido e eu reparava que minhas colegas brancas não precisavam pensar o lugar social da branquitude depois eram vistas como normais a errado era eu as crianças negras não podem Ignorar as violências cotidianas enquanto as brancas ao enxergarem o mundo a partir de seus lugares sociais que é um lugar de Privilégio acabam acreditando que esse é o único mundo possível e essa divisão social existe há séculos e é exatamente a falta de reflexão sobre o tema que
constituem uma das bases para perpetuação do sistema de discriminação racial e por ser naturalizado esse tipo de violência se torna comum ainda que uma pessoa branca tem atributos Morais positivos por exemplo que seja gentil com pessoas negras ela não só se beneficia da estrutura racista como muitas vezes mesmo sem perceber compactua com a violência racial e como muitas pessoas negras que circulam em espaços de poder já fui confundida entre aspas com copeira e faxineira ou no caso de hotéis de luxo prostituta obviamente não estou questionando a dignidade dessas profissões mas o porquê de pessoas negras
se verem reduzidas a a determinados estereótipos vez de serem reconhecidas como os seres humanos em toda sua complexidade e com suas contradições o meu irmão mais velho eu tô com trompete por muitos anos fazendo inclusive parte da Sinfônica de Cubatão na Baixada Santista toda vez que dizia ser músico perguntavam se ele tocava pandeiro outro instrumento relacionado ao samba não teria problema se tocasse a questão é pensar que homens negros só podem ocupar esse lugar Oi Simone de Beauvoir afirmava que não há crime maior do que destituíram ser humano de sua própria humanidade reduzindo-o a condição
de objeto e dessa mesma premissa deriva o imperativo de não tratar as pessoas negras com com descendência lembra que uma vez quando eu trabalhava como secretária em uma empresa do porto de Santos e fiz algo bastante corriqueiro responde a um e-mail fiquei surpresa ao ver a reação de alguns colegas que me aplaudiram por eu ter escrito bem um texto eu havia cursado três anos de jornalismo já tinha publicado artigos em revistas e jornais portanto um e-mail não era motivo para aplausos e quando eu cursava filosofia um colega se mostrou muito surpreso por eu ter tirado
uma nota maior que a dele um trabalho e sugeriu que era porque o professor gostava de mim o outro colega insinuou que me daria a parte mais fácil de um trabalho "para me ajudar" experiências desse tipo me fizeram compreender que elogios podem significar com descendência e não é realista esperar que um grupo racial domine toda a produção do saber e seja a única referência estética é por causa disso a população negra criou estratégias ao longo de sua história para superar essa marginalização é o conhecido o movimento panteras negras do qual a ativista e filósofa Angela
Davis fez parte além de lutar contra a segregação racial nos Estados Unidos e pela emancipação do povo negro tia também em suas bases a valorização da estética Negra a Ketlin River uma das lideranças do movimento aponta para a importância de que pessoas negras querem com a visão de que somente pessoas brancas são bonitas valorizando o cabelo natural e as características típicas do povo negro e criando para ir uma nova consciência e no campo das Artes temos experiências notáveis realizadas pela população negra no Brasil é mas infelizmente ainda pouco conhecidas e o Teatro Experimental do Negro
tem criado por Abdias do Nascimento em 1944 buscou valorizar a cultura afro-brasileira por meio da educação e da arte formulando uma estética própria para além da reprodução da experiência de outros países e visando ao protagonismo do povo negro e assim tinha como Bandeira "priorizar a valorização da personalidade e cultura específicas ao negro como caminho de combate ao racismo" nota 1 e de lá saíram nomes como o da atriz Ruth de Souza e nos deixou aos 98 anos em julho de dois mil e dezenove e Há outras vamos exemplos de iniciativas que ampliaram a visibilidade Negra
nas áreas e a série cadernos negros criado em 1978 foi responsável por publicar contos e poemas de escritores e escritoras negros tornando-se um Marco para a produção literária Negra Há muitos dos primeiros textos de Conceição Evaristo foram publicados lá por exemplo o projeto Amazônia negra da fotógrafa Marcela Bomfim busca reconhecer e valorizar as culturas negras em Rondônia Bonfim sintetiza a importância de iniciativas desse tipo e "a maioria dos negros brasileiros precisa aprender a ser negro no percurso de suas vidas" projetos assim contribuem para esse aprendizado é importante ter em mente que para pensar soluções para
uma realidade devemos tirá-la da invisibilidade e portanto frases como "eu não vejo cor" não ajudam e o problema não é a cor mas seu uso como justificativa para segregar e o primeiro e vejam cores vamos diversas e não há nada de errado nisso se vivemos relações sociais é preciso falar sobre Negritude e também sobre branquitude eu reconheço os privilégios da branquitude quando publiquei O que é lugar de fala muitos Me perguntaram se pessoas brancas também podem se engajar na luta anti-racista e Como explico naquele livro todo mundo tem lugar de fala pois todos falamos a
partir de um lugar social portanto é muito importante discutir a branquitude as pessoas brancas não costumam pensar sobre o que significa pertencer a esse grupo pois o debate racial é sempre focaram na negritude a ausência ou a baixa incidência de pessoas negras em espaços de poder não costuma causar incômodo ou surpresa em pessoas brancas para desnaturalizar isso todos devem questionar a ausência de pessoas negras em posições de gerência autores negros em antologias pensadores negros em bibliografia de cursos universitários protagonistas negros no audiovisual e para Além disso é preciso pensar em ações que mudem Essa realidade
e se a população negra é a maioria no País quais as 56 por cento O que torna o Brasil a maior nação Negra fora da África ausência de pessoas negras em espaços de poder deveria ser algo chocante portanto uma pessoa branca deve pensar se o lugar de modo que entenda os privilégios que acompanham sua cor e isso é importante para que privilégios não sejam naturalizados ou considerados apenas esforço próprio a perceber se é algo transformador é o que permite situar nossos privilégios e nossas responsabilidades diante de injustiças contra grupos sociais vulneráveis pessoas brancas por exemplo
das em questionar porque em um restaurante muitas vezes as únicas pessoas negras presentes estão servindo mesas ou seja foram consideradas suspeitas pela polícia por causa de sua cor e trata-se de refutar a ideia de um sujeito Universal a branquitude também é um traço identitário porém marcado por privilégios construídos a partir da opressão de outros grupos devemos lembrar que este não é um debate individual mas estrutural é a posição social do privilégio vêm marcado pela violência mesmo que determinado sujeito não seja deliberadamente violento e os homens brancos são maioria nos espaços de poder e esse não
é um lugar natural e construído a partir de processos de escravização se alguém pode perguntar "mas no caso dos homens brancos pobres ou homossexuais que não necessariamente eu possuem todos os privilégios sociais de homens brancos heterossexuais ricos" de fato é sempre importante levar em consideração outras intersecções porém o debate aqui é sobre uma estrutura de poder e confere privilégio racial a determinado grupo e criando mecanismos que perpetuam em desigualdades e nesse sentido mulheres brancas são discriminadas por serem mulheres mas privilegiadas estruturalmente o por serem brancas o mesmo ocorre com homens brancos homossexuais que são discriminadas
pela orientação sexual Mas racionalmente falando fazem parte do grupo hegemônico isso de forma alguma exclui as operações que sofrem mas o localizam socialmente no lugar da branquitude e o conceito de lugar que fala discutir justamente o lócus social Isto é de que ponto as pessoas parem para pensar e existir no mundo de acordo com as suas experiências em comum E é isso que permite avaliar quanto determinado o grupo dependendo de seu lugar na sociedade sofre com obstáculos ou é autorizado e favorecido dessa forma ter consciência da prevalência Branca nos espaços de poder permite que as
pessoas se responsabilizem e tomem atitudes para combater e transformar o perverso sistema racial Que estrutura a sociedade brasileira e o racismo é uma problemática Branca provoca grada kilomba e até ser in homogeneizados pelo processo Colonial os povos negros existiam como etnias culturas e idiomas diversos é isso até serem tratados como "o negro e" tal categoria foi criada em um processo de discriminação que visava o tratamento de seres humanos como mercadoria e portanto o racismo foi inventado pela branquitude e como criadora deve se responsabilizar por ele e para além de se entender como privilegiado o branco
deve ter atitudes anti-racistas não se trata de se sentir culpado por ser Branco a questão é se responsabilizar é diferente da culpa que leva à inércia a responsabilidade leva ação e dessa forma se o primeiro passo é desnaturalizar o olhar condicionado pelo racismo o segundo é criar espaços sobretudo em lugares que pessoas negras não costumam acessar eu percebo racismo o internalizado em você e como vimos a maioria das pessoas admite haver racismo no Brasil mas quase ninguém se assumir como racista pelo contrário o primeiro impulso de muita gente é recusar enfaticamente a hipótese de ter
um comportamento racistas e "claro que não Afinal tenho amigos negros" "como eu seria racista sim preguei uma pessoa negra e" "assista eu que Nunca xinguei uma pessoa negra para caspas a partir do momento em que se compreende o racismo como um sistema que estrutura a sociedade essas respostas se mostram vazias é impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista e é algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre é claro que há quem seja abertamente racista e manifeste sua hostilidade contra grupos sociais vulneráveis das mais diferentes formas mas é
preciso notar que o racismo é algo tão presente em nossa sociedade que muitas vezes passa despercebido é um exemplo é a ausência de pessoas negras numa produção cinematográfica aí também está o racismo oi ou então quando ao escutar uma piada racista as pessoas rirem ou silenciam em vez de repreender quem a fez e o silêncio é cúmplice da violência e muitas vezes as pessoas brancas não pensam sobre o que é racismo vivem suas vidas sem que sua cor as parça refletir sobre essa condição e por isso combate ao racismo é um processo longo e doloroso
É como diz a pensadora feminista Negra audre Lorde é necessário matar o opressor que há em nós e isso não é feito apenas se dizendo anti-racista é preciso fazer cobranças é Amelinha Teles memorável feminista brasileiras em seu livro breve história do feminismo no Brasil afirma que ser feminista é assumir uma postura incômoda e eu diria que ser anti-racista também está sempre atento as nossas próprias atitudes e disposto a enxergar privilégios isso significa muitas vezes esta achado de o chato entre aspas é aquele que não vira o disco entre aspas significa entender que a linguagem também
é carregada de valores sociais e que por isso é preciso utilizá-la de maneira crítica deixando de lado expressões racistas como "ela é negra mas é bonita" o que coloca uma conjunção adversativa ao elogiar uma pessoa negra como um adjetivo positivo fosse o contrário de ser negra a usar o o negão entre aspas para se referir a homens negros não se usa o Brancão entre aspas para falar de homens brancos ou elogiar algum dizendo "negro de alma branca" sem perceber que a frase e coloca ser Branco entre aspas como sinônimo de característica positiva e é preciso
pesquisar ler o que foi produzido sobre o tema por pessoas negras e é bastante coisa no caso de quem tem acesso a bibliotecas e universidades a responsabilidade é redobrada e não deve ser delegada e eu brinco que muitas vezes pessoas brancas nos colocam no lugar the week Preta entre aspas como se nós precisássemos ensinar e dar todas as respostas sobre a questão do racismo no Brasil essa responsabilidade é também das pessoas brancas e deve ser contínua a conversar em casa com a família e com os filhos e não só manter uma imagem pública com destaque
para as redes sociais também é fundamental algumas atitudes simples podem ajudar as novas gerações Como apresentar para as crianças livros com personagens negros e fogem de estereótipos o garantir que a escola dos seus filhos aplique a Lei Nº 10639/2003 que alterou a lei de diretrizes e bases da educação para incluir a obrigatoriedade do ensino da história africana e afro-brasileira e o ensino que Valoriza as várias existências e que referencie positivamente a população negra é benéfico para toda a sociedade pois conhecer histórias africanas promove outra construção da subjetividade de pessoas negras e além de romper com
a visão hierarquizada de pessoas brancas tem da cultura Negra saindo do solipsismo Branco Isto é deixar de apenas ver humanidade entre seus iguais mas ainda são ações que diminuem as desigualdades e não podemos nos satisfazer com pouco e apesar de termos avançado nas últimas décadas não podemos achar que foi o suficiente não basta ter um ou dois negros da empresa nascer ver no museu no ministério na bibliografia do curso e se disserem que ser anti-racista é ser o chato entre aspas tudo bem precisamos continuar lutando o apoio e políticas públicas educacionais afirmativas é por causa
do racismo estrutural a população negra tem menos condições de acesso a uma educação de qualidade geralmente a quem passa em vestibulares concorridos para os principais cursos nas melhores universidades públicas São pessoas que estudaram em escolas particulares de Elite falam outros idiomas e fizeram intercâmbio e é justamente o racismo estrutural que facilita o acesso desse grupo e esse debate não é sobre capacidade uma sobre oportunidade e essa é a distinção que os Defensores da meritocracia parecem não fazer é um garoto que precisa vender pastel para ajudar na renda da família e outra que passa a tarde
em aulas de idiomas e de natação não partem do mesmo ponto não são muitos os que podem se dar ao Luxo de cursar uma graduação sem trabalhar ou ganhando apenas uma bolsa de estagiário e eu mesmo entrei na Universidade Federal de São Paulo cujo Campus de ciências humanas foi criado em 2007 graças à políticas públicas aos 27 anos e com uma filha pequena tendo que fazer malabarismos para conseguir estudar e embora as desigualdades nas oportunidades para negros e brancos ainda sejam enormes políticas públicas mostraram que tem potencial transformador na área é o caso das cotas
raciais é Notável e na época em que o debate das ações afirmativas estava acalorado os principais argumentos contrários à implementação de cotas raciais nas universidades era "as pessoas negras vão roubar a minha vaga" e por trás dessa frase é o fato de que pessoas brancas por causa de seu privilégio histórico vi uma das vagas em universidades públicas como suas por direito é a primeira Universidade a adotar as cotas raciais no vestibular foi a Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ em 2013 seguida pela Universidade de Brasília UnB em 2004 com as novas políticas públicas
universitárias transformaram o perfil dos alunos ingressantes ao contrário do que muita gente afirmava quando essas políticas começaram a ser implementadas o desempenho positivo de alunos cotistas trouxe grandes avanços para o saber do país pesquisas sobre os resultados dessas políticas logo começaram a surgir cômodo que realizaram o exame Nacional de desempenho dos Estudantes Enade entre 2012/2014 apontou que não havia diferença entre as notas de beneficiários do programa para une e as de outros estudantes diferente da política de cotas o ProUni É um convênio realizado entre universidades privadas e o governo federal que permite a as Universidades
a bateria impostos ao oferecer bolsas integrais em cinquenta por cento para alunos e alunas do programa seja por raça ou por renda desde que mantenha um desempenho exemplar muitas vezes casos de pessoas negras que enfrentam grandes dificuldades para obter um diploma ou passar em um concurso público romantizadas e entretanto ainda que seja bastante admirável que pessoas consigam superar grandes obstáculos naturalizar estas violências e usá-las como exemplo que justifique em estruturas desiguais é não só cruel como também uma inversão de valores não deveria ser normal que para conquistar um diploma uma pessoa precisa e caminhar quinze
quilômetros para chegar à escola estude com material didático achado no lixo o que tenha que abrir mão de almoçar para pegar um transporte a cultura do mérito aliada a uma política que Deus valoriza a educação pública é capaz de produzir catástrofes Oi hoje em vez de combater a violência estrutural na academia a orientação de muitos chefes do executivo brasileiro é uniformizar as desigualdades cortando políticas públicas universitárias como bolsas de estudo e cotas raciais e sociais e informe-se sobre as políticas públicas de combate à desigualdade racial e pela promoção da diversidade após e prestigie institutos de
pesquisa e de desenvolvimento de políticas apoie candidatos que defendem políticas públicas efetivas e transformadoras e além de cotas para universidades federais promulgado em 2012 representou uma grande vitória é uma pesquisa da Associação Nacional dos dirigentes das instituições federais de ensino superior grandes com base em dados de 2018 mostrou aqui nessas instituições a maioria dos Estudantes é negra 51,2 por cento o 64,7 por cento cursaram o ensino médio em escolas públicas e 70,2 por cento vêm de famílias com renda mensal per capta de até um salário mínimo e meio Infelizmente o mercado de trabalho ainda não
reflete essa mudança transforme seu ambiente de trabalho é historicamente a branquitude desenvolveu métodos de manutenção do que seria politicamente correta em relação à a pauta racial EA reserva de espaço para o negro único entre "O que é certamente uma de suas estratégias mais clássicas argumenta-se da seguinte forma "veja só não somos racistas temos o Fulano que é negro trabalhando em tal departamento e inclusive ele adora trabalhar aqui não é mesmo Fulano" e o Fulano Talvez para manter seu emprego talvez porque aprendeu a reproduzir o discurso da empresa concorda E no entanto pessoas negras não são
todas iguais e fulana por melhor que seja não pode representar todos os negros dessa forma é preciso romper com a estratégia do negro único entre aspas não basta ter uma pessoa negra para considerar que determinado o espaço de poder foi "dedetizado contra o racismo" é a herança escravista faz com que o mundo do trabalho seja particularmente racista o que também o torna um dos espaços em que a luta anti-racista pode ser mais transformadora é a primeira etapa para isso é sempre questionar o status for essa é a melhor maneira de não reproduzir as variadas formas
de racismo nos ambientes de trabalho e se você tem ou trabalha numa empresa algumas questões que você deve colocar são Qual a proporção de pessoas negras e brancas em sua empresa bom e como fica essa proporção no caso dos cargos mais altos e como a questão racial é tratada durante a contratação de pessoal ou ela simplesmente não é tratada porque esse processo deve ser daltônico entre aspas a na sua empresa algum comitê de diversidade um projeto para melhorar esses números há espaço para um amor hostil a grupos vulneráveis perguntas desse tipo podem servir de guia
para uma reavaliação do racismo nos ambientes de trabalho É como diz a pesquisadora Joice best a questão para além de representatividade é de proporcionalidade e para começar pensemos nos processos de contratação de uma empresa está focada em quem cursou Universidade de Elite ou tem inglês fluente isso pode significar que apenas pessoas privilegiadas poderão enviar seus currículos pois sabemos que no Brasil estudar outro idioma ou fazer o intercâmbio não é acessível para todo mundo é somente uma parcela privilegiada da sociedade têm acesso a isso Além do mais o pacto narcísico da branquitude expressão desenvolvida por Cida
Bento em sua tese de doutorado usada para definir como pessoas brancas a no entre si para a manutenção de privilégios colabore com a exclusão de outros grupos nas indicações de trabalho é uma pesquisa do Centro de Estudos das relações de trabalho e desigualdades terrestre organização indispensável para a luta de racista criada por Cida Bento em 1990 em parceria com a aliança jurídica pela Equidade racial apontou que pessoas negras não somam um por cento entre advogados e sócios de escritórios de advocacia há entre Estagiários não cheira 10 porcento e o estudo de 2019 ouviu 3624 pessoas
em nove das maiores bancas de São Paulo e demonstra como os números refletem a necessidade de discutir desigualdades oportunidades e diversidade no mercado de trabalho e Se quisermos pensar essa questão pelo viés econômico Vale lembrar que uma equipe diversificada aumenta seu potencial produtivo o segundo estudiosos do tema como Reinaldo Bulgarelli um ambiente diverso estimula a criatividade Olá abaixo a presença de pessoas negras no ambiente de trabalho O Mesmo distantes de cargos de gerência pode deixar o espaço altamente suscetível a violências racistas e em um caso recente por exemplo a filial Brasileira de uma empresa norte-americana
de software promover um baile à fantasia com o celebração de final de ano e oferecendo uma premiação para a melhor fantasia no valor de três mil reais é um funcionário certo de que seria engraçado optou pela representação racista de um homem negro sexualizado como órgão genital grande uma imagem que circulava na época entre os grupos de WhatsApp e a foto de sua fantasia que ficou em quarto lugar no concurso chegou a sede norte-americana que demitiu o empregado o gerente da área em que ele trabalhava disse que a demissão havia sido exagerada o que o fez
ser demitido também bom então o presidente da filial brasileira defendeu os dois dizendo se tratar de uma grande brincadeira entre aspas resultado também foi demitido que a notável nesse Episódio é como o caso foi conduzido e a grande repercussão mas a agressão propriamente dita é infelizmente apenas uma variante das muitas formas de violência a que pessoas negras são expostas ainda hoje nos ambientes de trabalho a experiência internacional é rica em exemplos que podem servir de inspiração e a Noruega todas as empresas nacionais destino quarenta por cento dos assentos em conselhos de administração para mulheres e
a proposta veio de um parlamentar do partido conservador com argumento "se a gente não pensasse em políticas de reparação e Equidade só contrataria os homens com os quais a gente joga golfe no domingo" de fato se só convivemos com pessoas de um determinado grupo ou classe social acreditamos que só aquelas pessoas possuem capacidade para determinados cargos relegando outros grupos a lugares pré-determinados como se não fossem sujeitos capazes o que se político norueguês coloque a importância de questionarem desigualdades Não devemos nos perguntar quantos talentos o Brasil perde todos os dias por causa do racismo a situação
é ainda mais grave para mulheres negras que são muitas vezes destinadas ao sub-emprego quantas físicas biológicas juízas sociólogos etc estamos perdendo políticas que obrigam as empresas a pensar e criar ações anti-racistas poderiam reverter esse quadro e no Brasil a lei de cotas para o serviço Público Federal Visa diminuir as desigualdades é declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2017 ficou estipulado que e a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio da isonomia ela se Funda Na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existentes na sociedade
brasileira em garantir a igualdade material entre os cidadãos por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da população afrodescendente nota 1 e o racismo assumir diversas dimensões no ambiente de trabalho o que demanda análise constante das práticas corporativas por causa disso diversas empresas têm buscado consultorias especializadas para rever sua política de diversidade preocupadas em se atualizar em relação aos novos Marcos civilizatórios isso é resultado do trabalho de organizações negras como Celeste que lutam há décadas para introduzirem essas questões urgentes no mercado de trabalho e há dezenas de consultoria de
diversidade atuando nas várias regiões do Brasil procure conhecer mais sobre elas informe-se sobre o trabalho do CS introduz o tema na empresa em que trabalha assim você contribui com um ambiente mais diverso democrático e produtivo Oi Leia autores negros mesmo vencendo todos os obstáculos que acompanham a pele não-branca e ingressando na pós graduação o estudante encontrará outro Desafio o epistemicidio Isto é o apagamento sistemático de produções e saberes produzidos por grupos oprimidos e a renomada feminista Negra Sueli Carneiro traduziu epistemicidio conceito Originalmente proposto pelo sociólogo português Boaventura Sousa Santos em sua tese de doutorado da
seguinte forma Oi Alice nesse processo de banimento social a exclusão das oportunidades educacionais o principal ativo para mobilidade social no país essa dinâmica o aparelho Educacional tem se constituído de forma a quase absoluta para os racialmente inferiorizados como fonte de múltiplos processos de aniquilamento da capacidade cognitiva e da confiança intelectual é fenômeno que ocorre pelo rebaixamento da autoestima que o racismo EA discriminação provocam no cotidiano escolar pela negação aos negros na condição de sujeitos de conhecimento por meio da desvalorização negação ou ocultamento das contribuições do continente africano e da diáspora africana ao patrimônio cultural da
humanidade e pela imposição do embranquecimento cultural e pela produção do fracasso e evasão escolar aí esse processo denominamos epistemicidio nota 11 e o cenário de apagamento da produção Negra São evidentes É raro que as bibliografias dos cursos indiquem mulheres ou que as suas negras mais raro ainda é que indiquem a produção de mulheres negras cuja presença no debate Universitário e intelectual é extremamente apagada E durante os quatro anos de minha graduação em filosofia não me sugeriram a leitura de nenhuma altura branca que Dirá Negra a gravidade disso está exemplificada por Abdias do Nascimento em genocídio
do negro brasileiro no qual afirma que genocídio é toda forma de Aniquilação de um povo seja moral cultural ou epistemológica por nossa posição no arranjo geopolítico Global a produção de intelectuais negras brasileiras tende a ser muito menos difundida do que é de países como os Estados Unidos causando atraso em debates que poderiam estar muito mais avançados é um belo exemplo de feminista negra brasileira é lélia Gonzalez atuante nas décadas de 1970/1980 e professora do curso de sociologia na pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro encantou platéias com o poder transformador de suas palavras as propostas
de lélia para pensar a amefricanidade entre aspas propondo um feminismo afrolatinoamericano se perpetuam até hoje ou se procura uma luta teremos nacional e o apagamento da produção e dos saberes negros e anticoloniais contribui significativamente para a pobreza do debate público seja na academia na mídia ou em palanques políticos e você somos a maioria da população nossas elaborações devem ser lidas de batidas excitadas é a importância de estudar autores negros não se baseia numa visão essencialista ou seja na crença de que devem ser lidos apenas por serem negros a questão que é realista que não a
sociedade como a nossa de maioria Negra somente um grupo Domini a formulação do saber é possível acreditar que pessoas negras não elaborem o mundo sobre isso que é escritora chimamanda ngozi adichie Alerta ao falar dos perigos da história única O Privilégio social resulta no privilégio epistêmico que deve ser confrontado para que a história não seja contada apenas pelo ponto de vista do poder e é danoso aqui numa sociedade as pessoas não conheciam a história dos povos que a construíram é para escrever este pequeno manual me inspirei em textos e livros de diversos autores e intelectuais
negros que se tu como referência e as obras mencionadas estão nas referências bibliográficas ao final deste livro Oi Leia Abdias do Nascimento Adilson Moreira Alessandra devulsky Angela Davis audre Lorde Bell hooks Oi Carla akotirene chimamanda ngozi adichie Cida Bento Conceição Evaristo Elisa Lucinda grada kilomba Joel Zito Araújo Joyce berthi Juliana Borges kabengele munanga lélia Gonzalez Letícia Carolina Pereira do Nascimento Oi Luciana Betti Oi Michele Alexander Neusa Santos Souza Rodney William Eugenio Silvio Almeida Sueli Carneiro a tantos outros Clóvis Moura Fernanda Felisberto Nilma Lino Gomes impossível citar todos e muitos mais que não conheço ainda as
construções sobre raça se dão de forma singular e complexa nas diferentes regiões do país por isso precisamos conhecer a produção de mulheres negras de fora das grandes metrópoles como em uma dentes Zélia amador e Marcela Bomfim e ampliar as nossas visões de mundo e procure conhecer o trabalho realizado por núcleos de Estudos afro-brasileiros em universidades valoriza editoras que publicam Produções intelectuais negras e apoia iniciativas que têm como objetivo a visibilidade de pensamentos de coloniais nós precisamos ir além do que já conhecemos quem questione a cultura que você consome e toda vez que vou dar uma
palestra pode ser sobre racismo diversidade o pensamento de Simone de Beauvoir alguém me pergunta sobre apropriação cultural mas precisamente sobre o uso de turbantes por pessoas não negras alguns anos atrás houve uma polêmica nas redes sociais em que uma moça branca afirmava que um grupo de mulheres negras teria arrancado ou turbante dela a força há quem não acredite que a situação tenha se dado assim porém como a história viralizou nas redes sociais e é comum que as pessoas tenham dúvidas sobre esse tema em primeiro lugar é importante dizer que o debate sobre a apropriação cultural
não deve ser reduzido a poderão usar turbante a discussão pertinente é aquela que denuncia o quanto culturas negras e indígenas foram expropriados e apropriadas historicamente nos processos de colonização a visão de cultura do colonizador foi imposta enquanto bens culturais eram saqueados um exemplo disso são as coleções dos principais museus da Europa onde hoje se encontram objetos de diferentes países africanos asiáticos e americanos as peças que com certeza devem significar muito para essas culturas a questão crucial desse debate é que o interesse pela cultura de certos povos não caminha lado a lado com desejo de restituir
a humanidade de grupos oprimidos e assim muitas pessoas que consomem cultura Negra não se preocupam com as mazelas que a população negra vive no país ou ainda não se importam com o embranquecimento dessas culturas e como bem explica o antropólogo Rodney William a apropriação cultural não diz respeito ao que pode ou não ser usado não é sobre branco não poderão usar turbante cantar samba ou jogar capoeira a questão da apropriação cultural é sobre uma estrutura de poder a um poder instituído na sociedade desde a colonização que delega os dominantes o direito de definir quem é
inferior nessa estrutura e como se pode dispor de suas produções culturais e até de seus corpos nota 1 o outro ponto importante é perceber em que medida um elemento cultural o Luiz baseado de sentido portanto é fundamental debater o papel do capitalismo na perpetuação do racismo por exemplo uma marca de luxo pode fazer uma coleção de moda inspirada em elementos da cultura Negra porém só contratar modelos brancas para o desfile essas peças chegam ao consumidor já destituídas de sentido o debate dessa forma precisa ser estrutural não individual é importante que se tem uma preocupação real
e não desrespeitar os símbolos de outras culturas para isso deve-se nutrir empatia pelos diversos grupos existentes na sociedade um processo intelectual que é constituído ao longo do tempo e exige comprometimento quando eu conheço uma cultura eu a respeito então é essencial estudar escutar e se informar e o debate sobre racismo se mostra urgente quando falamos de mídia e de acesso a recursos para Produções audiovisuais no documentário A negação do Brasil o diretor Joel Zito Araújo analisa a influência das telenovelas no Imaginário coletivo Nacional enquanto faz uma denúncia contra o racismo televisivo e o papel estereotipado
destinado atores negros e atrizes negras remontando ao exemplo de black Face Isto é quando o personagens negros são representados por atores brancos com o rosto pintado ocorrido na novela A Cabana do Pai Tomás em 1969 na Qual o ator Sérgio Cardoso se pintou de preto para interpretar o papel do protagonista O escravizador tomar um e o cineasta apresenta um Panorama do racismo na teledramaturgia brasileira o diretor apresenta muitos casos de racismo o e critica o lugar subalterno aqui personagens negros são relegados para além da reivindicação justa por representatividade e também se deve questionar o modo
como estamos sendo retratados e muitas vezes atores negros são contratados para atuarem como bandido o bêbado entre aspas no caso dos homens ou como empregada doméstica ou a gostosa entre aspas no caso das mulheres o professor de direito antidiscriminatório Adilson Moreira identificou os elementos do que ele chama de racismo Recreativo um "mecanismo que encobre a hostilidade racial por meio do humor" no livro que escreveu sobre o tema Moreira no meio alguns estereótipos Tião Macalé o feio entre aspas Mussum O Bêbado entre aspas Vera Verão a Preta entre aspas O primeiro exemplo tinha uma cala é
foi um personagem do conhecido o programa humorístico Os Trapalhões é interpretado pelo ator negro Augusto temístocles da Silva Costa uma galera retratados em a maioria dos dentes pois a feiura do personagem seria pelo efeito cômico segundo Moreira mas sem sentiment Adelaide personagem do programa Zorra Total interpretado pelo ator Rodrigo sant'anna seguiu o mesmo modelo cômico de Macalé e o ator se caracterizava de mulher pintava a pele de preto e colocava uma prótese que dava a impressão de que Adelaide não possui alguns dentes da frente é caracterizado como "a negra pobre desdentadas" o bordão cômico da
personagem era "a cara da riqueza" jamús um dos personagens mais populares da TV nas décadas de 1980/1990 interpretado pelo ator Antônio Carlos Bernardes Gomes era o estereótipo do bêbado um dos elementos cômicos do programa Os Trapalhões era direcionar piadas racistas ao personagem segundo Moreira o efeito cômico de Mussum era um exemplo do tipo de humor que Visa aprovar uma suposta superioridade do homem branco em relação ao homem negro uma vez que os personagens brancos eram representados de forma sóbria e por fim Vera Verão personagem interpretado pelo ator Jorge Luiz Souza Lima era estereótipo do homossexual
negro promíscuo que tentava seduzir homens de maneira direta porém sempre sendo rejeitado já Sueli Carneiro ao escrever sobre Terra Nostra novelas dos anos 1999/2000 de muito sucesso responde aos elogios de que a novela estaria contribuindo para a "autoestima da comunidade italiana cachaça no artigo "Terra Nostra só para os italianas" Sueli relembra alguns dos diálogos e assistimos ao menino tiziu reclamar de sua sorte ingrata com a seguinte frase "Deus não quis me embranquecer" imagine o impacto dessas frases na autoestima da comunidade Negra especialmente sobre as crianças negras e em outra passagem Sueli relembra o Barão do
Café Pondera com seu contratador sobre a impossibilidade de obrigar os italianos nas senzalas desertas pela Abolição dizer "são brancos trazem no coração o espírito da Liberdade não vão aceitar essa história de Senzala" então Sueli conclui considerando que os personagens negros não tem relevância na Trama a sua presença e a imagem negativa que veiculam prestam-se unicamente a ratificar a suposta superioridade do Branco nota 2 e as frases destacadas por Sueli Carneiro refletem a história da população negra no Brasil que após séculos de escravização viram Imigrantes europeus receberem incentivos do estado brasileiro inclusive com terras enquanto a
Negritude formalmente liberta pela lei áurea era deixada à margem e os incentivos para Imigrantes fizeram parte de uma política oficial de branqueamento da população do país com base na crença do racismo biológico de que negros representariam o atraso com essa perspectiva marcou a história brasileira valorizando a culturas europeias em detrimento da cultura Negra segregando a população negra de diversas formas inclusive por leis e pela esterilização forçada de mulheres negras prática que o estado brasileiro Manteve até um passado recente como comprovado pela CPI da esterilização de 1992 proposta pela deputada Federal Benedita da Silva e resultado
da pressão feita por feministas negras nos anos 80 E esses são alguns exemplos de estereótipos que confinam atores negros e atrizes negras resultando em poucas opções de personagens que não sejam marcados por essas violências simbólicas e enquanto atores brancos e atrizes brancas recebem amplas oportunidades de representação na indústria audiovisual negros e negras ainda lutam para que suas atuações não firam a humanidade de pessoas negras do mesmo modo ainda são poucos os cineastas e roteiristas e produtores negros as opções ficam limitadas como resultado do racismo estrutural e nas redações de jornais não é diferente o segundo
grupo de estudos multidisciplinar da ação afirmativa Gemma núcleo de Pesquisas sediado na UERJ em 10 porcento dos colunistas dos grandes jornais são negros no meu caso quando comecei a escrever na carta capital comentando os filmes livros ou textos de outras pessoas mais de uma vez alguém ligou furioso na redação dizendo que eu não havia entendido o que quiseram dizer eu achava curioso pois era como se a crítica de uma pessoa negra o trabalho de uma pessoa branca rompesse com o pacto narcísico e o racismo conhece o potencial transformador da potente voz de grupos historicamente silenciados
e quando assistir a um filme ou uma novela procure refletir sobre a presença ou ausência de atores e atrizes negros quantas pessoas negras estão atuando que personagens interpretam o mesmo vale para qualquer produto cultural quando for a uma exposição de arte a uma festa literária a um debate sobre poesia quando ele era um livro ou folhear uma revista e para você que pode contratar profissionais da cultura ou investir em projetos culturais reflita quem você escolhe para a equipe e quais temas estão sendo tratados Você está fazendo o que pode para contribuir para a luta anti-racista
e conheça seus desejos e afetos e as mulheres negras são Ultra sexualizadas desde o período colonial no Imaginário coletivo brasileiro propaga-se a imagem de que são nativas entre "mas eis entre aspas e naturalmente sensuais entre aspas essa ideia serve inclusive para justificar abusos contra mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual no país obviamente A questão não é sobre a sensualidade de determinada mulher assim sobre a necessidade de enquadrar as mulheres negras nesse estereótipo é importante refutar a visão Colonial que via os corpos negros como violaveis respeito muito o importante é trabalho de passista
de escola de samba por exemplo que lutam para perpetuar o verdadeiro legado do Samba o novo só deveria ser problematizado quando utilizado dentro da lógica colonial e quando Gilberto Freyre em casa grande e Senzala faz afirmações como "o que a negra da Senzala fez foi facilitar a depravação com sua docilidade de escrava abrindo as pernas ao primeiro desejo do Senhor Moço" nota um ele contribui para a fetichização as mulheres negras escravizadas eram tratadas como mercadoria propriedade portanto não tinham escolha Nesse contexto não há como negar que elas eram estupradas pelos senhores de Engenho e ao
afirmarque "nós carregamos a marca" Luiza bairros exemplifica bem a ultra sexualização dos corpos negros femininos que faz com que a imagem das mulheres negras seja a vista sobre o Prisma da exotização Oi Luiza denunciou de forma obstinada violência mascarada pelo mito da democracia racial ou pior que mascarada a marca entre aspas em vez de ser problematizada é vista como um elogio da Beleza Negra e essa sexualização retira a humanidade das mulheres pois deixamos de ser vistas com toda a complexidade do ser humano Nós Somos muitas vezes em Porto nadas tocadas invadidas sem a nossa permissão
e muitas vezes temos nossos nomes ignorados sendo chamadas de nega entre "são atitudes que parecem inofensivas mas que para mulheres negras são recorrentes e violentas e o racismo somado ao machismo já me fez passar por situações absurdas e em quando eu cursava a filosofia um colega metido a engraçado perguntou "porque você uma negra bonita está queimando seus neurônios estudando filosofia" outro me questionou porque eu não "arrumavam gringo rico para casar" a cabeça deles por eu ser uma negra bonita entre aspas meu lugar não era na universidade e a poeta escritora Elisa Lucinda tem uma frase
forte mas muito pertinente "deixar de ser racista não é comer uma mulata" A autora chama a atenção para o fato de que se relacionar com uma pessoa negra não significa ter uma consciência anti-racista o primeiro porque é necessário entender como essa relação se dá o Siena segue signos racistas como a ideia de que mulheres negras são quentes entre aspas e naturalmente e sensuais entre "o ainda se a pessoa só procura pessoas negras para relações casuais e não para um compromisso duradouro a relação é pautada pelo racismo recentemente o tema da Solidão da mulher negra se
tornou objeto de pesquisas acadêmicas e em sua dissertação de Mestrado posteriormente publicada em livro com o título virou regra Claudete Alves discute Como o racismo é um fenômeno que Abarca a dimensão afetiva e sexual da mulher negra que fica a margem das escolhas afetivas de homens brancos e negros Oi Ana Cláudia Lemos Pacheco aborda o mesmo assunto em sua tese de doutorado "branca para casar mulata para efe... Negra para trabalhar" escolhas afetivas e significados de solidão entre mulheres negras em Salvador e numa sociedade racista machista e hetero normativa as mulheres negras ficaram relegados ao papel
de servir seja na cozinha seja na cama os dados do censo 2010 mostram que as mulheres negras são as que menos se casam e entre as com mais de 50 anos elas são maioria na categoria "celibato definitivo" ou seja que nunca viveram com um cônjuge Nota 2 obviamente não pretendo sugerir com quem as pessoas devam se relacionar a questão é revelar os processos históricos que fazem com que as mulheres negras sobretudo as retinas sejam sistematicamente preteridos como se não fossem dignas de serem amadas é preciso questionar padrões estéticos que desumanizam as mulheres negras e em
seu ensaio "vivendo de Amor" Bell hooks ressalta a importância do amor na vida das mulheres negras Sobretudo o amor próprio "quando nos amamos sabemos que é Preciso Ir Além da Sobrevivência" ela afirma Esse é um entendimento fundamental para que as mulheres negras possam perceber que merecem amor em suas vidas e em outra esfera a relação de afeto por conveniência que ocorre por exemplo com a trabalhadora doméstica e apesar do avanço da legislação nos anos 2000 muitas vezes essa profissional não tem seus direitos assegurados nem condições dignas de trabalho já que segundo os seus patrões ela
é "quase da família" é mais fácil amar as pessoas negras quando elas estão "no seu devido lugar" a minha mãe foi empregada doméstica por alguns anos antes de conhecer meu pai e quando anunciou que se casaria e que a partir daquele momento não trabalharia mais sua antiga patroa tentou fazê-la desistir do relacionamento inclusive inventando histórias sobre o futuro marido e portanto Minha mãe só podia ser amada enquanto permanecesse no lugar que julgavam ser o dela é um relacionamentos inter-raciais muitas vezes as pessoas de fora dizem esperar que o filho do casal carrega e traços mais
parecidos com os genitores de pele branca no entanto atribuir uma qualidade negativa o fenótipo negro falando coisas como "cabelo ruim diz muito sobre os padrões de beleza racistas impostos em nossa sociedade como a norma é branca tudo o que difere é visto como o que não é bom e dessa forma é fundamental que pessoas brancas compreendam os mecanismos pelos quais o racismo opera pois podem reproduzir os acreditando estarem imunes por terem um marido e uma esposa ou um filho negros e para Atento ao que a pessoa negra da família relata é um passo importante hoje
fala-se muito em empatia em colocar-se no lugar do outro mas empatia é uma construção intelectual ética e política ao Amar Alguém de um grupo minorizado deve-se entender a condição do outro para que se possa de fato assumir ações para o combate de operações nas quais a pessoa amada é vítima essa é uma postura ética questionar as próprias ações em vez de utilizar a pessoa amada como Escudo a escuta portanto é fundamental o Combate à violência racial entre 2007/2018 553 mil pessoas foram assassinadas no Brasil o total de mortos é maior que o da Síria país
que enfrenta 7 anos uma guerra civil e que segundo estimativa da Organização das Nações Unidas ONU contabiliza 500 mil mortos portanto não surpreende que o tema da Segurança Pública tenha ganhado tanta importância nas últimas eleições é mas é preciso lembrar que a vítima preferencial tem pele negra e o atlas da violência de 2018 realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que a população negra está mais exposta à violência no Brasil os negros representam 55,8 por cento da população brasileira e são 71,5 por cento das pessoas assassinadas entre 2006 e 2016 a taxa de homicídios
de indivíduos não negros brancos amarelos indígenas diminuiu 6,8 por cento enquanto no mesmo período a taxa de homicídios da população negra aumentou o 23,1 por cento o segundo dados da Anistia Internacional a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil o que evidencia que está em curso o genocídio da população negra sobretudo os jovens e infelizmente o assunto só ganha destaque no debate público quando um caso muito violento chega os noticiários como brutal assassinato de Valdo dos Santos por Agentes do Exército no Rio de Janeiro no dia sete de abril de 2019 o
carro em que Valdo e sua família estavam foi alvejado por militares inicialmente divulgou-se que foram disparados oitenta e três tiros mas o total chegou a 257 marcar um e na época muitas pessoas se manifestaram diante desse absurdo o que muitas dessas pessoas talvez ignorem é que esse não foi um caso isolado e lhe entrega uma política de segurança pública voltada para a repressão e O Extermínio de pessoas negras sobretudo homens é da maior parte das vezes o judiciário é uma extensão da viatura policial não se Exige uma investigação detalhada nem se admite o contraditório para
quem é acusado pela seletividade do sistema no entanto mesmo com tantos casos comprovados de abuso policial que resultam em prisões descuidadas injustas a naturalização dessa violência levou o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a ter como súmula isto é uma decisão que de tantas vezes proferida se torna um entendimento cristalizado admitir como elemento suficiente para a condenação apenas a palavra dos policiais que efetuaram a prisão é a conhecida a súmula 70 do tj-rj reflete um entendimento comum a todos os tribunais do país segundo um estudo das Defensoria Pública do Rio de Janeiro e da
secretaria nacional de políticas sobre drogas senad do Ministério da Justiça entre março de 2016 e Janeiro de 2018 os policiais Foram as únicas testemunhas em 71 1,14 por cento dos processos envolvendo o tráfico não se trata aqui de dizer que nenhum policial é digno de crédito porém um julgamento não pode se pautar única e exclusivamente pela palavra de que entendeu pois se corre o risco de tornar o policial juiz e Carrasco do caso é historicamente o sistema penal foi utilizado para promover um controle social marginalizando-os grupos considerados indesejados entre aspas por quem podia definir o
que é crime e quem é o criminoso e no Brasil foram várias as legislações que visavam criminalizar a população negra como a lei da vadiagem de 1941 que perseguia quem estivesse na rua tem uma ocupação Clara justamente numa época de alta a taxa de desemprego entre homens negros Oi hoje a chamada guerra às drogas entre aspas serve como pretexto para uma guerra contra a população negra o tema se tornou ainda mais urgente após a lei nº 11.343 de 2006 que estabeleceu uma diferenciação subjetiva entre traficante e usuário o que Teoricamente parecia ser um avanço na
verdade contribuiu para a exploração da população carcerária e só porque quem define quem é traficante e quem é usuário é o juiz O que é feito muitas vezes com base na discriminação racial e em 2015 um homem negro teve sua condenação há 4 anos e 11 meses de prisão pelo tráfico entre aspas de 0,02 gramas de maconha mantida pelo Superior Tribunal de Justiça ele já havia sido julgado por um juiz de primeira instância e pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e o exemplo ilustrativo da produção em massa de uma população carcerária condenada por quantidades
Muito pequenas de substâncias ilícitas estão presos na verdade por sua cor o critério subjetivo acentua a já profunda discriminação racial e para comparação não à violência policial em ambientes ricos como festas universitárias mesmo sabendo-se do uso de drogas nesses lugares como ocorre nas periferias há portanto um contexto de criminalização da pobreza nós sabemos que hoje dois em cada três presos no Brasil são negros sabemos também que o tráfego lidera as tipificações para o encarceramento 26 por cento dos homens estão presos por tráfico chegando a sessenta e dois por cento no caso das mulheres e também
vale destacar aqui em 15 anos na prisão de mulheres aumentou 567, 4 por cento o segundo relatório "mulheresemprisão enfrentando a invisibilidade das mulheres submetidas a a Justiça Criminal" desenvolvido pelo Instituto Terra trabalho e cidadania ittc 68 por cento das encarceradas são negras a maioria é mãe não possui antecedentes criminais e têm dificuldade de acesso a empregos formais e como afirma Carla akotirene em sua dissertação de Mestrado o pai Prezada racismo e sexismo institucionais tomando o bonde no conjunto penal feminino de Salvador a prisão precisa ser analisada na contemporaniedade sobre alicerces interseccionais de raça classe e
gênero acotirene identifica na perspectiva das mulheres é um aspecto de sexismo e racismo institucionais em concordância com a inclinação observada da polícia em ser arbitrária com o segmento negro sem o menor constrangimento de punir os comportamentos das mulheres de camadas sociais estigmatizados como sendo de caráter perigoso inadequado e passível de punição Nota 2 ainda segundo o relatório "mulheres sem prisão" O Poder Judiciário brasileiro prende essas mulheres sem oferecer medidas alternativas e a feminista e militante antiproibicionista e antipunitivismo a Juliana Borges tomando como base o trabalho da pesquisadora e advogada Luciana Brito denunciar as violações de
direitos humanos contra essas mulheres no caso das mulheres é muito comum o relato de buscas e apreensões entre aspas invasões sem mandado de busca em seus domicílios tortura e humilhação para obter informações que se quer elas têm conhecimento relatos de prisão pela proximidade com algum familiar envolvido com o tráfico as prisões quando o transportando pequenas quantidades sendo que muitas são intimidados a fazer isso e a imensa Maioria dessas mulheres é ré primária ou seja jamais teve passagem pelos registros policiais nota 3 É como diz advogada estaduniense Michelle Alexander a confusão da negritude com o crime
não ocorreu naturalmente ela foi construída pelas elites políticas e midiáticas como parte de um amplo projeto conhecido como guerra às drogas essa confusão serviu para fornecer uma porta de saída legítima para expressão do ressentimento e do animus anti negros uma válvula de escape conveniente agora que as formas explícitas de preconceito racial estão estritamente condenadas e na era da neutralidade racial já não é permitido odiar negros mas poderemos odiar criminosas na verdade não somos encorajados a fazer isso nota 4 e há vários textos para se aprofundar no debate sobre segurança pública política de drogas e antipunitivismo
o tema é complexo porém é essencial para entender a realidade do país Especialmente quando temos elementos que indicam que está ocorrendo no genocídio da população negra numa sociedade violenta como a nossa é natural sentirmos medo e em especial dessa violência generalizada que o próprio estado promove e por isso devemos denunciar a violência policial porém é muito triste constatar por outro lado o Brasil é o país onde mais morrem policiais a maioria deles vem da classe trabalhadora muitas vezes dos mesmos lugares onde jovens negros Estão sendo assassinados e se a polícia o braço armado do Estado
opressor É também um dos lados que cai com essa guerra Como já afirmou a socióloga Denise Ferreira da Silva o assassinato dos jovens negros deveria criar uma crise ética na sociedade brasileira nossas cinco no entanto não há revolta com Tanto Sangue Derramado enquanto a enorme comoção na mídia quando a violência tira a vida de uma pessoa branca devemos nos perguntar por que não se dá o mesmo valor a essas vidas nos Estados Unidos após a absolvição do policial George Zimmerman que matou a tiros um adolescente negro trayvon Martin surgiu o importante movimento black lives matter
vidas negras importam em 2014 o grupo ficou conhecido nacionalmente depois das manifestações contra os assassinatos dos jovens Michael Brown e Ferguson Eric Garner em Nova York e E desde então o movimento vem fazendo um trabalho de denúncia da violência policial questionando políticos e incitando o debate público no Brasil existem vários movimentos e organizações engajadas em questionar o modelo positivista em combater abusos por parte do Estado como a iniciativa Negra a rede de proteção e resistência contra o genocídio o projeto movimentos o Instituto de Defesa do direito de defesa e de o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública entre outras há várias maneiras de apoiar o trabalho dessas pessoas quer seja financeiramente divulgando as iniciativas ou comparecendo em eventos e manifestações que sejamos todos anti-racistas perceber-se criticamente implica uma série de desafios para quem passa a vida sem questionar o sistema de opressão racial a capacidade de sistema de passar despercebido mesmo estando em todos os lugares é intrínseca ele acordar para os privilégios que certos grupos sociais tem e praticar pequenos exercícios de percepção pode transformar situações de violência que antes do processo de conscientização não seriam questionadas esse pequeno manual serve é assim como um
guia para adentrar debate os complexos e com desdobramentos diversos essa leitura pretende refletir na tomada de atitudes anti-racistas sobretudo para quem busca uma postura ética em sua existência é claro que é diferente os modos de percepção dos temas aqui tratados assim como ocorre com o movimento feminista o movimento negro não é homogêneo e tem Profundas discordâncias internas portanto este manual está longe de querer esgotar qualquer assunto pessoas brancas devem se responsabilizar criticamente pelo sistema de opressão que as privilegia historicamente produzindo desigualdades e pessoas negras podem se conscientizarem dos processos históricos para Não reproduzi-los este livro
é uma pequena contribuição para estimular o autoconhecimento EA construção de práticas anti-racistas é sobre a altura de Jamila Ribeiro nasceu em Santos em 1980 é mestre em filosofia política pela Unifesp colunista do jornal Folha de São Paulo e foi secretário-adjunto de direitos humanos e Cidadania do Município de São Paulo e coordena a coleção feminismos plurais da editora pólen e autora de O que é lugar de fala 2017 e quem tem medo do feminismo negro companhia das Letras 2018 seus livros também foram publicados na França e atualmente são Preparadas edições em espanhol e italiano que atua
no grupo promotoras legais populares plps que forma lideranças femininas em periferias do Estado de São Paulo que participa da formação de juízas e juízes visando o mudar o olhar judicial sobre a população negra em 2018 integrou a lista das 100 pessoas negras mais influentes do mundo com menos de 40 anos metade a sigla em inglês de extinção apoiada pela ONU em 2019 recebeu do governo francês o título de personalidade do amanhã e ganhou o prêmio Holandês Prince Claus por suas ações em defesa dos direitos humanos e da justiça social e como conferencista convidada já esteve
em cidades como Madri Paris Barcelona Berlim Frankfurt Neymar Londres Edimburgo Nova York berkley Duque cidade do cabo a Clara além de dezenas de cidades por todo o Brasil
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