VIOLÊNCIA DE GÊNERO

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Tempero Drag
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Video Transcript:
Já pensou se te dessem um lugar para existir no mundo, mas esse lugar para existir fosse sofrer violência? Bom, como você já deve ter visto em algum local desta tela, o tema do vídeo de hoje. Ai que saudade que eu estava!
Você estava também? Pois é moçadinha, a ge nte voltou é para os vídeos longos, este é o vídeo que encerra o primeiro mês da retomada Tempero Drg, 50 anos em cinco. E aí, moçada, esse é um daqueles vídeos que a gente se dedica a dar uma aprofundadinha falar sobre um tema mais presente, alguma coisa que está a acontecendo conosco ou que me tenha saltado os olhos de alguma experiência pela qual estamos passando.
O vídeo de hoje é para discutir a violência de gênero. E aí eu vou tentar fazer esse vídeo em quatro movimentos. O primeiro movimento é tirar da frente uma bibliografia que seria dar para vocês algumas indicações, já falando um pouquinho sobre elas, para que você possa, depois do vídeo ou antes ou pausar aqui, tanto faz.
Vai estar tudo na descrição como sempre, para que você possa dar sequência ao seu processo de formação de aquisição de ferramentas críticas. O segundo ponto seria que a gente tentasse então se debruçar sobre esse fenômeno do que é violência de gênero. Depois que a gente falar sobre gênero, o que seria violência de gênero?
Existe um terceiro ponto que é tentar enlarguecer o conceito, ver qual é seu limite, até onde a gente pode levá-lo, quais corpos estão sujeitos a essa violência. E, por último, pensar se existe um caminho para fora desse sistema. Lembrando, é um vídeo mais ou menos curto, então não vou conseguir me debruçar como gostaria sobre.
Mas a reflexão fica aqui como pontapé inicial. Então, talvez o primeiro movimento que a gente deva pensar é falar assim Olha, gênero é um conceito. Todo conceito tem uma gênese.
Se a gente pensar o conceito como uma ferramenta, alguém elabora um conceito para lidar com uma situação, alguém elabora um conceito para ter um instrumental para fazer, um recorte para operar, para ver alguma coisa que estava invisível ou para destacar alguma coisa que estava disfarçada. A gente tem que saber. E antes de se debruçar sobre o conceito, é importante compreender o contexto no qual aquele conceito emerge.
Então vou deixar um vídeo aqui da Jaqueline Teixeira, professora da UNB. Meu amor, olha, vou te contar que se tem uma pessoa que eu queria que viesse todo sábado aqui em casa tomar um cafezinho, é dona Jaque é muito minha amiga, mas infelizmente está fora de São Paulo agora ela era professora da educação da USP. A Jaque tem um vídeo para a Casa do Saber que ela fala sobre a trajetória do conceito de gênero.
É um vídeo curtinho, Vou deixar aqui também para você poder assistir. E a Jaque levanta essa bola de que é importante pensar o contexto no qual um conceito surge. A palavra gênero.
Nas ciências fora das ciências biológicas, ela começa a ser usada pelos saberes psi, a psiquiatria, psicanálise e psicologia. No final dos anos 60, então 1968, Robert Stoller tem um artigo no qual ele vai usar esse conceito e esse conceito vai ser importado para ciências humanas. Em 1975, por uma antropóloga da cultura Gayle Rubin, que é uma sapatão maravilhosa, BDSM, tudo o que você quiser que seja bem feito.
Dá para uma sapatão fazer. E a dona Gayle Rubin, num artigo dela sobre o tráfico de mulheres, como mulheres são circuladas como mercadorias, vai perceber e preencher uma lacuna deixada nas humanidades pela ausência do conceito de gênero. A Gayle é quem funda o conceito de sistema sexo gênero, como no Ocidente a gente produziu civilizações que a partir de uma de uma percepção de uma parte do corpo, a genitália e a partir da nomeação de uma genitália, do enquadramento de uma genitália, cria uma abstração sistêmica de posição no mundo sistema sexo gênero.
Como se pipi produzisse homem e pepeca produzisse mulher. Será que outros povos, em outros lugares, chegaram em definições diferentes? A resposta é sim.
Vou deixar artigo aqui também. A Gayle ela vai, a partir do conceito de gênero, voltar em alguns pontos clássicos das ciências humanas para fazer apontamentos de buracos que ficaram nas teorias. Então ela volta para o marxismo, em especial o Engels em A Origem da Família, Propriedade Privada e Estado.
E ela vai apontar como faltou o conceito de gênero repensar algumas questões ali. O estruturalismo francês na teoria do Levi Strauss, a gente já falou bastante dele aqui. Aliás, eu vou deixar também uma série de vidinhos do Tempero, que auxiliam a pensar esse vídeo de hoje.
Então, o estruturalismo francês, o Levi Strauss e ela vai apontar como falta esse conceito ali. E finalmente, ela se debruça sobre a psicanálise, em especial a teoria produzida pelo Jacques Lacan. Atualizando o Freud.
Esse é o trabalho que a Dona Gayle a Dona Rainha, vou chamar ela assim a Dona Rabina está fazendo ali no ensaio dela. É o ensaio que marca a humanidade para sempre. Além desse breve preâmbulo que eu estou te deixando aqui, eu vou te indicar a Joan Scott, que é uma historiadora, feminista e filósofa que produz nos anos 80 um texto que é Gênero, uma categoria útil para análise histórica.
Esse texto é de 1986 e ele é bom para você ter uma percepção de que esse conceito é capaz de operar. Logo no ano seguinte, em 1987, a Teresa de Laurentis se debruça sobre uma ideia interessante que é pensar gênero como uma tecnologia, ou seja, um conjunto de técnicas como a gente opera técnicas sociais para produzir uma ideia de gênero. Ou seja, ser mulher é dois pontos.
Ser homem é, e como existe um conjunto de saberes e de práticas, ou seja, técnicas, e como essas técnicas são administradas. Uma tecnologia produz e reproduz gênero. Ela chega a dizer no artigo dela que gênero é produzido a medida que é produzido.
Ele está o tempo todo sendo encenado e reencenado a cada nova configuração do gênero, ele vai sendo estabilizado ou desestabilizado. Mulher não pode, mas. Mas e quando acontece?
Mulher não faz. E quando faz? O homem não é?
E quando? Quando é? Então ele vai o tempo todo se mantendo estabilizado ou sendo desestabilizado.
A próxima autora é a Marília Moschkovich, né? Num texto brilhante, é a tese de doutoramento dela pela Unicamp está disponível pra você ler. Só está em inglês.
É sobre a guerra que vai haver na recepção do conceito de gênero no Brasil. Então, assim como eu estou indicando a Jaqueline Teixeira e a Joan Scott, eu estou indicando a Marília Moschkovich que faz essa análise no contexto brasileiro. Por fim, vou fazer mais três indicações.
Essa é a bibliografia básica que eu gostaria que se você vai ler para o debate. Vai se formar, você lesse, você procurar, você entendesse. Então a professora Susane Rodrigues de Oliveira, que também é professora da UNB.
O que a professora Susane, está estudando? Basicamente como gênero, é uma tecnologia colonial que vai ser exportada junto com a colonização. Quais são os efeitos da concepção de gênero em Europa quando essa concepção é exportada e forçada goela abaixo de povos colonizados que tinham outras concepções de gênero?
Quando eu fui uma vez o Rafinha Bastos, aliás, eu estava com esse mesmo look. Olha que linda! Ela é reutilizável, Ela.
Quando eu fui lá eu falo sobre concepção de povos originários de que todos os povos. Gente, em ciências humanas, não tem todos, é papo em podcast. Ciências humanas tem muita evidência, uma grande maioria, uma predominância de casos, mas que eu falo que todos os povos originários ameríndios, eles têm um sistema de gênero distintos dos europeus, isso dá para dizer, é distinto do europeu, porque é outra cosmovisão.
Agora, o que eu defendo lá que a ideia de gênero como binaridade é uma tecnologia européia que está sendo exportada, Olhar para produção da professora Susane vai nos dar algum referencial. Ela participou de um episódio do História Pirata, que é um podcast que eu amo. Foi episódio 75 que ela trabalha o conceito de gênero na América Latina pré colombiana, então antes da colonização e lá ela vai fazer um indicativo de autoras de coloniais contra coloniais pensando gênero.
Então eu quero deixar indicado da Maria Lugones colonialidade do gênero e a professora Rita Segato maravilhosa. Já fizemos o vídeo dela aqui Colonialidade de gênero. Acho que esse seria a bibliografia para você usar e para você saber que estou usando aqui manobrando nesse vídeo.
O que a gente vai entender aqui como o gênero? Gênero é um efeito de linguagem, mas dizer isso pode parecer que é algo pequeno, que é algo dócil, que é algo frágil. Não é moçada.
Efeito de linguagem é como a gente opera no mundo produções como a gente opera no mundo mudanças, enquadramentos, visões, posturas, efeito de linguagem. A ideia de que a gente produz ao falar, produz ao produzir uma política, um jeito de lidar com o público, com os corpos, com as vidas, com os espaços e gênero. É um sistema de violência, como raça, raça é um sistema de violência, como sexualidade, sexualidade é um sistema de violência, mas é um sistema de violência como ele foi produzido e manobrado na sua gênese em Europa.
A gente deve pensar aqui que todo poder instaura em si uma resistência. Quem nos ensina isso é o seu Foucault. Então, onde se exerce poder, tem resistência.
Esses sistemas, ao imporem suas violências, eles apresentam fendas e falhas e rachaduras através das quais a gente se infiltra e tenta implodi-los. O Achille Mbembe, em Crítica da Razão Negra, nos diz o seguinte palavra raça ela era usada para falar de animal, raça de cavalo, raça de cachorro, raça. Em que momento que ela começa a ser usada para falar de seres humanos?
E o seu Mbembezinho vai dizer o seguinte Moçada para de ser trouxa, vai limpar bunda com serrote. É porque a civilização europeia que se entende como norma normal, invisível, poderosa, aponta tudo aquilo que está fora da norma anormal, visível como o seu outro. Então, a ideia de raça, o Achille Mbembe vai localizar isso é um dispositivo colonial que, na modernidade, instaura essa posição de não exatamente humano.
Outra coisa, gente só tem uma raça é biologicamente falando, só tem uma raça, raça humana. Agora, a ideia de que outra cor de pele, outro formato de nariz, outra estatura vai vai fazer de você outra coisa que não é a mesma que a minha, é a produção de um dispositivo colonial para separar humanos de menos humanos. Mesma coisa com gênero, a mesma coisa com sexualidade.
Mas através dessas reinvindicações, através dessas estruturas de poder, a gente propõe estruturas de resistência e de luta. Gênero é uma violência mas nele tem uma chave de contra violência, de luta contra a violência que o instaura. E por que é que eu estou fazendo esse vídeo?
Bom, em parte, porque essa é uma das discussões centrais quando a gente pensa o cenário brasileiro. Mas o cenário mundial, essa é uma das discussões centrais do mundo. É pensar como diferenças são produzidas em desigualdades.
Genitália diferente produz uma desigualdade. Cor de pele diferente produz uma desigualdade. Como a sociedade de classes, de dominados e dominadores vai se valer dessas coisas para se justificar, para se manter como está ou para se agravar.
Pensar que a escravidão, ela é constituinte do sistema capitalista e o agrava. O sistema capitalista, na centralidade do sistema e na periferia, é bem distinto. A colonialidade na centralidade do sistema e na sua periferia bastante distinta.
Gênero blá blá blá. Se não entendeu também, meu anjo, vai acompanhar. Porque estou fazendo esse vídeo?
Porque a gente tem 2023 a publicação do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Ele compila e analisa os dados referentes a 2022. Primeiro parênteses é uma subnotificação.
Esses dados são produzidos a partir da análise de documentos oficiais, a partir do que é produzido por secretarias e pelas forças de segurança. Quando a gente olha esses números, a gente sempre tem que saber Esses números estão aquém da realidade. A realidade é mais violenta que isso, porque tem os casos que não foram investigados, que não foram levados a cabo, que não foram descobertos.
Tem aquilo que não foi denunciado, tem aquilo que não apareceu, blablablabla, bliblibli, blublublu. Mas o que esse anuário nos aponta? Que todos agora eu posso dizer todos.
As formas, os modos de violência contra mulheres aumentaram no Brasil em 2022. Quando a gente fala de violência sexual, violência patrimonial, violência psicológica, violência física, atentado contra a vida, todas as formas aumentaram. Então o feminicídio cresceu 6,1%.
A gente está falando de 1. 437 mulheres assassinadas, não no latrocínio, não num crime, não no trânsito, não na invasão de uma casa, não numa troca de tiros com a PM. Não.
A gente tá falando de feminicídio e que é um tipo de crime bem específico, onde mulheres são assassinadas porque são mulheres. Duas gangues facções rivais estão em disputa. Esse líder vai matar a esposa desse cara, a mãe desse cara, a filha desse cara para atingi-lo, entende feminicídio.
Essas mulheres, elas são assassinadas em ambiente doméstico, na maioria das vezes por seus parceiros ou ex parceiros, familiares, amigos, amigos, familiares, tudo entre aspas, porque não é de verdade. Se fosse, não matava. E a gente está falando disso.
Então teve um aumento aqui. Homicídio doloso de mulheres, onde a intenção de matar também aumentou. Denúncias de agressão tiveram aumento.
A gente está falando de mais de 245. 000 denúncias. Ameaças tiveram aumento de 7,2%, ficaram superiores a 600.
000 casos. Acionamento ao 190 por mulheres. Relativo à questão do seu bem estar, da sua segurança e da sua ameaça, foram quase 900.
000 ligações em um ano que representa cento e duas ligações por hora de mulheres no Brasil, ligando para a polícia para pedir ajuda, socorro. Quando a gente está falando de violência de gênero, esse sistema que produz duas posições, ou três ou quatro ou cinco, é que o que a gente conhece produz duas só existem ou você é isso ou você é aquilo. Não tem nada no meio.
Eles são distintos por uma genitália cada um deles é obrigado a desenvolver um comportamento ou vai ser violentado e violado e se desenvolver. Esse comportamento vai ser violentado e violado também, como todos os outros sistemas, por exemplo, o sistema racial. Ele produz horror só, mais nada.
Mas ele instaura uma dominação. Então, o sistema racial, ele produz horror para todo mundo e ele instaura uma dominação de não racializado sobre racializados. Então, aqueles corpos que recebem a marca da raça vão ser subalternos.
Agora, o sistema racial é ruim para quem? Para toda uma sociedade. Porque ele produz violência, insegurança.
Ele produz horror, ele produz barbárie. E essa sociedade vai ser ruim para todo mundo. Sistema capitalista ele produz horror, mas ele instaura dominadores e dominados aqueles que detêm capital e os que detêm força de trabalho para vender.
A partir daqui, a sociedade vai ser ruim para quem? Para todos. Mas tem um que é subalterno.
Gênero. Homens são afetados por violência de gênero, Sem dúvida, meu anjo, sem dúvida. Mas nesse sistema de dominação eles estão superiores a mulheres.
Todos eles? Não! Para de ser idiota.
Você assiste Brasil para lerdo? Nunca é todos. É caso a caso, é entender a teoria para aplicá-la é olhar para isso como uma ferramenta de decodificação do mundo.
Homem trans, pessoa não binária, pessoa trans masculina está entendendo essas pessoas que são identificadas no espectro da masculinidade são todas inimigas? Tem que. Não, meu anjo.
Roxelly toma a tela aí. Obrigada, menina. Gente!
Quais homens sofrem? Eu tive que parar o vídeo para vir aqui. Quais homens sofrem violência de gênero?
Roxelly vai colocar na tela duas manchetes a primeira delas de um menino que foi espancado, teve órgão dilacerado e ele foi morto pelo pai porque ele gostava de lavar a louça. Tá entendendo? Gênero como violência?
Tá entendendo quais homens estão alvos dessa violência? Segundo a notícia na tela, já mata dois coelhos com uma cajadada só. Olha isso pai e filho são agredidos por terem sido confundidos com um casal gay.
Então, nesse caso, são dois homens heterossexuais cisgênero sofrendo violência de gênero. Homem que é homem não se abraça, homem que é homem não dá beijo no rosto e era pai e filho. Então a notícia já continua dizendo que o Brasil é o país onde mais gays são assassinados e que em 2010 os registros foram de mais de 260 casos.
Então eu acho que isso deixa claro. Isso nos mostra quais são os homens que sofrem violência de gênero nesse sistema binário. Aliás, vou deixar um post aqui de Dr Azevedo, que é uma pessoa não binária, mas dentro do espectro que pode ser lido como masculino, que fez uma reflexão sobre pessoas trans, trans masculinas em espaços lésbicos, ou seja, pessoas que a vida toda construíram esses espaços e quando fazem sua transição, começam a ser vistas como inimigos opressores dentro dos espaços que elas construíram.
É alguma coisa pra gente aprofundar o debate volta. O que eu estou te dizendo aqui com violência de gênero é entender como esse sistema instaura uma desigualdade a partir de uma diferença que a diferença também é produzida a partir de um olhar que separa o grupo pela genital e que a partir da genital, produz espaços e lugares sociais, produz ocupações, produz profissões, produz divisão social de trabalho. É a partir desse apartamento, vai engendrar, vai gerir e gerar uma desigualdade.
Por que eu estou te dizendo isso? Pra que a gente possa também falar de violência sexual, a violência de gênero é esse espectro mais amplo. Violência sexual é quando a gente está falando, por exemplo, de assédio, importunação, est*pro e quais corpos estão mais ou menos vulneráveis.
O assédio sexual, O número quase dobrou de 2021 para 2022. A gente teve registro de mais de 6114 casos. Importunação sexual cresceu mais de um terço, 37%.
Foram 27. 530 casos. E essa série histórica faz um registro de pico de ápice de est*pro de vulneráveis.
A gente está falando aqui de pessoas menores de idade, crianças e adolescentes, na sua vasta maioria pessoas com vagina. Porque quando a gente diz sexo feminino, às vezes a gente está falando de uma criança trans que se identifica como um menino, mas a gente está falando de pessoas com vagina que foram violentadas sexualmente. É o maior número da história e a gente está falando de quase 75.
000 vítimas, 10,4% desse número. Ou seja, mais de 7400 casos eram de bebês entre zero quatro anos, 17,7 crianças entre 5 e 9 anos de idade, 33%. Ou seja, a maior fatia ficava na idade entre 10 e 13 anos de idade, ou seja, 61,4%.
Mais da metade eram pessoas com até 13 anos de idade sendo est*pradas na sua maioria mulheres e pessoas com vagina. Agora, o que é importante revelar é que o Anuário Brasileiro, que é uma pesquisa cuidadosa, criteriosa, bem feita, confiável, vai apontar que os abusadores. O perfil do abusador não é o perfil que a gente escuta o discurso conservador da extrema direita reacionário produzir.
Vamos para a primeira coisa. Não vai ter educação sexual nas escolas, ensinar as crianças a fazer sexo. Meu anjo, minha anja.
Educação sexual em escola é dar ferramenta para que jovens e adolescentes possam entender, compreender e denunciar a violência que estão sofrendo em casa. Muitas dessas crianças, ao serem importunadas, violentadas, violadas, não tem a dimensão, a compreensão daquilo que está acontecendo. Será que em todo lugar será que é assim mesmo?
Será que eu tenho. A ideia de educação sexual é instrumentalizar um país que tem um auge histórico de est*pro de vulnerável a dar a essas pessoas ferramenta de contra ataque, de denúncia, de fazer alguma coisa contra essa violência. E a gente volta para um ponto que aqui no tempero eu já trabalhei em Sei lá quantos vídeos, os abusadores ou os violentadores.
Eles não são a pessoa trans que vai ao banheiro, eles não são uma pessoa não binária no espaço de construção de política lésbica, mas homens heterossexuais cisgêneros que são próximos ou estão dentro da casa das vítimas acontece dentro de casa, à luz do dia, por um conhecido dessas vítimas, 82,7% dos casos, o abusador é conhecido da vítima. A ideia de um desconhecido est*prando é apenas em 17% dos casos. E aí o ponto primeiro que a gente tem que entender, talvez que o que eu quero trabalhar aqui é essa ideia de que o Brasil é um país de abusadores e est*pradores é entender que essa periferia do capital, que essa história de construção, de papel, de hipersexualização e de como aparece na cultura, na música, na TV, na novela, como cristaliza essa experiência social?
A gente está falando de um país de violência, de gênero, assim latente, mas também de violência sexual. E aí, quando a extrema direita fala pela família. Bom, é a família que produz essa violência, a maioria exorbitante dos casos o estuprador, o agressor é pai, tio, avô, irmão, primo e está dentro de casa.
Essa família pela qual é advogada, ela é o motor dessa violência de gênero e sexual que a gente está tentando tratar nesse vídeo. Então, falar de família como panaceia, remédio para todos os males é um absurdo. É um discurso descolado da realidade que não serve pra nada.
Qual família que a gente está falando? Dessa que est*pra e mata? Mas tem outra coisa do micro sobre o qual eu queria falar.
Eu gravei um programa com o Rodrigo Hilbert, que é um amigo que é o Tempero de Família, o programa dele na GNT, e eu participei dessa última temporada. Rodrigo é meu amigo de longa data, porque eu sou amiga da esposa dele, da Fernanda Lima, maravilhosa, Meu amor passa aqui em casa para tomar um café vagab*nda e a gente se liga, se telefona, tá junta, vai tomar café, almoça toda vez, está no mesmo lugar, sai junto e quer fazer um podcast juntas. Vocês estão sabendo?
Novidades. E a Fernanda. Já gravei programa com ela.
Tiriri, Tarara, Tururu. Quando eu estava com o Rodrigo, estou, portanto, com um amigo em cena fazendo o jogo de cena, que é isso que ator e atriz faz ler uma peça de teatro ou uma brincadeira, ou um jogo, um jogo de cena. E aí tem um momento no final da receita que a gente prepara e tal, quando vai servir e eu não estou conseguindo utilizar o acessório a escumadeira, a colher para colocar falafel no prato.
Eu falo assim pro Rodrigo. Eu posso pôr a mão? E ele fala por favor.
E eu ponho a mão no rosto dele e ele gargalha e a gente começa a gargalhar e volta para a receita. Posso por a mão? Por favor Adorei.
Aquele jogo de cena é produz uma piada engraçada. As pessoas repostam, tarara. E aí pessoas de extrema direita como que a gente sabe que são pessoas de extrema direita, fotos de óculos escuro dentro de carro e com um chapéu e boné.
Voltando. Homens de extrema direita vão lá comentar assim algumas mulheres também, mas na sua maioria homens. O assédio que a esquerda gosta.
A importunação sexual permitida pela turma da lacração. Oi? E aí a gente precisa entender o seguinte a gente está falando ou de duas coisas ignorância colossal, jogo de cena, dois amigos, mão no rosto.
Assédio? A configuração criminal de assédio. Ela requer uma ideia de hierarquia, por exemplo, assédio sexual ou moral no trabalho requer uma hierarquia diferente para que haja configuração ali.
É um jogo de cena entre dois atores e atrizes e onde existe uma mão na bochecha. Entende que a palavra assédio, importunação, est*pro a gente está usando para tipificar casos nos quais bebês, crianças de 0 a 3, de 3 a 10, entre 10 e 13 estão sendo violentadas, est*pradas dentro de casa. Então, ou a gente está falando de uma ignorância colossal.
Ou a gente está falando de um discurso de má fé, manobrado pela extrema direita que fala mão no rosto, assédio. Não pode assédio, então, não pode nada. Então, essa ideia de proibir tudo, de tá tudo errado.
Agora, magicamente, nesse vídeo aqui que vocês estão vendo, a Roxelly tomou a tela outra vez. Ninguém da extrema direita veio comentar, ninguém tomou as redes sociais. Quando é o Gusttavo Lima, o cantor do agro que estava desviando dinheiro de prefeitura no interior do estado, que estava drenando Secretaria de Cultura para fazer show para o Bolsonaro.
Ninguém vai falar nada e ele enfia a mão uma patolada bem da gostosa no pau do outro cantor agora e eu colocando a mão na bochecha do Rodrigo Hilbert e eu perdi ai uma drag na fogueira. Agora o cantor enfiando a mão no saco do outro a brotheragem amiguinhos. Quer dizer né gente?
Só que tem ainda uma outra coisa que eu queria mexer um vídeo de violência de gênero, que é o seguinte. A experiência de ter o seu corpo encaixado em um gênero e por alguém que não é você, mas por você também, ela vai sempre produzir violência. De que forma?
Vem comigo? Aliás, leia aqui. Será que eu consigo pegar aqui?
Consigo. Os fins do sexo. Como fazer política sem identidade, da Maíra Marcondes Moreira, que eu escrevi o prefácio também uma grande amiga, maravilhosa psicanalista.
A ideia de que toda vez que há essa enquadração de gênero, a proposta, a gente está falando de violência. Então existe um outro vídeo postado nas redes sociais do Rodrigo Hilbert ensinando a receita. No episódio que ele me recebe, ele está com a unha pintada de preto.
Os comentários e a gente está discutindo é Deleuze e Gatari e a gente está falando sobre educação na era da rede social e os comentários do vídeo em uma parte expressiva são sobre a unha pintada do Rodrigo e mulheres e homens falando Chega de lacração. Estou deixando de assistir. Acompanhava o Rodrigo até aqui, mas essa unha pintada é o escambau.
Eu te detesto. E aí eu estou pensando. Anjo.
O que é isso que produz esse aqui que é essa? E aí a gente tem um caso bem pequenininho, bem minúsculo bem esmalte. Bem à superfície, para você ver do que a gente está falando.
O galã brasileiro, o homem mais bonito, pintou a unha de preto e agora ele é odiado. Agora ele é o inimigo. Agora ele tem que ser morto, assassina, agora perde audiência.
Agora nunca mais assisto. Agora, o que é isso que a gente está falando. Mas vai além, pensar gênero como essa dimensão adoentada de uma sociedade é saber que a Organização Mundial da Saúde, até 2019 considerava uma pessoa trans, uma pessoa doente mental.
Qual é a doença mental da pessoa trans? Ela acha que tem gênero, você não acha não? Meu anjo, minha anja, acompanha aqui rapidinho.
Você faz o buço? Você depila axila? Você arranco os pelo da perna?
Por quê? Para não sofrer violência de gênero. Então vem comigo.
Ideia de mulher. Mulher não tem pêlo. Claro que mulher tem pêlo.
Katsu! Né Vocês me desculpem eu chique desse jeito, tendo que falar um palavrão em italiano. É claro que todo ser humano tem, todo mamífero tem pêlo.
Agora experimenta deixar o pêlo no seu rosto, experimenta não fazer o buço, experimenta perceber como você deixa de ocupar a categoria ser humano e passa a ocupar a categoria lixão. Suja, imunda, nojenta, monstro! Experimenta deixar o pêlo da axila, o pêlo do braço, o pêlo da.
Uai, ser humano tem pêlo. Porque que eu vou precisar arrancar todos os pêlos do meu corpo para existir? Violência de gênero.
Ou você ocupa essa caixa ficcional inventada, ou você vai ser morto e morta. Então, desde qual operação eu posso fazer no meu corpo até se eu posso ou não ter pêlo? Passa pela política de dimensão da violência simbólica, real, material, patrimonial, psicológica, de gênero.
Qual eu acho que a coisa que eu estou tentando costurar aqui você me diz nos comentários se estamos costurando juntas e juntos. É mostrar gênero como o sistema de enquadramentos de produção de sujeitos e todo o sistema de produção de sujeitos é violento, mas dentro dele existe mecanismo para lutar historicamente. Bibliografia Isso como isso, que violência isso produz no mundo real?
O Anuário de Segurança Brasileiro Segurança Pública Como estão os números, os casos tipificados e investigados, mapeados e como está o discurso? E aí tentar mostrar a incongruência que existe entre essas duas coisas. Acho que um apontamento final desse nosso vídeo é que a gente seja capaz de pensar como a gente poderia ser uma sociedade de corpos emancipados para terem ou não pêlos, pintarem ou não unhas existirem, poderem ou não engravidar, terem auxílio Se vão ter parturientes ou não, amamentar ou não.
E que todos essas diferenças estivessem resguardadas politicamente. Como fazer política sem identidade? Através do corpo Qual corpo pode o que?
E que todos os corpos pudessem e que, podendo, fossem protegidos e resguardados Isso seria política de vida, em oposição à política de morte que a gente conhece aqui, agora, que é esse é seu trabalho. Você faz isso porque Deus quer, porque essa sua genitália, porque e ao fazer esse trabalho, você vai sofrer violência. Talvez um jeito de encerrar é pensar a Simone de Beauvoir, materialista francesa, filósofa, que no meado do século XX vai escrever O Segundo Sexo, o primeiro trabalho de filosofia feminista europeu.
E nesse trabalho ela vai dizer a situação desse sujeito menorizado. A mulher cortam a asa e depois culpam por não voar. Ou seja, cria-se uma condição subalterna num sistema e depois culpa o sujeito que está subalternizado pela condição dele.
Como é que a gente implode o sistema que cria papéis e prescrições sobre quem a gente pode ser? Afinal de contas, essa galera da direita não diz que advoga pela liberdade? Que liberdade que é essa?
É de matar, né? Bom, então é isso, moçada, A gente se vê no vídeo longo mês que vem, mas todo mês a gente está soltando nessa. Esse foi o último vídeo que a gente soltou nesse mês.
Rita Em cinco minutos. Comunicação de esquerda como é? Como existe?
referência bibliográfica. Mulheres F*da da Bell Hooks. Conhece Dona Bellzinha?
Não? E o que está fazendo aqui? otário!
Otária! Vai lá estudar! ABC do socialismo, Primeiros Passos.
Que história é essa de derrubar o capital? Não tá dando ideia. Sempre estou.
E agora por fim, esse vídeo longo sobre violência de gênero. Todo mês vai ser assim. Quatro vidinho tarará.
Tchururu, tá? Não esqueça de apoiar a gente, meu anjo. E agora vem o agradecimento de todo mundo que está apoiando.
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