Estamos na África há cerca de um milhão e meio de anos. Seres humanos como eu e você ainda não existem. E os primeiros capítulos da nossa história são escritos por espécies mais antigas, que já eram bem parecidas com a gente.
Este é um dos nossos antepassados. Ele é um Homo erectus, mas ele não tem um nome. Então, cabe a nós batizá-lo.
Podemos chamá-lo de. . .
Que tal Isati? Sim. Esse parece ser um ótimo nome.
"Isati" é uma palavra da língua amárica, o idioma oficial da Etiópia, um país com um papel importante na história da humanidade. E é ali, no leste da África, bem na região da Etiópia, que está o Vale do Rift, o lugar considerado o berço da humanidade. Mas o nome de Isati serve também para mostrar que esse Homo erectus é mais importante do que você imagina.
Isati ainda não sabe, mas ele está prestes a fazer uma descoberta que irá mudar a história. Afinal, "isati" é a palavra em amárico para fogo. A descoberta do fogo mudou drasticamente a história da nossa espécie.
Ela mudou o nosso corpo, nossa alimentação, até mesmo nossos hábitos. E, mais importante que isso, sem o fogo, nós difícilmente teríamos conseguido nos tornar a espécie dominante do nosso planeta. Mas você sabe como essa revolução aconteceu?
Então vem comigo fazer um passeio pelo início da jornada humana no planeta Terra. Olá, meus queridos amigos, tudo bem com vocês? Depois de quase três anos, o Nostalgia Ciência está de volta!
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Mas vamos lá. É hora de conhecer a história do fogo. Durante muito tempo, os pesquisadores achavam que a primeira fogueira criada por um primata teria surgido onde hoje está a China.
Só que estudos mais recentes fizeram essa ideia deixar de ser consenso no mundo acadêmico. A verdade é que tem muita coisa sobre os primeiros humanos que ainda não sabemos com certeza. Mas eu posso contar uma história que vai te ajudar a entender melhor como os nossos antepassados podem ter descoberto as maravilhas do fogo.
Nossa investigação pode começar aqui nas Gruta sdo Rio Klasies, na África do Sul. Esse local possui vestígios de fogueiras usadas por seres humanos para assar carne e vegetais há cerca de 120 mil anos. Esta talvez seja a primeira cozinha da história, mas não está nem perto de ser a fogueira mais antiga que conhecemos.
Na caverna de Qsem, em Israel, especialistas encontraram o vestígio de uma fogueira ainda mais antiga, criada por seres humanos entre 300 mil e 400 mil anos atrás. E essa ainda não é a mais antiga de todas. Mais recentemente, nas cavernas de Wonderwerk também na África do Sul, pesquisadores encontraram sinais daquela que pode ser a fogueira mais antiga da história e que teria sido acesa cerca de um milhão de anos atrás.
Então, a descoberta do fogo provavelmente aconteceu bem antes do que você imaginava, né? Certo, mas ainda não sabemos como esse fogo foi descoberto. Para isso, vamos observar mais uma vez o nosso querido amigo Homo erectus, Isati.
Isati vive num mundo perigoso, mas já tem alguns recursos importantes para sobreviver. Os Homo erectus tinham a capacidade de caçar em grupos coordenados e cuidar de companheiros doentes, além de usarem ferramentas de pedra. Tá, mas.
. . E o fogo?
Isati conhece o fogo, pois já viu árvores e moitas em chamas, seja por causa de raios ou de atividade vulcânica. Ele sabe que o fogo emite luz e calor e pode machucar também. Mas ele sabe, principalmente que o fogo não pertence a ele nem ao seu bando.
É algo da natureza. O máximo que Isati e seus amigos conseguem, é transportar o fogo. Um galho em chamas, por exemplo, pode ser usado como tocha.
Mas quando esse fogo se apaga, o mundo de Isati volta a ser escuro. Ele e seu bando conhecem o fogo, mas não sabem como criá-lo. Porém, isso vai mudar essa história agora mesmo.
Um belo dia, Isati encontra algumas pedras e começa a brincar com elas. Ele joga as pedras para o alto, lança contra a parede de sua caverna. Até que uma hora Isati resolve esfregar uma pedra na outra e acaba vendo algo surpreendente: uma faísca.
Ele não sabe direito o que é aquela luz, mas ela desperta sua curiosidade. Isati passa a esfregar uma pedra na outra com cada vez mais força e velocidade para produzir mais luzes como aquela. Assim, novas faíscas vão surgindo e quando uma delas cai no mato seco que está ao seu redor.
. . O mundo de Isati e seu bando finalmente é iluminado!
E o mesmo vale para a história da humanidade. A descoberta do fogo é um dos maiores avanços na vida de Isati. O fogo deixa as noites menos frias, escuras e perigosas.
Quase nenhum predador se aproxima das fogueiras e os poucos que se arriscam são facilmente detectados pelo bando. E, provavelmente, pouco tempo depois que Isati usou o fogo para afugentar um predador, percebeu que as chamas poderiam ser usadas como arma em caçadas, servindo para encurralar suas presas. Afinal, todos os animais, inclusive os mais ferozes, parecem ter medo do fogo.
Então, o fogo deixou as caçadas mais fáceis e também trouxe mais tipos de comida para os nossos antepassados. A habilidade de cozinhar trouxe uma nova gama de alimentos para a nossa dieta. Arroz, batata e trigo jamais estariam no nosso cardápio sem o fogo.
E o fogo também fez os dias ficarem maiores. Mas isso não tem a ver com as noites serem iluminadas pelas fogueiras, e sim com o tempo necessário para as refeições. Os chimpanzés, por exemplo, passam cinco horas por dia mastigando alimentos crus.
Porém, a comida de Isati é cozida, então ele precisa de apenas uma hora para se alimentar, tendo tempo de sobra para outras tarefas e para novas descobertas. A fogueira tornou a vida de Isati mais confortável e também mais divertida. Afinal, os membros do seu bando logo descobriram um novo passatempo.
Ficar acordado até mais tarde, conversando ao redor do calor da fogueira. Hoje, quando você fica de madrugada batendo papo com seus amigos na internet, está apenas repetindo um comportamento de Isati e seus amigos. Mas o impacto do fogo foi muito além das mudanças na alimentação e no cotidiano de Isati.
Afinal, no momento em que acendeu sua fogueira, ele fez algo que nenhum animal conseguiu até hoje: controlar a natureza. Não é à toa que, depois disso, a história da humanidade foi escrita com fogo. É só avançarmos um pouco no tempo.
Milhares de anos depois, os descendentes de Isati já são bem diferentes dele. E algumas dessas mudanças só foram possíveis graças ao fogo. Uma delas está nos dentes.
Como os alimentos cozidos são mais macios, os Hominídeos não precisavam mais de presas afiadas para rasgar a comida. Graças ao fogo, os descendentes de Isati já possuem dentes menores que ele e muito mais parecidos com os nossos. Eles também são capazes de pensamentos mais complexos que seus ancestrais.
Isso também está ligado à primeira fogueira. Nossos antepassados não faziam ideia disso, mas ao cozinhar o alimento no fogo, eles aproveitavam muito mais nutrientes dessa comida. A dieta ficou mais nutritiva, possibilitando um maior desenvolvimento do nosso corpo e, principalmente, do nosso cérebro.
E, acredite se quiser, essa mudança cerebral também passa pelo intestino. A comida cozida é mais fácil de ser digerida, então o intestino dos nossos antepassados começou a diminuir. Como o cérebro e o intestino estão entre os órgãos que mais consomem energia do corpo essa mudança abriu uma espécie de espaço energético para o desenvolvimento do cérebro.
Eu não sei se você sabe, mas temos em média cem milhões de neurônios só no nosso intestino. O fogo criou mudanças físicas, comportamentais e também geográficas. Isati nem imaginava que sua descoberta faria com que seus descendentes morassem em lugares com os quais ele nem sonhava.
Sim. Com o passar do tempo, muitos humanos deixaram a África rumo a outras regiões do planeta. Porém sem controlar o fogo, eles jamais teriam se aventurado pelos locais mais gelados da Europa e da Ásia.
Pense nos primeiros humanos que pisaram na América. Acredita-se que eles cruzaram pontes de gelo que ligavam os continentes asiático e americano. Sem o fogo, essa viagem nunca teria acontecido.
O momento em que o homem controla o fogo é um dos pontos mais importantes da nossa história. E conforme os séculos foram passando, esse elemento se tornou cada vez mais constante na vida humana. Ele esteve envolvido na produção de armas e ferramentas de metal e também na arte, dentro dos fornos usados na criação de estatuetas e vasos de cerâmica.
Isso, claro, sem falar na religião. Tochas e fogueiras acesas em templos espalhados pelas primeiras aldeias e cidades. Como eu disse, nossa história foi escrita com fogo.
Isso vale para o bem e para o mal. Pois nós não demoramos para descobrir que o fogo também era uma poderosa arma de destruição. Se no começo ele era usado como arma apenas em caçadas, logo se tornou essencial em guerras.
E aqui estou falando tanto de guerras entre humanos de tribos diferentes, mas, principalmente, da guerra que os humanos travam contra a natureza. Pouco tempo depois que os nossos antepassados controlaram o fogo começaram a surgir as primeiras queimadas. Florestas passaram a ser incendiadas para criar campos abertos, com animais mais fáceis de serem caçados, né?
O tempo foi passando e queimadas com outros objetivos foram surgindo. Os povos indígenas e as comunidades tradicionais, por exemplo, utilizam o manejo do fogo para abrir áreas usadas no cultivo de lavouras ou na criação de animais em pequena escala. Essas queimadas, claro, são sempre controladas e nunca ultrapassam quatro hectares de terras.
E claro, são feitas com a aprovação de autoridades. O problema real são as queimadas criminosas, que aumentaram muito nos últimos anos. Elas são executadas por proprietários rurais que não têm nenhum compromisso com a questão ambiental, ou então, por pessoas que querem se apropriar ilegalmente de alguma área de terra, que são os famosos grileiros.
Aqui no Brasil, a floresta amazônica é uma das que mais sofrem com essas queimadas. Centenas de espécies de plantas e animais da Amazônia já foram afetadas por isso. Então, é importante conhecer um pouco a história de como o fogo nos ajudou a evoluir e como podemos usá lo de maneira construtiva.
Afinal, só conseguimos chegar aonde chegamos trabalhando com a natureza ao nosso lado. Pessoal, agora vocês viram como o fogo mudou completamente a nossa história. E se vocês gostaram da volta do Nostalgia Ciência, não esqueça de deixar um gostei aqui embaixo pela volta do programa.
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Ele é um dos maiores saltos tecnológicos que a humanidade deu na história. Foi graças ao fogo que demos um "chega pra lá" em animais muito maiores que a gente. Isso nos ajudou a chegar ao topo da cadeia alimentar.
Sem a fogueira de Isati, nossa jornada até aqui teria sido muito diferente. Aliás, é bem provável que nós sequer estaríamos aqui. Muito obrigado pela audiência e lembrem-se: mantenham-se sempre curiosos!
Obrigado. Esse vídeo que você assistiu contou com a pesquisa e revisão dos especialistas do FTD Sistema de Ensino. Para saber mais sobre o FTD e nossas fontes, dê uma olhadinha aqui na descrição!