Milionário estéreo fica chocado ao ver quatro crianças idênticas a ele na rua, uma verdade que ninguém imaginou. Mateus Giácomo era um homem que poucos ousariam descrever como vulnerável. No auge dos seus 40 anos, o milionário da indústria hoteleira carregava o tipo de confiança e frieza que afastava quem ousava se aproximar mais do que ele permitia.
Para muitos, Mateus era o arquétipo do homem que tinha tudo: fama, fortuna e uma vida repleta de eventos luxuosos e belas companhias. Ele estava sempre acompanhado de Patrícia, uma socialite com quem compartilhava um relacionamento tão conveniente quanto superficial. Ela era a mulher que circulava ao seu lado em jantares de gala e premiações, que posava para fotos com ele e sabia exatamente como agradar a sociedade que ambos frequentavam.
Patrícia, com sua ambição evidente, via em Mateus a chance de consolidar um futuro seguro e prestigiado. Para Mateus, porém, ela era apenas um ornamento útil, mas nunca alguém com quem ele planejava o amanhã. Naquela manhã de sábado, enquanto o sol ainda estava preguiçoso no céu, Mateus decidiu se exercitar no Parque Central.
Ele vestia um conjunto esportivo simples, mas sua presença chamava atenção. A rotina matinal de correr era um dos poucos momentos em que ele realmente relaxava, onde deixava o peso do trabalho e das aparências para trás. Seu caminho, repleto de árvores e jardins bem cuidados, estava particularmente movimentado naquele dia, com famílias aproveitando o clima ameno e crianças espalhadas pelo gramado.
Enquanto corria em direção à área aberta do parque, algo em comum capturou seu olhar. Perto de um playground, ele viu quatro crianças brincando alegremente, suas risadas se misturando ao ar fresco da manhã. Mas o que realmente chamou sua atenção foi o rosto das crianças.
Uma estranha sensação invadiu-o; ele se pegou parando de correr e observando aquelas crianças, incapaz de desviar o olhar. Era como se estivesse diante de um espelho ou de versões mais jovens de si mesmo. A cor do cabelo, a intensidade no olhar, o formato das sobrancelhas, tudo parecia gritar uma familiaridade que Mateus não conseguia explicar.
Intrigado, ele se aproximou mais, ignorando o leve suor que escorria pela testa e o batimento acelerado de seu coração. Perto das crianças, uma mulher estava sentada em um banco, observando-as com sorriso nos lábios e uma tranquilidade que parecia ter sido esculpida em seu rosto. Mateus precisou de alguns segundos para perceber quem ela era.
Seus olhos, que normalmente permaneciam frios e impenetráveis, vacilaram ao reconhecê-la. Era Bia, uma mulher com quem ele havia compartilhado uma noite inesquecível anos atrás. A surpresa o atingiu como um soco, e a curiosidade que o dominava empurrou-o para a frente.
"Bia," ele sussurrou, mais para si mesmo do que para ela. Ao perceber sua presença, ela ergueu o olhar, e seus olhos se encontraram em uma troca de surpresa mútua. Mateus notou um leve tremor em seus lábios, antes que ela fitasse-o com uma expressão de alerta, como se quisesse proteger algo ou alguém.
Ele desviou o olhar para as crianças novamente. Com um misto de incredulidade e determinação, deixou escapar a pergunta que o atormentava: "Essas crianças. .
. elas são minhas? " Bia respirou fundo, e seus olhos endureceram, mas não de raiva.
Era um olhar que revelava cicatrizes de alguém que já enfrentou uma batalha silenciosa e solitária. Ela respondeu com firmeza, mas sua voz trazia uma sombra de dor: "Sim, Mateus, eles são seus. Talvez você não seja tão estéril quanto imaginava.
" O impacto daquelas palavras o atingiu com força. Sua suposta infertilidade sempre fora ponto final em seus relacionamentos. Ele nunca pensou em filhos, nunca se imaginou como pai.
Para ele, isso fazia parte de uma vida distante, quase surreal. No entanto, ali, no parque, ele encarava não apenas uma, mas quatro vidas que, de acordo com Bia, eram parte de si. Mateus sentiu uma mistura de emoções que ele mal conseguia processar: raiva, surpresa e uma pontada de algo que ele não sabia definir.
"Por que você nunca me procurou? Por que não me contou antes? " perguntou, sua voz carregada de uma fúria contida.
Bia olhou em seus olhos, e ele percebeu uma chama de orgulho e independência ali. "Eu tentei, eu realmente tentei te encontrar, Mateus, mas não tínhamos trocado números nem endereços. Tudo que eu sabia sobre você era o seu nome e a imagem que ficou daquela noite.
Procurei por você no clube onde nos conhecemos, mas ninguém sabia me dizer nada sobre você. Eu tive que seguir em frente. " Essas palavras perfuraram Mateus de uma forma que ele não esperava.
A ideia de que ela tivera que enfrentar tudo sozinha, sem qualquer ajuda ou apoio, fez com que ele sentisse uma culpa profunda. Ele nunca pensou nas consequências da sua vida descompromissada, em como seus momentos passageiros poderiam gerar algo tão permanente. As crianças ainda brincavam, enquanto a tensão entre os dois adultos corria.
Mateus observou de novo, e, dessa vez, algo dentro dele se quebrou. Ele enxergou nelas uma continuidade de si, algo que ele nunca imaginou que existisse. Sentiu um impulso quase incontrolável de se aproximar, de entender aquelas pequenas vidas e o impacto que ele inconscientemente causou.
Bia, percebendo a intensidade em seu olhar, suspirou e suavizou o rosto. "Eles são apenas meus, Mateus, sempre foram. Eu os criei sozinha.
Dei tudo de mim para que tivessem uma vida feliz. Não estou aqui para te pedir nada. Só esteja preparado para o que isso significa.
" A profundidade de suas palavras fez Mateus perceber que ele não estava diante de uma simples questão de paternidade. Havia ali uma escolha, uma responsabilidade que ele nunca havia considerado. Aquela mulher e aquelas crianças eram agora uma encruzilhada em sua vida, e, pela primeira vez em muito tempo, Mateus se viu sem controle, sem a certeza de quem ele era ou do que realmente queria.
Ele permaneceu ali em silêncio enquanto Bia se levantava, chamando as crianças para irem embora. Mateus observou, enquanto elas se afastavam, as mãos. Dadas, formando uma pequena fileira ao lado da mãe, cada passo que davam parecia levar consigo algo que ele nem sabia que buscava: uma família, um sentido, ou talvez a chance de ser alguém diferente.
Mateu ficou parado, observando a figura de Bia e das crianças desaparecendo lentamente entre as árvores do parque. Uma névoa de emoções o envolvia, algo que ele não sabia nomear; era como se, de repente, seu mundo sólido e cuidadosamente construído estivesse se dissolvendo diante de seus olhos. A revelação de Bia ainda pulsava em sua mente, ecoando como uma verdade que ele não queria, mas que agora não podia ignorar.
Ele passou o resto do dia em um estado de agitação e descrença. Quando chegou ao seu luxuoso apartamento, os detalhes que costumavam trazer-lhe conforto agora pareciam frios, sem sentido. O silêncio era quase sufocante, interrompido apenas pelo som distante do trânsito da cidade.
Ele deixou-se cair no sofá, afundando a cabeça nas mãos. Como Bia poderia ter mantido algo tão monumental em segredo? Mas logo a lembrança da conversa voltou; cada palavra o cortava.
A raiva de Mateu crescia, mas ao lado dela, uma pontada de dúvida: e se, de fato, ela tivesse tentado? Ele não deixou um número, não perguntou nada sobre a vida dela; foi apenas uma noite, sem promessas, sem qualquer ligação, mas agora quatro vidas eram o resultado daquela noite. O telefone de Mateu tocou, interrompendo seus pensamentos.
Era Patrícia, com a voz despreocupada de sempre. Ele quase se arrepiou ao perceber o contraste brutal entre a superficialidade daquela ligação e o turbilhão que passava em sua mente. — Mateu, querido, achei que fosse me buscar para o jantar.
Está atrasado, sabia? — A voz dela soava irritantemente leve, como se ela pudesse simplesmente desar seus sentimentos e assumir o papel de anfitriã charmosa que todos esperavam. — Hoje não vai dar, Patrícia.
Tive uma situação inesperada — ele respondeu, tentando manter a voz estável; a última coisa que queria era uma conversa longa e desnecessária. Patrícia resmungou, mas Mateu sequer ouviu o final da ligação. Desligou, ignorando o desconforto, e passou as mãos pelo rosto, tentando se recompor.
Ele sabia o que precisava fazer: enfrentar Bia e entender, de uma vez por todas, o que havia acontecido. No dia seguinte, logo ao amanhecer, Mateu já estava no parque, caminhando de um lado para o outro, sem saber ao certo como abordar a situação, mas determinado a ter respostas. Não demorou para que avistasse Bia ao longe, andando calmamente ao lado das crianças, que estavam animadas e inquietas.
Ele se aproximou sem hesitar, mas Bia notou e parou. Havia uma expressão de desafio e proteção em seu rosto; ela parecia preparada para um embate, como se já soubesse o que viria a seguir. — Precisamos conversar — disse Mateu, sua voz carregada de um tom firme que tentava disfarçar o tumulto interno.
Bia suspirou e assentiu, chamando uma amiga que estava por perto para ficar com as crianças enquanto eles se afastavam. Assim que estavam a uma distância segura, Mateu a encarou: — Por que você não me encontrou? Como você teve quatro filhos meus e nunca me procurou?
A resposta de Bia foi calma, mas seus olhos demonstravam uma mistura de mágoa e resignação. — Eu tentei. Acredite, eu realmente tentei.
Mas você deixou alguma pista para eu te achar? Mateu, não nos conhecemos. Você não deixou um telefone nem um sobrenome.
Tudo que eu tinha era o seu primeiro nome e um rosto que minha memória poderia descrever. Fui até o clube onde nos conhecemos várias vezes, tentando descobrir qualquer coisa sobre você. Eles não me deram nenhuma informação e eu… eu estava sozinha.
Mateu ouviu aquelas palavras como quem recebe um golpe certeiro. A raiva inicial começou a se dissolver, substituída por uma estranha e dolorosa compreensão. Ele havia criado a situação para que fosse assim, mesmo que, de forma inconsciente, havia se blindado de qualquer laço, de qualquer intimidade que pudesse ameaçar seu controle.
— E você decidiu… você decidiu seguir com tudo isso sozinha? — Sua voz estava mais suave, mas ainda havia uma amargura mal disfarçada. — Sim, Mateu — Bia respondeu, mantendo o olhar fixo.
— Eu tive que decidir. Quando descobri que estava grávida, fui tomada pelo pânico, sozinha, sem ninguém para me apoiar, sem dinheiro suficiente para criar quatro crianças. Mas eles são parte de mim, e eu sou tudo que eles têm.
Não é algo que você pode entender com facilidade, mas ao longo dos anos, eu aprendi a ser forte por eles. Eu não tive a escolha de desistir. Aquelas palavras tocaram um nervo em Mateu que ele nem sabia que existia.
Ele, que sempre se orgulhou de sua independência e autossuficiência, agora se via diante de alguém que verdadeiramente conhecia o que era enfrentar a vida sozinho. — Bia — ele começou, com a voz levemente trêmula — eu… eu não sei o que dizer. Isso, isso tudo é novo para mim.
É muito… mas eu quero conhecer essas crianças, quero ser parte da vida deles e quero, quero entender o que você passou. Bia observou em silêncio e, por um momento, Mateu teve medo do que ela diria a seguir. Seria tarde demais?
Ele sabia que havia muito a provar, mas algo em seu peito dizia que ele queria tentar. — Você pode tentar — Mateu respondeu, ela finalmente, com um leve aceno de cabeça — mas saiba que eu não permitirei que você entre na vida deles e depois os abandone. Se vai se comprometer, tem que ser de verdade.
Eles não precisam de alguém que vá e venha. Eu já fui suficiente para protegê-los disso e não hesitarei em continuar. Aquelas palavras atingiram Mateu como um desafio, um teste ao qual ele não estava acostumado, mas, pela primeira vez, ele sentiu que tinha algo a provar, não apenas para os outros, mas para si mesmo.
— Eu entendo — Bia disse, com mais firmeza do que esperava. — Vou me comprometer. Quero conhecê-los e quero estar presente.
Bia soltou um leve suspiro e seus. . .
Olhos, embora cautelosos, carregavam uma pontinha de esperança. Mateu percebeu que, pela primeira vez, ele estava prestes a entrar em um mundo que desconhecia completamente, mas do qual agora não podia abrir mão. Enquanto eles voltavam ao parque onde as crianças o esperavam, Mateu sentiu dentro de si que algo irreversível havia começado.
Nos dias que se seguiram ao encontro de Mateu com Bia e as crianças, uma mudança sutil começou a emergir na vida dele. Mateu, que sempre havia carregado uma aura de certeza e autossuficiência, sentia-se agora em constante estado de reflexão, como se o peso de suas escolhas anteriores tivesse finalmente começado a se manifestar. Ele estava decidido a conhecer os filhos e a estar presente na vida deles, mas sabia que sua jornada mal começara e que o passado que carregava com Patrícia logo se chocaria com essa nova realidade.
Como esperado, não demorou para que Patrícia soubesse da presença de Bia e das crianças. A notícia parecia ter se espalhado rapidamente entre os círculos sociais que ambos frequentavam, e quando Patrícia o confrontou, sua expressão era de desgosto e incredulidade. Mateu, por sua vez, sabia que aquela conversa não seria fácil, mas não imaginava o tom com que ela o atacaria.
— Então é isso? — começou Patrícia, cruzando os braços enquanto fitava-o com olhos frios. — Você, Mateus Jácomo, tão famoso por sua independência e aversão a compromissos, agora aparece com quatro crianças e uma mulher de origem, digamos, questionável.
Como pode arruinar tudo que construímos por uma aventura? Mateu sentiu uma pontada de irritação ao ouvir suas palavras, mas conteve a raiva. Ele sabia que Patrícia nunca entenderia o que ele sentira ao encontrar Bia e os filhos.
— Eu não vou arruinar nada — respondeu, com calma, mas com firmeza. — Estou apenas tentando fazer o que é certo. Essas crianças são minhas, Patrícia, e tenho uma responsabilidade com elas.
É algo maior do que qualquer aparência. A expressão de Patrícia transformou-se de fria para raivosa, como se cada palavra de Mateu a atingisse diretamente. — Você está mesmo dizendo que essa mulher, essa desconhecida, e seus filhos são mais importantes do que tudo que temos?
— O tom dela se tornava mais acusador. — Como você acha que isso vai repercutir, Mateu? Como acha que todos vão reagir ao saber que o grande Mateu Jácomo resolveu se enredar com uma pessoa de nível tão baixo?
— Patrícia, chega! — disse ele, elevando o tom e percebendo que seu autocontrole estava se esvaindo. — Isso não tem a ver com o que as pessoas vão pensar ou com o nosso status.
Essas crianças não são apenas qualquer uma. Elas são minhas. Nosso sangue corre nas veias delas.
E Bia, ela enfrentou tudo sozinha, criou esses filhos com coragem, sem precisar de ajuda. Patrícia riu de maneira quase cruel, meneando a cabeça como se estivesse diante de uma piada particularmente amarga. — Ela não precisou de ajuda?
Que nobre, Mateu! Mas isso não muda nada. Ela não pertence ao nosso mundo e essas crianças também não.
Você vai se desfazer de tudo por ela, por eles? O que vai dizer às pessoas quando não tiver mais a reputação que tanto preza? Mateu encarou Patrícia com uma intensidade que ela nunca vira.
Aquela conversa, que ele inicialmente imaginara como algo passageiro, agora ganhava contornos profundos. Ele sabia que a vida que levava ao lado dela fora construída em aparências, sem qualquer laço emocional genuíno, mas ouvir aquilo em voz alta, a diferença entre o que ele sentia e o que ela representava, apenas reforçava a clareza de sua decisão. Patrícia, percebendo o silêncio de Mateu, deu um passo em sua direção, uma expressão de decepção.
— Então é assim? Você escolhido essa vida? Abandona todo prestígio, a segurança, a imagem que tanto prezou por uma mulher que só se aproveita da sua generosidade, por crianças que apareceram do nada?
Mateu respirou fundo, sentindo o peso da decisão que se formava dentro de si. O confronto com Patrícia expusera suas prioridades de maneira nua e crua, e o orgulho que ele sempre mantivera, antes tão importante, agora parecia vazio, incapaz de lhe dar a paz que encontrara ao ver seus filhos pela primeira vez. — Você está enganada, Patrícia — disse ele com uma firmeza que surpreendeu até a si mesmo.
— Essas crianças não são do nada. Bia não está se aproveitando de nada. Ela viveu anos sem sequer pedir minha ajuda.
Ao contrário do que você pensa, eu é que estou correndo atrás de algo que sempre fui eu quem ignorou. A expressão de Patrícia tornou-se ainda mais amarga e sua voz soou quase como um sussurro cheio de desprezo. — Não acredito que esteja deixando tudo que construímos por algo tão mundano.
Você realmente acha que a felicidade vem disso? Se afundar com uma mulher que sequer pertence ao nosso mundo e quatro crianças que sequer conhece? Mateu, finalmente exausto das palavras afiadas e do egoísmo latente de Patrícia, soltou um leve suspiro.
— Eu não sei, Patrícia — respondeu com sinceridade —, mas prefiro descobrir do que passar o resto da minha vida cercado de pessoas que só veem valor nas aparências e nas coisas superficiais. Patrícia fitou-o por um longo momento, como se não acreditasse no que ouvia, mas por fim deu um passo para trás, seu rosto misturando fúria e decepção. — Então boa sorte com sua nova família — disse ela, com um veneno que Mateu ignorou enquanto ela se afastava sem olhar para trás.
O silêncio que se seguiu parecia quase um alívio para Mateu. Ele sabia que sua decisão significava uma ruptura definitiva com o mundo que sempre conhecera, mas havia algo mais: a sensação estranha de alívio, uma leveza que ele não sentia havia anos. Ele pensou em Bia, nas crianças, e pela primeira vez vislumbrou um futuro sem o peso das expectativas de todos ao seu redor.
Ao se aproximar da janela de seu apartamento, Mateu contemplou a cidade, sentindo-se como se estivesse observando a vida que deixara para trás. O preço do orgulho fora alto, mas, naquela. .
. Decisão: ele encontrou uma nova razão para seguir em frente. O céu da noite se abriu diante dele, e naquele instante, Mateus soube que sua vida estava prestes a começar de uma maneira que ele jamais imaginou possível.
Mateus entrou no parque naquela manhã com um misto de nervosismo e ansiedade; não era comum ele se sentir assim, mas os últimos dias haviam sido um turbilhão. Desde o confronto com Patrícia, ele tomara uma decisão que mudaria seu futuro e agora finalmente começaria a vivenciar algo que nunca imaginara: ser pai. O encontro de hoje era diferente, pois Bia havia permitido que ele passasse algumas horas com as crianças.
Mateus sabia que não bastava apenas aparecer; ele precisaria mostrar que realmente queria fazer parte da vida delas, que estava disposto a ser o pai que nunca foi. Quando ele avistou as crianças brincando perto de Bia, sentiu um aperto no peito. Eles corriam, riam e faziam brincadeiras uns com os outros, tão naturais e cheios de vida.
Mateus percebeu que cada uma das risadas, cada olhar curioso ou palavra espontânea que eles trocavam eram um dos inteiros que ele havia perdido. Era como se estivesse diante de uma tela em branco, onde ele ainda era um estranho, alguém desconhecido, mas ao mesmo tempo algo novo e precioso. “Oi,” disse ele, hesitante, mas com um leve sorriso.
As crianças pararam por um momento, observando com aquele olhar investigativo que só os pequenos conseguem ter. Bia, ao lado, cruzou os braços, mantendo uma postura cuidadosa. Mateus sabia que ele tinha muito a conquistar, e aquele olhar de cautela de Bia era apenas um lembrete do caminho que precisaria trilhar para conquistar não apenas os filhos, mas também a confiança dela.
“A mamãe disse que você é nosso pai,” disse Lucas, o mais velho, com uma franqueza que arrancou um sorriso nervoso de Mateus. “Mas você nunca esteve aqui antes. ” Mateus abaixou-se, ficando de joelhos na altura deles, algo que nunca pensou que faria.
Olhando nos olhos de Lucas, ele respondeu com a sinceridade que sentia no coração: “Você está certo, Lucas. Eu não estive aqui e sinto muito por isso, mas estou aqui agora e quero conhecer vocês. Quero ser parte da vida de vocês, se vocês me derem uma chance.
” Os pequenos ainda olhavam com certa curiosidade e desconfiança, mas Mateus não se deixava abalar; em vez disso, começou a tentar pequenas aproximações. Perguntou sobre seus jogos preferidos, o que gostavam de fazer no parque e até se arriscou a descer no escorregador ao lado deles. Foi a primeira vez que sentiu o riso sincero das crianças, um som que parecia ser algo dentro dele, uma leveza que ele mal lembrava que existia.
Conforme a manhã avançava, Mateus começou a perceber algo sobre cada um dos filhos. Bia, por sua vez, mantinha-se em um segundo plano, observando atentamente. Mateus sabia que para ela cada gesto dele era uma barreira a ser superada, um teste silencioso.
Ele queria muito dizer a ela o que estava sentindo, como cada segundo ao lado das crianças o fazia repensar sua própria vida, mas sabia que precisaria dar tempo a ela; não era algo que se consertaria com palavras. Seria preciso demonstrar, dia após dia, o quanto ele estava disposto a mudar. À medida que Mateus ia se soltando, algo dentro dele começou a desmoronar.
Ele percebeu como todas as suas realizações, o sucesso, os negócios, os bens materiais, pareciam tão pequenos em comparação com a alegria de ver os filhos sorrirem. Era como se, até aquele momento, ele tivesse vivido uma versão inacabada de si mesmo, focado apenas em metas superficiais, sem nunca parar para refletir sobre o que realmente importava. Depois de algumas horas no parque, enquanto as crianças comiam sorvete e riam juntas, Mateus sentou-se ao lado de Bia.
Por um momento ficaram em silêncio, observando os filhos. Mateus sentia a necessidade de dizer algo, de romper a barreira que ainda os separava. “Eles são incríveis,” ele disse quase num sussurro.
“Você fez um trabalho incrível, Bia. Eles são cheios de vida, alegres, gentis. Eu mal consigo acreditar que perdi tudo isso.
” Bia olhou para ele e Mateus viu a sombra de uma dor profunda nos olhos dela, uma dor que sabia que ele mesmo causara. “Foi difícil,” ela admitiu, sem perder o tom firme que sempre mantinha. “Eu não sabia se conseguiria dar a eles o que mereciam, se conseguiria ser suficiente sozinha, mas nunca houve outra opção, Mateus.
Eles precisavam de mim. ” Mateus respirou fundo, absorvendo aquelas palavras. A responsabilidade de ser pai estava finalmente caindo sobre ele como um peso real, e não era algo que ele podia simplesmente evitar ou ignorar.
“Eu quero que eles tenham tudo,” Bia respondeu com a voz um pouco trêmula. “Quero ser o pai que eles merecem e quero que saibam que têm alguém que se importa, que vai estar aqui. ” Por um breve instante, Bia parecia suavizar a expressão, como se sua barreira rígida fosse se abalando aos poucos, mas logo ela recompôs seu rosto, lançando-o: “Isso é o que eles precisam, Mateus, mas não estou aqui para me iludir.
Você precisa mostrar que está disposto a mudar. ” Mateus assentiu, sentindo que a aceitação de Bia não seria algo que ele conquistaria facilmente, mas estava preparado para enfrentar esse desafio. Cada dia ao lado dos filhos era um passo para redescobrir uma parte de si mesmo que ele havia enterrado sob camadas de orgulho e vaidade.
Naquela tarde, quando finalmente se despediram, Mateus se afastou com uma promessa renovada em seu coração. Ele sabia que seria um longo caminho, mas pela primeira vez em muito tempo, ele estava disposto a percorrê-lo. Nos meses que se seguiram, a vida de Mateus se transformou de uma forma que ele jamais havia previsto.
Agora, suas manhãs não eram mais ocupadas com reuniões sem fim e compromissos sociais vazios. Em vez disso, ele se encontrava animado, quase ansioso, para aproveitar cada momento ao lado dos filhos. As crianças logo se.
. . Acostumaram-se com a sua presença e ele começou a aprender as peculiaridades de cada um, os pequenos detalhes que fazem de uma pessoa única.
Lucas, com sua calma e sabedoria, que pareciam improváveis para sua idade, era um ponto de apoio e, muitas vezes, a voz da razão para os irmãos. Sofia, por outro lado, tinha a energia de um furacão, e Mateus adorava vê-la explorar o mundo com curiosidade incessante. Já os gêmeos, Thiago e Caio, eram uma dupla inseparável, unidos não apenas pela semelhança física, mas pelo elo que compartilhavam e que Mateus ainda estava aprendendo a desvendar a cada visita.
Mateus sentia que estava se reconstruindo aos poucos. Bia, embora ainda cuidadosa, permitia que ele participasse mais da rotina das crianças. Ele se ofereceu para buscá-los na escola, ajudava com o dever de casa ou mesmo fazia questão de preparar lanches divertidos, algo que até pouco tempo atrás ele consideraria uma perda de tempo.
Mas aqueles pequenos momentos, os sorrisos e risadas das crianças, davam a Mateus uma satisfação genuína, uma que ele jamais encontrara nas paredes do seu luxuoso escritório ou nas festas com as quais estava acostumado. Bia, no entanto, ainda observava com uma reserva que ele sabia ser fruto de anos de decepção e luta. Ela estava ali ao lado, participando das atividades, mas Mateus percebia que ainda havia algo que o separava, um muro que ele precisava derrubar.
Com paciência e persistência, ele sentia que Bia havia aprendido a proteger o próprio coração e sabia que, para conquistá-la verdadeiramente, precisaria se provar a cada dia. Certa tarde, Mateus estava com as crianças no parque, empurrando Sofia no balanço, enquanto os gêmeos brincavam na areia e Lucas tentava explicar a ele as regras de um jogo que havia aprendido na escola. Era um momento simples, mas cheio de paz, e Mateus se permitiu apenas aproveitar a presença deles, sem pensar em mais nada.
Quando olhou para o lado, viu Bia observando a cena com um leve sorriso e, por um breve instante, ele percebeu que talvez estivesse finalmente conseguindo alcançar o que ela tanto temia perder. Porém, como um último fantasma de seu passado, Patrícia não desistira de tentar trazer Mateus de volta ao mundo de aparências que ambos haviam habitado. Em uma manhã, enquanto ele saía de casa, Patrícia o abordou com um olhar decidido e um tom que ele conhecia bem.
Ela estava prestes a propor algo que, em outras circunstâncias, talvez pudesse ter prendido a atenção dele. “Mateus,” começou ela, com um sorriso calculado, “nós dois sabemos que você está em um momento diferente, mas tudo isso, essa fase de paternidade improvisada, essa distração com uma mulher sem qualquer influência, não tem que durar. Você sabe que tem muito mais a conquistar e, com um pouco de estratégia, podemos aumentar ainda mais o seu império.
Estive pensando em como posso ajudar e, claro, pensei em uma proposta que uniria nossos interesses. Podemos fazer uma parceria e, quem sabe. .
. ” Ela deixou a última frase no ar como uma isca. Mateus a observou com atenção, vendo não a mulher ambiciosa e atraente que ele uma vez julgou ser a escolha mais prática, mas alguém que representava um estilo de vida que ele começava a enxergar como vazio e, acima de tudo, incompatível com quem ele estava se tornando.
Patrícia podia ter sido a companheira ideal para seu antigo eu, mas agora era alguém que não compreendia o que realmente importava para ele. “Patrícia,” ele começou, num tom firme, porém gentil, “agradeço a oferta, mas eu não preciso mais do que já tenho. Minha vida mudou e eu me sinto completo.
O que eu encontrei com Bia e as crianças é mais do que eu poderia ter planejado ou comprado. Então, obrigado, mas eu vou seguir em outra direção. ” Ela ficou em silêncio, talvez pela primeira vez desde que o conhecia, incapaz de acreditar na recusa.
Seus olhos faziam, mas Mateus não vacilou. Patrícia tentou protestar, mas ele se despediu com um simples aceno e entrou no carro, sentindo-se livre de um peso que carregava sem perceber. Quando voltou para ver Bia e os filhos, naquele mesmo dia, Mateus encontrou Bia sentada com Sofia em seu colo, contando uma história para os irmãos.
Ela olhou para ele quando chegou e ele se aproximou, sentindo que, cada vez mais, aquela cena, aquelas pessoas, eram o lar que ele sempre desejou. “Você está diferente,” comentou Bia, observando-o com um olhar avaliador. Mateus sorriu e sentou-se ao lado dela, permitindo-se relaxar.
“Talvez porque eu esteja aprendendo com vocês. Cada dia ao lado dos nossos filhos me mostra algo novo sobre o que realmente importa,” disse ele, surpreendendo-se com o próprio uso do termo “nossos filhos. ” Ele sabia que ainda havia um longo caminho, mas sentia que estava no lugar certo.
Bia, por fim, baixou o olhar e Mateus pôde ver que aquela muralha de proteção começava a se desfazer. Era sutil, mas ele sabia que a confiança estava brotando ali, crescendo a cada gesto sincero, a cada palavra. Aquele não era um processo rápido ou simples, mas ele estava disposto a esperar.
Naquela noite, enquanto as crianças brincavam até a exaustão, Mateus e Bia permaneceram juntos, partilhando momentos silenciosos, palavras doces e olhares carregados de promessas. Ele sabia que ainda haveria obstáculos, mas, pela primeira vez em sua vida, Mateus sentia que nada o afastaria de Bia e das crianças. Naquela pequena sala, repleta de risadas e com os brinquedos espalhados pelo chão, Mateus encontrou a riqueza que jamais poderia mensurar e, pela primeira vez, ele se sentiu realmente feliz.
Nos meses que se seguiram, a vida de Mateus se transformou de uma forma que ele jamais havia previsto. Agora, suas manhãs não eram mais ocupadas com reuniões sem fim e compromissos sociais vazios. Em vez disso, ele se encontrava animado, quase ansioso, para aproveitar cada momento ao lado dos filhos.
As crianças logo se acostumaram com a sua presença e ele começou a aprender. As peculiaridades de cada um, os pequenos detalhes que fazem de uma pessoa única. Lucas, com sua calma e sabedoria, que pareciam improváveis para sua idade, era um ponto de apoio e, muitas vezes, a voz da razão para os irmãos.
Sofia, por outro lado, tinha a energia de um furacão, e Mateu adorava vê-la explorar o mundo com curiosidade incessante. Já os gêmeos, Thiago e Caio, eram uma dupla inseparável, unidos não apenas pela semelhança física, mas pelo elo que compartilhavam, e que Mateu ainda estava aprendendo a desvendar a cada visita. Mateu sentia que estava se reconstruindo aos poucos.
Bia, embora cuidadosa, permitia que ele participasse mais da rotina das crianças. Ele se ofereceu para buscá-los na escola, ajudava com o dever de casa ou mesmo fazia questão de preparar lanches divertidos, algo que, até pouco tempo atrás, ele consideraria uma perda de tempo. Mas aqueles pequenos momentos, os sorrisos e risadas das crianças, enchiam Mateu de uma satisfação genuína, uma que ele jamais encontrara nas paredes do seu luxuoso escritório ou nas festas com as quais estava acostumado.
Bia, no entanto, ainda observava com uma reserva que ele sabia ser fruto de anos de decepção e luta. Ela estava ali ao lado, participando das atividades, mas Mateu percebia que ainda havia algo que o separava: um muro que ele precisava derrubar. Com paciência e persistência, ele sentia que Bia havia aprendido a proteger o próprio coração e sabia que, para conquistá-la verdadeiramente, precisaria se provar a cada dia.
Certa tarde, estava no parque empurrando Sofia no balanço enquanto os gêmeos brincavam na areia e Lucas tentava explicar a ele as regras de um jogo que havia aprendido na escola. Era um momento simples, mas cheio de paz, e Mateu se permitiu apenas aproveitar a presença deles, sem pensar em mais nada. Quando olhou para o lado, viu Bia observando a cena com um leve sorriso, e, por um breve instante, ele percebeu que talvez estivesse finalmente conseguindo alcançar o que ela tanto temia perder.
Porém, como um último fantasma de seu passado, Patrícia não desistira de tentar trazer Mateu de volta ao mundo de aparências que ambos haviam habitado. Em uma manhã, enquanto ele saía de casa, Patrícia o abordou com um olhar decidido e um tom que ele conhecia bem. Ela estava prestes a propor algo que, em outras circunstâncias, talvez pudesse ter prendido a atenção dele.
“Mateu”, começou ela, com um sorriso calculado, “nós dois sabemos que você está em um momento diferente, mas tudo isso — essa fase de paternidade improvisada, essa distração com uma mulher sem qualquer influência — não tem que durar. Você sabe que tem muito mais a conquistar e, com um pouco de estratégia, podemos aumentar ainda mais o seu império. Estive pensando em como posso ajudar e, claro, pensei em uma proposta que uniria nossos interesses.
Podemos fazer uma parceria e, quem sabe. . .
” Ela deixou a última frase no ar, como uma provocação. Mateu a observou com atenção, vendo não a mulher ambiciosa e atraente que ele uma vez julgou ser a escolha mais prática, mas alguém que representava um estilo de vida que ele começava a enxergar como vazio e, acima de tudo, incompatível com quem ele estava se tornando. Patrícia podia ter sido a companheira ideal para seu antigo eu, mas agora era alguém que não compreendia o que realmente importava para ele.
“Patrícia”, ele começou, num tom firme, porém gentil, “agradeço a oferta, mas eu não preciso mais do que já tenho. Minha vida mudou e eu me sinto completo. O que eu encontrei com Bia e as crianças é mais do que eu poderia ter planejado ou comprado.
Então, obrigado, mas eu vou seguir em outra direção. ” Ela ficou em silêncio, talvez pela primeira vez desde que o conhecia, incapaz de acreditar na recusa. Seus olhos ficaram marejados, mas Mateu não vacilou.
Patrícia tentou protestar, mas ele se despediu com um simples aceno e entrou no carro, sentindo-se livre de um peso que carregava sem perceber. Quando voltou para ver Bia e os filhos naquele mesmo dia, Mateu encontrou Bia sentada com Sofia em seu colo, contando uma história para os irmãos. Ela olhou para ele quando chegou, e ele se aproximou, sentindo que, cada vez mais, aquela cena, aquelas pessoas eram um lar que ele sempre desejou sem saber.
“Você está diferente”, comentou Bia, observando-o com um olhar avaliador. Mateu sorriu e sentou-se ao lado dela, permitindo-se relaxar. “Talvez porque eu esteja aprendendo com vocês.
Cada dia ao lado dos nossos filhos me mostra algo novo sobre o que realmente importa”, disse ele, surpreendendo-se com o próprio uso do termo "nossos filhos". Ele sabia que ainda havia um longo caminho, mas sentia que estava no lugar certo. Bia, por fim, baixou o olhar, e Mateu pôde ver que aquela muralha de proteção começava a se desfazer.
Era sutil, mas ele sabia que a confiança estava brotando ali, crescendo a cada gesto sincero, a cada palavra. Aquele não era um processo rápido ou simples, mas ele estava disposto a esperar. Naquela noite, enquanto as crianças brincavam até a exaustão, Mateu e Bia permaneceram juntos, partilhando momentos silenciosos, palavras doces e olhares carregados de promessas.
Ele sabia que ainda haveria obstáculos, mas, pela primeira vez em sua vida, Mateu sentia que nada o afastaria de Bia e das crianças. Naquela pequena sala, repleta de risadas e com os brinquedos espalhados pelo chão, Mateu encontrou a riqueza que jamais poderia mensurar. Com o tempo, Mateu e Beatriz decidiram oficializar sua união.
O casamento foi simples, apenas uma pequena cerimônia com as pessoas mais próximas. Mateu não sentia necessidade de grandes festas ou formalidades; tudo o que ele queria estava ali, no rosto sorridente de Beatriz e no abraço dos filhos. Ao olhar para eles, ele soube que fizera a escolha certa, que o vazio que antes o acompanhava fora preenchido por algo muito maior.
Mateu finalmente entendera que riqueza e sucesso nunca foram a medida de uma vida plena; a felicidade que ele realmente buscava estava ali, ao seu lado. Agora tinha, era fruto de uma jornada de sacrifício, transformação e amor. Se você gostou da história, não esqueça de deixar seu comentário e seu like.
Gosto de ler a opinião de vocês e o que acharam desse final emocionante. Até a próxima!