Minha filha é travesti | Histórias de ter.a.pia #55

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ter.a.pia
Ao apoiar e entender que sua filha é travesti, a Cássia descobriu um grupo onde mães e pais se mobil...
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Então se tivesse o mínimo de referência lá embaixo já não é pra ensinar ninguém, mas pra ela poder olha falar: "nossa igual a mim" já pensou que maravilha? Hoje tem várias crianças trans, se elas tivessem uma referência mas não, a gente fica impondo né? menino, menina, azul, rosa A minha filha se percebeu, se definiu mesmo, se entendeu como mulher por volta dos 18 pra 19, 20 anos ela já tinha total certeza, mas ela sempre foi um menino gay eu tenho três filhos, desde pequeninha que eu percebo nela uma criança muito meiga se eu tivesse o conhecimento que eu tenho hoje, talvez eu já tivesse identificado uma criança trans na infância entre eu perceber um menino gay e uma menina trans, foi bem mais preocupante o fato da menina trans por desconhecer, por não saber que tem pessoas que se sentem assim quando eu comecei a perceber ela mais adulta e se cuidando muito, eu comecei a ver uma base no rosto aí eu que não sabia nada, nunca tinha ouvido a palavra trans, transgênero eu falava assim: "nossa, esse pessoal tá se cuidando muito, passando base" aí eu percebi um batom um dia e falei: "mas pera aí, que moda é essa?
Os meninos usam batom? " bem tonta eu, né? Assim mesmo que eu tava Eu comecei a observar mais até que um dia, ia sair pra uma festa e vestiu uma saia eu falei: "Oi?
Para, que isso? Como assim? A Giu fala que eu fui muito transfóbica, eu não sabia que existia essa palavra, não sabia o que era isso Eu fiquei apavorada, morri de medo.
Eu falei: "E agora? Um menino na rua de maquiagem, batom, saia" Aí me apavorei, não entendi nada. Pensei o que estava acontecendo com a cabeça da minha filha por tudo o que a gente aprende, aliás o que a gente não aprende, né?
Não ensinam pra gente numa escola, numa igreja, o médico não fala, pai e mão não sabe não falam pra gente que há pessoas trans no mundo mas aos poucos a gente foi se observando, se entendendo eu tentei conhecer os amigos, ler o que ela lia, chamar mais pra perto na época ela quis sair de casa, quis morar sozinha, foi um romper com todas as barreiras que ela tinha eu procurei entender, procurei chegar mais perto, procurei pessoas pra conversar Pai e mão quando descobre uma situação dessa geralmente não tem com quem falar porque não é um assunto de conversa, de juntar na rodinha e começar: meu filho é gay, minha filha lésbica" não é assim normal como vamos trocar uma receita de bolo, vamos levar as crianças pra escola vamos falar nossa meu filho é gay, minha filha é trans ela gosta de tal coisa, tal coisa não é assim. . .
A minha filha conhecesse o grupo Mães Pela Diversidade o Mães é um coletivo, formado por mães e pais de pessoas LGBTs o Mães está no país inteiro, fazem palestras, vão em escolas, conversam, explicam vão atrás de discutir políticas públicas, se envolvem em tudo que é assunto dos LGBTs no papel de mães e pais. Nos somos aliados, não fazemos parte do movimento LGBT No Mães eu encontrei um monte de gente pra conversar sobre o mesmo assunto, vi que eu não estava sozinha porque muitos se sentem assim muitos passam por um sentimento terrível de vergonha, que a sociedade trás a gente pra esse ponto "Nossa minha filha é trans, ela não pode sair pra rua assim. Que vergonha, o que vão pensar?
" Não é assim gente. Eu vi que não era assim conforme eu me juntei com outras pessoas, conforme eu li sobre o assunto eu entendi, eu compreendi e hoje eu estou junto com ela e ela não está sozinha e nem eu O que eu poderia falar pra essas famílias que de repente: "aí meu filho é um LGBT, e agora? " Primeiro, não se sinto sozinho.
Você não é único no mundo. Como descobrir isso? Procura o Mães Pela Diversidade, dentro do Mães eu tenho um grupo só de mães e pais de pessoas trans a gente se reúne mensalmente, faz aquela conversa gostosa, troca as nossas histórias tira dúvidas, é como se fosse uma terapia em grupo.
É bem gostoso e esclarece, porque se você descobriu agora e não tá entendendo nada do assunto vem conversar Eu preferi buscar o entendimento e o aprendizado pra acompanhar minha filha do que cair numa: "e agora? " E entrar num pânico total pra mim até que foi bem rápido eu preferi aprender pra acompanhar ela e não ficar distante dela Eu percebo, eu entendo que pros filhos o entendimento e apoio dos pais é superimportante porque na rua já é terrível, já passam situações horrorosas então assim, pai e mãe procura ouvir mais do que falar, conversar se não souber conversar, ouve. Se não conseguir ouvir do filho, ouve de outra pessoa primeiro mas não desampare.
Acolha sempre, ouça, procure estar próximo e entender porque lá fora já é uma briga terrível, eu sei que a gente também passa, a gente também ouve imagina eles, são eles que estão passando pela situação. Eles sentem na pele E para os filhos, tem sempre aquela história chata de vou contar que sou LGBT gente não precisava disso, pelo amor de Deus, eu não conto que eu sou hétero alguém precisa contar que é LGBT?
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