quando alguém olha para o espelho a primeira coisa que vê é o próprio reflexo e quem se volta para si mesmo corre o risco de encarar algo que talvez prefira evitar um confronto direto consigo o espelho não adula ele reflete fielmente aquilo que está diante dele e o rosto que muitas vezes escondemos do mundo coberto por uma Persona uma máscara social k Jung um dos grandes pensadores da psicologia analítica descreveu a como a máscara que usamos para interagir com o mundo Jung deriva essa ideia se referindo às máscaras teatrais usadas pelos atores para representar diferentes
papéis este conceito está profundamente enraizado na ideia de que todos nós desempenhamos papéis diferentes entre o ego e a sociedade o ego é o centro da nossa consciência responsável por manter Nossa sensação de identidade ao longo da vida enquanto a Persona é a máscara que usamos para o ultar partes de nossa verdadeira natureza para nos adaptarmos às expectativas sociais Jung argumenta que a Persona é necessária para a socialização todos nós usamos diferentes máscaras em diferentes contextos ajustando-os à situações que a vida nos impõe isso é crucial para definir nosso papel social e como interagimos com
os outros usamos a Persona para ocultar nossas vulnerabilidades para não mostrar nossas fraquezas desde a infância começamos mácara aprendendo a nos adaptar à expectativas de pais amigos e professores aprendemos rápido o que é aceitável e nos traz aprovação e o que é inaceitável e nos traz punição Jung identificou dois estágios importantes no desenvolvimento da Persona no primeiro chamado de identificação a Persona pode ser saudável contanto que a pessoa sa que não é aquilo que aparenta ser oig sur quando excessiva com a Persona leva à alienação do verdadeiro eu ou self que representa o centro unificador
da psiquê a totalidade de quem somos incluindo tanto o consciente quanto o inconsciente Jung Coloca essa preocupação de forma Clara em ion estudos sobre o simbolismo do si mesmo a Persona é o que alguém não é mas o que ele e os outros acreditam que ele seja nesse ponto entra o segundo estágio a desintegração quando a Persona se rompe seja de forma intencional ou acidental gerando caos e desorientação em casos raros essa desintegração pode levar ao transtorno dissociativo de identidade quando uma pessoa desenvolve múltiplas personalidades distintas Cada uma com sua própria visão de mundo geralmente
isso é consequência De traumas profundos quando a Persona se desintegra há três possíveis caminhos a restauração negativa onde a pessoa tenta voltar a ser como era antes ignorando as mudanças a ausência de Persona quando a pessoa perde completamente sua capacidade de se adaptar ao mundo e finalmente a restauração que é o ideal onde a pessoa desenvolve uma Persona consciente que não esconde seu verdadeiro eu o ideal é buscar essa restauração porque a restauração negativa nos mantém presos em uma versão falsa de nós mesmos enquanto viver sem uma Persona é quase impossível além de indesejável pois
precisamos de algum nível de adaptação ao mundo externo e ao nosso mundo interno agora vamos focar nos perigos de esconder quem realmente somos uma das consequências mais notáveis da criação da Persona é o surgimento do que Jung chamou de sombra a sombra representa os aspectos reprimidos da personalidade aqueles que são incompatíveis com a Persona e portanto são excluídos da consciência muitas vezes acabamos reprimindo partes de nós mesmos que consideramos inaceitáveis por exemplo alguém pode aprender que ser assertivo é rude e acaba se tornando excessivamente passivo prejudicando suas relações pessoais e profissionais ou pode ser o
oposto uma pessoa que é sempre muito agradável por odiar conflitos mas acaba sendo explorada a sombra é tudo aquilo que escondemos que consideramos indesejável ou vergonhoso o lado obscuro da nossa personalidade que pode nos dominar em momentos de estresse ou explosões emocionais um ponto importante aqui é que quanto mais rígida e perfeccionista for a Persona maior e mais ameaçadora será a sombra ao criarmos uma Persona excessivamente pura ou moralmente superior tendemos a suprimir impulsos ou desejos que não se encaixam nessa imagem idealizada empurrando-os para o inconsciente esse conflito interno pode levar a um grande desequilíbrio
psicológico Jung descreve esse fenômeno em os arquétipos e o inconsciente coletivo a sombra é uma parte viva da personalidade e quer ser ouvida e reconhecida para Jung lidar com a sombra é uma tarefa para a vida toda é parte de um processo de autoconhecimento que nos ajuda a recuperar aspectos bons da nossa psiquê que estão adormecidos e nos torna mais honestos sobre quem somos tanto em nossas virtudes quanto em nossas falhas embora a sombra seja muitas vezes vista como algo negativo ela só se torna perigosa quando é ignorada ou mal compreendida a Persona nos impede
de realizar o que Jung considerava a tarefa mais importante de nossas vidas o processo de individuação esse processo nos aproxima do nosso verdadeiro eu trazendo o conteúdo inconsciente à tona esse conteúdo pode acessado através de de sonhos reflexão e imaginação ativa Mas o mais importante é entender que a individuação não pode ser alcançada apenas pela vontade consciente o eu no sentido junguiano é a totalidade da personalidade muito além do Ego e seu objetivo é a integração de todos os aspectos da psiquê A individuação então é o caminho para essa totalidade mas a Persona impede esse
processo já que não podemos nos individuar Enquanto estamos presos a papéis que fingimos ser as crenças que temos sobre nós mesmos são uma forma muito Sutil de Persona e talvez o maior obstáculo a verdadeira individuação a pessoa Pode admitir muitas coisas sobre si Mas sempre há aquele pensamento no fundo de eu sou assim e pronto que parece incontestável essa convicção funciona como uma barreira contra qualquer tentativa genuína de se conhecer profundamente um exemplo interessante é o conceito de má fé do filósofo francês Jean Paul Sartre que podemos contrastar com o de Persona Sartre descreve a
atitude de um garçom em um café seus movimentos são rápidos demais seus gestos um pouco exagerados e ele parece agir como se estivesse representando um papel sre sugere que esse garçom está se enganando confundindo seu papel social com sua verdadeira identidade humana a Persona do garçom se tornou equivalente à sua própria existência se um dia ele perder o interesse no trabalho ou for demitido sua Persona desmorona e ele se vê diante de um vazio existencial encarando o eu que ainda não desenvolveu para Jung sem uma base sólida na realidade corremos o risco de cair sob
o poder das imagens primordiais perdendo o nosso senso de identidade ele escreve que o objetivo da individuação é despir o eu das camadas falsas da Persona e ao mesmo tempo escapar da influência esmagadora dos arquétipos que são formas dadas do inconsciente coletivo esses arquétipos ou imagens primordiais São padrões de comportamento e experiências que todos Compartilhamos em algum nível para entender isso precisamos mergulhar no modelo psíquico de Jung o eu é dividido entre o Consciente e o inconsciente sendo que o inconsciente é composto por duas partes o inconsciente pessoal que reúne nossas experiências individuais esquecidas ou
reprimidas e o inconsciente coletivo que carrega os arquétipos herdados além da Persona que pertence à consciência e atua como mediadora entre o ego e a sociedade ela também faz parte do inconsciente coletivo sendo às vezes chamada de arquétipo social ou arquétipo de conformidade é justamente por representar um pedaço do inconsciente coletivo que cometemos o erro de acreditar que a Persona é totalmente individual mas como o próprio nome Sugere ela é apenas uma mas uma representação superficial da psique coletiva Quando analisamos a Persona desmascaramos Essa ilusão e percebemos que aquilo que pensávamos ser único e pessoal
é na verdade parte de algo muito maior e impessoal Ou seja a Persona é apenas uma fachada para o inconsciente coletivo CS luwis em Sua obra cartas de um diabo a seu aprendiz faz uma observação semelhante sobre o alto engano que pode surgir quando o indivíduo se identifica com um papel ou imagem pública ele escreve através da voz de screwtape o demônio mentor sobre como pequenas mentiras e omissões podem ao longo do tempo criar uma desconexão entre o que a pessoa realmente é e o que ela aparenta ser a melhor maneira de manter uma alma
longe de Deus é fazer com que ela gradualmente acredite que a máscara que usa é sua verdadeira face esse tipo de desconexão pode gerar um vazio interno pois a pessoa se afasta cada vez mais de suas verdadeiras emoções necessidades e desejos substituindo-os por um comportamento ditado pelas expectativas externas no mundo moderno a questão da Persona se torna ainda mais relevante especialmente com o advento das redes sociais a internet permite que as pessoas criem versões cuidadosamente curadas de si mesmas muitas vezes projetando uma imagem idealizada que não corresponde à realidade a Persona de digital pode ser
ainda mais distorcida do que a Persona tradicional já que os meios digitais permitem um controle quase Total sobre a maneira como somos percebidos a pressão para manter uma Persona perfeita pode levar a problemas emocionais como ansiedade depressão e alienação isso ocorre Porque quanto mais nos distanciamos de nosso verdadeiro eu mais nos sentimos desconectados e vazios Jung nos adverte sobre os perigos de viver em função da Persona em seu livro Memórias sonhos e reflexões nada é mais patético do que aquele que vive somente para sua Persona sem jamais chegar a conhecer o selfie esse trecho mostra
o quanto Jung acreditava que a Vida Vivida apenas através da Persona é limitada e insatisfatória a felicidade genuína e a realização vem Apenas quando nos permitimos Ir Além da Máscara e confrontar os aspectos mais profundos e às vezes desconfortáveis de quem somos a Persona é um acordo entre o indivíduo e a sociedade sobre como devemos parecer e embora isso não deva ser desprezado o desenvolvimento de nossa individualidade não pode acontecer apenas por meio de nossos relacionamentos sociais ele Exige uma conexão mais profunda com o inconsciente coletivo para alcançar a individuação e viver uma vida mais
plena e autêntica é necessário confrontar não apenas a Persona mas também a sombra integrando todas as partes de Nossa psiquê a jornada para a realização pessoal é uma Jornada Para Além da Máscara uma viagem em direção ao self que é a verdadeira essência de quem somos o objetivo não é abandonar completamente a Persona mas sim usá-la de forma flexível sem nos identificar cegamente com ela então qual é o caminho a seguir o primeiro passo é a conscientização Jung enfatiza a importância de reconhecer a Persona e os papéis que desempenhamos na vida ao nos tornarmos conscientes
das máscaras que usamos podemos começar a escolher conscientemente quando e como utilizá-las em vez de sermos controlados por elas