Olá tudo bem sou Alfredo liva sou professor universitário eu quero então voltar a falar de Michel ficou meu filósofo Favorito e eu quero falar sobre metodologia entre aspas eu vou explicar já já porque eu tô pondo a palavra metodologia entre aspas seja na grafia seja na fala né metodologia para analisar o discurso tá bom e eu vou começar então Lembrando que ficou um filósofo francês que viveu entre 1926 e 1984 um especialista sobre questões que envolvem poder discurso E por aí vai Eu claro Tô analisando a ordem do discurso que é publicado na forma de
um livreto mas que é a aula inaugural que ficou proferiu no colégio de France quando ele ingressou nessa instituição uma instituição de ensino francesa muito antiga muito importante que foi pronunciada no dia 2 de Dezembro de 1970 né eu era uma criancinha nessa época Lembrando que focou trabalhou no colégio de França até 1984 que foi exatamente o ano da sua morte então vamos lá metodologia para analisar o discurso porque metodologia entre aspas porque o focou é sempre resistiu a ideia de que um método né vamos dizer assim há um pressuposto na filosofia positivista de que
se você tiver um método e utilizar adequadamente esse método ele garante que você vai ter acesso a verdade vai ter acesso à realidade como se a realidade fosse transparente e acessível né então o focou em algumas aulas dele por exemplo ele usa precauções de método ele usa essa expressão precauções de método para analisar o poder precauções de método para analisar o discurso Então significa que ele tem método ele tem um caminho ele tem uma maneira de trabalhar ele tem consciência dos dispositivos ou dos mecanismos que utiliza para construir conhecimento mas mas ele não reivindica uma
substância metafísica para esse método né no sentido de que ele garante ou ele é a descrição por Excelência de como as coisas devem ser feitas metodologia o método para ele é só um caminho que você segue para fazer algo Eu não garante acesso a verdade ou Nada disso tá bom vamos lá então vamos pensar que ele diz assim ó citando focou Quais são as tarefas antes alguns dos temas que regem o trabalho que gostaria de realizar aqui nos próximos anos podem se perceber de imediato certas exigências de método que acarretam consigo Então ele tá usando
a palavra método e aí ele começa primeiramente que ele vai falar ele vai falar de quatro estratégias metodológicas né a inversão a descontinuidade a especificidade e a exterioridade Então a primeira é inversão Então vamos lá vamos ler vamos acompanhar Primeiramente um princípio de inversão lá onde segundo a tradição cremos reconhecer a fonte dos discursos o princípio de sua expansão e de sua continuidade nessas figuras que parecem desempenhar um papel positivo como a do autor da disciplina da vontade de verdade é preciso reconhecer ao contrário o jogo negativo de um recorte e de uma era rarefação
de discurso né então se a gente vem acompanhando todo o argumento que ele desenvolve ele diz que há uma série de mecanismos de controle do discurso né atribuição de autoria a disciplinarização dos discursos a vontade de verdade que existe em todo em todo discurso né Ele diz como é que a gente inverte isso como é que a gente subverte como é que a gente coloca isso em cheque invertendo no caso da inversão você faz o quê você constrói um recorte e você e identifica uma rarefação do discurso é difícil né entender o que está sendo
dito que né difícil assim não é óbvio não é difícil no sentido de eu não consigo é uma coisa impossível é difícil no sentido de que não é óbvio eu tenho que interpretar eu tenho que iluminar isso a luz de tudo que tá aparecendo aqui né então primeiro os discursos são raros devem ser tratados como fenômenos raros né então se você pensar lá por exemplo focou na arqueologia do saber ele constitui um arquivo né e dentro desse Arquivo ele vai colocar formações discursivas e dentro das formações discursivas discursos famílias discursivas Então na verdade assim quando
você começa a fazer um mapeamento discursivo de um determinado uma determinada sociedade localizada no tempo no espaço a gente percebe que a quantidade de discurso ela é relativamente Rara então se você pensar por exemplo vamos tentar exemplificar isso né existe hoje se a gente quiser simplificar as coisas de uma maneira tanto quanto didática há um discurso conservador que atravessa a sociedade brasileira esse discurso conservador ele atravessa a religião ele atravessa a ciência né ele atravessa As instituições familiares Então eu acho que é nesse sentido que ele tá dizendo que a uma rarefação do discurso claro
que a medida que se discurso atravessa instituições e situações das mais variadas ele vai assumindo contornos mais específicos mas é fundamentalmente um discurso conservador através do campo político e por aí vai ou se vocês quiserem né o universo há um discurso de esquerda um discurso não sei se ele é justo chamar de Progressista que atravessa também as instituições familiares que atravessa Claro o campo da política economia e por aí vai né então acho que nesse sentido que é raro no sentido de que às vezes a mesma coisa se apresenta de forma distinta em instâncias variadas
da sociedade mas ainda assim é um discurso conservador vamos dizer assim e é preciso que com esses discursos aparecem como naturais né me parece que parte da estratégia de inversão é você recortar esses discursos né então por exemplo pegar o discurso religioso conservador e mostrar sobreposição que ele tem um discurso científico conservador e por aí vai né então esses recortes que a gente vai fazendo eles exatamente demonstram que esses discursos não são naturais né eles não brotam naturalmente né eles são construções sociais né como construções sociais ele sempre podem ser desconstruídos podem ser colocados em
cheque tudo bem A segunda estratégia metodológica que ele utiliza né como é que você faz análise do discurso né você tem que trabalhar em segundo lugar com esse continuidade ele diz assim ó um princípio de descontinuidade o fato de haver sistemas de rarefação imagino que ele esteja falando de sistemas de rarefação do discurso né não quer dizer que por baixo deles e para além deles reine um grande discurso ilimitado continuo e silencioso que fosse por eles reprimido e recalcado e Que nós tivéssemos por missão descobrir restituindo-lhe enfim a palavra e diz os discursos da ele
ser tratados como práticas descontínuas que se cruzam por vez mas também se ignoram-se excluem né esse é um princípio bastante interessante porque quando você tá fazendo uma análise do discurso você tem que mapear alguns discursos que estão presentes nessa sociedade nesse tempo nesse espaço que você analisa né então o parte da análise do discurso é mostrar as relações que os discursos têm entre si sejam relações de justaposição sejam relações de oposição de enfrentamento né então se você pegar o campo religioso Brasileiro hoje ele é um campo é fundamentalmente conservador mas o campo religioso não é
um campo exclusivamente conservador Hoje ele é predominantemente mas há um discurso Progressista no interior do campo religioso certo e quando você mapeia você percebe que há no discurso Progressista é críticas ao discurso conservador e vice-versa discurso conservador critica o discurso religioso Progressista E por aí vai mas ao mesmo tempo existem sobreposições né Então veja um discurso religioso conservador tá no empate com outra discurso religioso que é Progressista mas esse discurso religioso conservador ele tá com uma relação de aproximação um discurso científicos por exemplo que também são conservadores né então fazer análise do discurso é perceber
isso que o fuku tá chamando de descontinilidade perceber essas relações que o discurso que um determinado discurso que eventualmente seja aquele que você está analisando que relação ele tem com outros discursos como é que um discurso conservador religioso se relaciona com discurso político conservador como é que ele ele lida com discurso político Progressista como é que ele lida com discurso religioso Progressista E por aí vai né então identificar mapear dizer que tipo de relação eles mantém entre si né alusões diretas em situações que existe no interior desse discurso a esses outros discursos seria a tarefa
do analista ou da analista do discurso depois em terceiro lugar outro princípio metodológico é o da especificidade né então vamos agora de novo ele diz assim ó um princípio de especificidade dois pontos não transformaram o discurso é um jogo de significações prévias não imaginar que o mundo nos apresenta uma Face legível que teríamos que decifrar a Penas ele não é cúmplice de nós conhecimento né Isso é muito comum quando acontece com as pessoas quando elas vão fazer uma pesquisa em qualquer área né Eu só tenho experiência de pesquisa na área de ciências humanas né vai
fazer uma pesquisa e a pessoa já sabe tudo que ela quer ela não tem ela não tem nenhum espaço para ser Surpreendida por aquilo que ela vai encontrar na sua pesquisa né então eu vou fazer uma pesquisa sobre história do cristianismo antigo né e eu já tô condicionando tudo que eu já tenho a minha leitura pronta desse fenômeno do cristianismo no mundo antigo né então é um é uma forma de você simplesmente projetar sobre o nome né de pesquisar acadêmica projetar as suas convicções e nada além disso né e o analista do discurso precisa ter
um espaço para surpresa né Tem metodologia e essa metodologia deve conduzir a de fato a descoberta alguma descoberta não há Providência pré discursiva que o disponha a nosso favor deve-se conceber o discurso como uma violência que fazemos as coisas como uma prática que lhes impomos em todo o caso e é nessa prática que os acontecimentos do discurso encontram o princípio da sua regularidade né então nós tá dizendo que os discursos promovem violências Então vamos lá se você tiver um vamos pegar um exemplo de discurso que ficou trabalhou bastante discurso psiquiátrico do século 19 virado cego
19 para o século 20 existe uma violência as pessoas eram submetidas a uma violência física as pessoas eram literalmente torturadas né levavam choques eram metidas a banhos violentos né o contraste de mãe frio com banho quente e ao mesmo tempo essas pessoas eram coagidas a confessar a indolência delas né a dizer a proferir né e nos casos extremos essas pessoas eram submetidas a uma fazer uma parte do cérebro dessa pessoa que eventualmente delirava sei lá o quê era era extraído do corpo dela quer dizer é como dizer olha a pessoa tem uma mão que rouba
você corta a mão dessa pessoa é uma analogia grotesca Mas é isso tem uma parte que alguém julga que não funciona adequadamente você corta fora essa parte da pessoa então há uma violência nesse discurso psiquiátrico certo e o que que a gente procura o específico desse discurso tipo de violência que Ele comete né a regularidade né a violência a incidência aquilo que se Repete aquilo que aparece em todo momento e essa é a tarefa daquele que analisa o discurso e Quarto e último lugar o que ele chama de exterioridade vamos lá quarta regra metodológica né
a da exterioridade não passar do discurso para o seu núcleo interior e escondido para o âmago de um pensamento ou de uma significação que se manifestariam nele Mas a partir do próprio discurso de sua aparição e de sua regularidade passar as condições externas de possibilidade aquilo que dá lugar a série aleatória desses acontecimentos e fixa as suas fronteiras né ele tá quase dizendo o seguinte Olha o analista o analista do discurso ela trabalha com o discurso não vou dar um exemplo para vocês eu fui estudar eu fui estudante né de teologia então a gente aprende
numa escola teológica a fazer exegese né quer dizer você pega um texto bíblico e você faz você tem uma série de procedimentos metodológicos que você utiliza para interpretar corretamente esse texto certo é interessante que o que essa metodologia energética muitas vezes promete para gente é que você vai através do uso desse método por exemplo Vamos pegar lá um texto do apóstolo Paulo você vai entrar na mente do apóstolo Paulo quer dizer como se fosse possível que você extrapolasse a materialidade do texto mas que por intermédio da materialidade do texto você chegasse na mente né então
há vários problemas aqui o primeiro é que o focou é um crítico da filosofia do sujeito essa filosofia que acredita que o sujeito é o alicerce o ponto fundamental A Âncora de todo o conhecimento A Âncora da produção do conhecimento primeiro eu tô dizendo olha discurso é um fenômeno social é um fenômeno coletivo então pouco importa o que o sujeito pensa né O que importa é como esse sujeito foi pensado pelo discurso como esse sujeito foi a sujeitado pelo discurso de que modo é esse sujeito foi impregnado do ponto de vista sociológico antropológico como é
que ele foi impregnado por uma série de práticas discursivas em primeiro lugar é isso então segundo lugar que não tem como ir além da própria materialidade do texto você pode observar o texto você pode ver como ele funciona você pode analisar as palavras você pode analisar o contexto você pode analisar a relação desse texto com outros textos que tipo de discurso esse texto configura mas você não tem como chegar no sujeito até porque muitas vezes por exemplo no caso da literatura bíblica textos são atribuídos a Paulo que não são de Paulo Então você sequer sabe
em algumas situações que se quer quem é o sujeito empírico e quando sabe quem é o sujeito empírico você não conhece não tem muitos dados é qual a possibilidade da gente conhecer profundamente um sujeito que viveu no mundo antigo né quanto mais distante históricamente nós estamos do sujeito mais difícil é chegar né a mente desse seu jeito é impossível né Vamos pegar um sujeito vivo hoje né ele se quer conhece prof undamente quem ele é como é que nós podemos ser pretensiosos a ponto de conhecer a mente de alguém né Sei lá eu tô já
no meu terceiro ano de análise né fazendo isso metendo análise psicoterápica e eu me surpreendo com as coisas que é com quem eu sou como estão com quem eu estou sendo me transformando imagina me conhece muito pouco e é óbvio que as pessoas conhecem muito menos daquilo que eu sou né então a gente precisa trabalhar com é isso que ele chama de princípio da exterioridade né aquilo que está exterior tá no exterior do sujeito O que é a linguagem o texto né esses dados que estão materialidade do texto né pode ter teoria de como é
que funciona um texto mas a gente só tem texto para trabalhar né a gente não consegue através do texto chegando lá em texto é isso que ele tá dizendo muito bem é isso espero que esteja ajudando você a entender esse texto relativamente pequeno mas complexo importante e interessantíssimo que se chama a ordem do discurso Tá bom a gente ainda tem mais coisa para falar e a gente se encontra no próximo vídeo Um abraço e até lá