Novas Territorialidades - Rogério Haesbaert da Costa[2].mp4

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Geographando
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o geógrafo David Harvey né da compressão do tempo e espaço né que as distâncias físicas não teriam mais importância na medida em que você pode através de toda a parafernália tecnológica né acessar o outro lado do mundo instantaneamente portanto fator se o território é distância né ela teria se relativizado bastante e por fim aquele mais tradicional de todos o território como recurso natural o abrigo né Aí vem toda uma linha que vem da própria biologia que trabalha também com o conceito de território e que propõe o território a partir da própria territorialidade dos animais né
como se o homem também carregasse instintivamente essa necessidade de ter um território né no sentido da própria base natural aonde ele se reproduz uma outra linha essa já mais ligada a uma ideia relacional né já envolvendo de uma maneira mais efetiva as relações sociais que estão aí dentro para construir o território e não o território como alguma coisa que paira né como se fosse um pano de fundo um Palco para ir a sociedade em cima dele se eh reproduzir mas como um elemento constituidor efetivo da sociedade como um elemento que não pode né nenhuma sociedade
pode ser construída sem essa eh base territorial como um elemento constituinte da sociedade uma primeira visão mais simples né aquela que fala do território como localização Econômica dependência de condições locais né Toda uma rede de relações que as empresas por exemplo necessitam para eh se reproduzirem aí a desterritorialização É aquela ideia que apareceu antes da deslocalização vejam que e no quadro anterior né eu me basei nele para construir essa sistematização dos conceitos de território Talvez o mais difundido de todos os conceitos de território até hoje tenha sido esse de espaço de dominação política né ou
Como diz um autor americano Robert sack espaço de acesso controlado né Todo o espaço que tiver um acesso controlado e por isso tá controlando processos né dinâmicas sociais se transforma num território né E por Excelência o território do Estado nação seria né no mundo moderno esse Grande né território como espaço de acesso controlado E aí obviamente a desterritorialização vai aparecer com esse discurso né do fim do Estado e das Fronteiras e uma terceira perspectiva essa de base mais cultural que eu chamei de território em perspectivas mais idealistas o território como espaço simbólico espaço de referência
identitária valor né alguns autores não são muitos mas falam e priorizam essa dimensão cultural do território território como um valor um espaço de referência identitária aí a desruralização seria aquela do hibri cultural do desenraizamento ou de um espaço multien tiáo Então o que tá por trás desses discursos né o grande problema eu acho o grande dilema teórico para nós é perceber que muitas dessas concepções de território elas são construídas em cima de dicotomias né e que não H demonstram essa interação entre elementos que no nosso ponto de vista tem que aparecer juntos como por exemplo
fixação e mobilidade né aí a ideia de que o território também pode ser construído noi pelo movimento né acrescentar esse elemento da mobilidade que hoje é tão importante com um elemento também constituidor dos territórios e não naquela dicotomia que seria o pano de fundo desse discurso né que coloca como contraponto a fixação e a mobilidade o espaço e o tempo como se o espaço fosse o estático e móvel né o tempo dinâmico móvel o espaço estável e mutável o tempo instável mutável e por aí vai né material e concreto de um lado e material e
abstrato do outro objetos e fixos pro espaço e ações e fluxos pro tempo né uma dicotomia que aparece muitas vezes como plano de fundo desses discursos da desterritorialização para nós então espaço e tempo não só são indissociáveis né Isso já tá mais do que demonstrado a teoria da relatividade colocando a ideia né do do tempo como a quarta dimensão do do espaço como também eles são múltiplos né o próprio tempo e o espaço em si são ou como que é o nidr trift esse eh geógrafo inglês ele usa não usa nem ifen ele usa uma
palavrinha só para dizer né a relação espaço tempo né e ele destaca essa essa visão de que você tem que entender sempre o espaço-tempo como múltiplo né nessa multiplicidade de ritmos que o espaço-tempo incorpora uma outra dicotomia que aparece muito também nesses conceitos é aquela que separa a ideia de um espaço contínuo né o território como se fosse um espaço sempre contínuo da continuidade e o espaço da descontinuidade que seria então o espaço da rede o mundo mundo contemporâneo que a gente vive não teria mais essa característica da continuidade espacial a nossa vida tá toda
fragmentada espacialmente e a gente vai amarrar essa nossa vida em termos de uma rede né amarrando determinados territórios então a ideia seria de não colocar simplesmente o território de um lado e a rede do outro né mais uma vez caindo naquela dicotomia do movimento pra rede né da fixação pro território da delimitação pro território da ruptura de Limites Pra rede do enraizamento para um do desenraizamento pro outro né Mas trabalhar numa ideia de conjugação dos dois o que a gente vai chamar então de território rede uma outra forma de você construir o território no mundo
contemporâneo que incorporaria a própria ideia do movimento né da mobilidade na nossa construção territorial por fim a dicotomia do que eu chamo do funcional e do simbólico né um território que carrega não só uma importância funcional mas também uma dimensão simbólica aí presente e isso a gente encontra nos próprios clássicos que trabalharam com o tema do território né começando pelo próprio ratsel lá no final do século XIX quando ele se referia muito ao território estatal né que era o território por excelência na leitura que ele fazia no final do século XIX e e não é
sem explicação né porque ele vivia numa Alemanha que estava em processo da unificação e necessitava dessa unidade territorial paraa construção do Estado alemão Unificado mas ele falava também de uma certa dimensão espiritual que esse território incorporava né da necessidade de você conjugar ao mesmo tempo essa dimensão mais material e funcional dele com uma dimensão que ele chamava de espiritual que também tinha uma importância grande depois Houve um tempo em que o conceito de território não aparece com grande força na geografia Vai ser retomado lá pelos anos 50 do século XX principalmente com Jean gotman e
aí ele fala e deixa explícito que o território é não é só sistemas de movimento materiais mas incorpora também o que ele chamava numa visão que hoje a gente pode fazer uma uma crítica também a isso sistemas de resistência ao movimento que era uma característica muito mais simbólica a identidade que você tem com uma determinada um determinado espaço né você constrói aí uma um sistema de resistência ao movimento que ele chamava por essa identificação que você tem esse caráter simbólico né que o território carrega e por fim o delus de guatarri aí numa visão mais
contemporân né que eles dizem que todo o território é funcional e expressivo ao mesmo tempo portanto incorporando as duas dimensões do funcional e do simbólico e é interessante que procurando nos dicionários etimológicos eu fui ver que a própria origem etimológica da palavra território ela já carrega ela já traz essa ambiguidade né entre a dimensão simbólica e a dimensão mais funcional e e material eh território vem tanto de território terra né com essa dimensão concreta pedaço de chão do qual você se se apropria né como era utilizado no Império Romano sinônimo de determinadas jurisdições que haviam
dentro do do império como também ele eh se refere a um outro radical que é terra o territor que vem tá relacionado com o verbo aterrorizar aquele que aterroriza né que que incute medo e aí a gente pode fazer uma uma extrapolação Zinha aí e pensar que o território também ao você delimitar ao criar uma cerca por exemplo um muro né E dizer isso é meu você tá criando medo naquele que fica lijado do acesso né a esse território ao mesmo tempo que incute uma identidade naquele que tá né vivenciando efetivamente esse território então interessante
que desde a origem né o território carrega essa ambivalência de uma dimensão mais simbólica uma dimensão mais física e concreta o que aparece então agora com a terceira possibilidade de construir o conceito de território que a gente vai tentar desdobrar para efeito do do nosso trabalho é o que eu tô chamando aí de perspectivas entre aspas totalizadoras esse termo É muito problemático né hoje falar em totalização eh preferível falar integradora né uma perspectiva mais integradora do território o próprio Milton Santos né o nosso grande geógrafo ele definia território como um sistema de objeto e um
sistema de ações né na ligação entre fixos e fluxos né mostrando que não há essa dicotomia entre a mobilidade e e a imobilidade os fixos os fluxos sistema de objetos sistema de ações eh uma autora francesa também geógrafa Chalon ela propõe o território como experiência total do espaço esse termo parece um pouco pesado né A Experiência total do espaço aí ela acrescenta o seguinte que hoje você não tem mais como ter essa experiência total do espaço no espaço em que se Conjugue a tua vida política a tua vida cultural a tua vida Econômica no mesmo
espaço né a nossa vida às vezes tá fragmentada em termos de eh espaços né que correspondem a uma perspectiva mais econômica mais política ou mais cultural da nossa na nossa vida e ela diz então que aí que tá o problema né que o território hoje estaria né se enfraquecendo porque não há mais a possibilidade de você ter essa experiência total do espaço Ou seja no mesmo espaço contínuo né ela fala o território é uma espécie de experiência total do espaço que faz conjugarse no mesmo lugar os diversos componentes da vida social espaço bem circunscrito pelo
limite entre interior e exterior entre o outro e o semelhante Então essa ideia de território né Na continuidade Que você realiza todas as dimensões da vida no mesmo espaço estaria eh em crise a contribuição que o delus e gatari trazem para nós é que você pode construir um território também no movimento né quando eles falam que ao repetir um determinado movimento no próprio cotidiano né você tá construindo também o território na mobilidade acho que uma ideia bem interessante que você vai articular em rede né determinadas parcelas do espaço determinados de espaços descontínuos Mas você articulando
em rede Você tá criando uma nova forma né uma nova constituição do né funcional expressivo que pode ser construído pela própria repetição do movimento e aí o delus acrescenta que não há território ser um vetor de saída do território mostrando que o tempo inteiro você tá se desr o território é visto como um movimento constante não como algo fixo fechado né então há um processo acho que essa ideia é muito interessante um território que é processo né que é dinâmica né que são relações sociais sendo constantemente reconstruídas não há Território Sem um vetor de sair
do território e não há saída do território ou seja desterritorialização sem ao mesmo tempo um esforço para se reterritorialização que a gente faz de trabalhar né com o território V essa ideia de processo como uma ideia fundamental o território seria um produto do movimento combinado de territorialização desterritorialização do espaço Isto é de relações de poder E aí é importante né resgatar essa ideia de que se há um elemento né que perdura através de Todas aquelas concepções de território é o que se refere a relações de poder mediadas pelo espaço né construídas no e com o
espaço tanto de poder no sentido de dominação que é mais concreta quanto de apropriação que é mais simbólica eu tô pegando aqui os tem do lefevre o Henry lefevre propõe distinguir Dominação e apropriação né A Dominação mais ligada a essa dimensão mais concreta e a apropriação a uma dimensão mais simbólica a questão central Então seria que as relações de poder mediadas pelo espaço aqui eu tô tomando um colega nosso da frj Marcelo de Souza que ele define né o o território como relações de poder mediadas pelo espaço mas com uma concepção mais Ampla de poder
que inclui a força força hoje do que a gente chama de poder simbólico né esse poder que a gente não tem muita clareza da onde que ele tá mas justamente por não ter essa essa clareza dele que ele é eficaz né então acho que na na construção do território também passa por aí essa força né do Poder simbólico hoje e não apenas esse poder mais material ou poder né do colocar um muro uma cerca e tentar controlar processos sociais por aí você pode estar fazer referências também a território simbolicamente e com isso né mobilizar as
pessoas e também não Território que fica só no macropoder do Estado mas também ligado aos micropoderes né que aí a a leitura do Foucault é interessante pra gente entender né desde os espaços disciplinares né do cotidiano até o estado nação o território aparece em múltiplas escalas então Os territórios podem ser mais funcionais ou mais simbólicos num contínuo né você pode dizer que vai do território mais eminentemente funcional até os mais simbólicos claro que no extremo se você falar de um território que existe meramente na concepção né na no Imaginário das pessoas você vai ter só
territorialidade a gente pode dizer e não território no sentido né efetivo né então pode haver nessa perspectiva territorialidade sem território né o povo Judeu por exemplo durante muito tempo pode se dizer que era né vivia em função de uma territorialidade né do Imaginário territorial que mobilizava eles mas sem efetivamente no sentido concreto né esse território um elemento agora muito importante para nós Aliás ele elementos do território são muito importantes né Para nós identificar esses elementos porque aí que a gente vai ver o que que mudou nesse mundo globalizado né se a gente levar em conta
que o território é constituído sempre por pelo menos três elementos que o Rafa chama de malhas nós e redes a gente vai perceber que ao longo do tempo um desses elementos se coloca como o elemento mais importante né E se a gente fizer uma história né da sociedad vai se ver que o homem tem táticas né estratégias territoriais diferentes ao longo do tempo e que à medida que a globalização vai se efetivando agora o elemento rede vai se tornando um elemento mais importante constituidor do território só que aqui a gente não tá vendo naquela separação
naquela dicotomia né de território de um lado e rede do outro a rede é um elemento constituidor do território Ora se coloca como um elemento menos importante Ora como um elemento mais relevante daí identificação de duas lógicas territoriais de controle uma lógica zonal que a gente vai chamado de controle de áreas né e lógica reticular o controle de redes que hoje seria muito mais importante o controle simplesmente de áreas né a lógica do Estado nação é uma lógica de controle de áreas né você tem que criar uma legislação né que vale para todo um território
toda uma área né Eh bem definida com fronteiras também bem definidas o que a gente tá chamando de lógica reticular é na verdade né a importância aí do controle dos fluxos e do controle dos polos de conexão né então hoje
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