[Música] [Aplausos] é muito comum termos acesso a discussões sobre super exploração da mão de obra nos Canaviais do período colonial nos Cafezais durante o século 19 e até mesmo nos dias atuais mas são muito menos frequentes os debates sobre a exploração do trabalho na região Amazônica do país ao longo da nossa história assim como são raras as discussões sobre revoltas que ocorreram na região norte do país A Cabanagem ou revolta dos Cabanos ocorrida entre 1835 e 1840 na Província do Grão Pará Região Norte do Brasil reuniu variadas e satisfações regionais que vão desde demandas de
elites locais em relação ao poder Central do Brasil no Rio de Janeiro até questões do povo mais pobre super explorado da região A Cabanagem representou um dos embates mais violentos que tivemos em nosso território e que deixou um saldo de cerca de 30 mil mortos em um Brasil que tinha menos de 10 milhões de habitantes o que proporcionalmente representaria mais de meio milhão de mortos no Brasil atual existe certa divergência sobre a origem do nome cabanagem posto que tanto pode ter origem no termo cabano forma de se referir aos revoltosos que moravam em Cabana simples
Quanto pode ter origem no nome de um chapéu de palha muito utilizado pelo povo mais pobre da região chamado de cabana essa revolta está encaixada no contexto do período regencial que vai de 1831 a 1840 e compreende o intervalo entre o primeiro reinado durante o governo de Dom Pedro I e o segundo reinado durante o governo de Dom Pedro II momento do Brasil Império reconhecido por suas turbulências políticas e sociais caracterizadas pela disputa entre elites de diferentes regiões do país e o poder Central no Rio de Janeiro e também por explosões de ódio social das
camadas mais pobres não é por menos que inúmeras revoltas também tiveram espaço nesse período tais como a Revolução Farroupilha A Revolta dos Malês a Balaiada e a Sabinada Justamente por isso é fundamental compreendermos o contexto histórico prévio para entendermos como A Cabanagem foi historicamente possível para que seja possível entender as revoltas que varreram o período regencial antes é necessário retroceder um pouco na história e relembrar como foram os primeiros anos de governo do Brasil independente sobre a Batuta do primeiro rei da Nação recém-nascida Dom Pedro I filho de Dom João VI monarca de Portugal que
fugiu das invasões napoleônicas em 1808 e que governou o reino português a partir das terras que depois viriam a ser o Brasil os primeiros anos pós Independência São caracterizados por uma intensa crise econômica no Brasil e por uma dificuldade para Dom Pedro I governar dada a pressão que sofria de elites agrárias e Comerciantes locais de um lado e de Comerciantes Portugueses e elementos mais identificados com a coroa portuguesa de outro o que fez do primeiro reinado um Palco para um cabo de guerra que colocou Dom Pedro I em uma situação muito difícil havia também uma
série de críticas dos mais variados setores sociais ao poder Centralizado nas mãos do Imperador O que explica a dificuldade para se decretar a primeira constituição brasileira nela havia um dispositivo autoritário que dava preponderância ao poder executivo sobre o legislativo que era a figura do Poder moderador que funcionava como um mecanismo acionado pelo monarca para se sobrepor aos outros poderes durante todo o seu governo Dom Pedro I sofreu críticas por posicionar portugueses em cargos importantes em seu governo e a tese de que o monarca sempre tentou reunir forças para aplicar um golpe absolutista fazia parar nuvens
de desconfiança sobre a cabeça do primeiro rei do Brasil o que só piorou conforme a situação econômica do país se deteriorava com o avançar do seu governo a perda do território da Cisplatina episódio do qual nasceu Uruguai independente em um conflito com a Argentina serviu para degradar muito a imagem do monarca brasileiro posto que todo gasto que foi destinado para esse conflito acabou não se convertendo em ganhos para o Brasil confirmando a tese de que fracassos militares não costumam ser perdoados ao longo da história a morte de Dom João VI Também deixou Dom Pedro I
com a missão de estar à frente de dois reinos o que ampliava a percepção no Brasil de que o rei Era mais português do que brasileiro sobretudo porque o monarca usava e abusava de ótima recepção e enquadramento funcional com verbas brasileiras para todo o sujeito da corte portuguesa que vinha para o Brasil é justo dizer que uma sucessão de episódios contribuiu para a derrocada do Governo de Dom Pedro I E que se somam a derrota na guerra Cisplatina governante que jamais conseguiu dissolver a desconfiança de setores brasileiros em relação às suas relações com grupos políticos
portugueses que viviam no Brasil e isso vinha até mesmo de setores da burguesia que apoiaram Dom Pedro I e seu início pensando que ele seria capaz de afastar a política brasileira da influência de setores da Elite portuguesa a efervescência dos jornais liberais no Brasil recém independente era espantosa e as críticas ferozes disparadas contra a figura do monarca do Brasil desgastavam a sua imagem em relação ao povo que Pouco a Pouco via como uma figura autoritária ligada aos Portugueses e muito menos como aquilo que Dom Pedro queria que visse um governante liberal de uma monarquia Nascente
uma nova revolução na França em 1830 depondo Carlos 10 e fazendo subir ao poder Luiz Felipe um rei mais palatável para os liberais contribuiu para contagiar o ambiente intelectual no Brasil que via a França avançar para o liberalismo enquanto o Brasil tinha no poder a figura de Dom Pedro I tido como atrasado por setores da burguesia em 1830 o assassinato de Líbero Badaró jornalista fundador do jornal observador constitucional crítico do autoritarismo foi um episódio que desgastou enormemente a figura do Imperador brasileiro já que enquanto o povo clamava por investigações e punição dos culpados pelo assassinato
do jornalista a justiça brasileira encobriu o caso e apenas atuou para mostrar superficialmente alguns serviço em 1831 Dom Pedro I voltava de uma viagem a Minas Gerais onde foi para tentar conter insatisfações locais em relação ao seu governo para o Rio de Janeiro quando se deparou com um misto de Protestos de setores nacionais e de festa de recepção organizada por setores portugueses o que acabou se tornando um episódio de briga de rua entre brasileiros e portugueses por causa do ambiente polarizado no país e que Dom Pedro I não conseguia dissolver para promover uma unidade nacional
[Música] diante da corrosão completa de suas possibilidades de governar Dom Pedro I decidiu abdicar do Trono e retornar a Portugal em um contexto no qual até as forças armadas haviam abandonado Rei Diante da revolta popular e da insatisfação em relação à posição de portugueses encargos importantes no governo do Monarca no Brasil Dom Pedro I deixa seu filho Pedro II uma criança de 5 anos e que por isso mesmo ainda não tinha condições de assumir o trono deixado pelo pai o que dará a lugar a um novo contexto conturbado no qual o Brasil mergulho já que
o imperador da Nação recém-nascida deste país seu filho ainda não pode assumir o trono deixado pelo pai e o Brasil vive um contexto de intensa agitação política e social tem lugar de nossa história o período regencial que se estenderá de 1831 a 1840 dada vacância do Trono e a impossibilidade por causa da idade de Dom Pedro II assumir no lugar de seu pai que fugiu para Portugal a constituição previa que um governo provisório ou seja uma Regência deveria ser constituído até que o filho de Dom Pedro I completasse A maioridade podendo assim assumir o trono
deixado pelo pai a primeira Regência no Brasil foi então composta por três senadores Justamente por isso chamada de Regência Trina que era o militar Francisco de Lima e Silva apoiador da deposição de Dom Pedro I Nicolau Pereira de Campos Vergueiro fazendeiro do ramo do café e José Joaquim Carneiro de Campos um Marquês Diplomata e advogado figuras que tiveram por missão estar à frente de um regime que deveria colocar em ordem um país nada pacificado dividido entre Portugueses e brasileiros e também com um clima revolucionário importado da França pelos intelectuais brasileiros para tentar manter a força
do simbolismo monárquico os regentes apresentaram ao povo o menino Dom Pedro II como Imperador do Brasil embora não governasse por ter apenas cinco anos de idade eles buscavam com isso consolidar na mente Popular aquilo que a constituição propunha uma junta de governo estaria no poder até que o monarca fizesse a sua maioridade e o tutor de Dom Pedro II seria José Bonifácio de Andrada uma das mais interessantes figuras da política brasileira tanto do contexto de independência quanto nos primeiros anos de nossa história como nação independente Logo no início a regência provisória Inicial teve que combater
revoltas que eclodiram contra portugueses em alguns estados brasileiros tais como a Bahia Pernambuco em Minas Gerais devido ao clima de divisão do primeiro reinado que ainda pairava sobre o ambiente político nacional como a primeira Regência tinha um caráter provisório já que o ambiente de abdicação de Dom Pedro I exigia uma ação rápida e a consolidação de uma junta governativa que impedisse que o país ficasse acéfalo em junho de 1831 foi promovida a escolha da próxima Regência Trina a assumir o governo no país em caráter permanente governando entre 1831 e 1835 a regência Trina permanente era
composta por dois políticos do Nordeste José da Costa Carvalho da Bahia e João Bráulio Muniz do Maranhão e do Militar do Rio de Janeiro Francisco de Lima e Silva que já fazia parte da regência Trina provisória e foi mantido no cargo e lembrando limite Silva foi um dos apoiadores da abdicação de Dom Pedro I sendo um crítico do primeiro Monarca durante o período de governo da regência Trina permanente foi criada em 1834 aguarda nacional no Brasil que tinha por função reunir contingentes armados com alistamento obrigatório para enfrentar as revoltas que ocorriam nas províncias e que
estavam sobre o comando das forças políticas provinciais e do Ministro da Justiça a guarda nacional foi criada com o objetivo de manter a integridade territorial do país e combater movimentos separatistas ou revoltas que colocassem em risco a ordem observar que o surgimento da Guarda Nacional é revelador do ambiente social e político do período regencial posto que sua função que é a de manter a integridade territorial do Brasil é providencial para um período no qual o governo Central do Brasil é questionado intensamente por elites locais e pelo povo que está extremamente revoltado com as condições sociais
e econômicas que enfrenta no período regencial Existiam três diferentes grupos políticos os liberais moderados os liberais exaltados e os restauradores os restauradores queriam a recondução de Dom Pedro I ao poder e Justamente por isso pesavam suas críticas contra os regentes inclusive gerando distúrbios no país o partido Liberal moderado que também era chamado de chimangos Diferentemente dos liberais exaltados tinha a maioria no legislativo e era composto por políticos Que evitavam mudanças drásticas na política nacional desde a independência Justamente por isso recebeu a maior parte dos políticos restauradores após a morte de Dom Pedro I e a
prisão do líder restaurador José Bonifácio que antes de ser preso foi afastado de seu cargo no legislativo e também perdeu o cargo de tutor de Dom Pedro II que foi passado para o Marquês de Itanhaém no ano de 1834 uma série de mudanças constitucionais acabou por enfraquecer ainda mais o poder do governo federal ao fazer avançar no governo monárquico uma lógica Federativa atribuindo mais poder as províncias a mudança aumentou o poder das oligarquias regionais nesse período que na linguagem de hoje podemos entender como um aumento do poder dos Estados as mudanças constitucionais do ano de
1834 ficaram conhecidas pelo nome de Atos adicionais de 1834 as principais mudanças apresentadas pelos atos adicionais de 1834 foram as seguintes a criação das assembleias legislativas provinciais que correspondem as atuais assembleias legislativas estaduais e a determinação de votação para a escolha do Regente no Brasil que seria agora não mais composta por três pessoas como na Regência Trina mas apenas por uma pessoa com um mandato de quatro anos em 1835 é eleito o primeiro Regente Uno do país o padre Antônio Diogo Feijó um político pertencente ao grupo dos liberais moderados e que teve problemas de governabilidade
desde o início do seu mandato visto que Como já repetimos aqui o contexto do período regencial é de forte turbulência das oligarquias regionais e é justamente no seu mandato que irá iniciar a revolta dos Cabanos tema central deste documentário cumpre observar que Feijó não cumpriu o seu mandato por ter perdido o controle político por causa das variadas revoltas regionais que eclodiram durante o período de sua Regência ele foi substituído por Pedro de Araújo Lima que iniciou seu mandato como Regente interino mas Foi confirmado como Regente oficial em uma eleição em 1838 é preciso compreender que
o início da colonização da região Amazônica se dá por uma pressão de outras Nações sobre Portugal o que o leva a ter que ocupar regiões para poder efetivamente tomá-las como suas e é justamente assim que em 1616 é fundada a cidade de Belém do Pará a lógica de ocupação da região Amazônica é a de construção de fortificações militares próximas a povoados indígenas para garantir controle sobre Esses povos e também para garantir o controle Colonial mediante ocupação e é justamente assim que também surgem as cidades de São Luís em 1615 Macapá em 1636 em Manaus em
1665 para ter um controle político organizado da região Amazônica A coroa portuguesa criou em 1621 o estado do Maranhão e Grão Pará que Inclusive era separado do restante da colônia Portuguesa que dizia respeito ao Brasil ou seja Maranhão e Grão Pará e o restante do Brasil eram dois estados diferentes mas que respondiam a coroa portuguesa e a compreensão dessa questão é fundamental para entender a consolidação da identidade territorial e política das pessoas que viviam na região Amazônica e que inclusive encontramos na alma da Revolta dos Cabanos embora os portugueses tivessem tentado replicar o mesmo molde
de desenvolvimento econômico do restante de sua colônia o Brasil no estado do Maranhão e Grão Pará as condições naturais da região Amazônica não permitiram o avanço da cultura da cana-de-açúcar o que garantiu a região um desenvolvimento diferente daquele visto no restante da colônia portuguesa por esse motivo a região amazônica irá faltar seu desenvolvimento na economia extrativista com foco em especiarias como a canela a castanha e o cacau e também na Caça e na pesca embora alguns tipos de criação também pudessem ser encontradas nessa região as ordens religiosas foram responsáveis por fazer a colonização adentrar Rio
Acima na região Amazônica estabelecendo o contato com indígenas e adestrando a mão de obra dos povos a estenuantes jornadas de trabalho voltadas para os interesses dos colonizadores as ordens religiosas serviram como agentes de pacificação de índios tendo uma função semelhante no restante da colônia portuguesa tal qual nas colônias espanholas enquanto no restante da colônia Portuguesa no Brasil se desenvolveu a monocultura voltada para exportação utilizando a mão de obra escrava de pessoas trazidas do continente africano na região Amazônica vigorou a exploração da mão de obra indígena para a construção de cidades e na economia extrativista em
torno da qual se desenvolveu uma forte atividade comercial no século XVIII As Reformas levadas a cabo pelo Marquês do Pombal que atacaram frontalmente a influência Jesuíta nas colônias portuguesas acabou atingindo em cheio o modelo que vinha se desenvolvendo na região Amazônica já que em boa medida as trocas culturais entre padres e índios foram fundamentais para o desenvolvimento da Cultura extrativista posto que os indígenas eram conhecedores da região e isso fazia com que o potencial de sucesso da empreitada extrativista fosse ampliado um detalhe importante é que convém não confundir o termo trocas culturais com relação pacífica
entre indígenas e exploradores sejam eles religiosos ou não já que os povos nativos foram expostos ao processo de aculturação e a uma rotina de trabalho com a qual não estavam acostumados assim como foram inseridos em uma lógica social e econômica que não fazia sentido para eles dada suas vivências anteriores o avanço da colonização na região Amazônica entre os séculos 16 e 18 foi marcado pela violência e pelo atrito entre os povos nativos e o colonizador europeu de ordem religiosa ou não já que os povos nativos da região eram povos guerreiros e é justamente esse elemento
da desconfiança em relação ao explorador que sempre esteve presente nos nativos da região Amazônica que será um dos motores da Revolta dos Cabanos durante o período regencial As Reformas pombalinas além de mudar radicalmente o modelo econômico da região também aboliram o uso do iengatu língua derivada do Tupi utilizada largamente para comunicação na região inclusive pelos colonizadores o que ampliou ainda mais o sentimento de aversão ao poder Colonial a nova tentativa de enquadrar a economia da Região Amazônica nos moldes escravistas do restante da colônia portuguesa acabaram dissolvendo fazer econômico em torno do qual a sociedade da
região se desenvolvia que era baseado na relação entre indígenas e ordens religiosas gerando grande Impacto sobre a vida dos povos nativos e sobre a economia da Região Amazônica para Esses povos nativos trocava-se o modelo altamente exploratório por outro já que a economia extrativista e a exploração dos Jesuítas levaram à morte um enorme contingência de indígenas por causa das precárias condições de vida e do desgaste no trabalho para encontrar as drogas do sertão termo usado para se referir as especiarias da região a ideia da política pombalina era generalizar o modelo colonial integrando fazer econômico da região
Amazônica ao circuito que se desenvolvia no litoral onde um sistema triangular vigorava conectando a Metrópole na Europa o comércio de escravos na África e o plantio de cana-de-açúcar no Brasil em uma região o Brasil adentro que Portugal queria integrar rapidamente ao processo Colonial litorâneo o que era aldeamentos e missões jesuíticas se transformaram em Vilas povoados e terras disponíveis para serem Integradas ao sistema de plantation que ficava cargo de colonos e soldados que ampliaram ainda mais o nível de exploração sobre a mão de obra indígena que agora haviam uma continuidade piorada da exploração que já vivia
essa situação representava um segundo processo sucessivo de aculturação primeiros nativos foram aculturados por ordens religiosas E aí desenvolveu-se o modo híbrido de vida e de comunicação Como já citado e engatou mas ainda assim um modo novo e estranho de vida para depois serem novamente remodelados pelo impacto das reformas pombalinas e sofrer outra vez com a passagem do bastão da exploração dos religiosos para colonos e soldados é fundamental compreender que por serem povos nativos e por causa da forma como desenvolver a sua relação com a Terra no trabalho junto às ordens religiosas os nativos da região
Amazônica sempre tiveram uma relação específica social territorial e política com o seu chão somado a isso temos a intensa mestiçagem que configura a formação do Caboclo brasileiro da região Amazônica algo diferente da relação que o escravo africano desenvolveu no litoral a sociedade pobre da região Amazônica base social que irá movimentar a revolta dos Cabanos é composta por índios aculturados e dispersos pela região caboclos e mestiços mal inseridos na sociedade e de negros livres que não tinham qualquer acesso à terra um enorme contingente de pessoas que tinham entre si o mesmo sentimento uma enorme desconfiança e
Ódio em relação aos brancos colonizadores toda essa comunidade desenvolveu suas relações em torno dos rios que conectavam os lugares o que confere a esse grupo uma identidade Ribeirinha que vivia em cabanas precárias as margens dos rios e que dependia basicamente do comércio dos produtos que extraia das florestas tanto que o termo Caboclo vendo Tupi que significa aquele que vem da Floresta contrastando com a pobreza da maioria da população indígena Negra livre e mestiça da região norte Brota uma forte atividade econômica ligada cultivos como do café e do algodão que são administrados em paralelo com a
manutenção da atividade extrativa de especiarias que sempre caracterizou a região gerando um ambiente de desenvolvimento diversos embora como era a característica do período colonial convivendo com uma grande pobreza regional podemos dizer que as mudanças ocorridas ao longo do século 18 com atenção especial às reformas pombalinas nos ajudam a compreender muito do que movimentou a revolta dos Cabanos assim como o fato do Grão Pará ter se desenvolvido em separado do restante do Brasil O que irá explodir dentro do Confúcio turbulento contexto do período regencial brasileiro em uma revolta popular e com caráter marcadamente separatista de uma
região que foi integrada a forceps ao Brasil recém-nascido no contexto pós Independência o século XIX e o contexto da Independência do Brasil se desenvolveu em um mundo paralelo em relação ao que a Região Amazônica vivia tendo essa parte da colônia o seu processo particular por ter avançado na história em separado da dinâmica que ocorria no restante do Brasil ainda que as reformas pombalinas tenham tentado integrar a região amazônica ao circuito Colonial típico do litoral no plano político o desenvolvimento em separado da região Amazônica conferiu um sentimento independente a uma porção da colônia que se comunicava
de maneira autônoma como Metrópole processo que molde as lideranças políticas e as oligarquias que vivem na região norte do país e o choque dessa lógica com uma integração forçada a um Brasil recém independente produzirá um caldo de revolta enorme contra o governo Central do Brasil [Música] no contexto da Independência do Brasil o Grão Pará é administrado por burocratas portugueses que não nutrem o menor sentimento amistoso em relação ao centralismo administrativo que surge com a subida o poder de Dom Pedro I até porque o controle e os privilégios econômicos eram usufruídos também por esses mesmos grupos
e por aqueles que se organizavam em torno desse arranjo político que comandava o Grão Pará ainda que Dom Pedro I lotasse muitos cargos burocráticos com portugueses no Rio de Janeiro o sentimento político e a identidade territorial das oligarquias da região Amazônica nada tinham de relação com o que o primeiro rei do Brasil independente fazia no Rio de Janeiro A Luta dos burocratas portugueses do Grão Pará era para manter uma relação Direta com a metrópole e explorar a região amazônica para a manutenção dos seus ganhos e privilégios de forma que corria em paralelo o contexto de
independência no Rio de Janeiro e aquilo que ocorria na região Amazônica para gravar o quadro de submissão de setores da sociedade as ideias liberais da Revolução do Porto de 1820 em Portugal chegaram a região amazônica através da intelectuais e foram difundidas pela imprensa local o que contribuiu para a compreensão de que a independência do Brasil foi uma continuidade do Governo de Dom João VI no Brasil e não uma ruptura em direção a um regime constitucional liberal havia uma complexa rede de insatisfações que ganhava terreno na região Amazônica já que a maioria dos setores sociais tinha
aversão A Dominação e exploração portuguesa Enquanto muitos dos setores da Elite também não tinham qualquer confiança no governo independente que surgiu no Rio de Janeiro se os portugueses não nutriam qualquer sentimento de pertencimento a um país recém-nascido tão pouco o tinham as camadas populares que além de odiarem os colonizadores portugueses também não tinham qualquer identidade com o Brasil independente e passaram a nutrir uma versão enorme a repressão vigente do governo Central para integrar a província do Grão Pará Brasil a situação no Grão Pará era tão intensa e o ódio do Povo contra os portugueses era
tão grande que as forças militares do governo brasileiro durante a década de 1820 tiveram que conter O ímpeto Popular anti lusitano o que acabou despertando no povo uma aversão ao governo brasileiro ao invés de um sentimento de brasilidade já que o governo de Dom Pedro I poderia funcionar como um polo a trator para todos aqueles que odiavam os burocratas portugueses da região Amazônica isso tudo acabou em indispondo o governo brasileiro tanto em relação ao povo quanto em relação aos portugueses que compunham a elite burocrática do Grão Pará ao integrar seu estado brasileiro Nascente a economia
do estado do Grão Pará sofre um grande reverso sendo que muito do desenvolvimento do algodão e do café acaba migrando para outras regiões do país indo algodão para o Nordeste e o café para a região Sudeste do país café que marcará fortemente a economia do segundo reinado em diante com seus Barões mandando na política brasileira quando o período regencial inicia a situação no Grão Pará é de grande insatisfação das elites locais Muitas delas umbilicalmente ligadas a Portugal a insatisfação é em relação a qualquer forma de aderência ao governo central e integração estado brasileiro uma vez
que a economia Regional sofre perda severas nesse processo e nas camadas populares Segue vigorando o sentimento de desconfiança em relação ao seu histórico de exploração pobreza e aculturação sucessivas Por parte dos colonizadores brancos a abdicação de Dom Pedro I torna o ambiente ainda mais confuso com o fraco Governo dos regentes que assumem o seu lugar tanto que ocorre uma grande rotatividade de presidentes de província no Grão Pará posto que todos os indicados pelo governo regencial são rechaçados ou duram pouco tempo no cargo dado o ambiente turbulento da província no final do ano de 1833 o
governo regencial imposta Bernardo lobo de Souza como presidente da província do Grão Pará e a missão desse político é seguir com a política de integração forçada dessa região com as demais áreas do Brasil e dissolver qualquer revolta contra o governo Central O que faz com a adoção de enorme ação repressiva e volumosas prisões arbitrárias e deportações elementos que funcionam como a gota que transbordo copo da Revolta generalizada que será A Cabanagem no último dia do ano de 1834 morreu de maneira misteriosa uma Popular liderança política o Padre Batista Campos advogado defensor do republicanismo crítico dos
colonizadores Portugueses e entusiasta da causa da autonomia do Grão Pará o Padre Batista Campos inclusive teve contato com Frei Caneca um dos líderes da Revolução Pernambucana Batista Campos viu o período de transição política que a Região Amazônica vivia assim como o Brasil todo como um momento adequado para aproveitar a onda constitucional para que cidadãos nativos das terras brasileiras pudessem ocupar mais espaço na política tanto que na década de 1820 eleições locais deram Ampla Vitória para brasileiros nativos O que foi dissolvido por um movimento militar bancado pelas burocracias portuguesas diga-se de passagem o momento do golpe
militar português contra políticos brasileiros foi um Marco de ampliação da tensão e de afastamento entre os setores ligados a metrópole e aqueles ligados aos interesses dos setores políticos nativos da região Amazônica tantas mudanças políticas propostas pelo governo regencial quanto aquelas trazidas pelos movimentos mais radicais de Batista Campos representavam uma mudança drástica da ordem privilegiada que os burocratas portugueses herdaram quando se apropriaram do que restou da organização do trabalho deixada pelos Jesuítas após as reformas pombalinas no dia primeiro de janeiro de 1835 as ruas de Belém ficaram abarrotadas de pessoas enfurecidas com a morte de Batista
Campos e alimentadas com um ódio acumulado por anos de incerteza política social e econômica já que a região foi palco de inúmeras transformações que se processaram desde o início da colonização mas que se acentuaram enormemente desde as reformas pombalinas e com a anexação forçada no contexto da Independência culminando com a repressão do período regencial nos dias seis e sete de janeiro de 1835 uma multidão revoltada ganhou as ruas e assassinou o presidente da província e várias outras autoridades regionais e empossaram Félix Antônio Clemente Malcher um político e militar pertencente as classes médias da sociedade paraense
e que ganhou projeção Popular por ser uma figura do Círculo de contatos de Batista Campos logicamente a revolta não se organizou sozinha no Grão Pará já que Batista Campos e Félix Malcher já estavam por dias movimentando reuniões e a organização de grupos para atuarem na revolta posto que a repressão de Bernardo lobo de Souza a regimentava cada vez mais pessoas para o lado de mau cheiro e Campos e a morte deste último foi o gatilho para o processo de mudança dentre as palavras de ordem entoadas pelo movimento revoltoso estavam ataques aos Portugueses e aos maçons
ambos setores privilegiados da sociedade e representantes da exploração exercida sobre as camadas populares tanto que a destruição de uma loja maçônica em Belém foi um dos primeiros Atos dos revoltosos nos protestos porém a liderança de Félix Malcher nunca gozou de apoio entusiasmado das camadas populares posto que ele fazia sucessivos apelos ao fim da violência e a retomada das atividades econômicas além de ser um apoiador declarado do governo Imperial tanto que afirmou que deixaria a presidência da província quando Dom Pedro II atingisse sua maioridade ao contrário de Malcher outras lideranças da Revolta tinham apelo popular e
empolgavam mais o povo como é o caso dos irmãos Antônio e Francisco vinagre filhos de pequenos proprietários de terras locais e que lideraram quase 5 mil homens nas revoltas contra o governo provincial os irmãos vinagre pressionavam Malcher a ter uma conduta mais combativa já que ele havia sido aclamado como presidente da província por pressão Popular o que exigia de Malcher uma conduta que atendesse mais aos clamores populares caso contrário ele não conseguiria se manter no poder Por sua conduta vacilante Malcher será morto um mês depois de ser empossado pelas mãos do mesmo povo que o
levou ao poder assumindo em seu lugar Francisco vinagre que também irá declarar apoio ao governo Imperial contrariando os conselhos dados a Félix malche que deveria manter uma conduta mais combativa e alinhada os anseios dos revoltosos a ponto de vinagre entregar o poder em junho de 1835 a um indicado pelo governo regencial o Marechal Manuel Jorge Rodrigues em meio a continuidade da insatisfação Popular o Marechal Rodrigues tenta governar a província e decide prender Francisco vinagre para tentar desmobilizar o movimento revoltoso o que logicamente acaba cumprindo um serviço contrário ampliando ainda mais a revolta dos populares e
não ajudou em nada o fato do Marechal Rodrigues ser um português liderando massas em fúria Antônio vinagre e Eduardo Angelim um lavrador e Líder Popular investem contra as forças que defendem o governo do Marechal Rodrigues o que resulta na morte de Antônio vinagre episódio que coloca a figura de Angelim na liderança da revolta uma característica marcante da Revolta dos Cabanos é a habilidade dos revoltosos na guerra de guerrilha quem põe várias derrotas as forças do governo regencial dada dificuldade que os contingentes armados legalistas tem de conseguir controlar a quantidade de focos de ataque das forças
Cabanas muito embora com o tempo a Organização das forças cabanas tem esse assemelhado a um exército regular o mês de julho é violento e de revolta generalizada a ponto dos revoltosos conseguirem afastar as forças do Marechal Rodrigues para fora da cidade e tomar a cidade de assalto para empoçar Eduarda Angelim como o novo presidente da província Angelim presidiu a província por 10 meses Nos quais o regime revoltoso cabano tomou conta da política do Grão Pará para a grande preocupação do governo regencial entre fevereiro e março de 1836 o governo regencial em poça como presidente da
província o militar Soares de Andreia que lidera navios de guerra que tem por função bloquear a cidade de Belém e forçar os revoltosos abandonar o governo visando derrubar a Angelim do Poder os navios bombardeiam a cidade de Belém e o novo presidente da província desce na cidade para tomar posse a frente de dois mil soldados que não são recebidos com resistência já que o poderio apresentado pelo representante do governo regencial é muito maior se comparado com o que os revoltosos dispunham de armamento cumpre observar que navios e tropas portuguesas francesas e inglesas também estavam na
região prontas para dar suporte aos Cabanos e para abocanhar a região amazônica das mãos do Brasil o que acabou não acontecendo porque a operação Militar Brasileira do então presidente da província do Grão Pará acabou sendo bem sucedida diante da ofensiva militar os revoltosos Cabanos fugiram pelos Igarapés dentro de Canoas e Eduarda Angelim também conseguiu escapar do bloqueio da prisão tendo inclusive negado apoio britânico apoio logicamente interesseiro para furar o bloqueio que vinha sendo exercido pelos navios destacados pelas forças militares brasileiras e declarar a região amazônica independente ou parte do território britânico É bom lembrar que
o mesmo apoio foi oferecido pelos franceses e que Angelim mais uma vez não aceitou a oferta ao longo da história cumpre observar como Nações Poderosas sempre exploraram divergências internas das Nações mais frágeis para conseguir fazer avançar os seus interesses e Infelizmente nem toda liderança política tem a mesma conduta de Angelim ao negar o apoio interesseiro de franceses e dos britânicos em troca de controlar a região Amazônica mesmo tendo tomado Belém e assumido a presidência o governo regencial perseguiu os revoltosos mata dentro e capturou o Eduardo Angelim em outubro de 1836 que vivia em uma cabana
simples no meio da Mata com sua esposa e Angelim foi capturado julgado enviado para o Rio de Janeiro e depois para uma prisão em Fernando de Noronha de onde só retornou em 1851 aí já durante o governo de Dom Pedro II e nunca mais participou da vida política mesmo sem lideranças políticas destacadas Por parte dos revoltosos as forças militares do governo regencial continuaram combatendo grupos que seguiam se rebelando o que ocorreu até o ano de 1840 inclusive atacando qualquer Vila ou povoado onde houvesse uma mínima suspeita de abrigar simpatizantes da causa Cabana o que não
era raro já que a revolta nunca perdeu sua enorme popularidade juntas ribeirinhas da região diga-se de passagem a maior parte das dezenas de milhares de mortos foi assassinada sumariamente pelas forças militares brasileiras para abafar qualquer possibilidade de reaquecimento da revolta o número de mortes sumárias é muito maior do que aqueles que morreram em combate e organizados em torno de alguma liderança durante o auge do conflito contra o governo regencial as fileiras de grupos que se revoltavam contra o governo regencial seguiam sendo alimentadas pela desconfiança e pela insatisfação em comunidades ribeirinhas nas quais indígenas e mestiços
se recusavam a se submeter ao poder Central grupo quer engrossado por desertores das forças militares do governo regencial e por escravos fugidos que compunham as tropas revoltososas em busca de liberdade muitas pessoas envolvidas na revolta bem como tantas outras suspeitas que foram capturadas foram empregadas no trabalho forçado na Amazônia após o fim da Cabanagem e foram muitos desses que impulsionaram forte ciclo da borracha que marca o segundo reinado no Brasil e Que atraiu também grandes contingências populacionais da região Nordeste para a região amazônica a verdade é que Soares de André utilizou a cláusula de estado
de guerra para promover uma ampla exploração forçada da mão de obra de indígenas e mestiços o que chamou de processo de pacificação após ter subjugada revolta e em boa medida o que era tido como continuidade do conflito foi na verdade execução sumária e captura de mão de obra para trabalho forçado na região Amazônica a narrativa utilizada para impor o trabalho compulsório e o povo da região foi o da indolência dos povos nativos isso além do discurso da infantilização dos povos indígenas que precisam ser tutelados como crianças para contribuir com o seu quinhão de esforço para
o desenvolvimento do país e o esforço para recompor a mão de obra foi enorme já que dezenas de milhares morreram nas revoltas em execuções sumárias acusados de simpatizantes da causa Cabana o que ocorreu no período pós-cabanagem foi o mesmo que vigorou ao longo de todo o período colonial sobre as mais variadas concepções religiosas ou não um esforço das oligarquias para super explorar a mão de obra do Povo da região Amazônica indígenas mestiços e negros com métodos de adestramento para o trabalho que foi justamente o que foi feito pelas ordens religiosas e depois pelos burocratas que
assumiram o controle sobre essa mão de obra após as reformas pombalinas a pessoal passando para dar alguns recadinhos finais primeiramente agradecer a todos que estão acompanhando o trabalho aqui no canal e segundo para avisar sobre as formas de apoio aqui do canal para aquelas pessoas que querem apoiar o canal financeiramente A primeira é a chave do pics que é uma chave de e-mail é o pics Brasil dox@gmail.com a segunda é através da plataforma do apoia-se lá vocês podem contribuir com cartão de crédito ou com boleto vou deixar aqui na descrição do vídeo o link do
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