Os trabalhos que terão mais ofertas de emprego no futuro já existem hoje. Apesar de a automação e a Inteligência Artificial estarem mudando as relações de trabalho e tornando muitos empregos obsoletos, no curto prazo é possível que a tecnologia resulte em mais vagas sendo criadas do que perdidas. Essa é uma das conclusões do mais recente relatório O Futuro do Trabalho, produzido todos os anos pelo Fórum Econômico Mundial.
Eu sou Camilla Veras Mota da BBC News Brasil e neste vídeo explico quais são os dez empregos listados pelo Fórum com o maior potencial de crescimento, em comparação com a quantidade de postos de trabalho que essas áreas já ofertam hoje. Vou listar também os empregos com maior potencial de serem eliminados sob esse critério. Bom, o Fórum Econômico Mundial fez essas projeções com base em entrevistas com 803 empresas, que empregam 11 milhões de pessoas em 45 países do mundo, Brasil incluído.
A partir disso, eles identificaram as áreas com maior superavit de postos de trabalho, nas projeções de 2023 até 2027. Vamos a elas: A primeira engloba especialistas em Inteligência Artificial e em aprendizado de máquina, que ganham protagonismo no nosso dia a dia com o avanço da automação e de programas como o ChatGPT. O Fórum Econômico Mundial prevê que a demanda por esses profissionais vai crescer 40% nos próximos anos, gerando 1 milhão de empregos no mundo.
O aprendizado de máquina consiste em ensinar os computadores a analisar enormes quantidades de dados para extrair informações valiosas pra cada negócio. É assim que é feito, por exemplo, o sistema de recomendações de filmes de serviços como o Netflix. E o especialista em Inteligência Artificial é encarregado de projetar programas que simulem a inteligência humana para resolver problemas e realizar tarefas complexas.
A área de sustentabilidade também deve ganhar um milhão de novos empregos nos próximos cinco anos. Isso está ligado à demanda por soluções e processos que ajudem as empresas e governos a fazer a transição para uma economia verde, com menos emissão de carbono e que cumpra as metas ambientais. Dados da plataforma Linkedin analisados pelo Fórum Econômico Mundial mostram que, desde 2019, a cada 10 empregos com maior oferta, três são vagas relacionadas a essa área - incluindo analista ou gerente de sustentabilidade - pessoas aptas a, por exemplo, planejar e executar projetos socioambientais para as empresas.
Em terceiro, analistas de inteligência de negócios são parte de uma área, a de análise de dados, que vai ganhar estimadas um milhão e 400 mil novas vagas nos próximos anos. Isso vai acontecer no mundo inteiro, mas principalmente na China. E o que faz um analista de inteligência de negócios?
Ele coleta e analisa dados para identificar padrões, tendências de mercado e até vulnerabilidades de setores e empresas - um trabalho crucial para essa empresa melhorar sua produtividade e decidir quais serão seus investimentos futuros. Em quarto, estão os analistas de segurança da informação, dedicados a proteger de ataques cibernéticos os computadores, os sistemas, os banco de dados e as demais informações sensíveis de empresas e organizações. Cabe a eles gerenciar softwares, firewalls e programas de encriptação, identificar vulnerabilidades e impedir vazamentos de dados.
Em quinto lugar está a função de engenheiro de FinTech. FinTech, ou tecnologia financeira, significa usar a tecnologia para melhorar ou automatizar serviços financeiros, seja para empresas ou consumidores. Isso engloba projetar desde aplicativos simples, de pagamento pelo celular, até complexas redes de transações criptografadas.
A análise e a ciência de dados também são parte daquela área que eu mencionei mais cedo, que vai abrir um milhão e 400 mil vagas globais nos próximos anos. São alguns dos cargos mais citados pelas empresas como os empregos-chave que vão transformar o mundo dos negócios. E o que fazem o analista e o cientista de dados?
São profissionais que misturam vários dos conhecimentos que eu já citei por aqui: eles usam estatísticas, algoritmos, inteligência artificial e até o aprendizado de máquinas para obter e interpretar dados de um determinado setor - seja ele financeiro, acadêmico, na área de varejo, de e-commerce, ou qualquer outra. Essas informações também vão ajudar empresas e setores a tomarem decisões-chave de investimento, por exemplo. Em sétimo na lista está engenharia de robótica, que ajuda a automatizar tarefas de empresas e indústrias.
Há cada vez mais robôs aptos a fabricar carros, realizar procedimentos cirúrgicos e até fazer exploração espacial. O uso de robôs a cada 10 mil trabalhadores praticamente dobrou nos últimos cinco anos, e a tendência é que eles cada vez mais realizem tarefas automatizadas. Eis aqui mais um emprego parte daquela área de dados que está em plena expansão: especialista em Big Data.
Big Data é um termo em inglês para definir uma enorme quantidade de dados variados, que se acumulam em volume e velocidade crescentes. Isso inclui desde comentários postados nas redes sociais de empresas, até os dados pessoais que os aplicativos do nosso celular coletam a nosso respeito. Organizar tudo isso é uma das funções do especialista em Big Data.
É um trabalho que tem crescido em áreas como saúde, educação, seguros e varejo - para melhorar processos e a produtividade. O Fórum Econômico Mundial prevê que os empregos na área de agricultura vão crescer 30% nos próximos anos, com 3 milhões de novas vagas. E quem mais vai ser demandado é o operador de equipamentos agrícolas.
Por trás disso está o uso crescente da tecnologia para melhorar as colheitas e adaptar a agricultura às mudanças climáticas. Pra concluir, o décimo emprego com maior superávit de vagas nos próximos anos deve ser o de especialista em transformação digital. Esse profissional ajuda as empresas a migrar serviços e comércio para o mundo digital.
Junto com outras áreas correlatas, como a de especialista em e-commerce, essa área deve ganhar 2 milhões de novos empregos globais nos próximos anos. Bom, o fato de a tecnologia estar por enquanto gerando mais empregos do que está destruindo não quer dizer que o mercado de trabalho esteja fácil - pelo contrário. No contexto geral, o Fórum Econômico Mundial prevê que o cenário macroeconômico global elimine até 14 milhões de empregos nos próximos cinco anos.
Os cargos que mais devem encolher em relação ao seu tamanho atual são aqueles profundamente afetados pela tecnologia e pela digitalização. Entre eles estão: caixa de banco ou de lojas de varejo funcionário de serviços postais digitador de dados Secretário administrativo ou executivo Outro problema global é que os salários reais, quando se desconta a inflação, estão em declínio, por conta do aumento generalizado no custo de vida. E o desemprego continua elevado em países de renda média e baixa, afetando principalmente a população com pouca escolaridade, que vai ter também mais dificuldade em se adaptar às mudanças no mercado de trabalho que eu mencionei por aqui.
Ou seja, tem bastante desafio a ser enfrentado. Por hoje eu fico por aqui. Obrigada e até a próxima.