MALE GAZE NÃO É O QUE VOCÊ PENSA: Cinema, Voyeurismo e PODER que reside no OLHAR

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Ora Thiago
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Video Transcript:
[Música] a ideia de perspectiva na arte é algo que pode parecer Óbvio ou simplesmente natural Mas é uma convenção uma convenção que surge num lugar num momento histórico e pelas mãos de um grupo muito especial de pessoas os homossexuais da Renascença Parabéns o crítico John Burger compara a perspectiva com um facho de luz de um farol que em vez de viajar para fora pro mundo viaja para dentro de nós a perspectiva centraliza o ol do Observador tudo se volta para quem tá olhando como se esse observador fosse Deus mas alguma coisa muda depois da invenção
da câmera O Observador agora não tá parado num ponto fixo o olhar se movimenta viaja transita se move a câmera se torna uma espécie de olho mecânico que manobra e registra todos os movimentos a nossa volta agora você não precisa mais ir até o Museu da Beyoncé para saber como é o s ISO da Monalisa agora um software de Inteligência Artificial bota a Monalisa dentro do seu celular para conversar com você Ei markberg nas palavras do John Burger a perspectiva organiza o campo visual como se ele fosse o ideal cada desenho ou pintura que usa
perspectiva propõe ao espectador que ele é o centro único do mundo a invenção da câmera e particularmente a câmera de filme demonstrou que não existia centro isso não significa literalmente que o olho humano deu lugar a um olho mecânico mas sim que o surgimento da câmera e do cinema muda o nosso jeito de enxergar o mundo e a arte e cria novas formas de construir sentido de existir no mundo e de compreender o nosso lugar nele eu não sei se isso é filme existe também uma relação de conflito e transformação entre Quem assiste e aquilo
que é observado a crítica Bell hooks propôs num ensaio de 92 que a gente não veja um filme como um mero espelho de algo que já existe Mas também como uma forma de apresentação capaz de nos constituir como novos tipos de sujeito e assim nos permitir descobrir quem somos o nosso olhar também constrói sentido o nosso olhar também tem o potencial de transformar a realidade ai que chique nesse vídeo a gente vai falar sobre isso sobre o olhar e eu trouxe hoje alguns filmes que de uma forma ou de outra discutem o olhar enquanto ferramenta
de poder e de construção de identidade em nenhuma ordem específica apenas uma listinha orizada de uma forma palatável para ser consumida na internet através do seu olhar você está pronta para exercer o seu poder de [Música] observadora Esse é irmão desse viu e já que estamos falando sobre o poder do olhar eu quero antes de qualquer coisa falar um pouco sobre o patrocinador desse vídeo tá vendo isso aqui ó é o meu olho dois para falar a verdade mas não é isso que eu quero mostrar não é essa coisa que está ao redor dos meus
olhos os meus óculos essa armação aqui é das heresis que talvez você queira cair no impulso de chamar de ótica mas ela não é simplesmente uma ótica é todo um babado a mais porque veja só quando você vai numa Ótica comum na hora que você tá lá escolhendo a sua lente toda essa experiência pode ser meio confusa muitas vezes você precisa decodificar um monte de informação decodificar um monte de valores conciliar as duas coisas para tomar uma decisão que seja confortável pro seu bolso e aí no final desse processo todo é possível que você acabe
gast and muito dinheiro sem necessidade numa lente que às vezes nem era o que você estava precisando nas eres veja bem é diferente o foco é na simplicidade e o dado que eu trago aqui é o seguinte 90% dos brasileiros tem questões simples de visão que não demandam as lentes mais caras do mercado aeres trabalha com essa premissa a premissa da simplicidade a premissa de atender exatamente o que você precisa para que você não gaste dinheiro à toa por isso que o lema das heres é até dói chamar de ótica Ah é para chamar de
qu então de mãe do que você quiser o que importa é que nas heredes você vai ter todo o suporte para encontrar a melhor opção pros seus olhos e pro seu bolso Além disso as lentes em si podem sair de graça ou pela metade do preço que você pagaria em outro lugar simples assim um par de óculos não é só um acessório que você usa para corrigir um problema mas também uma maneira de te apresentar ao mundo e eu Convido você a usar o meu cupom de promoção ele está aparecendo aqui na sua tela agora
use agora este cupom para você escolher a aração perfeita pro seu rosto É só você clicar no link que está aqui na descrição do vídeo agora vamos pros filmes vamos pros [Música] filmes quando a gente fala na temática do Olhar voiro cinema e especificamente em Hit coock é possível que o primeiro filme que venha na sua mente seja Janela Indiscreta por motivos óbvios mas hoje especificamente eu quero falar de um corpo que cai um filme sobre Um Corpo Que Cai esse longa de 1958 com considerado por muitos um dos melhores e mais influentes de todos
os tempos é baseado num romance francês de 1954 chamado dentre os mortos e ele foi escrito pelo Pierre boilot e Thomas narcejac a Trama compõe a John Ferguson um detetive aposentado em São Francisco interpretado por James Stewart afastado por muito tempo do trabalho após presenciar a morte de um colega de profissão ele aceita com certa resistência um caso peculiar de um antigo amigo a sua missão é espionar a esposa dele o que é perfeitamente normal nada contra mas o estranho aqui é o motivo o marido não tá em busca de um possível chifre mas sim
de um espírito obsessor que talvez seja uma forma de chifre também e é perfeitamente normal ele tá meio desconfiado que a sua esposa madelin interpretada pela atriz Kim Novak tá meio perturbada do juízo e ele tá com medo que por causa disso ela acabe tirando a própria vida então em vez de apresentar para ela lindos carrosséis do Instagram sobre saúde mental ele contrata um detetive para perseguir a mulher na rua o que é super normal não tinha rede social na época a gente trabalha com o que tem né você tem para amarelo viu eu tô
falando esse mês sem revelar a sua presença e sempre distante o detetive vai aprendendo detalhes sobre a vida daquela mulher aonde ela vai o Que Ela Gosta de vestir seus traumas familiares é um olhar invasivo Óbvio enquanto ela não tem prerrogativa nenhuma sobre a exposição da própria privacidade ele por estar escondido segue anônimo oculto ela sequer sabe da existência dele pelo menos não num primeiro momento e aí a gente já percebe que que através do Olhar este homem exerce um poder sobre esta mulher John e madlin acabam se envolvendo mas a mulher parece perturbada assombrada
pelo que parece ser um espírito obsessor de uma outra mulher que morreu um ano antes e a coisa se complica quando madlin se joga pra morte da torre de uma igreja na frente do [Música] [Aplausos] John bom eu não vou entrar em muitos detalhes para não estragar a sua experiência caso você nunca tenha assistido um corpo que Caio pro contexto desse vídeo o que porta é o seguinte ao longo do filme madlin é submetida a um olhar sufocante de um homem que interpreta cada uma das ações dela pela sua própria Lente do que que seria
certo ou errado E é o primeiro sinal de que essa mulher agiria de uma forma diferente do que ele gostaria ele interfere apesar de parecer passivo passivo na maior parte do tempo o olhar do Ferguson é um olhar que controla e que não aceita ser desafiado esse personag agem essa história na verdade representa no cinema o que a gente chama de Male gaz a visão de mundo masculino que guia uma narrativa um olhar que tá sempre presente para garantir que entre outras coisas que os homens sejam retratados como fortes e dominantes e as mulheres como
seres frágeis e dependentes ou melhor que o homem é um sujeito um sujeito que olha um sujeito que tem poder de decisão e a mulher é um objeto um objeto passivo que só pode ser observado que não tem agência que não tem poder de decisão ela tá ali ser olhada só esse olhar no cinema ele não é biológico ou essencial mas sim o resultado de estruturas de poder que Residem na masculinidade e que se refletem Claro no cinema a premissa é se existe poder na capacidade de olhar a gente não pode ignorar que o cinema
hegemônico historicamente e ainda hoje se mantém dominado majoritariamente estruturalmente por homens essa ideia surge de um ensaio publicado em 1975 chamado prazer visual e o cinema narrativo da teórica feminista Laura movy que usa também nesse texto o termo escopofilia ou seja o prazer estético que reside no olhar e como ela tá analisando justamente as dinâmicas de gênero que operam nesse olhar é óbvio que esse prazer está localizado aqui veja nas palavras dela em um mundo ordenado pelo desequilíbrio sexual o prazer em olhar foi dividido entre ativo barra masculino e passivo barra feminino o olhar ter
terminante masculino projeta sua fantasia na forma feminina que é estilizada de acordo em seu papel tradicional de exibicionismo as mulheres são simultaneamente olhadas e exibidas com sua aparência codificada para causar um forte Impacto visual e erótico de modo que se pode dizer que elas conotam a condição de ser olhada não custa nada reforçar que essa ideia de olhar masculino não é literal a gente tá falando de estética de percepção e das dinâmicas de poder que se refletem na estética e na percepção um Corpo Que Cai é um filme que exemplifica muito bem a ideia de
me gaz de olhar masculino e de uma espécie de fantasia masculina que coloca mulheres como objetos a serem manipulados Possos e claro observados esse assunto não se encerra por aqui a gente vai com ele até o fim do vídeo confia o próximo filme também conta a história de uma mulher cercada de olhares masculinos e também tem como ponto de partida Um Corpo Que Cai pobres criaturas se passam num mundo Fantástico inspirado pela estética Steam punk nessa realidade fantasiosa o Dr godwin Baxter uma espécie de Victor Frankenstein retrofuturista vivido por William daf consegue ressuscitar uma mulher
grávida que acaba de cometer suicídio e por mero Capricho decide colocar o cérebro do bebê no corpo dessa mulher adulta que renasce como a esquisita inocente e adorável Bella Baxter papel que rendeu Ótica de melhor atriz para Emma Stone Bella não tem Memórias da sua vida passada e apesar de ter o corpo roupa de uma mulher crescida ela é mentalmente uma criança em desenvolvimento e cada experiência que ela vive é encarada com um olhar curioso e inquisitivo de uma criança um olhar que questiona de forma genuína o motivo da sociedade funcionar da forma como funciona
por que as coisas são do jeito que são e porque diabo ela não pode se masturbar na mesa de jantar questões no decorrer da vida dessa personagem e do filme A gente assiste bela a ser controlada e manipulada por todos os homens que surgem na vida dela ou melhor a gente assiste esses homens tentando manter essa mulher sob controle e falhando miseravelmente aos poucos Bella se torna uma mulher adulta consciente de sua condição enquanto mulher e dos problemas do mundo e além disso ela decide fazer algo a respeito em síntese é possível dizer que pobres
criaturas é a história de uma mulher que surge no mundo quase como o brinquedinho de um homem que ironicamente é apelidado de Deus que apesar de nutrir um afeto Genuíno pela sua criação usa o corpo dela como um mero experimento científico e coloca esse corpo à disposição de outros homens o filme começa Literalmente com a violação de um cadáver o cad cadáver de uma mulher que tinha decidido acabar com a própria vida mas que nem depois de morta tem direito a ter o seu corpo ou as suas vontades respeitadas E para piorar essa mulher esse
corpo não tem direito nem de se rebelar contra tudo isso porque até as memórias dela foram violadas apesar disso agora no momento do filme Ela é para todos os efeitos uma nova mulher Bella bexter na verdade não é nem a mulher que morreu nem o bebê que sobreviveu ela é Bella Baxter que à medida que ganha com consciência e maturidade passa a reivindicar o controle sobre si sobre seu corpo sobre sua identidade sobre quem ela é através de diferentes estratégias Claro da rebeldia infantil do começo da história até prostituição e socialismo em certa medida o
objetivo de Bela é justamente escapar do Olhar masculino Esse olhar que exerce um poder mas será que isso é possível essa mulher essa personagem que em tese tá em busca da própria emancipação ela é o fruto da Imaginação de homens as estratégias os métodos as situações escolhidas para ilustrar esses processos foram escritas desenhadas imaginadas por homens não tem nada de inerentemente errado nisso mas é importante ter esse contexto Porque como que é possível para uma mulher escapar do Olhar masculino se ela em si e o mundo onde ela vive é um produto do Olhar masculino
o livro que deu origem ao filme faz um comentário sobre isso não sei nem se é intencional Porque o autor elizer Grey ele não toma crédito da história ele usa um pseudônimo a história de pobres criaturas O livro é contada como um relato de um personagem ficcional chamado archibal mendal ou seja o narrador da história não é um ser onisciente que narra tudo que observa tudo que sabe de tudo esse narrador é alguém que existe no mundo da história e que tem o poder de modificar de distorcer essa história se assim ele decidir a mera
existência desse narrador coloca em cheque a veracidade da história a gente sabe que é uma pessoa humana que tem um viés que tem um olhar específico sobre essa história e que pode modificar essa história se ela quiser modificar essa história se ela tiver interesse em modificar essa história e talvez esse narrador tenha sim distorcido a história talvez tenha Talvez não tenha é uma possibilidade é uma pulguinha crítica que questiona o poder do olhar sobre uma mulher e eu acho que isso é uma discussão interessante pra gente ter quando a gente fala em meio Gaz olhar
masculino existe uma preconcepção de que a gente tá falando de uma audiência presumida de um olhar presumido é como se o mail gaze significasse que os filmes que a arte que as coisas são produzidas com uma audiência em mente com um olhar masculino em mente por exemplo uma mulher seminua no poster de um filme pode ser um exemplo muito ilustrativo do Meio gis uma super-heroína posicionada de uma maneira estratégica para que os peitos e a bunda dela estejam visíveis também pode ser um exemplo muito didático os peitos e a bunda dela estão em evidência estão
visíveis visíveis para quem Para o olhar masculino isso é verdade mas não é só disso que a gente tá falando o me gaz é um olhar social é o olhar hegemônico é a forma como uma sociedade patriarcal expande sua vigilância sobre corpos femininos sobre corpos vistos como femininos também e isso pode ser representado de muitas formas de inúmeras formas na arte no mundo no dia a dia esse olhar masculino como ele é descrito pela Laura moven não é possível de se escapar apenas trocando de roupa ou desenhando a heroína de um outro jeito o olhar
masculino tá entrelaçado na estrutura para escapar dele a gente precisaria quebrar a estrutura nas palavras da Laura MV códigos cinematográficos criam um olhar um mundo e um objeto produzindo assim uma ilusão feita à medida do desejo são esses códigos cinematográficos e a sua relação com estruturas externas formativas que precisam ser desconstruídos antes que o cinema convencional e o prazer que elhe proporciona possam ser desafiados gostou vamos pro próximo filme agora eu vou ser defensora de dia e Estrela do Brasileirinho essa noite regra 34 é um filme brasileiro de 2022 dirigido por Júlia murati na Trama
a gente acompanha Simone interpretada por sol Miranda que trabalha na Defensoria Pública lutando por mulheres que não teriam recursos para se proteger de outra maneira no meu primeiro mês de casamento eu levei meu primeiro tapa no rosto a questão é que o dinheiro que banca o curso de direito que ela faz e que permite que ela Exerça esse papel social tão importante vem do seu trabalho noturno onde ela exibe o seu corpo e a sua libido em lives na internet só com essa premissa a gente já tem um comentário sobre hipocrisia sobre moralismo e tudo
mais mas tem mais para acender socialmente se é que isso é possível Simone precisa se submeter ao olhar de homens e algumas mulheres também pessoas que têm dinheiro estão dispostas a pagar pelo prazer de submeter o corpo alheio às regras de Seu Desejo mesmo a milhares de quilômetros de distância parece Libertador no primeiro momento mas como o próprio filme demonstra é uma prisão Você não acha que você tá entendendo esse rolê do bdsm de um jeito meio torto no filme A protagonista entende que essa dinâmica de poder que existe entre quem paga para assistir e
quem decide se exibir é inevitável numa sociedade machista o corpo dela já estaria sob a tutela do Olhar masculino de uma forma ou de outra cobrar para ser vista foi a forma que ela encontrou Para retomar algum poder nessa dinâmica toda o poder de escolher como ela vai ser vista de ditar essas regras para quem tá assistindo é o que em tese garantiria para essa mulher alguma liberdade Mas isso é liberdade isso é brincadeira para você conforme as práticas de Simone vão ficando mais intensas e perigosas no decorrer do filme A questão do limite dentro
dessa Liberdade se faz cada vez mais presente as escolhas dela as escolhas que ela é conduzida a fazer de certa forma começam a afetar os seus relacionamentos e colocam em risco até mesmo a segurança dela a integridade física dela sem falar na questão emocional e tudo mais quando isso acontece quando essas consequências se fazem presentes é possível dizer que ela tem algum controle nessa situação quem é que detém o poder nessa situação Quem olha ou quem permite ser olhado quem que você acha que controla o site que você trabalha um monte de mulher empoderada a
gente vem falando sobre o poder de olhar né mas às vezes o que tá na tela transforma a gente que tá diante de Nós Diante do nosso olhar pode moldar pode reconstruir pode reconfigurar totalmente a forma como a gente se enxerga se é que você me entende eu vi o brilho da TV se passa no final dos anos 90 e acompanha a infância e juventude de uma criança solitária e introvertida que encontra um alívio da sua vida difícil na amizade com uma adolescente chamada m e com a paixão que eles compartilham por uma série de
TV fictícia chamada The pink opaque The pink opake parece uma mistura esquisita entre Buff a Caça Vampiros e Twin Peaks a Trama explora a vida e as aventuras de duas amigas tara e Isabel que através de uma conexão Mística lutam contra os monstros enviados pelo terrível senhor melancolia e um dos pontos mais importantes de ouvir o brilho na TV é justamente a relação entre os protagonistas do filme com essa série ficcional que Eles assistem Owen e Med vivem numa cidadezinha interiorana conservadora dos Estados Unidos em contextos violentos e opressores e basicamente os Episódios de The
pink Pake são o único respiro que eles têm dentro dessa Dura realidade mas para ter esse insiram eles precisam se encontrar escondidos a série só pode ser assistida em segredo porque supostamente ela não seria uma boa influência para crianças e o mais grave o mais terrível o pior de tudo é uma série de menina bom eu não vou entrar em detalhes sobre a Trama em si o que eu quero falar aqui é sobre o simbolismo Como eu disse os dois protagonistas criam uma conexão muito forte com o universo da série e com os personagens da
história que Eles assistem e como ambos vivem num contexto de violência e repressão que aparece de forma Sutil mas bem pertinente a TV representa um escapismo uma fuga de uma realidade opressora mas não é só isso não parte da mitologia da história envolve a possibilidade de Owen e m fugirem do mundo real e embarcarem no mundo de The pink Pake Para que assim ele eles possam viver suas identidades de forma genuína e a gente tem alguns pequenos vislumbres de como essa nova configuração de realidade poderia existir quando Owen se vê naquela outra vida usando as
roupas da personagem da TV e até trocando de nome a gente percebe que a série de TV não é um mero espelho ou um mero escapismo é um lugar conceitual onde essa personagem pode ser quem ela realmente é onde ela pode se ver como ela realmente é eu não vou soltar spoiler do final aqui mas o que eu queria dizer é que é um final difícil eu vi o brilho da TV vem sendo classificado em muitos lugares como terror e embora eu não tenha nenhum problema com essa classificação a gente não tá falando de um
típico filme de terror pelo menos não na primeira metade da história para um espectador desavisado ou muito apegado a Convenções tradicionais de gênero narrativo esse filme Pode parecer mais um drama ou uma história de amadurecimento mas os últimos minutos para mim foram verdadeiramente assustadores não pela presença de um monstro muito feio ou uma assombração amaldiçoada ou um membro decepado mas porque o horror que tá sendo representado aqui é o horror de uma vida reprimida isso me pegou muito de um jeito muito forte é o horror de saber uma verdade genuína sobre si mesmo e não
poder viver essa verdade é o horror de reprimir um grito eu sei que virou até lugar como virou até piada a gente falar dos filmes de terror da a24 em que o horror na verdade é agressão e de certa forma é um pouco isso sim mas é tão Genuíno é tão honesto é tão verdadeiro é tão forte eu fiquei muito impactado eu fiquei muito impactado por esse filme é tão absurdo interessante E devastador e essa história na minha opinião ganha muito mais força quando Quem tá assistindo é uma pessoa LGBT Jane shb que escreveu o
roteiro e dirigiu o filme é uma pessoa não binária trans feminina e se essa sequência de palavras te incomodou de alguma forma Vai te catar e mesmo sem essa informação de que a pessoa responsável por essa história é uma pessoa trans não é tão difícil assim perceber que eu vi o brilho na TV funciona muito bem como uma alegoria trans Essa leitura não passou despercebida pela crítica nem pela audiência e a comunidade LGBT em especial a comunidade trans vem abraçando esse filme como um retrato complicado da vivência de uma pessoa que não se identifica com
o gênero que foi atribuído a ela quando ela nasceu é uma leitura que também não se perde se você se identifica com alguma das outras letras da sigla aliás é perfeitamente possível se identificar com esse filme ou com essa história mesmo se você não fizer parte da sigla mas o olhar sobre ele a meu ver ganha diferentes molduras e texturas Dependendo de quem você é assim como todos os filmes e é exatamente disso que a gente tá falando desse vídeo né Entre várias outras coisas existem olhares hegemônicos existem olhares presumidos existem recortes que não são
vistos como recortes quando a gente fala de meio gaz ou da perspectiva LGBT sobre uma obra de arte o que a gente tá tentando propor é a desconstrução do que se entende como o olhar padrão Ou o olhar hegemônico sobre o mundo sobre a vida não só sobre a arte existem múltiplos olhares existem múltiplas perspectivas sobre o mundo sobre a arte e sobre a vida nas palavras do pesquisador Frederick el Green que escreve sobre teoria queer existe beleza poder e verdade até mesmo magia onde a cultura dominante e sua linguagem sancionada só enxergam feiura impotência
e falsidade inclusive falando em olhares hegemônicos a própria ideia De Meo gaz da forma como ela é proposta pela Laura moven também não existe sem a sua camada de contradições o ensaio que dá origem a essa discussão apesar de interessante educativo e revelador parte de uma perspectiva embranquecida e heteronormativa nada contra Talvez algumas coisas contra a autora não considera por exemplo a forma como questões complicam as dinâmicas de poder que Residem nas relações de gênero E lembra que eu citei a Bell hooks lá no começo do vídeo há 10 milhões de anos a citação que
eu trouxe lá atrás vem de um ensaio dela publicado na década de 90 chamado o olhar opositor dois pontos a espectadora negra que funciona em certa medida como uma resposta ao ensaio da Laura MOV uma resposta racializada ao conceito de Meo gaz olha o que a b hooks fala o olhar foi e é um lugar de resistência para o povo negro colonizado ao redor do Globo os subordinado ados em relação de poder aprendem com a experiência que existe um olhar crítico que olha para documentar que é o positivo na luta pela resistência o poder do
dominado para garantir o agenciamento ao reivindicar e cultivar a consciência politiza as relações do olhar aprende-se a olhar de um certo modo para resistir não é interessante não é complicado de um jeito legal eu acho mas vamos voltar pro filme e eu vou até pedir licença aqui para adicionar um alerta de gatilho porque eu vou falar do Felipe Neto num twit que já foi deletado muito antes de Alexandre de Moraes explodir o Twitter não sei se a essa altura de repente o Twitter já voltou vai saber o influencer e empresário Felipe Neto falou o seguinte
sobre euv o brilho na TV Parabéns para quem gostou desse filme vocês certamente entendem algo de cinema que eu sou incapaz de compreender reuni os amigos o filme estava na categoria terror tá todo mundo muito puto aqui gente vamos escolher melhor as nossas raivas e veja Ninguém é obrigado a gostar de nada Mas é interessante essa rejeição quase que automática ainda mais numa obra que como a gente demonstrou aqui propõe um Novo Olhar tá no nome do filme inclusive um olhar que é um pouco diferente do que talvez você esteja acostumado a encarar E é
claro que tem pessoas LGBT que também não gostaram desse filme é perfeitamente normal não gostar de qualquer coisa mas essa recusa essa rejeição essa empáfia ignorante refletida na frase claramente vocês entendem mais de cinema do que eu seria capaz de compreender Meu filho se acalme essa frase sua para mim como a reação típica de alguém que não parou um segundo para pensar será que isso aqui pode ter uma outra Leitura para outras pessoas A questão não é entender de cinema a questão é talvez a disposição para entender a perspectiva de outras pessoas é a recusa
a entrar em contato mesmo que superficial com o olhar de outra pessoa ninguém tá livre disso também eu também não tô livre disso em particular nos dias de hoje é muito difícil sair de dentro da nossa própria cabeça mesmo se você faz esse exercício diário é muito difícil sair de uma perspectiva individualizada sobre arte sobre interpretação sobre entendimento perceber outras relações e Conexões que o mesmo filme pode ter com diferentes pessoas com diferentes grupos de pessoas Veja só eu não tô pagando de Gatona eu não tô aqui fingindo que eu sou iluminada e perfeita e
que eu nunca cometi nenhum erro mas às vezes você não precisa ter uma opinião imediatamente após você assistir um filme instantaneamente Você pode sentar um pouquinho em silêncio você pode parar um pouquinho e trocar uma ideia comos seus amigos com outras pessoas que também assistiram aquele filme você pode e deve se permitir ser só um pouquinho menos reativo Será que não é possível tô falando isso para mim também porque eu também cometo esses equívocos estamos aprendendo todos aqui eu e o Felipe Neto eu sei que as redes sociais recompensam muito a reatividade e a gritaria
que é muito mais fácil simplesmente vomitar umas palavras antes de qualquer coisa isso é todo um outro assunto que na verdade é bem maior do que a gente tá se propondo a discutir nesse vídeo e que envolve crise de atenção a lógica predatória dos algoritmos Willan musk e muitos outros problemas que sistematicamente vão criando Barreiras entre os diferentes Olhares Sobre o mundo sobre a vídeos sobre a arte talvez seja por causa do meu trabalho fazendo vídeo ou do tipo de conteúdo que eu me proponho a fazer mas toda vez que eu vejo um filme eu
gosto de saber o que que outras pessoas acharam dele em especial se eu não entendi muito bem o que eu acabei de assistir que outras leituras são possíveis a partir desse negócio que outras conexões foram construídas entre esse filme e outras pessoas que não necessariamente são parecidas comigo às vezes eu me deparo com opiniões desinformadas e horrorosas que preferia apagar da minha lembrança mas na maior parte do tempo é enriquecedor até quando Eu discordo do que as pessoas estão falando eu lembro que esses dias eu assisti aquele filme long legs e eu não gostei mas
logo depois eu assisti uma crítica sobre ele que era muito interessante e eu meio que concordei com tudo e eu achei que Pessoa estava muito certa em falar Todas aquelas coisas mas eu continuei sem gostar do filme O que é perfeitamente normal mesmo concordando em parte com a crítica positiva pode acontecer fazer esse tipo de exercício de leitura me coloca num lugar um pouquinho menos reativo na hora que eu mesmo vou construir as minhas próprias leituras um pouquinho eu tô tentando veja eu não tô falando de ficar lendo qualquer opinião sobre qualquer coisa em nome
da pluralidade mas até essa opinião horrível do Felipe Neto sobre um filme que eu gostei Acabou me ajudando a escrever esse roteiro Então sei lá Obrigado Felipe Neto o que eu realmente acho é que se a gente não olha PR as coisas com olhar crítico e crítico não é necessariamente negativo o nosso olhar não desafia nada e veja olhar crítico não é a mesma coisa que olhar reativo um olhar meramente reativo ele não é desafiador já um olhar crítico é um olhar babadeiro e é isso que eu busco um olhar que não desafia nada ele
é a reprodução do olhar hegemônico não tem construção de sentido não tem desafio não tem aprendizado o nosso olhar para qual coisa precisa ser desafiador inclusive para nós mesmos bonito isso né fi que [Música] escrevi k [Música]
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