[Aplausos] Que tipo de homem é você aquele Tarzan que grita para resolver as coisas ou R Simpson que todos os problemas é da mulher dele ou do xque o ogro que resolve as suas coisas da seu jeito da sua forma pois é aqui infelizmente existe na sociedade Eu também tive uma formação machista misógina homofóbica sexista de certa forma isso passou por dentro de mim como se fosse uma coisa bem natural bem Normal pois meus avós agiam assim meus pais e eu recebi essa educação até que um dia fazendo uma trilha junto com colegas eu chutei
uma pedra e essa pedra provocou uma dor muito mas muito grande eu me agachei e comecei a chorar e o líder então parou a trilha e me chamou de mulherzinha mulenga e veio até mim para eu me levantar e perguntou o que que eu tava falando fazendo eu estava chorando que eu não era Aras ne vaname né eu tinha então ali deixado o sentimento de dor me tomar Quantos homens deixam o seu sentimento de dor sair pois éos para debaixo de uma Conversamos por cerca de 2 horas sobre lágrimas sobre sentimentos sobre o que é
ser homem na sociedade a vida foi passando e eu me dei conta então que ser homem ia se mostrar esse ser forte esse ser sem sentimentos sem mostrar o que é por dentro da gente a vida foi girando girando e eu acabei por incrível que pareça trabalhando em um garimpo é garimpo aquele ambiente saudável né harmônico né onde todo mundo trata todo mundo por favor dá licença mas no garimpo foi muito bom também foi o lugar da segunda escuta eu pude escutar o que que eu estava fazendo ali junto à aqueles Homens todos garimpando procurando
ouro ganância riqueza destruição então eu percebi que aquilo não ia me levar nenhum lugar foi aí que eu resolvi voltar pra civilização pra cidade e fazer filosofia quando eu disse isso pro meu pai pronto vou criar um vagabundo ele perguntou para que que serve filosofia para que que serve filosofia para que que serve filosofia filosofia não serve para nada todo mundo tem uma filosofia pois a filosofia está dentro da gente então estudando filosofia eu caí num grupo que estudava as a questão da sexualidade que queria pesquisar a epidemia da aides na cidade de São Paulo
Então lá vai eu mais uma vez me aventurar fui pras ruas de São Paulo à noite investigar prostitutas as travestis michê todos os profissionais do sexo na faculdade o nosso grupo era conhecido como os putlos é então a gente fez por do anos essa investigação nas cidades de São Paulo mas na hora da discussão dos os e equipe eu levantei uma pergunta falta uma personagem para ser entrevistada nesse projeto todo mundo perguntou qual eu falei o cliente o homem eu falei é precisamos entrevistar saber por que que um homem entra numa situação de risco Por
que que o homem força a situação de violência por que que o homem paga ou não paga então lá vai eu com preta na mão e olha descobri muitas coisas descobri principalmente que ser homem nessa sociedade é um castelo de fantasias e a gente vive se apoiando nesse castelo de fantasias que H essa questão das masculinidades ela precisa ser mais investigada ela precisa ser mais discutida então eu comecei a pesquisar entender como é que se dá esse processo de formação das masculinidades o que que é o homem o que eu me sinto como homem nessa
busca acabei participando de um seminário sobre gênero e sexualidade na federal do Rio de Janeiro um auditório de 100 mulheres apenas dois homens e eu levantei a mão sobre a questão de gênero se gênero é relacional por que que não se estuda sobre o homem pois na situação de violência Quem é o responsável Então como é que o homem não está aqui não podemos estudar sobre o gênero sobre a masculinidade naquele momento todo mundo estranhou porque estudar homens estudar aqueles que são os os donos do Poder falei é justamente Temos que estudar essa pessoa esse
ser humano por que que ele se coloca nesse lugar e aí nesse estudo de gênero eu fui cada vez me aprofundando cada vez buscando mais elementos e pde ver que existe uma coisa na sociedade chamada patriarcado que legitima esse lugar do homem na sociedade legitima esse lugar do poder e o próprio homem se torna Prisioneiro desse lugar a gente nem sabe porque é assim mas tem que ser assim eu nem sei porque que eu tenho que esconder o choro Por que somos refratários a expressar nossos sentimentos nessa nesse processo em Santo André começamos a fazer
um trabalho de sexualidade masculina de paternidade de saúde sexual e reprodutiva e todos lembram aqui há bem pouco tempo atrás né o que acontecia com um homem que batia ameaçava uma mulher pagava-se uma cesta básica serviço comunitário pintava um muro de escola isso educava alguém de forma alguma foi quando então numa conversa começamos a atender esses homens que agrediam as mulheres qual era a rotina qual era o perfil como como isso Começou a acontecer quase de forma espontânea sem eu nem saber o que que tava acontecendo pois muitos homens que cometiam violência antes da Lei
Maria da Penha eles cometiam uma duas três tinha cara que tava tirando diploma de Mestrado porque no mesmo ano ia duas três vezes pro fórum contra aquela ou contra outra companheira então pesquisamos a metodologia eu tive que ir nos campos de futebol eu tive que ir n sociedad amigas de bairro eu tive que ir nos sindicatos eu tive que ir aonde os homens estavam escutá-los Entender esse processo entender como que se constrói essa masculinidade de não aceitar a igualdade entre homens e mulheres e esse processo foi bem rico pois quando surgiu a Lei Maria da
Penha a gente já tinha o básico a gente já sabia que era necessário acolher esses homens pois numa sociedade punitiva e vocês devem saber as nossas cadeias elas não transformam elas só reforçam aquilo claro eu queria pegar aquele homem que ameaça que manda mensagem que dá avisos pois esse homem é essa forma de prevenir o feminicídio a morte das mulheres é atuando na primeira denúncia que a companheira ex-companheira namorada noiva faz e esse projeto ele começou a ganhar um corpo ele começou a ganhar mais visibilidade e ele se Estendeu ele começou a transformar uma metodologia
que até então não se tinha de escutar o homem de escutar o homem agressor sim escutar o homem agressor pois quando Esse homem é indiciado e ele começa a participar dos grupos ele é convidado semanalmente a fazer parte de um grupo com outros homens que também agrediram as suas companheiras e nesse processo de escuta durante 16 encontros ele não chega mansinho no primeiro encontro não ele chega como se tivesse uma focinheira sabe ele chega com sangue nos olhos acreditando que tudo aquilo é invenção da companheira acreditando que está sendo injustiçado porque teve que comparecer a
delegacia teve que se explicar teve que dar um depoimento teve que falar Lar então nosso grupo é uma proposta de erradicar a violência com esses homens agressores no primeiro encontro eles chegam negando ninguém vai falar eu agredi e tal tal uma mulher começou a estudar depois que criou os filhos e ela tava indo muito bem na faculdade progredindo fazendo novas amizades clareando a sua consciência o que que aconteceu o cara com muito ciúme com muita insegurança Queimou todos os livros dela quando ele fala isso para um outro homem que cometeu outro crime esse homem também
reage a ele mas você poderia ter queimado a vida dela a mágica é essa fazer com que o outro que cometeu um outro crime também perceba que aquele crime ele poderia ter cometido e assim numa roda de conversa não para passar a mão na cabeça de ninguém pois nós tivemos um homem lá que falou por favor me levem paraa delegacia eu não quero ficar aqui vocês são torturadores de mentes pois a gente faz um processo onde ele vai revendo a sua estrutura ele vai aprendendo a se ouvir aprendendo a ouvir de uma maneira transformadora aprender
que aquele ato aquele puxão de cabelo aquele grito aquela ameaça Você não vai sair de casa até mesmo uma mulher que conseguiu um emprego bom e ela precisa Sava se e ter uma aparência melhor Ela comprou alguns vestidos pois o trabalho exigia sabe o que ele fez com o vestido dela picotou todos os vestidos picotou cortou Ele tá cortando o quê Ele tá cortando os sonhos a dignidade Ele tá cortando a cidadania dessa mulher Então esse homem quando relatou e o outro também começou a escutar os dois começaram a perceber que isso poderia crescer e
esse momento de identificar esse ato de violência foi o ato de transformação eu e um colega também quando estávamos escutando um um homem isso em São Caetano de repente ele levanta e fala é vocês fizeram com que eu desistisse de matar a minha mulher eu olhei assim pro meu colega nós entreolhamos assim e falamos isso dá certo Uau meu E aí o que que acontece os índices mostram antes de participar desses grupos o número de reincidência batia quase pois não existia uma forma educativa pedagógica sociocultural de desconstruir esse machismo o que a gente criou reduziu
para cerca de 11 ou 7% em alguns lugares 2% o índice de reincidência o homem quando participa desse processo de todas as sessões ciclo ele abre a mão dessa violência ele abre a mão porque ele se vê numa fantasia numa lógica do Medo numa lógica marxista patriarcal que ele não compreende que a principal vítima é ele mesmo por isso é necessário despertar e hoje nós temos um projeto chamado Tempo de Despertar Tempo de Despertar para si mesmo para Essa sociedade para esse modelo de sociedade onde as mulheres estão aí participando pleiteando conquistando mudando o jeito
de ser da sociedade esse projeto de Tempo de Despertar na cidade de Tabuão da Serra ele foi institucionalizado nós conseguimos uma lei municipal tornando obrigatório que haja pelo menos dois grupos por ano de hom que cometeram violência contra suas companheiras namoradas noivas e eu acredito que ISO só é o começo só é o começo de uma mudança muito significativa para que possamos nós homens entender que o feminismo faz bem o feminismo não é uma luta contra o homem o feminismo é uma possibilidade de uma sociedade igualitária onde todas essas construções de ser homem forte viril
sejam jogadas por terra e nós homens possamos andar numa rua quando a mulher vem na sua frente ela não precisa mudar de calçada com certeza essa mulher já foi assediada como é que um homem pensa que uma buzinada Bibi fonfom vai ser entendido pela mulher como um elogio como é que uma uma cantada uma sede sexual pode fazer com que a mulher se Encante por esse príncipe então de fato tudo isso me impactou o projeto Tempo de Despertar ele prima pela capacidade de escutar mas é uma escuta transformadora pois a sociedade precisa mudar em todos
os ambientes e hoje vários grupos estão abertos aqui na cidade de São Paulo em outras cidades atuando com essa metodologia com essa prática com esse momento de perguntar a nós mesmos homens e mulheres O que é ser homem na sociedade Muito obrigado [Aplausos]