Brasil vive uma explosão de casos de Oropouche e confirma as primeiras mortes pela doença no mundo, incluindo de um bebê ainda na barriga da mãe. No vídeo de hoje eu vou te contar o que é esse tal vírus oropouche e o quão perigoso ele é? Como pega o oropouche e quais são os sintomas?
Precisamos nos preocupar com uma epidemia? E o principal: como você pode se proteger? Só no ano de 2024, até julho foram registrados cerca de 7 mil casos de Oropouche no Brasil, um aumento de mais de 200 vezes em comparação com a média dos últimos anos.
E o que todo mundo está se perguntando é: como um vírus de nome estranho, que ninguém nunca ouviu falar surge assim do nada e causa um surto? A verdade é que o vírus Oropouche não é tão novo assim. O vírus Oropouche tem esse nome diferente porque foi identificado pela primeira vez em 1955 no vilarejo de Oropouche, que fica em Trindad e Tobago, uma ilha no norte da Venezuela.
Na época, muitas pessoas ficaram doentes e todo mundo achava que era dengue, mas os testes mostraram que se tratava de um novo vírus: o vírus oropouche. O oropouche de fato se confunde com a dengue. A maioria dos casos é leve e gera febre, calafrios, dor no corpo, náuseas e um certo incômodo ao olhar para a luz.
Só que uma pequena parcela das pessoas pode desenvolver dores de cabeça muito fortes e inflamação das membranas que protegem o sistema nervoso e o cérebro, desenvolvendo meningite grave, que pode ser fatal. Essa capacidade do vírus infectar o sistema nervoso ou pelo menos causar danos no cérebro é extremamente relevante se esse vírus se espalhar por aí. Desde 1955, nós já tivemos mais de 30 surtos de Oropouche na América, sempre próximos à região da Amazônia.
O maior deles aconteceu em 1980 em Belém e Manaus, com mais de 100 mil casos registrados e 4. 000 pessoas com meningite, galera. E agora de janeiro até julho de 2024, nós estamos com 7286 casos confirmados.
A maioria ainda se concentra na região Norte, mas já foram detectados casos em todas as regiões do Brasil. E o que chama atenção é que as pessoas infectadas não viajaram para a região Norte, mostrando que o vírus já circula em vários estados. E não é atoa que isso esteja acontecendo agora.
Desde 2023 o Ministério da Saúde vem aumentando muito a disponibilidade de testes para detectar o oropouche. Antes, os casos dessa doença não eram testados, e eram classificados como Dengue ou não eram classificados. Então pode ser que algum surto tenha acontecido no passado, mas não foi identificado.
E outro fator que contribui para o surto agora é que uma nova variante do vírus está circulando. A gente já viu essa história com a COVID né. Parece que a nova variante do oropouche se multiplica mais, o que pode facilitar a infecção, mas ainda faltam estudos para confirmar.
Apesar do surto de 2024 não chegar aos pés do que foi o grande surto de Belém e Manaus lá na década de 80, eu vou te contar algumas informações desagradáveis que vão te ajudar a entender porque o que está acontecendo agora é perigoso. A grande diferença do surto de 2024 é que agora o Brasil registrou as primeiras mortes por oropouche no mundo. Duas mulheres na Bahia, com menos de 30 anos e sem comorbidades, morreram depois de ter sintomas parecidos com os de dengue grave e aí os testes comprovaram que era oropouche.
E pelo menos no momento em que eu gravo este vídeo, também foi confirmado o óbito de um bebê ainda na barriga da mãe, na 30ª semana de gestação, algo que desperta muita preocupação. O Ministério da Saúde confirmou no dia 03 de agosto que foram encontradas partículas do vírus no bebê, mostrando que o vírus de fato pode sim ser transmitido de mãe para filho, algo que nunca havia sido confirmado até então. E tem mais.
Enquanto eu gravo esse vídeo no início de agosto, outros oito casos de transmissão de oropouche de mãe para o bebê estão sendo investigados. Desses, quatro evoluíram para óbito e quatro apresentaram malformações, incluindo a microcefalia. A gente precisa olhar com cuidado pra essa situação do oropouche por dois motivos: (1) a confirmação das primeiras mortes de adultos jovens saudáveis e de um bebê indicam que o vírus pode ser mais perigoso do que pensávamos e (2) o fato de casos de malformações em bebês estarem em investigação, indicam que o vírus pode afetar o sistema nervoso de fetos e recém-nascidos.
Algo parecido com o que aconteceu com o Zika. Ele também era considerado um vírus leve e pouco relevante até que se espalhou e infectou um número grande de pessoas. Foi a partir daí que vimos as complicações graves, como a microcefalia.
A minha preocupação é que o oropouche siga um caminho semelhante: conforme o número de casos aumenta, podem surgir novas complicações que antes não eram conhecidas ou associadas ao vírus, o que reforça a necessidade de mais monitoramento e pesquisa. Na Live que eu fiz recentemente sobre oropouche aqui no canal eu trouxe ainda mais sobre essa questão do oropouche infectar o cérebro e também sobre causar malformações em bebês. Olha só.
O oropouche passa pela placenta com facilidade então para grávidas isso é muito sério e tem uma grande capacidade de chegar ao cérebro e deformar as estruturas do crânio e do corpo do feto Assim, está quase certo que o oropouche causa microcefalia e outras anomalias congênitas. Ele parece o Zika, então o vírus, o objetivo dele vamos dizer assim, é atingir o cérebro. Não é um vírus que é brincadeira.
Você pode resolver a infecção como se fosse uma dengue tranquilamente antes do vírus infectar o sistema nervoso. Mas em pessoas vulneráveis, em grávidas que estão gerando um bebê, que está em formação, em pessoas que têm o sistema imune debilitado, em tratamento de câncer, pessoas que têm transplante pessoas que fazem algum tipo de tratamento que inibe o sistema imune Esse vírus pode ser um problema. Por enquanto, o que nós sabemos é que o vírus pode sim ser perigoso e não é brincadeira.
Então como você pode se proteger? Pra isso você precisa entender que o oropouche é mais um vírus transmitido por… Mosquitos. Desde os primeiros casos de Oropouche em 1955 lá na região da Amazônia, os pesquisadores já sabiam que o vírus já circulava de alguma forma entre mamíferos, mas faltava descobrir como.
Foi aí que começaram a detectar vários mosquitos silvestres com capacidade de transmitir o oropouche na floresta. Isso significa que se você vai viajar para regiões de mata, é imprescindível levar repelente e usar roupas de manga comprida para não ser picado. Só que o grande problema é que o oropouche também está se adaptando para circular nas cidades, através de mosquitos muito mais conhecidos por nós.
E por incrível que pareça, o mosquito da dengue, o Aedes aegypti, não é o culpado dessa vez. O Culicoides paraensis, também conhecido como mosquito-pólvora ou maruim e o Culex, o famoso pernilongo comum, aquele marrom que faz o zumbidinho são os principais transmissores do oropouche nas cidades. É com esses dois que você precisa se preocupar.
Eu tenho visto muitas reportagens dizendo que as medidas de proteção são as mesmas da dengue, mas na verdade, não são. Diferente do mosquito da dengue, o maruim é adaptado para regiões próximas a matas, na periferia das cidades e se reproduz em buracos de árvores, pequenas poças, brejos, e na beira de córregos. Já o pernilongo comum, até se reproduz em água parada, mas ele também se reproduz em água com muita matéria orgânica, como esgotos, galerias e bocas de lobo.
Ou seja, para ambos os mosquitos, só a medida de reduzir água parada não é suficiente. Por isso, para se proteger do vírus oropouche, a medida mais eficaz é evitar ao máximo o contato com esses mosquitos. Se você estiver vendo um aumento de casos na sua região, se você é uma mulher grávida ou uma pessoa vulnerável, use roupas de manga longa, telas em janelas e claro, repelente.
E atenção: Os repelentes contendo DEET já se mostraram eficazes para evitar picadas de maruim e também funcionam contra o pernilongo, então pra te ajudar, eu deixei uma lista de repelentes confiáveis aprovados pela Anvisa aí no comentário fixado. Os outros repelentes, contendo Icaridina ou outras moléculas funcionam para o pernilongo e também funcionam em algum grau contra maruim, mas como faltam estudos, se eu tivesse que escolher, escolheria os com DEET com as informações que temos hoje. Deixei aí várias marcas para você escolher o mais barato pra você.
Você também pode optar por repelentes de tomada caso você queira proteger um cômodo inteiro da sua casa. Aí nesse caso, os únicos repelentes que nós encontramos estudos mostrando eficácia são os com a substância transflutrina. Também está no comentário fixado do link.
Olha galera, a minha visão é que o Oropouche vai ser um novo inimigo pra gente combater, já que ele está se espalhando não só no Brasil, mas em outros países da América Latina. Mas antes de se desesperar, embora ninguém queira pegar oropouche né, essa doença geralmente causa sintomas leves e se resolve sozinha. Então se você tiver qualquer sintoma, procure ajuda médica.
Como o início da doença é muito parecido com sintomas de dengue, zika e chikungunya é importante fazer testes de laboratório para o diagnóstico. Ainda não existe remédio ou vacina, por isso o melhor remédio contra doenças novas é informação. Compartilha esse esse vídeo em todos os grupos de família e amigos para alertar todo mundo sobre o oropouche e assiste esse vídeo aqui.
Ele é antigo, de 2021, mas fala de outro vírus da Amazônia, o Mayaro, que também pode dar uma escapada e causar problemas. Um grande abraço, proteja a si mesmo e a sua família e diga Olá, Ciência. Tchau.