O Lado OBSCURO do OnlyFans

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Sexo vende. Se você duvida disso, basta olhar pra qualquer canto na indústria  do entretenimento pra ver que é verdade. Filmes, séries e novelas, muitas vezes exploram  a sexualização dos atores e atrizes, ou exibem cenas de sexo que tantas vezes não têm nada a  ver com a história contada, mas geram dinheiro.
Empresários, como o criador da Playboy Hugh  Hefner, construíram verdadeiros impérios em cima da rentabilidade do sexo, e celebridades  tiveram carreiras impulsionadas pelo tema, como Marilyn Monroe, a atriz mais conhecida  de todos os tempos que virou um verdadeiro símbolo sexual na sua época. A indústria do sexo é quase tão velha quanto a humanidade, mas nos últimos  anos, temos testemunhado uma nova fase desse mercado que vai além da pornografia  tradicional: a ascensão do Only Fans. Um verdadeiro fenômeno do entretenimento adulto,  a plataforma tem permitido que muita gente faça fortunas impressionantes sem nem precisar sair  de casa, com um produto já bem conhecido: o sexo.
Em apenas um ano Bryce Adams, uma americana de  29 anos, faturou mais de 5 milhões de dólares com a criação de conteúdo adulto pra seus  660 mil assinantes no site. Ao mesmo tempo, a streamer Amouranth chega a fazer 1  milhão e meio por mês, e a criadora Isabella James mantém uma renda de 2 milhões  de dólares por ano, tudo isso no Only Fans. Todo ano, a plataforma paga pelo menos  5 bilhões de dólares a seus criadores, que podem ser qualquer pessoa: mulheres, homens, famosos ou não.
Foram esses números incríveis que  motivaram muita gente comum a entrar no Only Fans, e de repente se verem dentro da indústria pornô. Mas as histórias de sucesso no Only Fans podem ser só fachada, e certamente escondem  consequências e problemas sérios que muitas vezes são varridos pra debaixo do tapete. Então vamos cavar um pouco mais fundo, e tentar entender o que poucos costumam  enxergar: o lado obscuro do Only Fans.
O conteúdo adulto que é consumido hoje por vários tipos de pessoas nem sempre  foi tão disponível assim. Na verdade, antes da popularização da internet  e de plataformas que disponibilizam esse tipo de entretenimento, a pornografia era uma  espécie de entretenimento “proibido” ao qual poucos tinham acesso, e na maioria das  vezes, era necessário pagar caro por ela. Da mesma forma que existia um público mais  seleto que a consumia, quem produzia esse tipo de conteúdo eram pessoas ligadas à indústria  pornográfica profissional, em sua maioria.
Hoje, qualquer pessoa que tenha acesso à web e  uma câmera de celular, pode, facilmente, expor conteúdo adulto produzido de forma amadora. Antes de dominar a internet, a indústria de conteúdo adulto também passou por outros  veículos de comunicação, tais como revistas, DVDs e fitas VHS alugadas por locadoras  de filmes, e até mesmo a televisão. A revista Playboy provavelmente é uma  das mais conhecidas: fundada em 1953, ela revolucionou o mercado erótico da época,  trazendo fotos de mulheres nuas em suas capas, e se tornando o principal meio de acesso de  muitos jovens adultos ao mundo da pornografia.
Já na televisão, esse tipo de conteúdo também  passou a ser transmitido, mas em horários tardios, geralmente na madrugada, por meio de canais  pagos da TV à cabo, e depois através de canais exclusivos de pornografia. E claro,  na band com Emmanuelle na sessão Cine Privê. Com a popularização da internet, a  indústria do entretenimento adulto experimentou um boom de pessoas interessadas  não somente em consumir esse conteúdo, mas também em produzir, mesmo que de forma amadora.
Pra muitos, a internet abriu as portas do universo pornô, já que eliminou o constrangimento social  de ter que ir a uma locadora e alugar um filme erótico na seção escondida do estabelecimento.  Além disso, também é um meio gratuito que pode ser acessado de qualquer lugar, a qualquer hora. Só que o surgimento da internet também facilitou a pirataria de todo tipo de mídia e prejudicou  grandes produtoras, e sem dúvidas a indústria pornô foi uma das que mais sofreu com isso.
Enquanto outras indústrias como a de música e cinema foram protegidas por leis que combatem  a pirataria na internet, pouco foi feito pelas produtoras de conteúdo adulto, que se queixam  da marginalização desse tipo de conteúdo. Sites que exibiam trechos de filmes adultos  de maneira gratuita começaram a surgir de maneira desenfreada, alimentando as buscas  por conteúdo pornô, principalmente no Google, mas pra maioria das pessoas que consome  esse tipo de entretenimento, pagar por ele ainda é algo que está fora de questão. Com isso, a indústria pornô precisou de novos meios pra continuar existindo e  obter algum lucro, já que é praticamente impossível impedir a pirataria online.
Isso nos leva aos dias de hoje, onde o número de pessoas que se interessa por fazer  pornografia de forma independente tem aumentado, algo possível graças aos avanços tecnológicos,  que tornou a produção de vídeos de qualidade muito mais acessível – hoje em dia, muitos  celulares são capazes de filmar até em 4K, uma boa iluminação é algo acessível, e existem  excelentes softwares de edição de vídeo gratuitos. Com isso, até mesmo pessoas que já fazem parte  da indústria profissional estão buscando novas formas de ganhar dinheiro por conta própria. E  esse fenômeno também tem tudo a ver com demanda.
Dos primórdios da pornografia na internet  pra cá, muita coisa mudou, e uma delas foi o interesse de quem consome conteúdo adulto:  a pornografia caseira tem crescido como nunca. Segundo a retrospectiva de 2022 do Pornhub,  plataforma de vídeos adultos, as buscas utilizando a palavra “homemade” ou “caseiro”  cresceram mais de 300% nos Estados Unidos, e 180% no mundo inteiro. Ou seja, a demanda  pela pornografia caseira tem crescido bastante, e a própria indústria percebeu isso.
Nessa nova fase da pornografia, muitos passaram a investir em plataformas  específicas que cobram assinatura mensal, e o conteúdo adulto independente tem até  mesmo superado a pornografia tradicional. Assinaturas, vídeos e fotos íntimas, e até mesmo  atendimento a fetiches específicos – tudo isso está à venda. A indústria pornográfica se tornou  mais diversa do que nunca, e pela primeira vez, pessoas comuns têm visto em primeira mão como a  pornografia é capaz de arrecadar rios de dinheiro.
Numa tentativa de se reinventar, a indústria  pornô tenta acompanhar os novos moldes do entretenimento geral, que também se remodelou  pra atender às exigências do século 21. Influenciadores, vídeos curtos,  conteúdo direto e “feito em casa”: é isso que tem dado certo nas mais diversas  redes sociais, no marketing e até na televisão. Com o conteúdo adulto não poderia ser  diferente: o surgimento de plataformas como o Only Fans é nada mais que um reflexo  desse novo jeito de consumir entretenimento.
Criado em 2016 por um empresário britânico chamado  Timothy Stokely, o Only Fans surgiu como um canal pra criadores de conteúdo e influenciadores se  conectarem com seus fãs a partir da publicação de conteúdos exclusivos — daí o nome Only  Fans, que em português significa “Apenas Fãs”. Mas aqui vem um detalhe crucial: como a plataforma  não tem uma política de limitação de conteúdo, acabou se tornando uma forma fácil de vender  fotos, vídeos e outros tipos de conteúdos adultos. De acordo com a revista Forbes, durante o  primeiro ano de pandemia, o Only Fans registrou um crescimento de 540% em relação a 2019, e mais  de 80% desse público veio dos Estados Unidos.
Como muitas produtoras tiveram que fechar suas  portas devido às medidas sanitárias, o Only Fans se tornou uma alternativa viável pra divulgação  de pornografia. Além disso, o aumento do número de pessoas em casa também contribuiu pra que a  plataforma se tornasse cada vez mais procurada. Atualmente, o Only Fans se tornou popular  também entre as celebridades do mundo da música, cinema e televisão que começaram a usar  a plataforma para diferentes objetivos.
Famosos como Anitta,compartilham em sua contas  na plataforma e posta conteúdo privado pra quem é assinante, não necessariamente nudes,  mas com certeza apostando na sensualidade. Já Cardi B usa a rede para criar um conexão  direta com seus fãs e aproveita o canal para parcerias com grandes marcas— o  valor pra acessar o conteúdo privado desses famosos pode variar de 25 a 100 reais. Mas não precisa ser famoso nem influenciador pra começar a ganhar dinheiro na plataforma, na  verdade, existem muitos casos de pessoas comuns que usam o Only Fans pra conseguir um dinheiro  extra, ou que chegaram até a largar seus empregos pra se dedicar exclusivamente ao conteúdo adulto.
Nesse meio, vale tudo pra lucrar com o conteúdo: além da mensalidade pra ter acesso, dentre  as estratégias pra ganhar cada vez mais, criadores cobram até pela simples troca de  mensagens, e ainda há quem ofereça valores especiais em troca de um conteúdo personalizável  que atende a determinado tipo de fetiche. Como a plataforma é muito diversa, o assinante  escolhe pelo que deseja pagar. Alguns criadores de conteúdo decidem se profissionalizar e investir  em um bom equipamento pra filmagens e fotos, além de roupas e figurinos, e todo  tipo de acessório que possa ajudar a realizar os desejos dos seus assinantes.
Lives, pacote de fotos, e ensaios sensuais: tudo faz parte do jogo pra conquistar uma  base fiel de clientes, e começar a ganhar dinheiro com a venda de conteúdo. Afinal,  o lucro dos criadores depende somente do seu engajamento com a comunidade de fãs. Mas se tudo isso parece bom demais pra ser verdade, é porque é mesmo.
O sucesso no Only Fans  na verdade tem um preço que a maioria não conhece. O Only Fans abriu um leque de  possibilidades na vida de muita gente, principalmente daquelas pessoas que já  faziam parte da indústria pornô. Mas mesmo com a liberdade de ser “seu próprio  chefe”, alguns criadores de conteúdo se queixam do lado obscuro da plataforma, que  acaba fazendo muita gente pensar duas vezes.
Pra começar, a rotina de trabalho não  é simples e o dinheiro não vem fácil: quanto mais você ganha, mais dependente você  fica. Pra manter uma base de assinantes fiéis, é preciso muita dedicação e disponibilidade  pra atender a todo tipo de desejos e fetiches. Além disso, o conteúdo produzido tem  data de validade: por causa da pirataria, o material que é vendido nunca fica restrito  aos assinantes da plataforma, o que acaba prejudicando o trabalho dos criadores,  que deixam de ter seu conteúdo vendido.
Diversos usuários relatam que encontraram seu  conteúdo sendo compartilhado ou até mesmo vendido pra outros sites pornô sem autorização. A prática  é tão comum dentro do site que existem assinantes que compram e revendem conteúdo pra outras  pessoas — que pode ser um círculo de amigos ou interessados que não possuem assinatura  — e até mesmo outras plataformas pornô. Existem também os problemas que ultrapassam  os limites da internet, como o estigma que a maioria enfrenta por trabalhar com pornografia. 
Pessoas que se dedicam integralmente ao trabalho na plataforma reclamam da “descaracterização”  que sofrem, por serem vistas como um mero objeto sexual 24 horas por dia, além de enfrentarem  dificuldades pra viver uma vida normal, o que pode levar à exaustão física e mental. A streamer Kaitlyn Michelle de 28 anos, conhecida como Amouranth na internet, é um exemplo  de pessoa que teve sua vida severamente afetada por causa do Only Fans: Casada há 7 anos, a  jovem sofria pressão psicológica e diversas ameaças do próprio marido, que a forçava  a produzir conteúdo sexual pra plataforma. Kaitlyn, que já ganhou mais de 30 milhões  de dólares com o Only Fans, afirmou que tem sua carreira e vida financeira controladas pelo  marido, que gerencia inclusive sua conta no site.
Claro, esse é um caso mais pessoal do  que um problema com a plataforma em si, com um homem sem escrúpulos que está  pressionando uma mulher a produzir conteúdo. Mas a pressão psicológica e o controle sobre o  corpo quase sempre vem dos próprios assinantes da plataforma, que de certa forma, sentem que  têm poder sobre o corpo alheio simplesmente porque pagam pela exibição deles – quase como se  fossem proprietários dos criadores do conteúdo. Relatos anônimos revelam que os assinantes  chegam a exigir certas características físicas, em sua maioria das mulheres: seios  maiores, bumbum redondo, corpo de academia e até o jeito das poses nas fotos.
Mas quais são os limites desse tipo de indústria? Ainda que muita gente faça fortuna na plataforma  vendendo sua imagem de forma sexualizada, a pergunta que fica é: vale a pena sofrer uma  espécie de controle sexual e do corpo pra isso? Seria o Only Fans somente uma  nova face da velha prostituição?
Entre polêmicas e opiniões controversas, o Only  Fans sustenta uma boa fatia da indústria pornô atualmente: a plataforma informou que somente em  2021 sua receita foi de 932 milhões de dólares, o que a coloca como uma das startups  britânicas mais bem sucedidas dos últimos anos. Seus criadores de conteúdo podem realmente  fazer fortuna através da plataforma. Dentre os mais bem-sucedidos, é comum que faturem  muito mais que 100 mil dólares por mês, e muita gente é atraída pela oportunidade,  que à primeira vista, parece certa.
O Only Fans, assim como outras plataformas de  serviços, cresceu através do que é chamado de “gig economy”: de acordo com o dicionário,  esse termo é utilizado pra se referir a uma forma alternativa de trabalho, onde pessoas  trabalham como freelancer e recebem por cada projeto ou serviço que prestam, sem nenhum tipo  de contrato de trabalho ou maiores restrições. Ainda que a plataforma não tenha surgido com o  propósito de ser um site pornô, a rede social se tornou o que é hoje graças às facilidades  que oferece à circulação desse tipo de conteúdo. Rothe, uma advogada venezuelanda de 25 anos,  descobriu que em alguns países mais pobres, onde falta emprego pra boa parte da população, o  Only Fans pode ser uma das poucas oportunidades que mulheres tem pra ganhar algum dinheiro  — realidade muito semelhante à de mulheres que acabam entrando pro mundo da prostituição.
Ou seja, muitas vezes pode ser difícil traçar uma linha bem definida entre a criação de conteúdo  sexual no Only Fans, e a prostituição. Claro, todo mundo tem direitos sobre seus próprios  corpos, e a maioria das pessoas não são obrigadas a criar esse tipo de conteúdo  – mas a questão é: e quando elas são? O The New York Times lançou, ainda em 2022,  uma matéria chamando a atenção pra um tipo de pessoa que eles chamaram de “e-pimp”, que  traduzido seria algo como “cafetão virtual”.
Segundo a matéria, algumas pessoas têm  administrado perfis de diversas garotas no Only Fans, oferecendo dinheiro fácil pra  que elas criem conteúdo sexual. O problema é que só uma parcela do dinheiro gerado por  esse conteúdo realmente chega nas mãos delas. Outra polêmica em torno do site é a falta de  mecanismos de restrições etárias, o que acaba aproximando jovens que são menores de 18 anos  atrás de dinheiro rápido.
Dessa forma, o trabalho sexual acaba assumindo outro molde: através  de uma plataforma online, pessoas de todas as idades vendem o sexo como forma de subsistência. O que significa que de um lado temos criadores de conteúdo milionários, e do outro, pessoas  que passaram a ver no Only Fans uma maneira de simplesmente se sustentar – e no meio,  uma série de problemas que na verdade não são novidade na indústria pornô, mas que  certamente foram democratizados pelo Only Fans. Me diz ai, o que você acha dessa  nova leva de “criadores de conteúdo”?
Comenta aqui em baixo e da uma  olhada no que o pessoal ta falando. Se você quiser descobrir o que eu  chamo de Algoritmo Humano e como você pode usar ele pra levar um canal  no youtube de 0 a 100 mil inscritos, confere uma aula grátis no  primeiro link da descrição, ou apontando a câmera do seu celular pro QR code  que tá na tela antes que essa aula saia do ar. Agora pra descobrir como alguns produtos do  supermercado podem estar tentando te enganar, confere esse vídeo que tá aqui na tela.
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