Conto isso enquanto estou trancado em um quarto de hotel. Mas calma, vou ser breve. Não chegue perto de nenhum hotel que diz ser 25 horas.
Tem umas empresas que fazem esse tipo de piadinha, tipo bancos que dizem ter 30 horas e tal, mas hot é diferente. Fique longe. Pode parecer uma advertência estranha, mas deixe-me contar minha história.
Quando me candidatei para o emprego aqui, não pensei muito sobre, era apenas mais um emprego normal. O hotel precisava de funcionários para o turno da noite e pagavam uma boa quantia de dinheiro da qual eu precisava desesperadamente, desde que fui expulso de casa. Trabalhei em locais de trabalho muito piores para sobreviver; não que o hotel seja ruim, mas sabe como é, né?
Consegui o emprego para trabalhar na recepção, das 11 da noite às 7 da manhã. Meu serviço seria cumprimentar todos com um sorriso e dar a eles a chave do quarto. Simples o suficiente.
Cheguei ao hotel cerca de meia hora antes do meu primeiro turno. O gerente me cumprimentou e me deu algumas informações básicas antes de me deixar sozinho. Ele se virou e disse: "Só mais uma coisa: se algum hóspede vier durante a 25ª hora, você tem que seguir algumas regras da lista na sua gaveta.
" Eu pensei que ele estava apenas brincando comigo. Afinal, como os hóspedes poderiam vir durante a 25ª hora? Mas o gerente disse em um tom sério e foi embora.
Depois disso, o tédio logo bateu; não havia muitos hóspedes. Fiz o check-in de um motorista de caminhão e um jovem casal. Durante a noite toda, basicamente fiquei sentado no saguão, mexendo no celular.
A noite foi tranquila e a manhã chegou logo, com o sol nascendo às 6. Quando o gerente chegou de manhã, ficou satisfeito quando soube que não houve problemas durante meu turno. Pensei: “Meu Deus, esse é o melhor emprego do mundo!
” No dia seguinte, fui trabalhar novamente. Enquanto esperava meu turno começar, conversei um pouco com o gerente. Ele era um cara legal e eu gostei de conversar com ele porque tínhamos alguns interesses semelhantes.
Mas, no meio da nossa conversa, ele me perguntou se eu tinha lido o papel que estava na gaveta. Eu não queria fazer isso, mas ele me pediu para ler no momento em que meu turno começasse. No meio do tédio de mais um turno, resolvi ler a lista.
Peguei o papel da gaveta e comecei a ler: Guia de regras para a hora do hotel. Regra principal: quando o nosso relógio na recepção tocar 13 vezes, isso sinaliza o início da 25ª hora. Mais uma hora de trabalho para você, mas se você terminar com sucesso, ganha um bônus de R$ 1.
000. As regras envolvem seguir exceções: se alguns hóspedes chegarem durante esse período, por favor, dê boas-vindas e leve-os para seus quartos. As exceções a essa regra serão ditas a seguir.
Exceção número um: hóspedes que usam roupas do ano de 1800. Eles são inofensivos; evite contato visual e seja educado. Eles ficarão gratos pelo espaço.
Exceção número dois: hóspedes que afirmarem ser de um país inexistente. Siga o mesmo protocolo da exceção um, nesse caso. Exceção três: pessoas que parecem feridas.
Elas podem parecer feridas, mas não são; insista que elas não podem ficar e devem ir ver um médico. Depois disso, elas devem ir embora rapidamente, sem mais problemas. Exceção número quatro: pessoas que chegarem dizendo que vieram para a reunião de negócios.
Dê-lhes as boas-vindas ao hotel e diga que não há quartos disponíveis. Eles podem gritar um pouco, mas são inofensivos. Exceção número cinco: pessoas que ficarem paradas sozinhas na recepção, te olhando.
Isso raramente acontece, mas é muito perigoso. Se isso acontecer, pegue a arma debaixo da mesa e mire na cabeça do indivíduo. Deve dar certo.
Exceção número seis: qualquer outro hóspede. Nenhuma pessoa normal deve vir durante a 25ª hora em nosso hotel. Se vierem, ligue para seu gerente no número que está no rodapé abaixo.
Para sua segurança e do hotel em geral, obedeça as regras. Terminei de ler e coloquei o papel de volta na gaveta. Pelo menos eu tinha algo em que pensar enquanto esperava.
A próxima hora passou como de costume. Eu estava jogando um jogo no meu celular quando notei algo: o relógio no saguão tocou 13 vezes, exatamente as 13 vezes que dizia no papel. Isso não deveria ser possível!
Mas pensei que alguém estivesse pregando uma peça em mim. Isso até quando olhei de volta para o meu celular. Nesse momento, congelei.
O relógio do meu celular funcionava normal, como qualquer um, só que dessa vez, em vez de estar marcando uma da manhã, marcava 25 horas e 1 minuto. Senti o pânico tomar conta de mim, mas me forcei a permanecer calmo. O que quer que fosse, eu queria permanecer calmo.
Sentei-me lá e esperei. O ar ficou frio de repente e havia uma sensação estranha tomando conta do prédio. Liguei meu celular e voltei ao meu jogo.
Enquanto esperava, sentado ali em silêncio, percebi que nada estava acontecendo. Quando me levantei para pegar um saco de batatas fritas na máquina de venda automática no saguão, senti calafrios percorrendo o meu corpo. Virei-me lentamente para a porta; havia uma pessoa entrando no hotel.
Ela parecia normal, então corri para minha mesa para recebê-la. Era um cara educado, na casa dos 30 anos. Quando perguntei de onde ele era, ele casualmente me disse que era de um país do qual eu nunca tinha ouvido falar.
Quando digitei no computador um processo padrão de check-in, de repente me lembrei das regras. Enquanto ele estava ali, virei lentamente a cabeça, calmamente falei para ele esperar um segundo. Não há nada com que se preocupar, pensei comigo mesmo.
Provavelmente eu simplesmente não conheço esse país que ele falou. Tentei me acalmar enquanto pesquisava o país no Google. Nenhum resultado; nem a menor menção ao país.
Entreguei a chave ao sujeito e o levei para o quarto. Mantendo minha cabeça tão baixa que fiquei olhando para meus sapatos o tempo todo, quando ele entrou no quarto, me senti aliviado. A experiência toda não foi tão assustadora; foi um pouco chocante descobrir que isso era real.
A 25ª hora acabou logo e o resto da noite passou normalmente. De manhã, contei tudo ao meu gerente e ganhei meu bônus. O cara estranho também me deu uma gorjeta.
Decidi continuar trabalhando porque o trabalho era bom e os visitantes noturnos pareciam ser inofensivos. Tudo correu bem tranquilamente nas semanas seguintes, até que uma noite um cara começou a me encarar. Eu tinha acabado de mandar um homem que estava com o braço quebrado ir embora quando senti que alguém estava me olhando.
Me virei e vi um cara vestindo um terno me encarando diretamente. Estava na 25ª hora e lembrei do que tinha que fazer. Lentamente, peguei a arma debaixo da minha mesa, apontei a pistola e mirei no estranho.
O mais assustador foi que ele não pareceu se incomodar com a arma; apenas ficou ali me encarando, com seus vazios no lugar dos olhos. Nunca fiquei tão assustado em toda a minha vida, senti arrepios por todo o corpo e minhas mãos começaram a suar. Puxei o gatilho; acho que nunca vou esquecer o que aconteceu depois.
O cara simplesmente se virou e saiu com um buraco de bala na cabeça, como se nada tivesse acontecido. Naquele momento, decidi que, se eu conseguisse sair vivo dessa noite, desistiria desse trabalho logo pela manhã. O que quer que fossem aquelas pessoas que estavam indo no hotel naquele maldito horário, definitivamente não era humano.
Eu não sabia se eram fantasmas ou zumbis ou algo ainda pior, mas não era nem um pouco do meu interesse descobrir. Sentei-me na sala de descanso e esperei o nascer do sol. De alguma forma, sobrevivi.
Graças a Deus, quando o meu gerente chegou pela manhã, ele não precisou perguntar o que aconteceu; peguei meu bônus e fui embora. Não pensei sobre esse lugar desde então, até essa noite. Eu estava viajando e parei em um hotel de beira de estrada.
Tive que parar, pois estava me sentindo muito cansado e tonto. Fui para o quarto. Eu tinha uma sensação desconfortável de que esse hotel parecia familiar, mas não pensei muito.
Grande erro. Fui acordado no meio da noite por um tiro e um grito. Eu imediatamente tranquei minha porta e coloquei uma mesa contra ela.
Estava prestes a ligar para a recepção quando vi algo assustador: o relógio no meu celular mostrava que eram 25:01. Essa foi a razão pela qual o hotel me parecia familiar; era o hotel em que eu costumava trabalhar. Meu processo de pensamento foi interrompido por uma batida forte na porta do corredor.
Algo está lá e eu acho que posso saber o que é. Atualmente, são 25:48. A coisa não parou de bater nas portas.
Ouvi alguns gritos na última meia hora. Ainda tenho que me esconder no meu quarto por 12 minutos. Só espero conseguir sair vivo até a próxima.
Obrigado.