História Contada A mágia dos livros em vídeo, apresenta! O GIGANTE EGOÍSTA Todas as tardes, ao acabar a aula, as crianças corriam até o jardim de um antigo castelo abandonado, para brincar. Se embrenhavam pelas ervas e galhos caídos, se escondiam nos arbustos repletos de flores e subiam nas exuberantes árvores, sempre repletas de muitos pássaros cantantes.
Alí eram muito, muito felizes. Uma tarde, quando estavam brincando de esconde-esconde, ouviram uma voz muito forte dizendo: Huuaaaaa! - Saiam logo do meu jardim!
Apavorados de medo, todos correram para seus esconderijos preferidos e, ao espiar, viram um enorme gigante, que parecia muito furioso. O gigante havia decidido voltar para casa, depois de viver longe por nove anos, morando com seu amigo ogro. - Eu voltei ao meu castelo para ter um pouco de paz e tranquilidade!
Disse o gigante, com sua voz de trovão. - Eu não quero ver por aqui um bando de crianças agitadas e barulhentas. Fora do meu jardim!
A criançada, assustada, começou a correr, fugindo o mais rápido possível. - Este jardim é meu, só meu e de ninguém mais. Ouviram?
Gritava furioso o gigante. - Vou me assegurar que aqui ninguém mais entre. No dia seguinte, o gigante ergueu um grande muro de plantas e ervas espinhosas, ao redor do jardim do castelo, e na grade do portão de ferro da entrada, colocou um aviso que dizia: “PROPRIEDADE PRIVADA - PROIBIDO ENTRAR” Assim como tinham costume de fazer todos os dias, as crianças passavam por ali depois da escola, e colocavam os rostos pela grade de ferro do grande portão, para espiar o lindo jardim que tanto amavam.
Mas, tristes pela proibição, iam embora, buscando um novo lugar para brincar e se divertir. Quando chegou o inverno, a neve cobriu o solo com uma espessa capa branca e pintou de prata o jardim e todos seus arbustos e árvores. O vento do norte silvava ao redor do castelo do gigante, e o granizo golpeava fortemente os vidros das janelas.
- Não vejo a hora de chegar a primavera! Falava o gigante, aborrecido em frente à lareira. Os meses passaram e a primavera, enfim, chegou, derretendo toda a neve, enchendo a terra de flores coloridas, as árvores de brotos e trazendo alegria aos pássaros, que cantavam felizes pelos campos.
Mas no jardim do gigante, tudo continuava frio. A neve e a cor prateada continuavam cobrindo os ramos e galhos secos das árvores e arbustos. - A primavera não quis vir este ano ao meu jardim!
Lamentava o gigante, uma e outra vez todos os dias. - Meu jardim virou um deserto triste e frio. Uma certa manhã, o gigante não quis levantar da cama, pois estava muito triste e abatido, por não ver mais seu jardim todo verde e florido.
De repente, ouviu risadas alegres lá fora e, decidido, levantou e foi espiar pela janela. Para sua surpresa, seu jardim estava todo verde novamente, a neve e a cor prateada haviam ido embora e todas as árvores estavam repletas de lindas flores. E isso havia acontecido porque, em cada uma das árvores, uma criança tinha subido.
A primavera tinha seguido as crianças e voltado para o jardim do gigante! O gigante, então, percebeu que só um menininho, que era o menor das crianças, não chegava nem perto dos galhos mais baixos e não tinha conseguido subir em nenhuma árvore. Por isso, chorava sem parar.
O gigante sentiu compaixão daquele menino, que apenas olhava os galhos altos, sem poder subir e se divertir com as outras crianças. Háá! - Que egoísta eu tenho sido, agora entendo porque a primavera não queria vir ao meu jardim!
Derrubarei esse odioso muro e farei aqui um lindo parque, para que as crianças desfrutem e se divirtam sempre que quiserem. - Mas antes, tenho que ajudar esse pequeno a subir numa das árvores. O gigante desceu as escadas do castelo e chegou rapidamente ao seu jardim, para ajudar.
Mas quando as crianças o viram, ficaram amedrontados e fugiram o mais rápido que conseguiram. No jardim restou apenas o gigante e o garoto pequeno, que por estar com os olhos cheios de lágrimas, não percebeu o gigante chegando. Enquanto a primavera já saía do jardim atrás das crianças, o gigante pegou o pequeno em seus braços e disse: - Não chore, pequenino.
E o ergueu até os galhos da árvore mais próxima. Imediatamente, a árvore se encheu de flores e folhas verdinhas e o menino levantou os braços, abraçou o gigante e o beijou. Quando as outras crianças perceberam que o gigante havia se tornado bom e amável, regressa-ram todos correndo ao jardim, e a primavera entrou de novo com eles.
O gigante ria feliz, enquanto brincava com os pequenos. E, de vez em quando, corria para derrubar o muro com um grande machado. Ao entardecer, se deu conta que fazia tempo que não vi o garoto pequenino.
- Onde está seu amiguinho? Perguntou às demais crianças, já ansioso. Mas os pequenos não sabiam.
Nos dias seguintes, as crianças voltaram para brincar no jardim e o gigante fazia a eles a mesma pergunta: - Viram hoje o pequeno? E, todos os dias, recebia a mesma resposta: - Não sabemos onde encontrar esse menino. A única vez que o vimos foi no dia em que você derrubou o muro.
O gigante estava triste, porque havia gostado muito do pequeno. Os anos passaram e o gigante foi ficando velho, até não conseguir mais brincar com as crianças em seu jardim. Numa manhã de primavera, ao olhar pela janela, percebeu uma árvore graciosa que nunca tinha visto em seu jardim.
Seus ramos dourados estavam repletos de flores brancas brilhantes e seus frutos eram prateados. E, embaixo daquela árvore, estava o pequeno que a tanto tempo não via. - Por fim você voltou!
Falou contente o gigante, cheio de alegria. Esquecendo que suas pernas já não tinham força, correu escada abaixo e atravessou o jardim. Mas ao chegar junto ao pequeno, se encheu de raiva: - Quem te fez isso?
Você está cheio de machucados e feridas! - Por mais velho que eu esteja, encontrarei quem fez isso com você! Então o pequeno sorriu docemente e falou: - Calma, não se enfureça e venha comigo.
- Mas quem é você? Perguntou o gigante, caindo de joelhos. - Eu sou a sua criança interior, que há muito tempo você libertou, falou o menino.
- Desde que você me deixou brincar em seu jardim, eu tenho estado dentro de ti, feliz sempre que brincava com as outras crianças. - Agora sou eu que quero que você venha brincar no meu jardim, que se chama “paraíso”. Naquela tarde, quando as crianças entraram no jardim para brincar, encontraram o gigante morto, pacificamente encostado em uma enorme árvore e coberto das mais lindas flores brancas que já haviam visto.
Parecia feliz por ter tido seu fim naquele lindo e divertido jardim encantado. E assim se acaba, esta história contada!